Feridas Abertas Vs Fechadas: As diferenças

Entender a diferença entre feridas abertas e fechadas é crucial para um cuidado adequado e uma cicatrização eficaz.  Saiba sobre as diferenças entre feridas abertas e feridas fechadas:

Feridas Abertas

    • São feridas em que as bordas da pele estão afastadas.
    • Geralmente, envolvem uma ruptura interna ou externa nos tecidos do corpo, incluindo a pele.
    • Exemplos de feridas abertas incluem abrasões, escoriações, incisões e lacerações.
    • Essas feridas podem ser dolorosas e requerem cuidados específicos para evitar infecções.
    • Tratamento: Lave a ferida, aplique uma cobertura de curativo e siga as orientações médicas.

Feridas Fechadas

    • São feridas em que as bordas da pele estão justapostas.
    • Não há perda da integridade da pele.
    • Exemplos de feridas fechadas incluem contusões (ferimentos contundentes) e equimoses (manchas arroxeadas na pele causadas por contusões), feridas cirúrgicas suturadas.
    • Tratamento: Geralmente, não requerem cuidados específicos, mas é importante monitorar qualquer inchaço ou dor.

Referência:

  1. https://www.repositorio.furg.br/bitstream/handle/1/9385/Feridas.pdf?sequence=1&isAllowed=y

Compressa Cirúrgica Vs Gaze: As diferenças

Gaze e compressa estéril são dois tipos de materiais usados para cobrir feridas e evitar infecções.

As diferenças

A principal diferença entre eles é o modo de fabricação e a forma de apresentação:

A gaze é um tecido fino e poroso, que pode ser cortado em pedaços de acordo com a necessidade.

A compressa cirúrgica é um produto pronto, que já vem embalado individualmente e tem uma camada absorvente no centro.

Ambos devem ser trocados com frequência e descartados após o uso, podem possuir fio radiopaco para detecção da compressa imersa em sangue durante o raio-x.

Escolha

A escolha entre gaze e compressa estéril depende do tipo e da localização da ferida, do grau de exsudação (secreção de líquido) e da preferência do profissional de saúde.

Em geral, a compressa estéril é mais indicada para feridas com maior exsudação, pois tem maior capacidade de absorção e evita o contato direto da gaze com o tecido lesionado.

A gaze, por sua vez, é mais adequada para feridas com menor exsudação ou para fixar outros curativos, como pomadas ou cremes.

Referência:

  1. https://cremer.net.br/produto/compressa-de-campo-operatorio-esteril/

Os Tipos de Desbridamento

O desbridamento é um procedimento que visa remover o tecido necrótico ou contaminado de uma ferida, facilitando a cicatrização e prevenindo a infecção. Existem diferentes tipos de desbridamento, que podem ser classificados de acordo com o método utilizado para eliminar o tecido morto.

Os Tipos

Existem diferentes tipos de desbridamento, que podem ser escolhidos de acordo com as características da ferida, como tamanho, profundidade, localização, quantidade de secreção e presença de infecção. Os principais tipos de desbridamento são:

  • Autolítico: é realizado pelo próprio corpo, através da ação das células de defesa que liberam enzimas para digerir o tecido necrótico. Para potencializar esse tipo de desbridamento, é necessário manter a ferida úmida com curativos que favoreçam a autólise, como hidrogel, hidrocoloides e alginato de cálcio. Esse método é indolor, não invasivo e seletivo, mas pode ser lento em comparação com outros tipos.
  • Enzimático: consiste na aplicação de enzimas exógenas na ferida, que atuam especificamente sobre o tecido necrótico, sem afetar o tecido saudável. As enzimas mais utilizadas são a colagenase e a papaína. Esse método é seletivo, rápido e eficaz, mas pode causar reações alérgicas ou irritação na pele.
  • Mecânico: utiliza forças físicas para remover o tecido necrótico da ferida, como compressão, fricção ou irrigação. Esse método pode ser feito com gaze, esponja ou jato de soro fisiológico sob pressão. Esse método é rápido e barato, mas pode ser doloroso e não seletivo, podendo danificar o tecido saudável.
  • Instrumental: utiliza instrumentos cortantes ou abrasivos para remover o tecido necrótico da ferida, como tesoura, bisturi ou cureta. Esse método pode ser feito no leito do paciente ou em ambiente cirúrgico, dependendo da extensão da ferida. Esse método é rápido e eficaz, mas pode ser doloroso e traumático.
  • Biológico: utiliza larvas vivas de moscas estéreis para remover o tecido necrótico da ferida. As larvas se alimentam do tecido morto e secretam substâncias que estimulam a cicatrização. Esse método é seletivo e eficaz, mas pode causar repulsa ou desconforto no paciente.
  • Cirúrgico: consiste na remoção do tecido necrótico por meio de uma cirurgia realizada em centro cirúrgico sob anestesia. Esse método é indicado para feridas extensas, profundas ou infectadas que não respondem aos outros tipos de desbridamento. Esse método é rápido e eficiente, mas pode ter complicações como sangramento ou infecção.

