Síndrome Coronariana Aguda (SCA)

A síndrome coronariana aguda (SCA) é um conjunto de sinais e sintomas que se relacionam com a obstrução das artérias coronárias, aquelas que irrigam o coração com o fluxo sanguíneo. Quando a obstrução de fato acontece, surge o risco de ocorrer o infarto agudo do miocárdio, mais conhecido como ataque cardíaco.

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. No Brasil, dados do governo mostram que 300 mil pessoas sofrem infartos por ano, com 30% dos casos sendo fatais.

Síndrome coronariana aguda: causas e sintomas

O sintoma mais representativo da síndrome coronariana aguda é a dor ou desconforto no peito (aperto), que pode irradiar-se para os braços, mandíbula e abdome. Alguns pacientes, especialmente diabéticos e idosos, podem não sentir dor, apenas náuseas, palidez e suor frio.

Qualquer desconforto abaixo do queixo e acima do umbigo pode ser infarto, principalmente em indivíduos exposto aos fatores de risco mencionados. Por isso a avaliação médica é importante.

Tratando a síndrome coronariana aguda

Como a síndrome coronariana aguda é uma emergência médica, seu tratamento deve ser ágil.

A terapia inicial consiste em cuidados médicos intensivos, monitorização contínua, aumento da oferta de oxigênio, analgésicos potentes, drogas que impedem a agregação de plaquetas, dificultam a formação de trombos (anticoagulantes), diminuem os níveis de colesterol e estabilizam as placas de gordura do interior dos vasos sanguíneos (estatinas).

É fundamental restaurar o fluxo sanguíneo coronariano por meio de cateterismo cardíaco de urgência com implante de stent (angioplastia). Em situações em que não há disponibilidade ou que o tempo de transferência ultrapassa 90 minutos, deve-se lançar mão de medicamentos que dissolvem coágulos formados (trombolíticos).

Cuidados de Enfermagem

  • Reconhecer e avaliar sistematicamente a evolução dos sinais e sintomas relacionados à isquemia;
  • Prevenir e identificar possíveis complicações;
  • Controlar dor no peito;
  • Prevenir lesões miocárdicas;
  • Realizar balanceamento do suprimento e demanda de oxigênio no miocárdio;
  • Manter um ambiente calmo;
  • Fornecer orientação ao paciente;
  • Envolver a família no tratamento;
  • Estabelecer relacionamento terapêutico e promover o autocuidado.

Referência: 

  1. http://www.brasil.gov.br/noticias/saude/2017/09/doencas-cardiovasculares-sao-principal-causa-de-morte-no-mundo

Síndrome de Pickwick

Nomeada por um personagem de Charles Dickens, a Síndrome de Pickwick afeta principalmente a respiração de um indivíduo enquanto ele ou ela dorme.

É um distúrbio respiratório que afeta algumas pessoas que foram diagnosticadas com obesidade. A síndrome faz com que você tenha muito dióxido de carbono e muito pouco oxigênio no sangue.

Sem tratamento, pode levar a problemas de saúde graves e até fatais.

Compreende a tríade de obesidade (IMC =30 kg / m2), hipoventilação durante o dia (hipercapnia e hipoxemia acordada) e distúrbios respiratórios do sono na ausência de explicações alternativas (por exemplo, doença pulmonar parenquimatosa grave, ou anormalidades metabólicas).

Causas

Não há causa definida e conhecida para o desenvolvimento da síndrome de Pickwick.

Tem sido afirmado que um defeito dentro da parte do cérebro que controla a respiração combinada com o peso desnecessário que repousa sobre a parede torácica pode prejudicar a capacidade do indivíduo de respirar adequadamente.

O comprometimento da respiração do indivíduo leva a um desequilíbrio de oxigênio e dióxido de carbono no sangue, causando a manifestação de sintomas indicativos de privação de oxigênio.

Sinais e Sintomas

Indivíduos obesos com a síndrome de Pickwick podem apresentar e experimentar vários sinais e sintomas. O sintoma mais predominante é o desenvolvimento da apneia do sono ou a interrupção da respiração durante o sono, que pode ocorrer quando o indivíduo está deitado de costas.

Alguns indivíduos cuja respiração é limitada podem apresentar cianose ou um tom azulado na pele causado por falta de oxigênio. Os indivíduos sintomáticos também podem apresentar fadiga pronunciada com pouco ou nenhum esforço físico, falta de ar e inchaço das pernas e pés.

