A Hipertermo Quimioterapia Intraperitoneal (Hipec), um tratamento de quimioterapia altamente concentrada e aquecida, aplicada diretamente no abdome durante a cirurgia citorredutora – procedimento de alta complexidade para combater um tipo raro de câncer localizado no peritônio, membrana que recobre a região do abdome.
Diferentemente da quimioterapia convencional, cujo medicamento circula por todo o organismo, no Hipec o quimioterápico é administrado diretamente nas células tumorais do abdome, com baixa absorção sistêmica, o que permite o uso de doses mais concentradas da medicação.
O aquecimento da solução (40 a 42 graus celsius) aumenta a absorção da droga pelo tumor e destrói as células que restaram após a cirurgia. É um método que reduzir os mecanismos de defesa do tumor à quimioterapia convencional e induz a uma resposta imunológica eficaz.
O tempo de aplicação da Hipec peritoneal pode durar de 30 a 90 minutos, a depender da dose e do quimioterápico utilizado.
Local do procedimento
Esse procedimento é realizado em Centro Cirúrgico e envolve uma grande equipe interdisciplinar, com monitoramento e acompanhamento constante do quadro clínico do paciente.
Indicação
A cirurgia de citorredução com Hipec está indicada em tumores primários de peritoneal, casos selecionados de tumores intestinais e tumores de ovário com disseminação peritoneal.
A cavidade peritoneal fica localizada dentro da cavidade abdominal, sendo seu limite inferior à cavidade pélvica.
Após a Hipec, o paciente fica internado até sua recuperação, que pode durar de 7 a 14 dias, sob assistência do oncologista clínico, do cirurgião oncológico, do médico intensivista e demais profissionais que participaram do procedimento no Centro Cirúrgico.
Cuidados de Enfermagem
Pacientes submetidos à QHITO costumam passar o período pós-operatório imediato em unidades de terapia intensiva, onde a vigilância é contínua.
Portanto, enfermeiros atuantes nessas unidades devem conhecer os sinais e os sintomas decorrentes das complicações potenciais da QHITO, de modo que cuidados preventivos sejam planejados e os resultados pós-operatórios, por consequência, otimizados.
Como algumas complicações da QHITO estão relacionadas à passagem de drogas antineoplásicas para a circulação sistêmica, o enfermeiro deve considerar a potencial ocorrência de toxicidade hematológica e, por isso, avaliar os resultados laboratoriais dos exames de sangue a cada quatro horas durante as primeiras 24 horas pós-operatórias.
Especialmente quando a Oxaliplatina for utilizada, pois essa droga aumenta o risco de hemorragia, bem como o risco de insuficiência renal aguda.
Além disso, os níveis de eletrólitos devem ser monitorados a cada quatro ou seis horas e a administração/perda de líquidos deve ser registrada a cada hora. Logo, recomenda-se a instituição de balanço hídrico.
A função renal deve ser rigorosamente avaliada com mensuração horária da diurese, apreciação da ureia e creatinina séricas a cada 12 horas e aferição diária do peso corporal.
Pacientes submetidos à cirurgia citorredutora combinada à QHITO costumam permanecer sob ventilação mecânica por, pelo menos, 12 horas devido à resposta inflamatória secundária a essa terapia.
Após a extubação, eles são encorajados a tossir e a realizar exercícios de respiração profunda. Mudanças de decúbito a cada duas horas também são cuidados de enfermagem instituídos para promover ventilação adequada.
Contudo, essas mudanças podem ser um desafio devido à presença de drenos abdominais, da própria incisão cirúrgica e dor.
Referências:
- JOMAR, Rafael Tavares et al. Quimioterapia hipertérmica intraperitoneal transoperatória: o que a enfermagem precisa saber [Intraoperative hyperthermic intraperitoneal chemotherapy: what nurses should know]. Revista Enfermagem UERJ, [S.l.], v. 25, p. e29326, jun. 2017. ISSN 0104-3552. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/29326>. Acesso em: 31 maio 2021. doi:https://doi.org/10.12957/reuerj.2017.29326.
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