Referências:

  1. Desbridamento: o que é, para que serve e como é feito – Tua Saúde https://www.tuasaude.com/desbridamento/
  2. Desbridamento de feridas – Gestão em Saúde https://gestaoemsaude.net/desbridamento-de-feridas/

Curativo de 3 Pontas

O curativo de três pontas é utilizado nos casos de traumas perfurantes e aspirativos, como por armas de fogo, armas brancas, dentre outros.

Nesses traumas ocorre o PNEUMOTÓRAX ABERTO, onde a abertura na cavidade torácica resulta em desequilíbrio da pressão interna torácica com a pressão externa do ambiente, ocorrendo a entrada de ar pelo ferimento durante a inspiração e acúmulo desse ar entre as pleuras pulmonares.

O pulmão expandirá cada vez menos, a capacidade vital pulmonar diminuirá, levando a dificuldade de ventilação, hipóxia, possivelmente a um Pneumotórax Hipertensivo e até mesmo óbito se não manejado adequadamente.

Como é feito?

  1. Limpar as bordas do ferimento;
  2. Utilizar plástico estéril ou material impermeável disponível no local (para isso pode ser utilizada uma tesoura para corte e adaptação do curativo para o ferimento);
  3. Colocar o curativo sobre a ferida;
  4. Colar 3 pontas do curativo deixando a ponta inferior aberta.

Com a utilização do curativo oclusivo de três pontas, o resultado obtido será uma espécie de válvula de sentido único pois a parte plástica irá impedir o fluxo de ar para o interior do tórax pelo ferimento no momento da inspiração, enquanto que permitirá a passagem de ar e fluidos corporais através do ferimento durante a expiração.

Para isso também é essencial que exista um fluxo de escoamento (gravitacional) por isso o nome e a forma do curativo, deixando o lado aberto do curativo sempre para baixo em relação a gravidade.

Vale lembrar que esse procedimento vai tirar o paciente de um quadro de emergência e de risco de vida imediato, porém não é o tratamento definitivo do doente, que seria sim um Dreno de Tórax após estabilização em ambiente hospitalar.

Referência:

  1. Advanced Trauma Life Support – T.L.S.
  2. National Association of Medical Technicians & Comitee on Trauma of ACS. 1999. 353 p.

Anatomia da Ferida

A ferida é uma lesão que afeta a integridade da pele e dos tecidos subjacentes.

A ferida pode ser classificada de acordo com a causa, a profundidade, a extensão, o grau de contaminação e o estágio de cicatrização.

A anatomia da ferida envolve a compreensão das estruturas que compõem a pele e os tecidos subjacentes, bem como os processos fisiológicos que ocorrem na resposta inflamatória, na formação do tecido de granulação, na contração da ferida e na remodelação do tecido cicatricial.

O conhecimento da anatomia da ferida é essencial para o diagnóstico, a avaliação e o tratamento adequados das feridas.

A Anatomia

As margens, leito e pele perilesional determinam os limites anatômicos das feridas.

  • Perilesional: área que se estende ao redor da ferida;
  • Margem: contorno externo da ferida, limite anatômico entre a borda e a pele perilesional;
  • Leito: área central da ferida no qual a extremidade é limitada pela borda.

Características das Margens

  • Macerada: apresenta pele de coloração esbranquiçada, pode estar intumescida, fato que ocorre devido ao contato acentuado com exsudato;
  • Fibrótica: apresenta um tecido de coloração amarela ou branca que adere ao leito da ferida, mostra-se rígida e com consistência endurecida decorrente de áreas cicatrizadas;
  • Desnivelada: o leito da ferida é mais denso (profundo) do que a margem;
  • Epibolia: as margens das feridas dobram entre si.

Referência:

  1. CESARETTI IUR. Processo fisiológico de cicatrização da ferida. Pelle Sana. 1998; 2: 10-2.

Exsudato de Feridas: O que precisa saber!

