Proteína C-reativa (PCR)

A proteína C reativa é uma substância produzida pelo fígado que costuma ter seus níveis aumentados quando o paciente está passando por condições como processos inflamatórios ou processos infecciosos. Ela também pode se elevar em casos de doenças reumáticas, traumatismos ou cânceres, ainda que o paciente não apresente sintomas.

É importante notar que este exame PCR não tem qualquer relação com o exame de RT-PCR, utilizado para testar a covid-19.

Para que serve o exame de proteína C reativa?

O exame de proteína C reativa funciona como um indicador de processos inflamatórios ou infecciosos do organismo, mesmo que o paciente não apresente sintomas claros e bem definidos. Ele pode servir como uma ferramenta no auxílio do diagnóstico de condições como o lúpus, a apendicite, a doença inflamatória do intestino, a pancreatite ou mesmo as infecções bacterianas.

O exame de proteína C reativa pode ser feito também depois de cirurgias para determinar sepse e outras condições, além de ajudar a avaliar o risco de doenças cardiovasculares.

Geralmente, o exame de proteína C reativa é feito como teste inicial e, posteriormente, caso seus valores estejam elevados, o paciente pode ter exames complementares realizados para saber onde está localizada a inflamação e o processo infeccioso ou ainda o porquê de seus indicadores de proteína C reativa estarem elevados.

Como é feito o exame de proteína C reativa?

O exame de proteína C reativa (PCR), em geral, não exige preparos prévios, como jejum. No entanto, o médico solicitante pode recomendar algum preparo especial, por isso é importante que essa e outras informações sejam confirmadas ao agendar o exame.

Os valores podem variar dependendo de qual laboratório foi feito o exame. Valores baixos do PCR podem ser observados em situações como de pessoas que tiveram grande perda de peso, prática de exercícios físicos, consumo de bebidas alcoólicas e uso de alguns medicamentos, sendo importante que o médico identifique a causa.

O exame de proteína C reativa (PCR) é um exame de sangue convencional, em que o técnico responsável coleta uma amostra de sangue venoso, geralmente do braço. A coleta é feita em segundos e depois o paciente é liberado.

Orientações

Preparo

Não há preparação para este exame. No entanto, se o sangue for coletado para outros exames, pode ser necessário jejuar. Portanto, pergunte ao médico qual orientação seguir. Também é importante informar ao médico se tomou medicamentos antes do exame, já que isso pode afetar o nível de PCR.

Como interpretar?

Antes dos valores e as possíveis causas, é importante sempre aliar a interpretação do valor com a correlação clínica do seu paciente. Dificilmente, decisões serão tomadas com base no valor isolado da PCR. Cuidado!

  • < 0,3 mg/dL: normal
  • 0,3 a 1 mg/dL: normal ou elevação pequena (pode ser visto em condições como obesidade, resfriado simples, sedentarismo, tabagismo, gestação);
  • 1 a 10 mg/dL: elevação moderada (inflamação sistêmica como artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico ou outras doenças auto-imunes, neoplasias, infarto agudo do miocárdio, pancreatite, bronquite);
  • > 10 mg/dL: elevação importante: infecções bacterianas agudas, infecções virais, vasculites sistêmicas, trauma);
  • > 50 mg/dL: elevação severa (infecção bacteriana aguda);

Fatores de confusão

  • Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e estatinas: podem reduzir falsamente os níveis da PCR;
  • Doença ou trauma recente: podem elevar falsamente os níveis da PCR;
  • Mulheres e idosos têm níveis naturalmente mais elevados;
  • Obesidade, insônia, depressão, tabagismo e diabetes podem contribuir para elevações pequenas da PCR. Necessário sempre correlacionar os valores em indivíduos com tais comorbidades;

Como fica a interpretação da PCR na Covid-19?

ATENÇÃO: Uma importante dica para informar aos seus pacientes é esclarecer a nomenclatura dos exames. A proteína C reativa, também conhecida como PCR, é um exame laboratorial obtido a partir do sangue coletado. O RT-PCR (Reação de Transcriptase Reversa seguida de Reação em Cadeia da Polimerase) para Covid-19 (popularmente chamado de “PCR para Covid-19”) é um teste molecular para detecção de material genético do SARS-CoV-2, via swab nasal e nasofaríngeo.