Indivíduos com a síndrome de Pickwick também podem apresentar uma tez avermelhada e sonolência, também conhecida como sonolência.

Diagnóstico

Um teste de função pulmonar pode ser utilizado para avaliar a eficiência da funcionalidade pulmonar de um indivíduo, incluindo capacidade de volume e difusão. Um teste de gasometria arterial pode ser realizado para medir os níveis de dióxido de carbono e oxigênio no sangue e avaliar qualquer grau de desequilíbrio.

Além disso, o indivíduo pode ser encaminhado para participar de um estudo do sono para avaliar a gravidade de sua apneia do sono. Os testes de diagnóstico utilizados para determinar se um indivíduo tem a síndrome de Pickwick podem incluir um teste de função pulmonar e um teste de gasometria arterial.

Tratamento

O tratamento da síndrome de Pickwick, muitas vezes inclui a utilização de ventilação mecânica. Indivíduos com obesidade mórbida podem necessitar de assistência respiratória para garantir a oxigenação adequada do sangue.

Um indivíduo pode ser equipado com uma máscara de ventilação que se encaixa confortavelmente no nariz ou na boca enquanto ele ou ela dorme.

Aqueles que necessitam de assistência ventilatória constante devido a uma passagem estreita da via aérea podem ser submetidos a uma traqueostomia, que envolve a colocação de um tubo respiratório diretamente na traqueia através de uma incisão cirúrgica no pescoço.

Aspectos adicionais do tratamento podem incluir a implementação de mudanças na dieta e no estilo de vida para promover a perda de peso e o exercício. A síndrome de Pickwick é um distúrbio que pode ser revertido se medidas proativas forem tomadas.

Os indivíduos são frequentemente encorajados a procurar grupos de apoio que facilitem a implementação de mudanças no estilo de vida com materiais educacionais, grupos de discussão e amizade. Se a síndrome de Pickwick não for tratada, pode levar ao desenvolvimento de sérios problemas cardiovasculares e circulatórios.

Complicações

Outras complicações associadas à síndrome de Pickwick incluem hipertensão, disfunção sexual e alterações do humor, como irritabilidade e depressão. A síndrome de hipoventilação da obesidade pode ser evitada com medidas conscientes que incluem a manutenção de um estilo de vida saudável e peso corporal.

Referências:

  1. Piper AJ, et al. (2011). Obesity hypoventilation syndrome: mechanism and management. Am J Respir Crit Care Med; 183: 292–298.
  2. Bannerjee D, et al. (2007). Obesity hypoventilation syndrome: hypoxemia during CPAP. Chest; 131: 1678–1684. 

Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD)

A Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD) caracteriza-se por uma síndrome adquirida caracterizada pela ativação das vias de coagulação, que resulta na formação de trombos intravasculares e na depleção de plaquetas e dos fatores de coagulação.

Os trombos podem causar obstrução vascular/isquemia e insuficiência de múltiplos órgãos. Pode ocorrer sangramento espontâneo, sangramento generalizado, evidenciado por pelo menos 3 locais não relacionados, é altamente sugestivo para CIVD.

Possíveis Causas

A história clínica pode incluir:

O exame físico pode revelar petéquias, equimose, gangrena, desorientação mental, hipóxia, hipotensão e hemorragia digestiva.

A CIVD pode ser desencadeada por trauma significativo, destruição de órgãos, sepse ou infecção grave, doenças obstétricas graves, algumas malignidades, doenças vasculares graves e reações tóxicas ou imunológicas graves.

Fatores de Risco

  • trauma maior/queimadura/destruição de órgão ou sepse/infecção grave;
  • doenças ou complicações obstétricas graves;
  • tumores sólidos e malignidades hematológicas;
  • reações tóxicas ou imunológicas graves.

Como é diagnosticado?

Não existe exame laboratorial que isoladamente estabeleça ou afaste o diagnóstico de CIVD, porém a combinação de alterações clínicas e laboratoriais compatíveis e principalmente a presença de doença sabidamente relacionada à síndrome permite diagnóstico confiável na maioria dos casos.

Clinicamente pode-se observar os sinais de resposta inflamatória sistêmica, como febre, hipotensão, acidose, manifestações de sangramento difuso (petéquias, equimoses, sangramento em locais de punção venosa e cicatriz cirúrgica ou traumática) e sinais de trombose.

A CIVD é um processo de gravidade progressiva o que permite caracterizar sua evolução em fases (ativação “compensada” da coagulação, ativação “descompensada” da coagulação, e CIVD plenamente manifesta).