Um exsudato é um líquido que sai de uma ferida, como resultado de um processo inflamatório ou infeccioso. O exsudato pode ter diferentes características, dependendo da fase de cicatrização da ferida e do tipo de lesão. Existem os principais tipos de exsudato de feridas: seroso, serosanguinolento, sanguinolento, purulento e fibrinoso.

Características

  • O exsudato seroso é um líquido claro e aquoso, que contém poucas células e proteínas. Ele é normalmente produzido na fase inicial da cicatrização, quando a ferida está limpa e sem infecção. O exsudato seroso ajuda a hidratar a ferida e a remover as impurezas.
  • O exsudato serosanguinolento é um líquido avermelhado, que contém sangue e soro. Ele é comum em feridas traumáticas ou cirúrgicas, que envolvem danos aos vasos sanguíneos. O exsudato serossanguinolento indica que a ferida está vascularizada e em processo de granulação.
  • O exsudato Sanguinolento ou hemático é um líquido vermelho, rico em sangue e células inflamatórias. Indica uma ferida com sangramento ativo ou recente, que pode ser causado por trauma, infecção ou necrose.
  • O exsudato purulento é um líquido espesso e amarelado ou esverdeado, que contém células mortas, bactérias e pus. Ele é típico de feridas infectadas ou necrosadas, que apresentam sinais de inflamação e mau cheiro. O exsudato purulento prejudica a cicatrização e requer tratamento específico.
  • O exsudato fibrinoso é um líquido viscoso e esbranquiçado, que contém fibrina e restos celulares. Ele é formado em feridas crônicas ou estagnadas, que não evoluem para a fase de epitelização. O exsudato fibrinoso forma uma crosta sobre a ferida, impedindo a sua oxigenação e nutrição.

Por que o exsudato pode impedir a cicatrização da ferida?

Enquanto o exsudato é essencial ao processo de cicatrização, ele também pode impedir a cicatrização da ferida. Isso pode acontecer se:

  • a ferida tiver a quantidade errada de exsudato (muito ou pouco);
  • o exsudato tiver a composição errada; ou
  • o exsudato estiver no local errado.

Conforme uma ferida começa a cicatrizar, a quantidade de exsudato que ela produz geralmente diminui. No entanto, muitas feridas crônicas podem ficar estagnadas no estágio inflamatório em que bactérias prejudiciais podem se desenvolver.

Em tais casos, o exsudato pode:

  • interromper a cicatrização;
  • retardar ou impedir o crescimento das células;
  • interferir na disponibilidade do fator de crescimento; e
  • conter níveis elevados de mediadores inflamatórios, por exemplo, plaquetas, neutrófilos, monócitos/macrófagos e mastócitos.

Isso nos leva de volta ao ‘espaço morto’ e porque é tão importante que essa lacuna seja manejada adequadamente para que a ferida cicatrize.

Conforme a ferida cicatriza, o nível de exsudato que ela produz diminui. No entanto, se a ferida ficar estagnada na fase inflamatória, ela continuará a produzir níveis elevados de exsudato – de moderado a alto.

Por que é importante avaliar o espaço morto

Quando você trata um paciente com uma ferida crônica, seu principal objetivo é ajudar e apoiar o processo de cicatrização da ferida. Saber como conduzir uma avaliação precisa da ferida é essencial.

Avaliações inadequadas de feridas podem levar a escolhas de tratamento incorretos, resultados negativos para o paciente e maior custo de tratamento.  Saber o que procurar ao examinar a ferida – e a lacuna entre o leito da ferida e o curativo – lhe dará uma ideia mais clara da condição da ferida o que te ajudará a decidir como fornecer um ambiente ótimo para a cicatrização. 

O que procurar ao avaliar o espaço morto​

Antes de vermos o processo de avaliação real, é importante lembrar-se de que o tratamento efetivo de feridas vai além da ferida em si.

Ao tratar pessoas com feridas – crônicas ou agudas – é sempre importante realizar uma abordagem holística. Isso significa anotar o histórico do paciente e de sua saúde, além da condição de sua ferida.

Em uma avaliação detalhada da ferida – e do espaço morto, lacuna entre a ferida e o curativo – você deve considerar.

