O Transporte de Paciente

Passo 1

Passo 2

Passo 3

Passo 4

Você sabia que o transporte de pacientes dentro do hospital pode ser uma fonte importante de eventos adversos, principalmente para pacientes críticos?

Nesses casos, não importa se a transferência é temporária (para a realização de um exame) ou de longo prazo (para uma nova unidade). Há riscos de traumas, complicações hemodinâmicas e de vias aéreas e outras alterações fisiológicas causadas por falhas de monitoramento, equipamentos e de comunicação entre setores.

Por isso, os benefícios da movimentação do paciente devem ser maiores do que o potencial para danos. “Nenhum paciente deve ser transportado para exames ou procedimentos com pouca possibilidade de alterar a conduta”, escrevem os autores de uma revisão sobre gerenciamento de riscos no transporte intra-hospitalar.

Quais são os Riscos?

Os problemas mais comuns variam entre diferentes levantamentos, e não há consenso sobre qual seria o principal tipo de evento decorrente. Chamam a atenção os eventos adversos relacionados às vias respiratórias. Um levantamento francês, publicado em 2013 sobre a incidência de danos no transporte, sugere que 17,6% dos eventos adversos envolvem equipamentos respiratórios, 8,8% dessaturação de oxigênio e 0,4% extubação acidental. Ventilação manual aparece como um fator de risco.

As complicações hemodinâmicas também são um fator de preocupação, devido a riscos de taquicardia, hipotensão e outras alterações. De acordo com o estudo francês, a incidência de problemas hemodinâmicos é de 5%. Ataques cardíacos são raros, mas em razão da gravidade, devem ser levados em consideração.

Um risco que não costuma ser elencado com frequência é o de infecções, Mas uma pesquisa feita com mais de 6 mil pacientes em ventilação mecânica sugere que a movimentação aumentou em 1,4 vezes o risco de pneumonia.

Classificação de Tipos de Transporte

Há um exemplo de protocolo assistencial do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), disponível online, podendo ser uma boa ferramenta para orientar o planejamento e cuidados necessários.

O documento orienta classificar o tipo de transporte de acordo com as condições clínicas do paciente e, a partir disso, definir as necessidades de monitoramento e de equipe.

Experiências sugerem que equipes especializadas e treinadas em transporte hospitalar conseguem evitar eventos adversos com maior frequência.

Transporte de baixo risco – pacientes estáveis, sem alterações críticas nas últimas 48 horas e que não sejam dependentes de oxigenoterapia
Equipe – Técnico/auxiliar de enfermagem.

Transporte de médico risco  pacientes estáveis, sem alterações críticas nas últimas 24 horas, porém que necessitam de monitoração hemodinâmica ou oxigenoterapia
Equipe – (1) Técnico/Auxiliar de enfermagem e (1) Enfermeiro ou (1) Médico.

Transporte de alto risco – paciente em uso de droga vasoativa e/ou assistência ventilatória mecânica
Equipe – (1) Técnico/Auxiliar de enfermagem, (1) Enfermeiro, (1) Médico e (1) Fisioterapeuta, mediante avaliação das condições respiratórias.

Segundo o protocolo, no transporte de médio e alto risco, os pacientes devem ter os seguintes parâmetros monitorados: frequência cardíaca, saturação de oxigênio, e se necessário, pressão arterial sistêmica.

A publicação do HC-UFTM também traz um roteiro de checagem para uso no transporte intra-hospitalar, que pode ser usado para orientar os procedimentos. Pesquisas sugerem que checklists são muito eficazes em ambientes de alta complexidade, como são as unidades de terapia intensiva dos hospitais. O protocolo completo desenvolvido pelo HC-UFTM está disponível para download neste link.

O que posso fazer para reduzir estes riscos nos Eventos Adversos?

ANTES

– Dedicação exclusiva da equipe ao transporte
– Estabilização do paciente
– Verificação dos equipamentos necessários
– Coleta de dados do paciente
– Conexão do paciente ao monitoramento e controle dos parâmetros
– Reavaliação de sinais vitais, cateteres e drenos
– Uso de maca segura, em posição confortável
– Planejamento da rota: fácil e curta
– Comunicação do departamento de saída com o de destino para definir tempo de chegada

DURANTE

– Elevadores devem ser reservados para evitar aglomeração e atrasos
– Deve haver meio de comunicação com o setor de destino
– Verificação constante das condições do paciente e dos parâmetros dos equipamentos
– Possibilidade de intervenção imediata, caso necessário

DEPOIS

– Admissão do paciente no departamento de destino
– Reavaliação das condições do paciente e dos equipamentos
– Conexão do paciente a novos dispositivos de controle, caso haja transferência da maca
– Relato atualizado para a equipe de monitoramento
– A equipe de transporte só deixa a área quando a nova estiver totalmente preparada
– Registro e documentação de todos os incidentes


Referências:

  1. Intrahospital transport policies: The contribution of the nurse / Health Science Journal
  2. Knight, P. H., Maheshwari, N., Hussain, J., Scholl, M., Hughes, M., Papadimos, T. J., Guo, W. A., Cipolla, J., Stawicki, S. P., … Latchana, N. (2015). Complications during intrahospital transport of critically ill patients: Focus on risk identification and prevention. International Journal of Critical Illness and Injury Science, 5(4), 256-64.
  3. Parmentier-Decrucq E, Poissy J, Favory R, Nseir S, Onimus T, Guerry MJ, et al. Adverse events during intrahospital transport of critically ill patients: Incidence and risk factors. Ann Intensive Care. 2013;3:10.
  4. Schwebel C, Clec’h C, Magne S, Minet C, Garrouste-Orgeas M, Bonadona A, et al. OUTCOMEREA Study Group. Safety of intrahospital transport in ventilated critically ill patients: A multicenter cohort study*. Crit Care Med. 2013;41:1919–28
  5. Veiga C, V et al. Adverse events during intrahospital transport of critically ill patients in a large hospital. Rev Bras Ter Intensiva. 2019
  6. Gimenez, F., de Camargo, W., Gomes, A., Nihei, T. S., Andrade, M., Valverde, M., Campos, L., Grion, D. C., Festti, J., … Grion, C. (2017). Analysis of Adverse Events during Intrahospital Transportation of Critically Ill Patients. Critical care research and practice, 2017, 6847124.
  7. Warren J, Fromm RE Jr, Orr RA, Rotello LC, Horst HM; American College of Critical Care Medicine. Guidelines for the inter- and intrahospital transport of critically ill patients. Crit Care Med. 2004 Jan;32(1):256-62.
  8. Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) – Ministério da Educação. Protocolo Assistencial Multiprofissional: Transporte intra-hospitalar de clientes – Uberaba: HCUFTM/Ebserh, 2017. 20 p.

Veja também:

Eventos Adversos (EAs)

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