Síndrome de Aspiração de Mecônio (SAM)

A síndrome de aspiração de mecônio (SAM) é caracterizada por vários graus de insuficiência respiratória. A quantidade e a consistência do mecônio absorvido é que irão afetar em maior ou menor medida o bebê.

Etiologia

O estresse fisiológico no momento do trabalho de parto e do parto (p. ex., por hipóxia e/ou acidose causada por compressão do cordão umbilical ou insuficiência placentária ou por infecção) pode levar o feto a eliminar mecônio dentro do líquido amniótico antes do parto.

A eliminacão de mecônio também pode ser normal antes do nascimento, particularmente em lactentes a termo ou pós-termo; observa-se a eliminacão de mecônio em 10 a 15% dos nascimentos. Entretanto, nunca é normal observar a eliminacão de mecônio no parto de um lactente pretermo.

É provável que, durante o trabalho de parto, cerca de 5% dos recém-nascidos tenham aspirado mecônio, desencadeando lesões pulmonares e disfunção respiratória, na denominada síndrome da aspiração de mecônio.

Embora a pneumonite causada pelo mecônio contribua para o comprometimento respiratório nesses recém-nascidos, a hipertensão pulmonar persistente (HPP) causada pela acidose e/ou hipóxia pré-natal e pós-natal é igualmente, ou até mais, comprometedora.

Fisiopatologia

Os mecanismos pelos quais a aspiração induz à síndrome provavelmente incluem:

  • Liberação de citocinas não específicas;
  • Obstrução das vias respiratórias;
  • Diminuição da produção de surfactantes e inativação do surfactante;
  • Pneumonite química.

As condições fisiológicas basais também podem contribuir para o processo. A atelectasia pode surgir se ocorrer obstrução total do brônquio; o bloqueio parcial impede a expiração do ar, resultando em hiperexpansão dos pulmões e possível extravasamento de ar pulmonar com pneumomediastino ou pneumotórax.

O risco de extravasamento de ar é ainda maior por causa da diminuição da complacência pulmonar causada pela diminuição da produção de surfactantes e inativação dos surfactantes. Hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido pode estar associada à aspiração de mecônio como uma comorbidade ou decorrente de hipóxia persistente.

Recém-nascidos também podem aspirar, durante o parto, vérnix caseoso, líquido amniótico ou sangue de origem materna ou fetal, os quais podem provocar disfunção respiratória e sinais de pneumonia por aspiração na radiografia de tórax.

Sinais e Sintomas

Os sinais da síndrome de aspiração de mecônio são taquipneia, batimento de asa de nariz, retrações, cianose ou dessaturação, estertores, roncos e coloração amarelo-esverdeada do cordão umbilical, leito ungueal ou pele. Manchas de mecônio podem ser vistas na orofaringe e (na entubação) na laringe e na traqueia.

Os recém-nascidos com retenção de ar podem apresentar tórax em barril e também sinais e sintomas de pneumotórax, enfisema intersticial pulmonar e pneumomediastino.

Diagnóstico

  • Eliminação de mecônio;
  • Desconforto respiratório;
  • Radiografia com achados característicos;

Suspeita-se do diagnóstico da síndrome da aspiração de mecônio quando um recém-nascido mostra desconforto respiratório no contexto do líquido amniótico contendo mecônio.

O diagnóstico é confirmado pela radiografia de tórax, que demonstra hiperinflação com várias áreas de atelectasia e achatamento do diafragma.

Os achados radiológicos iniciais podem ser confundidos com os achados da taquipneia transitória do recém-nascido (TTR); entretanto, o que muitas vezes separa lactentes com a síndrome de aspiração de mecônio daqueles com TTR é a hipoxemia significativa presente com a HPP concomitante.

O líquido pode ser visto nas fissuras pulmonares ou nos espaços pleurais; o ar, nos tecidos moles ou no mediastino.

Como o mecônio pode propiciar o crescimento de bactérias e como é difícil diferenciar o diagnóstico de síndrome da aspiração meconial de pneumonia bacteriana, deve-se coletar amostras para hemocultura.

Prognóstico

O prognóstico é geralmente bom, embora varie com a fisiopatologia de base; a mortalidade geral é maior. Recém-nascidos portadores da síndrome da aspiração de mecônio estão sob o risco de apresentarem doença asmática futuramente.

Tratamento

  • Entubação endotraqueal e ventilação mecânica conforme necessário;
  • Suplementação de oxigênio conforme necessário para manter a PaO2 alta e relaxar a vasculatura pulmonar nos casos de HPP;
  • Surfactante;
  • Antibióticos IV;
  • Óxido nítrico inalável nos casos graves de HPP;
  • Oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) se não responsivo às terapias acima;

Não foi demonstrado que a aspiração profunda de rotina (i. e., entubação para aspiração abaixo das cordas vocais) em neonatos nascidos com mecônio no líquido amniótico melhora o desfecho.

Entretanto, se a respiração do recém-nascido parece obstruída, faz-se aspiração com uma sonda endotraqueal ligada ao aspirador de mecônio. Indica-se entubação ou pressão positiva contínua das vias respiratórias por via nasal (CPAP) para desconforto respiratório, seguida de ventilação mecânica e internação na unidade de terapia intensiva neonatal conforme necessário.

Uma vez que a ventilação com pressão positiva aumenta o risco da síndrome de extravasamento de ar pulmonar, torna-se importante a reavaliação regular (incluindo exame físico e radiografia do tórax) para detectar essas complicações, que devem ser imediatamente investigadas em qualquer recém-nascido entubado e que subitamente apresente piora da pressão arterial, perfusão ou saturação de oxigênio.

Síndromes de extravasamento de ar pulmonar para tratamento das síndromes de extravasamento de ar.

Deve-se considerar surfactantes para neonatos sob ventilação mecânica com altos requisitos de oxigênio; pode diminuir a necessidade de ECMO (1, 2), mas não diminui a mortalidade.

Às vezes, administra-se antibióticos (geralmente ampicilina e um aminoglicosídeo—como usado para o tratamento padrão da doença bacteriana grave em um recém-nascido enfermo).

No entanto, estudos mostraram que o uso de antibióticos em recém-nascidos com aspiração de mecônio não reduz significativamente a mortalidade, a incidência de sepse, o tempo de internação ou a duração da necessidade de suporte respiratório.