A Covid-19 é uma doença pró-inflamatória. Logo, marcadores inflamatórios são interessantes nesse tipo de doença. A proteína C reativa (PCR) tem sido bastante utilizada e traz informações interessantes na Covid-19.

  • Durante a fase inflamatória da doença, é possível flagrar uma elevação progressiva e marcada da PCR, chegando a valores acima de 10 a 20 mg/dL;
  • A PCR elevada na Covid-19 nem sempre significa coinfecção bacteriana. Assim como a presença de febre na fase inicial não indica a necessidade de cobertura antibiótica;
    • Leve em conta o tempo de duração da doença (dificilmente ocorrerá coinfecção bacteriana nos primeiros 7 dias de doença viral);
    • Utilize biomarcadores como procalcitonina para guiar a melhor decisão sobre o início de antibióticos. Quando acima de 0,2 ng/mL, sugere-se coinfecção. Cuidado na avaliação em pacientes com disfunção renal (valores estarão falsamente elevados);
  • A Covid-19 é uma doença viral. Elevação da PCR e febre elevada em um primeiro momento são esperados, repercutindo o quadro inflamatório agudo. O uso de antibióticos precisa ser considerado com cautela. Nunca use o valor isolado da PCR para o início de ATBs.

Referências:

  1. Nehring SM, Goyal A, Bansal P, et al. C Reactive Protein. [Updated 2021 May 10]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2021 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK441843/
  2. ​​Stone et al. Efficacy of Tocilizumab in Patients Hospitalized with Covid-19. N Engl J Med. 2020 Dec 10;383(24):2333-2344. doi: 10.1056/NEJMoa2028836. Epub 2020 Oct 21. PMID: 33085857; PMCID: PMC7646626.
  3. Vanderschueren S, Deeren D, Knockaert DC, Bobbaers H, Bossuyt X, Peetermans W. Extremely elevated C-reactive protein. Eur J Intern Med. 2006 Oct;17(6):430-3. 
  4. RECOVERY Collaborative Group. Tocilizumab in patients admitted to hospital with COVID-19 (RECOVERY): a randomised, controlled, open-label, platform trial. Lancet. 2021;397(10285):1637-1645. doi:10.1016/S0140-6736(21)00676-0

Antígeno Prostático Específico (PSA)

O antígeno prostático específico (PSA) é um exame usado principalmente para rastreamento do câncer de próstata em homens assintomáticos. É também um dos primeiros exames realizados em homens que apresentam sintomas que podem ser causados ​​pelo câncer de próstata.

Como funciona?

O PSA no sangue é medido em unidades de nanogramas por mililitro (ng/ml). A chance de um homem ter câncer de próstata aumenta à medida que o nível de seu PSA aumenta, mas não há um ponto de corte definido que possa ter certeza se ele tem (ou não) a doença.

Muitos médicos usam um ponto de corte para o PSA de 4 ng/ml ou superior para decidir se um homem pode precisar de mais exames, enquanto outros recomendam um nível mais baixo, a partir de 2,5 ou 3 ng/ml.

  • A maioria dos homens sem câncer de próstata tem níveis de PSA inferiores a 4 ng/ml de sangue. Ainda assim, um nível abaixo desse valor não é uma garantia de que um homem não tenha câncer.
  • Homens com níveis de PSA entre 4 ng/ml e 10 ng/ml, têm uma chance de 25% de ter a doença.
  • Se o PSA for superior a 10, a chance de ter câncer de próstata é superior a 50%.

Se o nível do PSA for alto, o homem precisará fazer outros exames para verificar a possibilidade de estar com câncer de próstata.