Primeiras investigações a serem solicitadas:

  • contagem plaquetária;
  • tempo de protrombina (TP);
  • fibrinogênio;
  • dímero D/produtos de degradação da fibrina.

Investigações a serem consideradas:

  • tempo de trombina;
  • teste de protamina;
  • fatores V, VIII, X, XIII

Novos exames:

  • citocinas inflamatórias;
  • dímero D (teste de anticorpo monoclonal);
  • antitrombina III;
  • fibrinopeptídeo A (FPA);

Alguns Cuidados de Enfermagem

  • Monitorar os resultados do TP;
  • Avaliar sinais e sintomas (fraqueza, enchimento venoso, mudança no estado mental, turgor da pele, mucosa seca, pressão sanguínea diminuída, frequência cardíaca  aumentada);
  • Avaliar todos os medicamentos usados pelo paciente;
  • Avaliar doenças de base e condições associadas;
  • Evitar lesões que possam aumentar o sangramento;
  • Monitorar sinais vitais;
  • Administrar a terapêutica prescrita.

Referências:

  1. BMJ Best Pratice;
  2. LEVI M & TEN CATE H. Disseminated intravascular coagulation. N Engl J Med 1999;341(8):586-92.
  3. LEVI M; DE JONGE E; VAN DER POLL T & TEN CATE H. Disseminated intravascular coagulation. Thromb Haemost 1999;82(2):695-705.
  4. TAPPER H & HERWALD H. Modulation of hemostatic mechanisms in bacterial infectious diseases. Blood 2000;96(7):2329-37.
  5. TEN CATE H; TIMMERMAN JJ & LEVI M. The pathophysiology of disseminated intravascular coagulation. Thromb Haemost 1999;82(2):713-7.
  6. FRANCO RF; DE JONGE E; DEKKERS PEP; TIMMERMAN JJ; SPEK CA; VAN DEVENTER SJH; VAN DEURSEN P; VAN KERKHOFF L; TEN CATE H; VAN DER POLL T & REITSMA PH. The in vivo kinetics of tissue factor messenger RNA expression during human endotoxemia: relationship with activation of coagulation. Blood 2000;96(2):554-9.

Gangrena de Fournier

gangrena de Fournier, também conhecida como fasceíte necrosantesíndrome de Mellené ou síndrome de Fournier, é caracterizada por uma infecção aguda dos tecidos moles do períneo, com celulite necrotizante secundária a germes anaeróbicos ou bacilos gram-negativos, ou ambos. A infecção pode desenvolver-se sob pele aparentemente normal, dissecando o tecido com necrose. Seu nome é uma homenagem ao médico francês Jean Alfred Fournier.

A fasceíte necrotizante é frequentemente diagnosticada em pacientes debilitados, e a porta de entrada pode ser identificada quase sempre. O anorreto possui espaços potenciais com planos fasciais resultando em alastramento rápido da infecção.

A infecção pode ser decorrente de:

  • extensão de abscesso perirretal
  • escaras de decúbito infectadas
  • instrumentação urológica ou retal

A maior parte dos casos tem como foco patologias ou procedimentos anorretais e urológicos. Vasectomia, diverticulite, exame anorretal e biópsia de mucosa retal são associados a essa condição. Atraso no diagnóstico é evitado por exames frequentes no períneo de pacientes admitidos com dor perineal e sepse concomitante.

Como é tratado?

O tratamento consiste no uso de antibióticos de largo espectro, cobrindo anaeróbios e gram-negativos. Cirurgia pode ser necessária. O tratamento da causa é influi na evolução da história natural da doença.

Também incluem-se na terapia (focando melhor cicatrização) a oxigenoterapia hiperbárica (OHB) e os triglicerídeos de cadeia média (TCM) como óleo de girassol.

O Prognóstico

A despeito do tratamento, a fasceíte necrotizante permanece com altos índices de mortalidade: 25 a 52%.

O melhor resultado é obtido em pacientes jovens (idade abaixo de 60 anos), com gangrena localizada no períneo, sem complicações sépticas, com hemoculturas negativas.

A realização de colostomia para derivação fecal pode ser uma opção para melhorar a evolução do quadro.

O tempo de intervalo entre o início da infecção e o tratamento é crucial para o prognóstico. Pacientes com duração dos sintomas até quatro dias têm melhor prognóstico, enquanto que o tempo de sintomatologia acima de 7 dias está associado a alto índice de mortalidade.