Óxido nítrico inalável a até 20 ppm e ventilação de alta frequência são outras terapias usadas no caso de desenvolvimento de hipoxemia refratária; também podem diminuir a necessidade de ECMO.

Referências:

  1.  El Shahed AI, Dargaville PA, Ohlsson A, Soll R: Surfactant for meconium aspiration syndrome in term and late preterm infants. Cochrane Database Syst Rev 12(CD002054):1–36, 2014. doi: 10.1002/14651858.CD002054.pub3

  2. Natarajan CK, Sankar MJ, Jain K, et al: Surfactant therapy and antibiotics in neonates with meconium aspiration syndrome: A systematic review and meta-analysis. J Perinatol 36(Suppl 1):S49–S54, 2016. doi: 10.1038/jp.2016.32

Profilaxia Neonatal: Guia Atualizado

O nascimento é um marco na vida do ser humano, mas também um momento de vulnerabilidade. O recém-nascido ainda não possui defesas imunológicas totalmente desenvolvidas e pode estar exposto a riscos de infecção, hemorragias e outras complicações.

Por isso, a profilaxia neonatal é considerada uma das práticas mais importantes logo após o parto, garantindo proteção imediata contra agravos preveníveis.

Neste texto, vamos detalhar as principais medidas profiláticas realizadas nas primeiras horas de vida: colírios antibióticos, vitamina K, vacina contra hepatite B e vacina BCG.

Profilaxia Ocular: Prevenção da Oftalmia Neonatal

A profilaxia ocular é obrigatória no Brasil e tem como objetivo prevenir a oftalmia neonatal, uma conjuntivite grave causada principalmente por Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, que pode levar à cegueira.

Atualmente, podem ser utilizados:

  • Povidona-iodo a 2,5% (colírio)
  • Eritromicina a 0,5% (pomada oftálmica)
  • Tetraciclina a 1% (pomada oftálmica)

A aplicação deve ser realizada até uma hora após o nascimento. A escolha da substância pode variar de acordo com a disponibilidade hospitalar e protocolos locais.

Cuidados de enfermagem:

  • Lavar as mãos antes do procedimento.
  • Utilizar material estéril.
  • Instilar a medicação no saco conjuntival inferior de cada olho.
  • Orientar os pais sobre o objetivo da medida, evitando interpretações equivocadas.

Vitamina K: Prevenção da Doença Hemorrágica do Recém-Nascido

O recém-nascido apresenta reservas reduzidas de vitamina K e ainda não possui flora intestinal suficiente para sintetizá-la. Isso pode levar à doença hemorrágica do recém-nascido (DHRN), que se manifesta com sangramentos graves, inclusive intracranianos.

A profilaxia consiste na administração de:

  • Vitamina K1 (fitomenadiona), em dose de 1 mg por via intramuscular, aplicada preferencialmente na coxa do recém-nascido.

Cuidados de enfermagem:

  • Conferir o peso e a idade do RN antes da aplicação.
  • Utilizar técnica asséptica na administração intramuscular.
  • Observar o local da aplicação para possíveis reações.
  • Explicar à família a importância da prevenção de hemorragias.

Vacina Contra a Hepatite B

A hepatite B é uma infecção viral grave, com risco de evolução para cirrose e câncer hepático. A transmissão pode ocorrer da mãe para o bebê durante o parto.

Por isso, a primeira dose da vacina contra hepatite B deve ser aplicada ainda nas primeiras 12 horas de vida, independentemente da condição sorológica materna.

Cuidados de enfermagem:

  • Conferir a validade e condições de conservação da vacina.
  • Administrar por via intramuscular, no vasto lateral da coxa.
  • Orientar os pais sobre a continuidade do esquema vacinal.

Vacina BCG: Proteção Contra Formas Graves de Tuberculose

A vacina BCG protege contra formas graves de tuberculose, como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar, que acometem principalmente lactentes.

A aplicação deve ser realizada preferencialmente ainda na maternidade, por via intradérmica, no braço direito.

Cuidados de enfermagem:

  • Garantir que o bebê esteja clinicamente estável para receber a vacina.
  • Utilizar técnica correta de aplicação intradérmica.
  • Orientar os pais sobre a evolução da cicatriz vacinal, que é esperada e faz parte do processo de imunização.

A profilaxia neonatal é um conjunto de medidas simples, mas de extrema importância para garantir a saúde e a segurança do recém-nascido. A atuação da enfermagem é essencial, tanto na execução correta dos procedimentos quanto na educação em saúde para os pais, explicando cada intervenção e tranquilizando a família.

Para o estudante de enfermagem, compreender cada medida profilática é fundamental para desenvolver uma prática segura, ética e humanizada.

Referências:

  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_procedimentos_vacinacao.pdf.
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção à Saúde do Recém-Nascido: Guia para os profissionais de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_recem_nascido_v1.pdf.
  3. SANTOS, A. P.; SOUZA, R. M. Profilaxia neonatal: importância das ações imediatas pós-parto. Revista de Enfermagem em Saúde, v. 11, n. 3, p. 45-53, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/enfermagem/article/view/20385
  4. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. SBP lança documento sobre profilaxia da oftalmia neonatal por transmissão vertical. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-lanca-documento-sobre-profilaxia-da-oftalmia-neonatal-por-transmissao-vertical/

Patologias Congênitas da Parede Abdominal

As patologias congênitas da parede abdominal são anomalias que ocorrem durante o desenvolvimento fetal, resultando em defeitos na formação da parede abdominal. Essas condições podem variar de leves a graves, exigindo intervenções médicas e cirúrgicas logo após o nascimento.

Nesta publicação, vamos explorar as principais patologias congênitas da parede abdominal, suas causas, diagnósticos e tratamentos.

O Que São Patologias Congênitas da Parede Abdominal?

As patologias congênitas da parede abdominal são defeitos estruturais que ocorrem durante a gestação, quando a parede abdominal do feto não se fecha completamente. Essas anomalias podem permitir que órgãos abdominais se projetem para fora do corpo, causando complicações sérias se não forem tratadas adequadamente.