O PSA também pode ser útil após o diagnóstico do câncer de próstata:

  • Em homens diagnosticados com câncer de próstata, o PSA pode ser usado em conjunto com os achados do exame físico e do estadiamento da doença para decidir se são necessários outros exames, como tomografia computadorizada ou cintilografia óssea.
  • O PSA é parte do estadiamento e ajuda a determinar se a doença ainda está confinada à próstata. Se o nível do PSA é muito alto, a doença provavelmente está disseminada, o que ajudará na escolha das melhores opções terapêuticas para o paciente. .
  • O PSA também é uma parte importante do monitoramento do câncer de próstata durante e após o tratamento.

Referências:

  1. American Cancer Society

Flebotomia: Entenda o termo!

flebotomia é uma incisão praticada na veia, com objetivos diversos.

A mais frequente utilização da flebotomia é destinada à inserção de um cateter em uma veia periférica, seja para a administração de fármacos em um paciente de difícil acesso venoso (dificuldade em puncionar veias), seja para a inserção de cateter até o coração, para monitorização da pressão venosa central em pacientes graves.

Atualmente, o termo flebotomia é mais associado à coleta de sangue para exames laboratoriais e para doação.

A flebotomia é um procedimento delicado e que deve ser realizado por um profissional devidamente treinado para esta função, como um enfermeiro, pois qualquer erro na coleta pode alterar o resultado dos exames.

Sua Indicação

A flebotomia é mais utilizada com a finalidade de diagnóstico, sendo o sangue coletado enviado para o laboratório para que sejam realizadas as análises com o objetivo de auxiliar o diagnóstico e acompanhamento do paciente.

A flebotomia corresponde à primeira etapa de diagnóstico, devendo ser realizada por um enfermeiro, ou outro profissional capacitado, para evitar alterações nos resultados.

Além de ser essencial para a realização de exames laboratoriais para diagnóstico e acompanhamento do paciente, a flebotomia pode ser realizada como opção de terapia, sendo então denominada sangria.

A sangria tem como objetivo solucionar os problemas relacionados ao número aumentado de hemácias, no caso da policitemia vera, ou grande acúmulo de ferro no sangue, que é o que acontece na hemocromatose.

Flebotomia na Transfusão Sanguínea

A flebotomia é uma parte também essencial no processo de doação de sangue, que tem como objetivo coletar cerca de 450 mL de sangue, que passa por uma série de processos até poder ser utilizado por uma pessoa que precisa, auxiliando no seu tratamento.

O Flebotomista

O profissional que coleta o sangue para qualquer finalidade médica é o Flebotomista. O Profissional não se restringe apenas ao hospital. Eles podem se deslocar de casa em casa coletando doações de sangue de pessoas ou amostras de sangue para vários propósitos, quando estes não conseguem se deslocar aos laboratórios por restrição de mobilidade.

Curso Profissionalizante

Existem cursos profissionalizantes à aqueles que querem se dedicar à coleta de sangue. A flebotomia é um procedimento delicado e que deve ser realizado por um profissional devidamente treinado para esta função, como um enfermeiro, pois qualquer erro na coleta pode alterar o resultado dos exames.

Como é feito uma Flebotomia?

A coleta de sangue da flebotomia pode ser feita em hospitais e laboratórios e o jejum depende do tipo de exame que foi solicitado pelo médico.

A coleta pode ser feita com seringa, em que é retirada uma quantidade total de sangue e depois distribuído nos tubos, ou a vácuo, que é mais comum, em que são coletados vários tubos de sangue seguindo uma ordem pré-estabelecida.

Depois, o profissional de saúde deverá seguir o seguinte passo-a-passo:

  1. Reunir todo o equipamento necessário para a coleta, como o tubo em que o sangue será armazenado, luvas, garrote, algodão ou gaze, álcool, agulha ou seringa.
  2. Conferir os dados do paciente e identificar os tubos em que será realizada a coleta;
  3. Posicionar o braço da pessoa sob uma folha de papel ou toalha limpa;
  4. Localizar uma veia com bom tamanho e que seja visível, reta e clara. É importante que a veia seja visível sem aplicar o garrote;
  5. Colocar o garrote 4 a 5 dedos acima do lugar em que será feita a coleta e reexaminar a veia;
  6. Calçar as luvas e desinfectar o local em que será colocada a agulha. A desinfecção deve ser feito com álcool a 70%, passando em movimento circular o algodão. Após a desinfecção, não se deve tocar a área ou passar o dedo por cima da veia. Caso isso aconteça, é necessária fazer nova desinfecção;
  7. Inserir a agulha no braço e coletar o sangue necessário para os frascos.