Cuidados de Enfermagem

  • Oferecer informações sobre o prognóstico ao cliente sempre que possível, para que o paciente fique sempre informado sobre sua atual situação de saúde;
  • Oferecer um ambiente calmo e agradável, para seu maior conforto;
  • Estimular o cliente a falar sobre seu medo em relação a morte, para que se possa estabelecer um vínculo de confiança e apoio;
  • Monitorar sempre que possível o estado emocional do cliente, a fim de se observar as inseguranças do cliente que necessite de intervenção;
  • Oferecer ajuda psicológico, para que o cliente e familiares tenha um apoio psicológico para superar o momento difícil;
  • Monitorar e avaliar os sinais vitais (PA, TAX, FC, FR, SPO2) de 2/2 horas, atentando para o registro de enfermagem, para que possa evidenciar a evolução do cliente, e na existência de normalidade se tome medidas cabíveis;
  • Avaliar nível de consciência, para que possa evidenciar possível agravamento do quadro clinico do cliente e/ ou mesmo gravidade da sepse;
  • Providenciar de imediato o acesso venoso pérvio de grande calibre, para agilizar quando for necessário a infusão venosa;
  • Ofertar oxigênio a 5 ml/min quando os níveis de saturação de O2 estiverem abaixo dos parâmetros normais (95-100%), para melhora a oferta de oxigênio e conforto respiratório ao cliente;
  • Manter cabeceira elevada a 45° e repouso no leito, para que possa trazer uma posição de conforto que facilite a respiração e as trocas gasosas;
  • Monitorar a intensidade da dor utilizando a escala de dor (nota de 0-10), a fim de se ter uma mensuração de dor do cliente para posteriormente estabelecer qual conduta melhor para tratá- la;
  • Administrar analgésico, quando prescrito ou quando necessário (sob protocolo institucional), atentando o registro no prontuário do cliente;
  • Avaliar junto ao paciente, se a medicação está surgindo efeito sobre a dor, para que possa comunicar a equipe medica sobre a inexistência ou persistência da dor, se caso houver.
  • Realizar curativos diários para se evitar processo infeciosos que posam lesionar a pele;
  • Enfatizar a realização da hidratação da pele com solução umectante, mantendo a pele hidratada e evitar ressecamento e possível lesão no local do abcesso;
  • Orientar ao paciente a não romper o abcesso na pele, pois pode ocasionar uma ferida e possível contaminação da pele;
  • Administrar antibioticoterapia prescrita, atentando para a diluição e a administração corretas desses medicamentos;
  • Avaliar o sentimento do cliente sobre seu corpo, para identificar as ameaças potenciais à autoestima;
  • Enfatizar o cliente a verbalizar suas preocupações, para que favoreça um diálogo e vínculo de ajuda do profissional para com o cliente;
  • Encorajar o cliente e a parceira a compartilhar as suas preocupações individuas uns com os outros, para manutenção da autoestima;
  • Assegurar o emprego de técnica asséptica adequada no manuseio das áreas necrosadas, para evitar complicação da infecção;
  • Aconselhar se necessário à realização de desbridamento da ferida, para favorecer o processo de cicatrização e se ter maior área de absorção das substancias tópicas;
  • Documentar local, tamanho e aspecto da área necrosada, a fim de se ter registro da evolução do tratamento;
  • Realizar diariamente o curativo oclusivo com substância adequada, para promover a cicatrização da área afetada;
  • Documentar surgimento de mudanças na pele e mucosas, a fim de evidenciar possíveis sinais que indiquem alteração na pele e mucosas;
  • Monitorar sinais flogísticos na pele (dor, edema, calor e rubor) que possa evidenciar sinais de infecção existente;
  • Documentar local, tamanho e aspecto da lesão, permitindo acompanhamento da evolução durante o tratamento da lesão;
  • Assegurar o emprego de técnica adequada no  cuidado da ferida, utilização de substâncias apropriadas para o grau da lesão;
  • Realizar diariamente o curativo com solução e substância adequado, para promover a cicatrização das lesões;
  • Administrar a antibioticoterapia conforme prescrição, seguindo rigorosamente os horários, a fim de se ter o sucesso terapêutico;
  • Explicar para o cliente sobre o tempo prolongado do antibiótico endovenoso, a fim de esclarecer suas dúvidas;
  • Instruir o paciente a tomar a medicação conforme recomendado e não interromper o tratamento, sem o conhecimento do médico, ainda que melhore, para que não ocorra a resistência do microrganismo em relação ao medicamento e abandono precoce do tratamento;
  • Informar ao paciente as reações adversas mais frequentemente relacionadas ao uso da medicação e que, diante a ocorrência de qualquer uma delas, comunicar a equipe de enfermagem e/ou médica, a fim de sanar a intercorrência;
  • Atentar para, antes da administração, avalie: os antecedentes de hipersensibilidade à droga, pois pacientes alérgicos a outras substâncias podem desenvolver reações à medicação administrada;
  • Oferecer antibióticos por via oral acompanhados de água ou após as refeições, para se evitar irritação gástrica.