Principais Patologias Congênitas da Parede Abdominal

Gastrosquise

  • O Que É: Defeito na parede abdominal, geralmente à direita do cordão umbilical, através do qual os intestinos e, às vezes, outros órgãos saem do corpo.
  • Causas: Ainda não totalmente compreendidas, mas fatores genéticos e ambientais podem estar envolvidos.
  • Diagnóstico: Detectado durante o pré-natal por ultrassonografia.
  • Tratamento: Cirurgia para reposicionar os órgãos e fechar o defeito.

Onfalocele

  • O Que É: Defeito no qual os órgãos abdominais ficam envoltos por uma membrana e se projetam através do umbigo.
  • Causas: Associada a anomalias cromossômicas, como a trissomia do 18 (Síndrome de Edwards).
  • Diagnóstico: Identificado no pré-natal por ultrassonografia.
  • Tratamento: Cirurgia para reposicionar os órgãos e fechar o defeito.

Hérnia Diafragmática Congênita

  • O Que É: Abertura no diafragma que permite que órgãos abdominais se movam para a cavidade torácica, comprimindo os pulmões.
  • Causas: Defeito no desenvolvimento do diafragma durante a gestação.
  • Diagnóstico: Detectado no pré-natal por ultrassonografia.
  • Tratamento: Cirurgia para reposicionar os órgãos e reparar o diafragma.

Extrofia Vesical

  • O Que É: Malformação rara em que a bexiga fica exposta fora do corpo, devido a um defeito na parede abdominal inferior.
  • Causas: Desconhecidas, mas podem envolver fatores genéticos e ambientais.
  • Diagnóstico: Identificado no pré-natal ou ao nascimento.
  • Tratamento: Cirurgia para reconstruir a bexiga e a parede abdominal.

Defeitos da Parede Abdominal Lateral

  • O Que É: Anomalias raras que afetam os lados da parede abdominal, permitindo a protrusão de órgãos.
  • Causas: Desconhecidas, mas podem estar relacionadas a fatores genéticos.
  • Diagnóstico: Detectado no pré-natal ou ao nascimento.
  • Tratamento: Cirurgia para correção do defeito.

Causas das Patologias Congênitas da Parede Abdominal

As causas exatas dessas anomalias ainda não são totalmente compreendidas, mas alguns fatores de risco incluem:

  • Genética: Histórico familiar de defeitos congênitos.
  • Fatores Ambientais: Exposição a substâncias tóxicas durante a gravidez.
  • Idade Materna Avançada: Gestantes com mais de 35 anos têm maior risco.
  • Uso de Medicamentos: Certos medicamentos durante a gestação podem aumentar o risco.

Diagnóstico

O diagnóstico das patologias congênitas da parede abdominal é geralmente feito durante o pré-natal, por meio de:

  • Ultrassonografia: Identifica defeitos na parede abdominal e a presença de órgãos fora da cavidade abdominal.
  • Ressonância Magnética Fetal: Fornece imagens detalhadas para planejamento do tratamento.
  • Avaliação Pós-Natal: Exame físico e exames de imagem após o nascimento.

Tratamento

O tratamento depende do tipo e da gravidade da anomalia, mas geralmente envolve:

Estabilização do Recém-Nascido:

    • Proteção dos órgãos expostos com curativos estéreis.
    • Suporte respiratório e nutricional, se necessário.

Cirurgia Corretiva:

    • Reposicionamento dos órgãos e fechamento do defeito na parede abdominal.
    • Em casos complexos, pode ser necessária cirurgia em etapas.

Acompanhamento Pós-Operatório:

    • Monitoramento do desenvolvimento e prevenção de complicações, como infecções e hérnias.

Cuidados de Enfermagem

A equipe de enfermagem desempenha um papel crucial no manejo desses pacientes. Aqui estão os principais cuidados:

  1. Proteção dos Órgãos Expostos:
    • Cobrir os órgãos com curativos estéreis e úmidos para evitar infecções e desidratação.
  2. Monitoramento de Sinais Vitais:
    • Aferir temperatura, frequência cardíaca e respiratória regularmente.
  3. Suporte Nutricional:
    • Garantir alimentação adequada, muitas vezes por meio de sonda nasogástrica.
  4. Cuidados Pós-Operatórios:
    • Monitorar sinais de infecção, como febre ou vermelhidão no local da cirurgia.
    • Auxiliar na mobilização e no conforto do paciente.
  5. Educação da Família:
    • Orientar os pais sobre os cuidados em casa e a importância do acompanhamento médico.

As patologias congênitas da parede abdominal são condições complexas que exigem diagnóstico precoce e tratamento especializado. Com avanços na medicina fetal e neonatal, muitos bebês com essas anomalias têm a chance de uma vida saudável após o tratamento adequado.

Referências:

  1. Gorayeb, N., & Gorayeb, N. Prognóstico na Cardiologia. Revista Brasileira de Cardiologia, 2006. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rb/a/8MfSw4nrK3h4mhyMXKZ3jvH/?format=pdf&lang=pt>
  2. Defeitos da Parede Abdominal: Gastrosquise e Onfalocele Instituição: Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) Ano: 2022 Disponível em: <https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/ch-ufc/acesso-a-informacao/protocolos-e-pops/protocolos-meac/maternidade-escola-assis-chateaubriand/neonatologia/defeitos-da-parede-abdominal-gastrosquise-e-onfalocele-pro-med-neo-068pdf

Mecanismos de Perda de Calor no Recém-Nascido (RN)

O recém-nascido (RN) é particularmente vulnerável à perda de calor devido às suas características fisiológicas e à transição do ambiente intrauterino para o mundo externo. Manter a temperatura corporal adequada é crucial para o bem-estar e a saúde do bebê.

Nesta publicação, vamos explorar os mecanismos de perda de calor no recém-nascido, as consequências da hipotermia e as estratégias para prevenir a perda de calor.

Por Que o Recém-Nascido Perde Calor Facilmente?

O recém-nascido tem uma relação superfície corporal/peso maior do que os adultos, o que facilita a perda de calor. Além disso, sua pele é mais fina, e a camada de gordura subcutânea é menos desenvolvida, reduzindo a capacidade de isolamento térmico. Esses fatores tornam o RN mais suscetível à hipotermia, especialmente nas primeiras horas de vida.