Por fim, a agulha deve ser retirada delicadamente e logo em seguida deve ser aplicada uma leve pressão sobre o sítio da coleta com uma gaze limpa ou algodão.

No caso da coleta realizada em bebês, o sangue normalmente é retirado através de uma picada no calcanhar ou, mais raramente, no lóbulo da orelha.

Veja Também:

Tubos de Coleta para Exames Laboratoriais

Qual a sequência de tubos para coleta de sangue?

Referências:

  1.  WHO guidelines on drawing blood: best practices in phlebotomy. 2010. Disponível em: <https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/44294/9789241599221_eng.pdf;jsessionid=E62BAC37A96F7D31F71A810BA53A56F2?sequence=1>.

Qual a sequência de tubos para coleta de sangue?

Tubos de coleta

Há muitas décadas sabemos da grande importância em seguir a correta ordem dos tubos de coleta de sangue venoso na obtenção de resultados de testes precisos e confiáveis. Tanto é que hoje existem diretrizes internacionais que os locais de coleta devem seguir (Clinical and Laboratory Standards Institute – CLSI), visto que existe a real possibilidade de contaminação com aditivos de um tubo para outro, durante a troca de tubos, no momento da coleta de sangue.

Atualmente muitos laboratórios de análises clínicas passaram a utilizar tubos plásticos para a coleta de sangue venoso, o que levou à reformulação das diretrizes para a sequência dos tubos de coleta. Tubos plásticos para soro (tampa vermelha ou amarela com gel separador) contêm ativador de coágulo em seu interior, podendo levar a alterações nos resultados dos testes de coagulação. Dessa forma, esses tubos devem ser colhidos depois do tubo para coagulação (tampa azul), como veremos adiante.

Sequência de coleta para tubos plásticos de coleta de sangue

  1. Frascos para hemocultura.
  2. Tubos com citrato (tampa azul-claro).
  3. Tubos para soro com ativador de coágulo, com ou sem gel separador (tampa vermelha ou amarela).
  4. Tubos com heparina com ou sem gel separador de plasma (tampa verde).
  5. Tubos com EDTA (tampa roxa).
  6. Tubos com fluoreto (tampa cinza).

Sequência de coleta para tubos de vidro de coleta de sangue

  1. Frascos para hemocultura.
  2. Tubos para soro vidro-siliconizados (tampa vermelha).
  3. Tubos com citrato (tampa azul-claro).
  4. Tubos para soro com ativador de coágulo com gel separador (tampa amarela).
  5. Tubos com heparina com ou sem gel separador de plasma (tampa verde).
  6. Tubos com EDTA (tampa roxa).
  7. Tubos com fluoreto (tampa cinza).

Imediatamente após a coleta, é extremamente importante que todos os tubos sejam suavemente homogeneizados pelo procedimento de inversão. Caso esse procedimento não seja devidamente realizado, pode haver o risco de ativação plaquetária e interferência nos testes de coagulação (formação de microcoágulos). O número de inversões pode variar de acordo com o fabricante dos tubos, dessa maneira é sempre indicado consultar o fornecedor de tubos sobre as recomendações para a homogeneização.

Referências

Bowen RAR, Remaley AT. Interferences from blood collection tube components on clinical chemistry assays. Biochemia Medica. 2014;24(1):31-44. doi:10.11613/BM.2014.006.

CLSI H3-A6, Procedures for the Collection of Diagnostic Blood Specimens by Venipunctures; Approved Standard, 6thed.

Nikolac N, Šupak-Smolčić V, Šimundić A-M, Ćelap I. Croatian Society of Medical Biochemistry and Laboratory Medicine: national recommendations for venous blood sampling. Biochemia Medica. 2013;23(3):242-254.

Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial para coleta de sangue venoso – 2. ed. Barueri, SP: Minha Editora, 2010.