  • há quanto tempo o paciente está com esta ferida?
  • qual é a etiologia da ferida (ou seja, o que a causou)?
  • como ela está cicatrizando? Você vê sinais de progresso?
  • quais são as características da ferida?
    • Aqui você deve analisar:
      • a profundidade da ferida, descolamento, tunelização e fístula
      • a estrutura e topografia do leito da ferida
      • a qualidade do tecido: Há sinais de granulação ou necrose?
      • a pele perilesão (ao redor da ferida) e a borda da ferida
      • o exsudato, ou líquido que sai da ferida – sua cor, consistência, odor e quantidade.

Com que frequência eu avalio a lacuna?​

Você deve fazer uma avaliação completa da ferida crônica pelo menos uma vez por semana ou, se possível, todas as vezes que trocar o curativo. Isso o ajudará a diagnosticar e tratar toda infecção no início. Ao detectar uma infecção no início, você reduz o risco de complicações sérias, tais como infecções que ameaçam o membro ou a vida.

Ao avaliar a ferida, procure pelos seguintes sinais de atenção:

  • excesso de exsudato, vazamento e sujidades
  • dano na pele perilesão (por exemplo, maceração, desnudação ou erosão na pele)
  • Atraso na cicatrização de ferida
  • sinais de infecção
  • trocas de curativos frequentes

Referências:

  1. Triangle in Practice (2019) Wound International
  2. Keast, David H. et al. Managing the gap to promote healing in chronic wounds – an international consensus. Wounds International 2020. Vol 11, issue 3
  3. World Union of Wound Healing Societies (WUWHS) Consensus Document. Wound exudate: effective assessment and management. Wounds International, 2019
  4. Adderly, U.J (2010) Managing wound exudate and promoting healing
  5. http://eerp.usp.br/feridascronicas/recurso_educacional_lp_4_2.html#:~:text=O%20exsudato%20ou%20fluidos%20da,e%20limitam%20o%20crescimento%20bacteriano.
  6. https://aps-repo.bvs.br/aps/qual-o-melhor-curativo-para-feridas-exsudativas/

Lesões do Tecido Mole

A Lesões das extremidades e dos tecidos moles são frequentes no atendimento de emergência. Traumas assim podem variar de pequenas escoriações sem gravidade até lesões que colocam a vida do paciente em risco.

As principais causas costumam ser os acidentes de rotina, como distensões, entorses, choques e ferimentos.

Para tratar esses traumas, o mais importante é que a equipe médica tenha agilidade ao proceder com os primeiros-socorros e ao estancar possíveis hemorragias, já que a não observância dessas duas medidas influencia diretamente nas chances de sequelas.

Lesões fechadas

Em situações de lesões dos tecidos moles fechadas não há ruptura da superfície da pele ou das mucosas do corpo. Há, na verdade, um trauma nas camadas inferiores do tecido, podendo gerar edema, equimoses e hematomas.

Na presença desses sinais, o mais indicado é fazer aplicações frias sobre o local para redução do inchaço, da hemorragia e da dor. As lesões fechadas também se beneficiam da imobilização.

Lesões abertas

Costumam ser mais graves e apresentar risco de sequela. Podem ser:

  • Escoriações, que sangram pouco, mas são extremamente dolorosas.
  • Feridas incisas (cortes), que apresentam bordos regulares.
  • Feridas contusas, que são irregulares e apresentam perda de tecido.
  • Feridas perfurantes, que geram dissociação de um ou mais planos de tecidos.
  • Eviscerações, que resultam da lesão da parede abdominal e apresentam exteriorização das estruturas intra-abdominais.
  • Amputações, em que ocorre secção de um membro ou segmento de um membro.
  • Esfacelos, resultantes de esmagamentos.

Cuidados de Enfermagem

Em feridas abertas, as duas preocupações principais dizem respeito ao controle da hemorragia e à prevenção da infecção. A hemorragia deve ser controlada para cada gravidade. Quanto à infecção, o ideal é recorrer à limpeza imediata com soro fisiológico, lavando abundantemente a ferida para remover o máximo de sujidade possível.

Na sequência, deve-se fazer a desinfecção, aplicando desinfetantes como a iodopovidona. A ferida tem de ser coberta com proteção estéril (compressas embebidas em desinfetante), a fim de evitar a entrada de microrganismos.

O próximo passo é avaliar a existência de lesões nas áreas vizinhas e subjacentes. Havendo corpos estranhos, eles devem ser removidos cuidadosamente, desde que não estejam empalados. Quando removidos, é importante repetir o mesmo procedimento de lavagem da ferida.