Mecanismos de Perda de Calor no Recém-Nascido

Existem quatro principais mecanismos de perda de calor no RN, conhecidos como os “4 Rs”:

Radiação

  • O Que É: Perda de calor para superfícies frias ao redor, sem contato direto.
  • Exemplo: Um RN próximo a uma janela fria ou parede sem isolamento térmico.
  • Prevenção: Manter o bebê longe de superfícies frias e usar incubadoras ou berços aquecidos.

Convecção

  • O Que É: Perda de calor devido ao movimento do ar ao redor do bebê.
  • Exemplo: Correntes de ar em salas com portas ou janelas abertas.
  • Prevenção: Evitar correntes de ar e manter o ambiente aquecido e controlado.

Condução

  • O Que É: Perda de calor por contato direto com superfícies frias.
  • Exemplo: Colocar o RN em uma balança fria ou mesa de exame sem aquecimento.
  • Prevenção: Usar superfícies aquecidas ou toalhas pré-aquecidas para exames e procedimentos.

Evaporação

  • O Que É: Perda de calor pela evaporação de líquidos da pele do bebê.
  • Exemplo: Secagem inadequada após o banho ou contato com líquidos amnióticos no parto.
  • Prevenção: Secar o RN imediatamente após o nascimento e evitar exposição prolongada à umidade.

Consequências da Hipotermia no Recém-Nascido

A hipotermia no RN pode levar a complicações graves, como:

  • Aumento do Consumo de Oxigênio: O corpo tenta gerar calor, aumentando o metabolismo e o consumo de oxigênio.
  • Hipoglicemia: A necessidade de energia para gerar calor pode reduzir os níveis de glicose no sangue.
  • Acidose Metabólica: O metabolismo acelerado pode levar ao acúmulo de ácidos no organismo.
  • Aumento do Risco de Infecções: A hipotermia compromete o sistema imunológico.
  • Dificuldades Respiratórias: O RN pode apresentar apneia ou respiração irregular.

Estratégias para Prevenir a Perda de Calor

A prevenção da perda de calor é essencial para garantir a saúde do recém-nascido. Aqui estão algumas estratégias eficazes:

Contato Pele a Pele

O contato direto com a mãe ou o pai ajuda a manter o calor do bebê e promove o vínculo afetivo.

Secagem Imediata

Secar o RN completamente após o nascimento, especialmente a cabeça, que é uma área de grande perda de calor.

Uso de Toucas e Mantas

Cobrir a cabeça do RN com uma touca e envolvê-lo em mantas aquecidas.

Ambiente Aquecido

Manter a sala de parto e o berçário em uma temperatura adequada (24-26°C).

Incubadoras e Berços Aquecidos

Usar equipamentos que ajudam a manter a temperatura corporal do RN estável.

Banho Tardio

Adiar o primeiro banho do RN por pelo menos 6 horas após o nascimento para evitar a perda de calor por evaporação.

Cuidados de Enfermagem no Controle Térmico do RN

A equipe de enfermagem desempenha um papel fundamental na prevenção da perda de calor no RN. Aqui estão os principais cuidados:

Monitoramento da Temperatura

Aferir a temperatura do RN regularmente, especialmente nas primeiras horas de vida.

Educação dos Pais

Orientar os pais sobre a importância do contato pele a pele e como manter o bebê aquecido em casa.

Preparação do Ambiente

Garantir que a sala de parto e o berçário estejam aquecidos e livres de correntes de ar.

Atenção aos Sinais de Hipotermia

Observar sinais como pele fria, letargia e dificuldade respiratória, comunicando imediatamente à equipe médica.

A perda de calor no recém-nascido é uma preocupação importante, mas com medidas preventivas adequadas, é possível garantir que o bebê mantenha uma temperatura corporal estável.

Para a equipe de enfermagem, o monitoramento e a educação são ferramentas essenciais para proteger o RN e promover um início de vida saudável.

Referências:

  1. AMORIM, Gabriela Neves dos Santos Silva. Termorregulação do Recém-nascido nas primeiras horas de vida em Unidade Neonatal. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Enfermagem) – Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2019. Disponível em: https://www.repositorio.ufal.br/bitstream/riufal/6312/3/Termorregula%C3%A7%C3%A3o%20do%20Rec%C3%A9m-nascido%20nas%20primeiras%20horas%20de%20vida%20em%20Unidade%20Neonatal.pdf
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. 2. ed. atual. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 4 v. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_recem_nascido_%20guia_profissionais_saude_v4.pdf

Perímetro Cefálico (PC)

O perímetro cefálico (PC) é uma medida simples, mas fundamental, que consiste em circundar a cabeça de uma pessoa com uma fita métrica para determinar sua circunferência. Essa medida é especialmente importante nos primeiros anos de vida, pois reflete o tamanho e o crescimento do cérebro.

Por que o Perímetro Cefálico é Importante?

  • Crescimento cerebral: O cérebro de um bebê cresce rapidamente nos primeiros meses e anos de vida. O perímetro cefálico acompanha esse crescimento, fornecendo uma indicação visual de se o cérebro está se desenvolvendo adequadamente.
  • Detecção precoce de problemas: Desvios significativos no perímetro cefálico podem sinalizar condições médicas como microcefalia (cabeça pequena) ou macrocefalia (cabeça grande), que podem estar associadas a diversos problemas de saúde.
  • Monitoramento do desenvolvimento: O acompanhamento regular do perímetro cefálico permite aos médicos monitorar o crescimento da criança e identificar quaisquer desvios precocemente.

Medidas

A medida do perímetro cefálico é realizada da seguinte forma:

  1. Posição: A criança deve estar deitada em uma superfície plana e firme, com a cabeça em posição neutra.
  2. Fita métrica: Uma fita métrica flexível é colocada ao redor da cabeça, passando pela parte mais proeminente da testa (acima das sobrancelhas) e pela parte mais proeminente da nuca.
  3. Leitura: A medida é obtida no ponto em que a fita se encontra.

