Histórias

As coisas podem acontecer por inesperado!

Minha vida na carreira de técnico não só gira em torno de hospitais. Em qualquer lugar que eu  estiver, tudo pode acontecer. Num dia atípico, depois de um plantão de 12 horas corridas, extremamente cansativas, sai em rumo a cuidar de minha vida. 

Como qualquer cidadão, temos contas a pagar, situações a resolver. Passei minha manhã na rua, até fazer hora, para o banco abrir. Tinha que resolver uns assuntos com a gerência, e logo quando se é no começo do mês, a fila é imensa. Quando cheguei a fila estava mais ou menos virando a esquina, já que faltava 10 minutos ara abrir as portas. Longos dez minutos. Ouvia as pessoas conversando sobre diversos tipos de coisas, e meu ouvido estava cansado demais para prestar a atenção ao que acontecia ao redor. Até alguém lá na frente começar a gritar “socorro! Alguém ajude este senhor!” e estiquei meu pescoço para ver o que estava acontecendo.

Era um senhor que aparentava ter 60 e poucos anos, sofrendo um princípio de infarto.Saí correndo de onde estava e fui prestar socorro. O senhor com a mão no peito, gemendo fortemente e não estava conseguindo expressar nada do que estava acontecendo. Essa reação durou um minuto, até parar de responder. As pessoas ao redor começam a se expressarem com gritos, confusão e agitação. Pedi para alguém ligar para o samu enquanto fui verificar os sinais vitais do senhor. 

A primeira coisa foi chamar pelo senhor, três vezes. Via que não respondia a nada, abaixei a cabeça em direção ao nariz dele com visão para o abdômen (ver, ouvir e sentir). Vejo que nem a respiração e nem reflexos estavam aparecendo, onde vi que o mesmo estava ali parado. Comecei a compressão cardíaca, e pedi para alguém ficar perto caso eu me cansasse, para revezar. Demoramos alguns minutos até a ambulância chegar. Aos poucos segundos que estava ali ajudando aquele senhor, olhava ao redor a reação das pessoas. Umas assustadas, outras chorando, umas somente ali olhando. Era tanta informação naquela hora, que eu só pensava em tentar estabilizar aquele cara. 

Foi 10 minutos até a equipe de enfermagem e médica tomar conta do caso e atuar, e os mesmos disseram que o senhor tinha voltado e se estabilizado, colocaram no oxigênio e levaram em direção ao hospital próximo. Era uma situação muito atípica para mim, era a primeira vez que eu tinha passado por uma parada cardíaca fora de ambiente hospitalar! As pessoas bateram  palmas e me agradeceram por ajudar a pessoa, porque o reflexo foi muito rápido, e não teve tempo para as coisas complicarem. Na hora não tive nem tempo para me identificar que era da área da saúde. Nessas situações, agente não pensa em nada, só que tudo acabe bem. 

Eu acho que é de extrema importância qualquer pessoa, seja ela da área ou não, saber identificar um infarto e atuar o quanto antes. Ao não saber o que fazer, ligue imediatamente ao samu 192. Se tiver andando com comprimidos de aspirina no bolso, de duas pelo menos a pessoa que esteja passando mal e respondendo. Por ser um remédio de fácil deglutição por dissolver na boca, o medicamento dissolve parcialmente ou totalmente coágulos das artérias e pode reduzir a mortalidade nesses casos em até 30%. Somente em casos se o paciente não sofrer parada cardíaca no momento! 

Comentários
Christiane Ribeiro
Técnico de Enfermagem Intensivista (há 14 anos), atuante em UTI Adulto: Geral, Cardiológica, COVID-19. Além de ser profissional de enfermagem, sou ilustradora digital, e nos tempos livres dedico à ilustrações da saúde para estudantes e profissionais, e também sou uma influenciadora digital na enfermagem.
https://enfermagemilustrada.com

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.