Já nas amputações, depois do controle da hemorragia, o profissional de saúde precisa colocar compressas no coto e efetuar compressão manual direta. A limpeza só deve ser feita se a perda sanguínea não for significativa. Sem remover as primeiras compressas, chega a hora de fazer um penso.

Nesses casos, ainda existem cuidados necessários com o membro amputado. Ele precisa ser lavado com SF ou água destilada, envolto em compressas com SF, ensacado, e colocado novamente dentro de um saco com gelo.

Os esfacelos, por sua vez, são traumas graves que podem levar à necessidade de amputação. Devem ser lavados rapidamente e depois cobertos com penso compressivo. Sempre que possível, recomenda-se elevar o membro.

Referências:

  1. TSAO H; SWARTZ MN; WEINBERG AN & JOHNSON RA. Soft tissue Infections: erysipelas, cellulitis and gangrenous cellulites. In: FREEDBERG IM; EISEN AZ; WOLFF K; AUSTEN KF; GOLDSMITH LA; KATZ SI & FITZPATRICK TB, eds. Dermatology in general medicine. 5th ed, McGraw Hill, p. 2213-2231,1999.
  2. FITZPATRICK TB; JOHNSON RA & WOLLF K. Infecções bacterianas sistêmicas. In: Dermatologia: Atlas e texto, 3a ed., McGraw Hill, São Paulo, p. 622-678, 1998.

Sistema de Classificação Skin Tear Audit Research (STAR) – Lesão por Fricção

A lesão por fricção (LF) é uma ferida rasa, limitada à derme e que tem como característica principal a presença de um retalho de pele em algum momento de sua evolução.

O retalho pode ser denominado retalho epidérmico, quando o traumatismo separa a epiderme da derme (ferida de espessura parcial) e retalho dermoepidérmico, que ocorre quando epiderme e derme permanecem unidas e o traumatismo as separa das estruturas subjacentes (ferida de espessura total).

Recentemente foi descrito que as lesões por fricção podem resultar numa separação parcial ou total das camadas externas da pele. Tais lesões podem ocorrer devido à força de cisalhamento, atrito ou a um trauma sem corte, fazendo com que a epiderme se separe a partir da derme (ferida de espessura parcial) ou tanto a epiderme e a derme se separem das estruturas subjacentes (ferida de espessura total) .

Classificação STAR

O Sistema de Classificação Skin Tear Audit Research (STAR) – Lesão por Fricção, classifica essas feridas em cinco categorias que examina a presença/ausência do retalho da pele e sua viabilidade, apresenta um glossário de termos inerentes à LF seguido de orientações.

Equivalente ao Sistema STAR foi desenvolvida uma classificação denominado pelo International Skin Tear Advisory Panel (ISTAP) de Skin Tear Classification que avalia a presença/ausência do retalho cutâneo. Essas lesões podem ser categorizadas em: (Tipo 1) sem perda da pele, (Tipo 2) com perda parcial do retalho, e (Tipo 3) com perda total do retalho.

  • Categoria 1a: Lesão por fricção, cujo retalho cutâneo pode ser realinhado à posição anatômica normal (sem tensão excessiva); coloração da pele ou do retalho não se apresenta pálida opaca ou escurecida;
  • Categoria 1b: Lesão por fricção, cujo retalho cutâneo pode ser realinhado à posição anatômica normal (sem tensão excessiva); coloração da pele ou do retalho apresenta-se pálida opaca ou escurecida;
  • Categoria 2a: Lesão por fricção, cujo retalho cutâneo não pode ser realinhado à posição anatômica normal (sem tensão excessiva); coloração da pele ou do retalho não se apresenta pálida, opaca ou escurecida;
  • Categoria 2b: Lesão por fricção, cujo retalho cutâneo não pode ser realinhado à posição anatômica normal (sem tensão excessiva); coloração da pele ou do retalho apresenta-se pálida, opaca ou escurecida;
  • Categoria 3: Lesão por fricção, cujo retalho cutâneo está completamente ausente.

As LFs são lesões pouco estudadas e, consequentemente, subnotificadas, sendo frequentemente confundidas com lesões por pressão. O Brasil é um dos poucos países latinoamericanos com estudos publicados a respeito das LFs e, ainda assim, essas lesões são pouco conhecidas na prática clínica.

Referência:

  1. Adaptação cultural, validade de conteúdo e confiabilidade interobservadores do “STAR Skin Tear Classification System” https://doi.org/10.1590/0104-1169.3523.2537

Integridade da Pele Vs. Integridade Tissular

Uma das consequências mais comuns, resultante de longa permanência em hospitais, é o aparecimento de alterações da pele, sendo de forma superficial ou profunda.