Tabela de Medidas

Sexo Meninas Meninos
Idade Medida em Centímetros Medida em Centímetros
Ao nascer 31,5 a 36,2 31,9 a 37
1 mês 34,2 a 38,9 34,9 a 39,6
2 meses 35,8 a 40,7 36,8 a 41,5
3 meses 37,1 a 42 38,1 a 42,9
4 meses 38,1 a 43,1 39,2 a 44
5 meses 38,9 a 44 40,1 a 45
6 meses 39,6 a 44,8 40,9 a 45,8
7 meses 40,2 a 45,4 41,5 a 46,4
8 meses 40,7 a 46 42 a 47
9 meses 41,2 a 46,5 42,5 a 47,5
10 meses 41,5 a 46,9 42,9 a 47,9
11 meses 41,9 a 47,3 43,2 a 48,3
1 ano 42,2 a 47,6 43,5 a 48,6
1 ano e 1 mês 42,4 a 47,9 43,8 a 48,9
1 ano e 2 meses 42,7 a 48,2 44 a 49,2
1 ano e 3 meses 42,9 a 48,4 44,2 a 49,4
1 ano e 4 meses 43,1 a 48,6 44,4 a 49,6
1 ano e 5 meses 43,3 a 48,8 44,6 a 49,8
1 ano e 6 meses 43,5 a 49 44,7 a 50
1 ano e 7 meses 43,6 a 49,2 44,9 a 50,2
1 ano e 8 meses 43,8 a 49,4 45 a 50,4
1 ano e 9 meses 44 a 49,5 45,2 a 50,5
1 ano e 10 meses 44,1 a 49,7 45,3 a 50,7
1 ano e 11 meses 44,3 a 49,8 45,4 a 50,8
2 anos 44,4 a 50 45,5 a 51
2 anos e 1 mês 44,5 a 50,1 45,6 a 51,1
2 anos e 2 meses 44,7 a 50,3 45,8 a 51,2
2 anos e 3 meses 44,8 a 50,4 45,9 a 51,4
2 anos e 4 meses 44,9 a 50,5 46 a 51,5
2 anos e 5 meses 45 a 50,6 46,1 a 51,6
2 anos e 6 meses 45,1 a 50,7 46,1 a 51,7
2 anos e 7 meses 45,2 a 50,9 46,2 a 51,8
2 anos e 8 meses 45,3 a 51 46,3 a 51,9
2 anos e 9 meses 45,4 a 51,1 46,4 a 52
2 anos e 10 meses 45,5 a 51,2 46,5 a 52,1
2 anos e 11 meses 45,6 a 51,2 46,6 a 52,2
3 anos 45,7 a 51,3 46,6 a 52,3
3 anos e 1 mês 45,8 a 51,4 46,7 a 52,4
3 anos e 2 meses 45,8 a 51,5 46,8 a 52,5
3 anos e 3 meses 45,9 a 51,6 46,8 a 52,5
3 anos e 4 meses 46 a 51,7 46,9 a 52,6
3 anos e 5 meses 46,1 a 51,7 46,9 a 52,7
3 anos e 6 meses 46,1 a 51,8 47 a 52,8
3 anos e 7 meses 46,2 a 51,9 47 a 52,8
3 anos e 8 meses 46,3 a 51,9 47,1 a 52,9
3 anos e 9 meses 46,3 a 52 47,1 a 53
3 anos e 10 meses 46,4 a 52,1 47,2 a 53
3 anos e 11 meses 46,4 a 52,1 47,2 a 53,1
4 anos 46,5 a 52,2 47,3 a 53,1
4 anos e 1 mês 46,5 a 52,2 47,3 a 53,2
4 anos e 2 meses 46,6 a 52,3 47,4 a 53,2
4 anos e 3 meses 46,7 a 52,3 47,4 a 53,3
4 anos e 4 meses 46,7 a 52,4 47,5 a 53,4
4 anos e 5 meses 46,8 a 52,4 47,5 a 53,4
4 anos e 6 meses 46,8 a 52,5 47,5 a 53,5
4 anos e 7 meses 46,9 a 52,5 47,6 a 53,5
4 anos e 8 meses 46,9 a 52,6 47,6 a 53,5
4 anos e 9 meses 46,9 a 52,6 47,6 a 53,6
4 anos e 10 meses 47 a 52,7 47,7 a 53,6
4 anos e 11 meses 47 a 52,7 47,7 a 53,7
5 anos 47,1 a 52,8 47,7 a 53,7

Quando o Perímetro Cefálico Deve Ser Medido?

O perímetro cefálico é medido regularmente nos primeiros anos de vida, especialmente nas consultas de puericultura. É importante seguir as orientações do pediatra para realizar essa medida.

Fatores que Podem Influenciar o Perímetro Cefálico

  • Genética: A genética desempenha um papel importante no tamanho da cabeça.
  • Nutrição: Uma nutrição adequada é essencial para o crescimento cerebral e, consequentemente, para o perímetro cefálico.
  • Doenças: Algumas doenças podem afetar o crescimento cerebral e, consequentemente, o perímetro cefálico.

Cuidados de Enfermagem na Medição do Perímetro Cefálico

  1. Preparo do material:
    • Fita métrica flexível e inextensível.
    • Caneta para anotar a medida.
    • Gráfico de crescimento infantil.
    • Prontuário do paciente.
  2. Posicionamento da criança:
    • A criança deve estar deitada em uma superfície plana e firme, com a cabeça em posição neutra.
    • O enfermeiro deve certificar-se de que a criança está relaxada.
  3. Técnica de medição:
    • A fita métrica deve ser passada pela parte mais proeminente da testa (acima das sobrancelhas) e pela parte mais proeminente da nuca, circundando a cabeça.
    • A fita deve ser ajustada de forma confortável, mas sem apertar.
    • A medida deve ser realizada duas vezes e a média dos valores deve ser registrada.
  4. Registro:
    • Anotar a medida obtida no prontuário do paciente, juntamente com a data da medição.
    • Comparar o valor obtido com o gráfico de crescimento infantil para verificar se está dentro dos parâmetros de normalidade.
  5. Comunicação:
    • Informar a mãe ou responsável sobre o resultado da medida e a importância de acompanhar o crescimento da criança.
    • Em caso de desvios, orientar a procurar o pediatra para avaliação e acompanhamento.