Veja também:

Gasometria Arterial

Gasometria Arterial

O termo gasometria arterial refere-se a um tipo de exame de sangue colhido de uma artéria e que possui por objetivo a avaliação de gases (oxigênio e gás carbônico) distribuídos no sangue, do pH e do equilíbrio ácido-básico.

Nesta mesma amostra podem ser dosados, ainda, alguns eletrólitos como o sódio, potássio, cálcio iônico e cloreto, a depender do aparelho (gasômetro) utilizado.

Na Equipe da Enfermagem, quem colhe a Gasometria?

A Resolução Cofen n.º 390/2011, estabelece que a realização da punção arterial, tanto para fins de gasometria como para monitorização de pressão arterial invasiva, é privativa do Enfermeiro, considerando que esse profissional é responsável pela realização de cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam a tomada de decisão pautada em conhecimentos científicos.

Além disso, a Resolução citada estabelece que o Enfermeiro obtenha conhecimentos, competências e habilidades que garantam rigor técnico-científico para a realização do procedimento, atentando para a capacitação contínua relacionada à realização da punção arterial, bem como que esse procedimento deve ser realizado, no contexto do Processo de Enfermagem, conforme reza a Resolução Cofen n.º 358/2009.
Pelo exposto acima, esta CTLN entende que o Enfermeiro devidamente capacitado/qualificado, possui a competência legal exigida para executar a punção arterial, no âmbito da equipe de Enfermagem.

Quais são os Parâmetros?

Os parâmetros mais comumente avaliados na gasometria arterial são:

  • pH 7,35 a 7,45;
  • pO2 (pressão parcial de oxigênio) 80 a 100 mmHg;
  • pCO2 (pressão parcial de gás carbônico) 35 a 45 mmHg;
  • HCO3 (necessário para o equilíbrio ácido-básico sanguíneo) 22 a 26 mEq/L;
  • SaO2 Saturação de oxigênio (arterial) maior que 95%.

A gasometria consiste na leitura do pH e das pressões parciais de O2 e CO2 em uma amostra de sangue. A leitura é obtida pela comparação desses parâmetros na amostra com os padrões internos do gasômetro. Essa amostra pode ser de sangue arterial ou venoso, porém é importante saber qual a natureza da amostra para uma interpretação correta dos resultados.

Quando escolher a gasometria arterial ou a venosa?

Quando se está interessado em uma avaliação da performance pulmonar, deve ser sempre obtido sangue arterial, pois esta amostra informará a respeito da hematose e permitirá o cálculo do conteúdo de oxigênio que está sendo oferecido aos tecidos. No entanto, se o objetivo for avaliar apenas a parte metabólica, isso pode ser feito através de uma gasometria venosa.

Interpretando os Parâmetros da Gasometria Arterial

  • Se a PaCO2 estiver menor que 35 mmHg, o paciente está hiperventilando, e se o pH estiver maior que 7,45, ele está em Alcalose Respiratória.
  • Se a PaCO2 estiver maior que 45 mmHg, o paciente está hipoventilando, e se o pH estiver menor que 7,35, ele está em Acidose Respiratória.
  • HCO3- (bicarbonato) As alterações na concentração de bicarbonato no plasma podem desencadear desequilíbrios ácido-básicos por distúrbios metabólicos: Se o HCO3- estiver maior que 28 mEq/L com desvio do pH > 7,45, o paciente está em Alcalose Metabólica.
  • Se o HCO3- estiver menor que 22 mEq/L com desvio do pH < 7,35, o paciente está em Acidose Metabólica.

BE (Base excess) Sinaliza o excesso ou déficit de bases dissolvidas no plasma sanguíneo.

SatO2 (%) Conteúdo de oxigênio/Capacidade de oxigênio; corresponde à relação entre o conteúdo de oxigênio e a capacidade de oxigênio, expressa em percentual.

Acidose Respiratória (Aumento da PaCO2) Qualquer fator que reduza a ventilação pulmonar, aumenta a concentração de CO2 (aumenta H+ e diminui pH) resulta em acidose respiratória.