Integridade da Pele

A manutenção da integridade da pele dos pacientes internados tem por base, o conhecimento de que medidas de cuidado relativamente simples podem garantir com que a pele do paciente se mantenha íntegra durante seu período de internação sendo que, a maioria das recomendações para avaliação e medidas preventivas, podem ser utilizadas de maneira universal, ou seja, tem validade tanto para prevenção de lesão por pressão (LPP) como para quaisquer outras alterações da pele.

Todo paciente deverá ser avaliado sistematicamente na admissão. Essa avaliação deve levar em consideração as fragilidades, vulnerabilidades e fatores de risco para desenvolvimento de alterações da pele. Devem ser utilizadas escalas preditivas, com elevado grau de confiablidade e especificidade.

A avaliação do risco para desenvolvimento de UP deverá ser executada através da Escala de Braden Q, para crianças de 1 a 5 anos, e Escala de Braden, para pacientes com mais de 5 anos.

A avaliação e prescrição de cuidados com a pele é uma atribuição do enfermeiro, sendo a participação da equipe multiprofissional na prevenção das alterações, uma importante
contribuição para a prescrição e planejamento dos cuidados com o paciente em risco.

Poderão ser necessários ajustes nutricionais, intervenções para auxiliar na mobilização ou mobilidade dos pacientes.

Durante a admissão ou readmissão, examine a pele do paciente cuidadosamente para identificar alterações da integridade cutânea e úlceras por pressão existentes.

Para uma apropriada inspeção da pele deve-se ter especial atenção às áreas corporais de maior risco para LP e para regiões corporais com presença de sondas, tubos e drenos.

Medidas preventivas para úlcera por pressão conforme fatores preditivos

Após a identificação dos fatores preditivos e dos pacientes “em risco” para o desenvolvimento de úlcera por pressão, o enfermeiro deve instituir cuidados essenciais com a pele para a manutenção da integridade cutânea e prevenção de lesão por pressão.

  1. Higienização e Hidratação da pele
  • Limpe a pele sempre que estiver suja ou sempre que necessário. É recomendado a utilização de água morna e sabão neutro para reduzir a irritação e o ressecamento da
    pele.
  • Use hidratantes na pele seca e em áreas ressecadas, principalmente após banho, pelo menos 1 vez ao dia (Nível de Evidência B). A pele seca parece ser um fator de risco
    importante e independente no desenvolvimento de úlceras por pressão.
  • Durante a hidratação da pele, não massagear áreas de proeminências ósseas ou áreas hiperemiadas. A aplicação de hidratante deve ser realizada com movimentos suaves e
    circulares.
  • A massagem está contra-indicada na presença de inflamação aguda e onde existe a possibilidade de haver vasos sanguíneos danificados ou pele frágil. A massagem não
    deverá ser recomendada como uma estratégia de prevenção de úlceras por pressão.

      2. Manejo da umidade

  • Proteger a pele da exposição à umidade excessiva através do uso de produtos barreira de forma a reduzir o risco de lesão por pressão. As propriedades mecânicas do estrato
    córneo são alteradas pela presença de umidade assim como a sua função de regulação da temperatura.
  • Controlar a umidade através da determinação da causa; usar absorventes ou fraldas.
  • Quando possível, oferecer uma comadre ou papagaio em conjunto com os horários de mudança de decúbito.

Observação: Além da incontinência urinária e fecal, a equipe de enfermagem deve ter atenção a outras fontes de umidade, como, extravasamento de drenos sobre a pele, exsudato de feridas, suor e extravasamento de linfa em pacientes com anasarca que são potenciais irritantes para a pele.

Integridade Tissular

Conforme o NANDA, é definido como “dano às membranas mucosas, córnea, pele ou tecidos subcutâneos.”

Considerando que as úlceras vasculares podem comprometer a epiderme e derme ou tecidos mais profundos, que, por definição, a ulceração é uma lesão elementar por solução de continuidade que atinge toda derme e hipoderme, podendo acometer músculos ou ossos, sem tendência a reparação, e, que o diagnóstico de ITP, é compreendido como a condição em que há o dano às camadas da pele, podendo atingir tecidos mais profundos.

Ressalta-se que, no caso de úlceras superficiais, aplicam-se tanto o diagnóstico de integridade de pele prejudicada como integridade tissular prejudicada, mas no caso de úlceras mais profundas, a resposta humana observada é integridade tissular prejudicada.