Interpretação dos Resultados

A interpretação dos resultados da medida do perímetro cefálico deve ser realizada em conjunto com outros dados clínicos e com o auxílio de um gráfico de crescimento. Desvios significativos podem indicar a necessidade de investigação mais aprofundada.

Quais as principais causas de alterações no perímetro cefálico?

  • Microcefalia: Pode ser causada por infecções congênitas, como a Zika, ou por distúrbios genéticos.
  • Macrocefalia: Pode estar associada a hidrocefalia, tumores cerebrais ou outras condições neurológicas.
  • Outras causas: Desnutrição, prematuridade e síndromes genéticas também podem influenciar o crescimento da cabeça.

Observação: É fundamental que o enfermeiro esteja atento a qualquer sinal de alerta durante a avaliação da criança, como fontanelas abauladas ou deprimidas, irritabilidade, vômitos e convulsões.

Referências:

  1. MARCONDES, E.; YUNES, J. PERÍMETRO CEFÁLICO EM CRIANÇAS ATÉ TRÊS ANOS DE IDADE. INFLUÊNCIA DE FATORES SOCIOECONÔMICOS. SciELO [SNIPPET],, p. 1-9, 1973.
  2. Macchiaverni, L. M. L., & Barros Filho, A. A. (1998). Perímetro cefálico: Por que medir sempre. Revista de Medicina de Ribeirão Preto, 31(5), 595-609.
  3. Sociedade Brasileira de Pediatria

Reflexos Primitivos

Reflexos primitivos são respostas automáticas e estereotipadas do sistema nervoso central, presentes em recém-nascidos e bebês, mas que normalmente desaparecem à medida que o sistema nervoso se desenvolve. Essas respostas são essenciais para a sobrevivência do bebê, como a sucção para se alimentar ou a preensão para se agarrar à mãe.

Por que os reflexos primitivos são importantes?

  • Sobrevivência: Ajudam o bebê a se adaptar ao mundo exterior, facilitando a alimentação, a proteção e o desenvolvimento motor.
  • Desenvolvimento neurológico: A presença e a evolução desses reflexos fornecem pistas importantes sobre a maturação do sistema nervoso central.
  • Diagnóstico: A persistência ou ausência de determinados reflexos pode indicar possíveis problemas neurológicos.

Os Reflexos Primitivos

Cada reflexo tem um estímulo específico e uma resposta característica. Vejamos alguns dos mais comuns:

  • Reflexo de Sucção: Ao tocar os lábios do bebê, ele realiza movimentos de sucção.
  • Reflexo de Busca: Quando a bochecha do bebê é estimulada, ele vira a cabeça em direção ao estímulo, abrindo a boca.
  • Reflexo de Moro: Um susto ou um barulho alto faz com que o bebê abra os braços, estenda os dedos e depois os feche, como se estivesse abraçando.
  • Reflexo de Preensão Palmar: Ao colocar um dedo na palma da mão do bebê, ele fecha os dedos em torno dele.
  • Reflexo de Preensão Plantar: Similar ao palmar, mas ocorre na planta dos pés.
  • Reflexo de Marcha: Ao segurar o bebê na posição vertical e incliná-lo para frente, ele realiza movimentos de marcha.
  • Reflexo Tônico Cervical Assimétrico: Ao virar a cabeça do bebê para um lado, o braço e a perna do lado da face estendem-se, enquanto os do outro lado flexionam-se.
  • Reflexo de Galant: Ao acariciar a coluna vertebral do bebê, ele curva o corpo em direção ao estímulo.

O que acontece se um reflexo primitivo não desaparece?

A persistência de reflexos primitivos além da idade esperada pode indicar um atraso no desenvolvimento neurológico. É importante que um pediatra ou neurologista avalie a criança para identificar a causa e, se necessário, indicar o tratamento adequado.

Referência:

  1. Olhweiler, L., Silva, A. R. da ., & Rotta, N. T.. (2005). Estudo dos reflexos primitivos em pacientes recém-nascidos pré-termo normais no primeiro ano de vida. Arquivos De Neuro-psiquiatria, 63(2a), 294–297. https://doi.org/10.1590/S0004-282X2005000200017

Hipoglicemia Neonatal

Hipoglicemia neonatal é uma condição em que os níveis de glicose no sangue de um recém-nascido estão abaixo do normal. Essa condição pode ocorrer por diversos motivos e, se não tratada adequadamente, pode levar a complicações sérias, incluindo danos neurológicos.

Valores de Glicose nas Primeiras 24 Horas

É importante ressaltar que os valores considerados normais para a glicose em recém-nascidos podem variar ligeiramente entre diferentes instituições e protocolos. No entanto, de forma geral, os valores de glicose nas primeiras 24 horas de vida devem ser mantidos acima de 45 mg/dL.

Por que os valores são mais baixos nas primeiras horas?

  • Adaptação à vida extrauterina: O bebê precisa se adaptar rapidamente à nova forma de obter energia.
  • Estoques de glicogênio: Os estoques de glicogênio, a principal fonte de energia do bebê nas primeiras horas de vida, podem ser limitados em alguns casos (pré-maturos, pequenos para a idade gestacional).
Idade do Recém-Nascido Valores de Glicose (mg/dL) Considerado Hipoglicemia
Primeiras 24 horas > 45 mg/dL < 45 mg/dL
Após 24 horas > 50 mg/dL < 50 mg/dL

Causas da Hipoglicemia Neonatal

As causas da hipoglicemia neonatal são diversas e podem incluir:

  • Fatores maternos: diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, uso de medicamentos.
  • Fatores fetais: asfixia perinatal, macrosomia, infecções congênitas.
  • Fatores neonatais: prematuridade, baixo peso ao nascer, distúrbios hormonais.

Sintomas da Hipoglicemia Neonatal

Os sintomas da hipoglicemia neonatal podem ser inespecíficos e variar de um bebê para outro. Alguns dos sinais mais comuns incluem:

  • Tremores
  • Irritabilidade
  • Letargia
  • Dificuldade para mamar
  • Choro fraco
  • Cianose
  • Hipotermia
  • Convulsões (em casos mais graves)

Diagnóstico

O diagnóstico da hipoglicemia neonatal é feito através da medida da glicose no sangue. É importante que o diagnóstico seja realizado o mais rápido possível, para que o tratamento seja iniciado imediatamente.