Hipoventilação → Hipercapnia (PaCO2 > 45mmHg) → Acidose respiratória

Alcalose Respiratória (Diminuição da PaCO2)

Quando a ventilação alveolar está aumentada, a PaCO2 alveolar diminui, consequentemente, haverá diminuição da PCO2 arterial menor que 35mmHg, caracterizando uma alcalose respiratória (diminuição de H+, aumento do pH).

Hiperventilação → Hipocapnia (PaCO2 < 35mmHg) → Alcalose respiratória

Acidose Metabólica (Diminuição de HCO3-)

O distúrbio ácido-básico que mais frequentemente se observa na prática clínica é a acidose metabólica. A administração de HCO3- por via venosa está indicada quando o pH < 7.25, na maioria dos casos.

↓ HCO3- ( < 22 mEq/L) e ↓ pH ( < 7,35)

Alcalose Metabólica (Aumento de HCO3-)

A alcalose metabólica verifica-se quando o corpo perde muito ácido. Pode desenvolver-se quando a excessiva perda de sódio ou de potássio afeta a capacidade renal para controlar o equilíbrio ácido-básico do sangue.

↑ HCO3- ( > 28 mEq/L) e ↑ pH ( > 7,45)

 

O Clearance de Creatinina: O que é?

Clearance de Creatinina

O Clearance de creatinina é um exame feito para avaliar a função dos rins. Ele faz isso comparando a quantidade de creatinina no sangue e na urina. Os rins servem para filtrar o sangue e entre outras substâncias eliminam a creatinina extra nele.

A creatinina é uma substância produzida naturalmente pelos músculos e eliminada pelos rins. Se os valores estiverem alterados, pode significar que a função dos rins está alterada.

Quanto mais massa muscular a pessoa possui, maior a quantidade de creatina em seu corpo e mais creatinina é produzida.

Esta substância é usada como marcador. Se a creatinina está elevada no sangue, significa que os rins não estão conseguindo filtrá-la de maneira efetiva. Se a creatinina não está sendo filtrada, é provável que outras substâncias, como toxinas, também estejam se acumulando no sangue.

O excesso de creatinina no sangue é sinal de que os rins podem estar trabalhando de maneira insuficiente.

O Excesso de Creatinina: Quais são seus sintomas?

São eles:

  • Cansaço;
  • Falta de ar;
  • Inchaço das pernas ou braços;
  • Confusão frequente;
  • Náuseas e vômitos.

Para que serve o clearance de creatinina?

O exame de clearance de creatinina serve para avaliar a funcionalidade dos rins. A comparação entre a creatinina do sangue e da urina pode indicar problemas nos rins. Os resultados são excessos da substância. Se houver pouca creatinina na urina e muita no sangue, os rins podem não estar conseguindo realizar seu trabalho, causando acúmulo de creatinina e de outros materiais que deveriam ser filtrados pelos rins.

Este exame é capaz de detectar a insuficiência renal em fases iniciais.

Como é feito o exame de clearance de creatinina?

Há dois processos:

  • A Coleta de urina

A coleta de urina deve ser feita no decorrer de 24 horas. É fornecido um recipiente onde o paciente deve urinar durante este tempo e, no final, ele deve ser fechado e levado para o laboratório ou hospital.

No caso de mulheres, recomenda-se que a coleta da urina não seja realizada durante o período menstrual.

  • A Coleta de sangue

A coleta de sangue é realizada no hospital ou laboratório. Ela precisa ser realizada com no máximo 72 horas de diferença da coleta de urina, então é comum que seja realizada logo no início ou no final do processo de coleta de materiais.

O Exame

No laboratório, é feita a medição da quantidade de creatinina no sangue e na urina. Os valores são colocados em uma fórmula que leva em consideração o peso, idade e sexo biológico do paciente. Os valores que resultam da fórmula são os resultados, que saem em poucos dias após a realização da coleta.

Quando o exame deve ser feito?

O exame de clearance de creatinina deve ser realizado a pedido do médico, que decide se ele será necessário. Algumas indicações são:

Histórico de doença renal na família

Doenças renais podem ser genéticas, portanto se você tem alguém na família com este tipo de doença, o exame é recomendado de tempos em tempos para que haja o acompanhamento do estado dos rins.