Portanto, defende-se a hipótese de que as pessoas com úlceras vasculares apresentam integridade tissular prejudicada, relacionada à circulação prejudicada e, na abordagem clínica individualizada, podem ser encontrados outros fatores relacionados, entre aqueles previstos para o diagnóstico de enfermagem de interesse, que precisam ser conhecidos e compreendidos.

Fatores

  • Fatores mecânicos: traumas de qualquer etiologia, como pancadas e arranhões, que culminam em prejuízo da integridade tissular local. Indicadores avaliados: história de fratura, pancada, escoriação, arranhadura, corte/laceração ou picada de inseto, antes do surgimento da lesão.
  • Extremos de temperatura: temperatura extremamente fria ou quente, capaz de provocar queimadura nos tecidos corporais. Indicadores avaliados: histórico de aplicação de calor e/ou frio em MMII ou exposição ou contato com temperaturas muito quentes ou frias, com consequente queimadura, antes do surgimento da úlcera.
  • Radiação: exposição prévia à radiação solar ou radioterapia em MMII acometidos. Indicadores avaliados: histórico de exposição à radiação solar e radioterapia,20antes do aparecimento da lesão.
  • Irritantes químicos: substâncias que alteram o aporte de nutrientes ou prejudicam o funcionamento das células, interferindo na higidez da pele. Indicadores avaliados: histórico de uso de produtos químicos sobre a pele na perna, que tenha suscitado irritação; histórico de contato da pele com produtos químicos alergênicos; histórico de tabagismo, etilismo e uso anticoncepcional e outros medicamentos, tais como quimioterápicos.
  • Circulação prejudicada: condições de alteração circulatória venosa, arterial ou ambas, além da linfática, na(s) perna(s). Indicadores avaliados: histórico de alteração das condições circulatórias de MMII existentes na época do surgimento das lesões; exames diagnósticos confirmatórios de alterações vasculares; alteração da perfusão periférica, edema, pulsos periféricos diminuídos ou ausentes, palidez à elevação dos MMII, presença de lipodermatoesclerose, hemossiderose, varizes, veias reticulares e o Índice Tornozelo-Braço (ITB) menor que 0,9.
  • Déficit de líquidos: condições de hidratação do organismo inadequado para manter a homeostase. No contexto das úlceras vasculares, essa condição foi considerada coadjuvante, não sendo um evento que por si só seja causa direta de prejuízo na integridade, com perda da solução de continuidade do tegumento. Indicadores avaliados: relato de ingestão hídrica alterada para menos, na época do surgimento da lesão.
  • Mudanças no turgor: alterações na textura da pele. Turgor aumentado ou diminuído configuram-se fatores coadjuvantes. Indicadores avaliados: histórico de edema, lipodermatoesclerose em MMII.
  • Fatores nutricionais: excesso ou déficit de substâncias participantes na higidez dos tecidos e processo de cicatrização. Indicadores avaliados: relato de ingestão de alimentos em quantidade ou qualidade fora dos padrões recomendados para adultos, perda de apetite; Índice de Massa Corporal (IMC) menor que 20 kg/m2 ou igual ou maior que 25 kg/m2.
  • Déficit de conhecimento: conhecimento inadequado/insuficiente sobre a prevenção das lesões e de suas complicações. Trata-se de um fator coadjuvante, não sendo causa direta. Indicadores avaliados: pertinência das informações que o indivíduo referiu dispor na época anterior ao surgimento da lesão, e práticas inadequadas de autocuidado relacionados à lesão.
  • Mobilidade física prejudicada: redução da capacidade de movimentação das pernas, que dificulta a pessoa de proteger-se de episódios de contato com áreas de pressão ou diminuição da articulação do tornozelo, capaz contribuir para a diminuição da função adequada da bomba da panturrilha. Indicadores avaliados: uso de talas ou demais dispositivos para imobilização física do membro acometido e história de diminuição da capacidade de flexão e extensão plantar, antes do aparecimento da lesão.