Tratamento

O tratamento da hipoglicemia neonatal consiste em elevar os níveis de glicose no sangue. As opções de tratamento podem incluir:

  • Alimentação: O leite materno ou fórmula é a principal fonte de energia para o recém-nascido.
  • Solução de glicose: Em casos mais graves, pode ser necessária a administração de uma solução de glicose por via intravenosa.
  • Tratamento da causa subjacente: É fundamental identificar e tratar a causa da hipoglicemia.

Prevenção

A prevenção da hipoglicemia neonatal envolve a identificação dos bebês de risco e o monitoramento cuidadoso dos níveis de glicose.

Bebês de risco:

  • Pré-maturos
  • Pequenos para a idade gestacional
  • Mães com diabetes gestacional
  • Bebês com asfixia perinatal

Consequências da Hipoglicemia Não Tratada

A hipoglicemia não tratada pode levar a complicações sérias, como:

  • Danos neurológicos: A falta de glicose pode causar danos irreversíveis ao cérebro.
  • Convulsões
  • Coma
  • Morte

Cuidados de Enfermagem

Monitoramento:

  • Glicemia capilar: Realizar a monitorização da glicemia capilar com frequência, de acordo com a prescrição médica e o estado clínico do recém-nascido.
  • Sinais vitais: Monitorar a frequência cardíaca, respiratória, temperatura e pressão arterial (quando indicada).
  • Sinais clínicos: Observar atentamente a presença de sinais e sintomas de hipoglicemia, como tremores, irritabilidade, letargia, dificuldade para mamar, cianose e convulsões.

Alimentação:

  • Aleitamento materno: Estimular o aleitamento materno exclusivo e precoce, orientando a mãe quanto à frequência e duração das mamadas.
  • Leite de fórmula: Oferecer leite de fórmula, caso o aleitamento materno não seja possível, seguindo as orientações médicas.
  • Complementação: Em casos de necessidade, oferecer complementação com glicose, conforme prescrição médica.

Prevenção:

  • Identificar os fatores de risco: Reconhecer os recém-nascidos com maior risco de hipoglicemia (pré-maturos, pequenos para a idade gestacional, mães com diabetes, etc.).
  • Manter a temperatura corporal: Evitar a hipotermia, pois ela pode agravar a hipoglicemia.
  • Evitar o estresse: Minimizar o estresse do recém-nascido, proporcionando um ambiente calmo e seguro.

Tratamento:

  • Administrar glicose: Preparar e administrar soluções de glicose, conforme prescrição médica, utilizando técnica asséptica.
  • Monitorar a resposta ao tratamento: Acompanhar a evolução da glicemia após a administração de glicose e comunicar qualquer alteração ao médico.

Outras medidas:

  • Documentar: Registrar todos os procedimentos realizados, incluindo os valores de glicemia, sinais vitais e a resposta do recém-nascido ao tratamento.
  • Educar a família: Orientar os pais sobre a importância do aleitamento materno, os sinais de hipoglicemia e a necessidade de acompanhamento médico regular.
  • Trabalhar em equipe: Colaborar com a equipe médica para garantir a melhor assistência ao recém-nascido com hipoglicemia.

Prevenção de complicações:

  • Identificação precoce: Identificar a hipoglicemia o mais precocemente possível para iniciar o tratamento adequado.
  • Tratamento oportuno: Administrar a glicose de forma rápida e eficaz.
  • Monitoramento contínuo: Acompanhar o estado clínico do recém-nascido de forma constante.

Referências:

  1. Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Diretrizes SBP – Hipoglicemia no período neonatal. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2015/02/diretrizesssbp-hipoglicemia2014.pdf.
  2. Freitas, P. de ., Matos, C. V. de ., & Kimura, A. F.. (2010). Perfil das mães de neonatos com controle glicêmico nas primeiras horas de vida. Revista Da Escola De Enfermagem Da USP, 44(3), 636–641. https://doi.org/10.1590/S0080-62342010000300012
  3. MARINHO, P. C.; SÁ, A. B. de; GOUVEIA, B. M.; SERPA, J. B.; MORAES, J. R. S.; SODRÉ, R. S.; QUARESMA, R. S. A.; SOARES, S. P.; SOUZA, A. C. C. B. de. Hipoglicemia neonatal: revisão de literatura/Neonatal hypoglychemia: literature review. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 3, n. 6, p. 16462–16474, 2020. DOI: 10.34119/bjhrv3n6-068. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/20050.

Triagem Neonatal

A triagem neonatal é um conjunto de testes simples, rápidos e indolores realizados em recém-nascidos para detectar precocemente doenças graves e passíveis de tratamento.

Principais testes que devem ser realizados ao nascer

No Brasil, esse conjunto inclui o famoso teste do pezinho, mas também outros testes igualmente importantes:

  • Teste do Pezinho: Detecta doenças genéticas e metabólicas, como hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria e anemia falciforme. Deve ser realizado entre o 3º e 7º dia de vida.
  • Teste da Orelhinha: Avalia a audição do bebê, identificando possíveis perdas auditivas. Realizado entre o 1º e 3º mês de vida.
  • Teste do Olhinho: Examina a visão do bebê, detectando doenças como catarata congênita e retinoblastoma. Realizado entre o 1º e 3º mês de vida.
  • Teste do Coraçãozinho: Identifica doenças cardíacas congênitas, como sopros e cardiopatias. Realizado entre o 1º e 3º mês de vida.
  • Teste da Linguinha: Avalia a sucção, deglutição e freno lingual (língua presa), importantes para a amamentação e desenvolvimento da fala. Realizado entre o 4º e 6º mês de vida.

Por que a triagem neonatal é importante?

  • Diagnóstico precoce: Permite identificar doenças graves em seus estágios iniciais, quando o tratamento é mais eficaz e pode prevenir sequelas graves e até mesmo o óbito.
  • Tratamento oportuno: Ao detectar a doença precocemente, o tratamento adequado pode ser iniciado rapidamente, melhorando o prognóstico e a qualidade de vida da criança.
  • Redução de complicações: O tratamento precoce das doenças detectadas na triagem neonatal pode prevenir complicações graves, como deficiências intelectuais, problemas de desenvolvimento e sequelas físicas.