Pacientes de doenças que podem causar problemas nos rins

Algumas condições podem representar riscos para o sistema renal. Entre elas estão a diabetes, hipertensão, obesidade, infecções urinárias, gota, pessoas com ácido úrico elevado, rins policísticos, entre outras. O exame é recomendado nesses casos para prevenir doenças renais.

Uso de medicamentos que alteram função renal

Diversos medicamentos são filtrados pelos rins e podem alterar a função renal. É necessário acompanhar os pacientes que tomam este tipo de medicamento. Seu médico irá lhe informar ao receitar um medicamento que possa alterar suas funções renais.

Fumantes

Tabagismo pode causar disfunções em todos os órgãos do corpo. Fumantes devem estar sempre atentos ao seu estado de saúde, e exames como o clearance de creatinina devem estar inclusos nessa atenção.

Acima dos 50 anos

Com a idade, os órgãos podem começar a mostrar falhas. Fazer exames de rotina para acompanhar o funcionamento dos rins pode ser indicado acima dos 50 anos de idade.

Há contraindicações do exame de clearance de creatinina?

O exame de clearance de creatinina envolve apenas a retirada de uma pequena quantidade de sangue e coleta de urina, portanto não existem contraindicações.

Os Cuidados pré-exame e pós-exame

Por ser um exame extremamente simples, poucos cuidados são necessários.

Pré-exame

  • Carne: Recomenda-se evitar comer carne durante no dia anterior e durante a coleta de urina, já que a carne altera a quantidade de creatinina no sangue.
  • Jejum: Alguns tipos de exame de sangue pedem jejum, mas nem todos os laboratórios o requisitam para o exame de creatinina. Quando ele for requisitado, deve ser em torno de 3 a 8 horas antes da retirada de sangue.

Pós-exame

  • Movimentos: Após a retirada de sangue, recomenda-se não fazer força ou movimentar muito o braço do qual o sangue foi removido durante o resto do dia para evitar sangramentos.
  • Comer: Nos casos em que o jejum é requisitado para o exame de sangue, recomenda-se uma alimentação leve logo após a retirada do sangue.

Os Valores de referência

Estes são os resultados esperados do exame. Se seu exame de clearance de creatinina está dentro destes valores, ele está saudável. A medida mostra a quantidade de creatinina que é filtrada por minuto nos rins.

  • Homens: 85 – 125 mL/min/1,73 m²;
  • Mulheres: 75 – 115 mL/min/1,73 m²;
  • Crianças: 70 – 140 mL/min/1,73 m².

Tubos de Coleta para Exames Laboratoriais

Tubos de Coleta

O resultado correto de um exame de análises clinicas não depende somente de quem os analisa, mas também da qualidade da amostra coletada.

A equipe de enfermagem atua no processo de coleta do material biológico, e, conforme a qualidade da amostra, os erros pré – analíticos são minimizados e os resultados garantidos. Para tanto são necessários cuidados especiais no momento da coleta.

A coleta de material biológico para analise é muito comum e útil no período pré – operatório e quando solicitado pelo médico.

São os tipos de coleta de sangue solicitados:

Hemograma:
Consiste na contagem global de eritrócitos, índices hematimétricos, valor de hemoglobina e valor hematrócrito (Ht), contagem global de leucócitos, contagem diferencial de leucócitos (neutrófilos, eosinofilos, basófilos, linfócitos e monócitos) e contagem global de plaquetas. È útil na avaliação de anemias, infecções bacterianas e viróticas, inflamações, leucemias e plaquetopenias.

Gasometria Arterial e Venosa:
Constitui a análise de gases sanguíneos, como O2 e CO2 e do equilíbrio ácido-basico, como bicarbonato e pH sanguíneo.

Sorologia:
È a avaliação da presença de determinados anticorpos no soro sanguíneo. È útil no diagnóstico de infecções por vírus, bactérias, fungos e protozoários.

Coagulograma:
Consiste na analise do tempo de sangramento, contagem de plaquetas, tempo de protrombina e tempo de tromboplastina. È útil na avaliação homeostática pré – operatória.