Características

  • tecido lesado: tecido que apresenta lesão celular reversível no qual se observam mudanças no trofismo, turgor, elasticidade, microambiente, e/ou coloração, porém sem a perda da solução de continuidade. A lesão celular pode ocorrer devido a: hipóxia, alteração da composição do microambiente, alterações metabólicas, alterações nutricionais, resposta inflamatória crônica, ou exposição a agentes químicos. As lesões do tecido, no contexto de úlceras vasculares, são evidenciadas pela presença de lipodermatoesclerose, hemossiderose, edema, eritema, hipotricose, cianose, palidez tecidual. A lesão tecidual pode progredir até a destruição do mesmo.
  • tecido destruído: tecido em que ocorreu lesão celular irreversível, com exposição de tecidos (derme, subcutâneo, fáscia muscular, músculo, tendão, osso), evidenciando perda de substância ou ausência de tecidos esperados, de acordo com a anatomia do local ou presença de necrose tecidual (escara e/ou esfacelo).

Referências:

  1. Malaquias SG, Bachion MM, Martins MA, Nunes CA de B, Torres G de V, Pereira LV. Impaired tissue integrity, related factors and defining characteristics in persons with vascular ulcers. Texto contexto – enferm [Internet]. 2014Apr;23(Texto contexto – enferm., 2014 23(2)). Available from: https://doi.org/10.1590/0104-07072014001090013
  2. Meneses, L. B. de A., Medeiros, F. de A. L., Oliveira, J. S., Nóbrega, M. M. L. da ., Silva, M. A. da ., & Soares, M. J. G. O.. (2020). Validation of interventions for risk of impaired skin integrity in adult and aged patients. Revista Brasileira De Enfermagem, 73(Rev. Bras. Enferm., 2020 73(4)). https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0258

Bolha Rota: O que é?

Um Flictena ou Bolha, é uma pequena bolsa de fluído corporal (linfa, soro, plasma, sangue ou pus) dentro das camadas superiores da pele, tipicamente causadas por fricção forçada, queimaduras, congelamento, exposição a produtos químicos ou infecção.

A maioria das bolhas são preenchidas com um líquido claro, seja soro ou plasma.

Mas quando a mesma é rompida, é denominado de Bolha Rota. Isso quer dizer que, de alguma forma, foi rompida por meios mecânicos (através de dispositivos pontiagudos), ou pelo movimento de fricção, o que pode romper acidentalmente.

Geralmente quando a Bolha Rota é aparente, a base de onde foi formado o Flictena possui característica rósea, brilhante ou úmida, e dolorosa nos primeiros dias, e partes da pele (epiderme), podem ficar soltas e presas ao redor da Bolha Rota, podendo em alguns casos realizar desbridamento da pele, para que ocorra uma cicatrização eficaz.

Alguns Cuidados

– Quando as bolhas estão íntegras e o tempo decorrido da queimadura até o atendimento for menor que 1 hora: devem ser aspiradas com agulha fina estéril, mantendo-se íntegra a epiderme como uma cobertura biológica à derme queimada, já que a retirada do líquido da flictena remove também os mediadores inflamatórios presentes, minimizando a dor e evitando o aprofundamento da lesão;

Se maior que 1 hora: manter a flictena íntegra; se a flictena estiver rota: fazer o desbridamento da pele excedente, costuma-se remover a epiderme solta, a fim de aplicar os curativos sobre o tecido viável. É importante lembrar que a derme viável sob as bolhas mostrar-se-á bastante dolorosa;

– O rompimento da bolha sem assepsia multiplica o risco de infecção bacteriana secundária e não é recomendável;

Observação

As queimaduras que envolvem bolhas são classificadas como de 2º grau. Afetam a epiderme e parte da derme.

Elas podem ser classificadas como superficiais, quando a base da bolha é rósea, úmida e dolorosa; ou profundas, quando a base da bolha é branca, seca, indolor e menos dolorosa (profunda).

A restauração das lesões ocorre entre 7 e 21 dias.

Referências:

1.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. 1. ed.; 1. reimp. (Cadernos de Atenção Básica, n. 28, Volume II). Brasília: Ministério da Saúde, 2013:290p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento_demanda_espontanea_queixas_comuns_cab28v2.pdf

2.Núcleo Telessaúde Sergipe. Biblioteca Virtual em Saúde. Atenção Primária à Saúde. Quais os cuidados iniciais para vítimas de queimadura por fogos de artifício? Segunda Opinião Formativa (SOF). 22 de agosto de 2016. id: sof – 35412.. Disponível em: http://aps.bvs.br/aps/quais-os-cuidados-iniciais-para-vitimas-de-queimadura-por-fogos-de-artificio/

3.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Cartilha para tratamento de emergência das queimaduras. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde). Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012:20p. :il. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_tratamento_emergencia_queimaduras.pdf