Onde os testes são realizados?

A triagem neonatal é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em maternidades e unidades básicas de saúde em todo o país.

Lembre-se:

  • A triagem neonatal é um direito de todos os recém-nascidos brasileiros.
  • Os testes são simples, rápidos e indolores.
  • O diagnóstico precoce e o tratamento oportuno podem salvar vidas e garantir uma melhor qualidade de vida para as crianças.

Não deixe de levar seu bebê para fazer a triagem neonatal!

Referências:

  1. Ministério da Saúde
  2. Sociedade Brasileira de Pediatria
  3. Cuidado Neonatal – Ministério da Saúde

Profilaxia Neonatal

A chegada de um bebê é um momento de imensa alegria e expectativa. Para garantir a saúde e o bem-estar do seu pequeno, diversos procedimentos profiláticos são realizados logo após o nascimento.

Medicamentos administrados logo ao nascer (Profilaxia)

Nitrato de Prata 1%:

  • Objetivo: Prevenir a oftalmia neonatal, uma infecção ocular grave causada por bactérias presentes no canal vaginal da mãe.
  • Aplicação: Colírio administrado em ambos os olhos do bebê nas primeiras horas de vida.

Vitamina K:

  • Objetivo: Prevenir hemorragias devido à deficiência de vitamina K, comum em recém-nascidos.
  • Administração: Uma dose única intramuscular ou oral nas primeiras 6-12 horas de vida.

BCG:

  • Objetivo: Imunizar contra a tuberculose, doença infecciosa grave.
  • Administração: Vacina aplicada por via intradermica no braço direito do bebê, geralmente entre o 4º e o 6º dia de vida.

Hepatite B:

  • Objetivo: Proteger contra a hepatite B, doença viral que afeta o fígado.
  • Esquema vacinal: Três doses: a primeira nas primeiras 12 horas de vida, a segunda com 1 mês e meio e a terceira com 6 meses de idade.

Outros medicamentos:

  • Em alguns casos, outros medicamentos podem ser necessários, como:
    • Antibióticos para prevenir infecções.
    • Soro fisiológico para limpar os olhos e vias nasais.
    • Vitamina D para fortalecer os ossos.

Lembre-se:

A profilaxia neonatal é um conjunto de medidas essenciais para garantir a saúde do seu bebê. Converse com o pediatra do seu filho para esclarecer dúvidas e receber orientações individualizadas. Mantenha o cartão de vacinação atualizado e siga rigorosamente o esquema vacinal recomendado.

Com cuidados preventivos e acompanhamento médico adequado, você contribui para o desenvolvimento saudável e feliz do seu bebê!

Referência:

  1. Essential Newborn Care and Breastfeeding – Training modules. WHO Regional Office for Europe, 2002. 

Cuidados de Enfermagem ao RN Prematuro

O recém-nascido prematuro é aquele bebê que nasceu antes de 37 semanas de gravidez. Devido ao nascimento precoce, seus órgãos podem estar subdesenvolvidos e não prontos para funcionar fora do útero.

Os Cuidados pré-natais realizados desde o início da gestação podem ajudar a reduzir o risco de parto prematuro.

Pontos Importantes

  1. Desenvolvimento dos órgãos: Como muitos órgãos estão subdesenvolvidos, o bebê prematuro pode enfrentar dificuldades para respirar e se alimentar. Além disso, ele é mais suscetível a hemorragias cerebrais, infecções e outros problemas.
  2. Classificação por idade gestacional:
    • Prematuro extremo: Nasceu antes da 28ª semana de gestação.
    • Muito prematuro: Nasceu entre a 28ª e a 32ª semana de gestação.
    • Moderadamente prematuro: Nasceu entre a 32ª e a 34ª semana de gestação.
    • Prematuro tardio: Nasceu entre a 34ª e a 37ª semana de gestação.
  3. Prevenção e tratamento:
    • Pré-natal: Cuidados pré-natais desde o início da gestação podem ajudar a evitar o parto prematuro.
    • Medicamentos: Em casos de expectativa de parto prematuro significativo, a mãe pode receber medicamentos para retardar ou interromper as contrações.
    • Corticosteroides: Quando necessário, o médico pode administrar injeções de corticosteroides na mãe para acelerar o desenvolvimento dos pulmões do feto e prevenir sangramento cerebral.
  4. Perspectiva:
    • Alguns recém-nascidos prematuros podem enfrentar problemas permanentes, mas a maioria dos sobreviventes não apresenta problemas de longo prazo.
    • A conscientização sobre a importância dos cuidados com o recém-nascido prematuro é fundamental para garantir seu bem-estar e desenvolvimento saudável.

Os Cuidados de Enfermagem

O nascimento prematuro requer cuidados específicos da equipe de enfermagem para garantir o bem-estar e o desenvolvimento adequado do recém-nascido:
  1. Monitoramento Contínuo:
    • Avalie constantemente os sinais vitais do bebê, incluindo frequência cardíaca, respiração, temperatura corporal e pressão arterial.
    • Registre qualquer alteração nos sinais vitais ou comportamento do recém-nascido.
  2. Controle do Ambiente:
    • Mantenha uma temperatura estável e adequada na incubadora ou na unidade de cuidados intensivos neonatais (UCIN).
    • Reduza o ruído e a luminosidade para promover o descanso do bebê.
  3. Alimentação Adequada:
    • Alimente o bebê com mamadeira ou por sonda nasogástrica, conforme necessário.
    • Monitore o ganho de peso e a tolerância alimentar.
  4. Cuidados com a Pele:
    • A pele do recém-nascido prematuro é delicada. Mantenha-a limpa e seca, evitando produtos irritantes.
    • Verifique a presença de lesões cutâneas e trate adequadamente.
  5. Prevenção de Infecções:
    • Recém-nascidos prematuros são mais suscetíveis a infecções. Siga rigorosamente as medidas de precaução padrão.
    • Esterilize adequadamente todos os equipamentos utilizados no cuidado do bebê.
  6. Estimulação Adequada:
    • Forneça estímulos sensoriais adequados, como contato pele a pele e suporte emocional.
    • Respeite o limite de tolerância do bebê.

Referências:

  1. MSD Manuals
  2. Cartilha de Cuidados do RN Prematuro