Tipagem Sanguínea:
Determina o tipo sanguíneo de acordo com o sistema ABO e Rh antes da transfusões, no pré – operatório e no perfil pré – natal.

Glicemia:
É útil para a detecção de glicose e diagnóstico das hipoglicemias e hiperglicemias. Para o diagnóstico de diabetes melito é necessário valor igual ou superior a 99mg/dl na amostra em jejum em pelo menos duas ocasiões. O diagnóstico de hipoglicemia estabelece-se com valores abaixo de 60mg/dl.

Bioquímica:
Utiliza o plasma ou soro para qualificação de eletrólitos, como sódio (Na), potássio (K) e Cloro (Cl).

Observações úteis na coleta sanguínea:

Jejum – a falta de jejum aumenta a lipemia (gordura no sangue) e altera o resultado da glicose; jejum prolongado pode elevar as concentrações de bilirrubina sérica.

Medicamentos – o uso de medicamentos pode causar interferências na analise.

Períodos de repouso – a falta de repouso provoca alterações no hemograma, glicose, alguns hormônios, transaminases, etc.

Temperatura do cliente – a hipotermia promove vasoconstrição e dificulta venopunção; o estresse aumenta a temperatura afetando a secreção de hormônios as adrenal.

Infusão intravenosa – deve-se evitar coletar material pelo cateter da infusão venosa. Fazê-lo somente quando não houver outra alternativa. Deve-se retirar de 10ml a 15ml de sangue, desprezá-lo definitivamente e com outra seringa fazer a coleta da amostra desejada.

Torniquete – a utilização incorreta do torniquete (muito apertado ou por muito tempo) pode causar hemoconcentração local, alterando os valores de enzimas, proteínas, hematócrito, sódio, potássio, cálcio, ferro, colesterol, triglicérides, plaquetas e fatores de coagulação.

É preciso estar familiarizado com o material a ser utilizado. Deve-se evitar que o cliente abra e feche a mão, pois pode levar a alterações dos resultados. A punção deve ser finalizada sem desenvolver hematomas.

Como proceder:

Lavar as mãos;
Preparar o material: bandeja contendo tubos de coleta, luvas de procedimento, seringas, dispositivos intravenosos, torniquetes, bolas de algodão, antisséptico, adesivos e etiquetas;

Realizar a identificação do cliente (conferir pulseira e perguntar o nome);

Solicitar o consentimento do paciente para execução do procedimento;

Orientar o paciente para o procedimento;

Acomodá-lo confortavelmente;

Posicionar a bandeja;

Observar a rede venosa e escolher a melhor veia para puncionar;
Calçar luvas de procedimento;

Garrotear de 10cm a 15cm acima do local da punção;

Deixar o menor tempo possível o cliente garroteado;

Apalpar a veia escolhida;

Fazer antissepsia ampla do local da punção com movimentos firmes num único sentido;

Pegar o dispositivo intravenoso escolhido de modo que o bisel esteja voltado para cima;

Fixar a veia;

Puncionar a veia, introduzindo o dispositivo intravenoso acoplado á seringa;

Fixar o dispositivo;

Aspirar o volume sanguíneo determinado para o exame solicitado:

Se seringa passar o conteúdo da seringa (sem agulha) para o tubo de modo que o sangue escorra pela parede do mesmo.

Se vácuo, o conteúdo vai diretamente para o tubo.

Observar a reação do paciente;

Retirar o dispositivo;

Fazer compressão do local com algodão seco;

Orientar o paciente a não dobrar o braço;

Descartar materiais perfurocortantes em local próprio;

Retirar as luvas de procedimento;

Lavar as mãos;

Checar na prescrição médica correta;

Manter a unidade em ordem e encaminhar material colhido;

Realizar anotações de enfermagem;

Exemplo de registro de enfermagem:

Data: Hora: Relatório de enfermagem: Coleta para analise de Na, K, Glicemia, etc. Encaminhado para: Assinatura:

Veja também:

https://enfermagemilustrada.com/sequenciatubos/