Referências:

  1. DOS SANTOS LUGÃO DE SOUZA, Flávia; CARVALHO GOMES, Fábio; NORMA SUELI BRAGA VALLE, Norma; EMERICK COELHO, Elciana. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PORTADOR DA SÍNDROME DE FOURNIER: UMA PESQUISA INTEGRATIVA. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PORTADOR DA SÍNDROME DE FOURNIER: UMA PESQUISA INTEGRATIVA, [S. l.], p. fournier, 25 fev. 2019. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20190407_140735.pdf. Acesso em: 2 fev. 2021.

Síndrome de Pancoast

A Síndrome de Pancoast consiste de sinais e sintomas decorrentes do acometimento do ápice pulmonar e estruturas adjacentes por um tumor.

Na maioria das vezes, o processo causal é uma neoplasia. O carcinoma broncogênico é a principal neoplasia causadora da síndrome.

Os subtipos histológicos mais encontrados são o adenocarcinoma e o carcinoma epidermoide.

A ocorrência de carcinoma de pequenas células de pulmão como gênese da síndrome de Pancoast é rara, com poucos relatos na literatura.

Descrevemos o caso de um doente com síndrome de Pancoast causado por um carcinoma de pequenas células de pulmão, discutindo aspectos referentes ao diagnóstico e à terapêutica.

Sinais e Sintomas

Os sintomas podem incluir miose (constrição das pupilas), anidrose (falta de suor), ptose (queda da pálpebra) e, em casos severos, uma síndrome de Horner completa.

Nos casos progressivos, o plexo braquial também é afetado, causando dor e fraqueza nos músculo do braço e mão.

Nervo laríngeo recorrente também pode ser afetado causando rouquidão. Além disso o nervo frênico também pode ser afetado causando paralisação do diafragma. O paciente também pode ter síndrome da veia cava superior por compressão da veia cava superior.

Como é feito o Tratamento?

O tratamento do câncer de pulmão de Pancoast pode ser diferente aos de outros tipos de câncer pulmonares de células não-pequenas devido à sua posição e proximidade a estruturas vitais (como nervos e medula espinhal) que pode fazer com que a cirurgia seja de difícil realização.

Desta forma, dependendo do estadiamento do câncer, o tratamento pode envolver radioterapia e quimioterapia anteriormente à cirurgia.

Quando o tumor realmente for irressecável ou quando o paciente não apresenta condições físicas para ser submetido a um procedimento cirúrgico, a radioterapia deve ser utilizada como tratamento único.

Síndrome de Guillain Barré

A Síndrome de Guillain Barré é um distúrbio autoimune, ou seja, o sistema imunológico do próprio corpo ataca parte do sistema nervoso, que são os nervos que conectam o cérebro com outras partes do corpo.

É geralmente provocado por um processo infeccioso anterior e manifesta fraqueza muscular, com redução ou ausência de reflexos.

Várias infecções têm sido associadas à Síndrome de Guillain Barré, sendo a infecção por Campylobacter, que causa diarreia, a mais comum.

Mas o que pode causar esta Síndrome?

Nessa doença incluem Zika, dengue, chikungunya, citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, sarampo, vírus de influenza A, Mycoplasma pneumoniae, enterovirus D68, hepatite A, B, C, HIV, entre outros.

Muitos vírus e bactérias já foram associados temporalmente com o desenvolvimento da Síndrome de Guillain Barré, embora em geral seja difícil comprovar a verdadeira causalidade da doença.

O diagnóstico é dado por meio da análise do líquido cefalorraquidiano (líquor) e exame eletrofisiológico.

A Relação da Síndrome de Guillain Barré com o Aedes Aegypti

As infecções por dengue, chikungunya e Zika, transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti, podem resultar em um em várias síndromes clínicas, desde doença febril branda até febres hemorrágicas e formas neuroinvasivas, que podem ser casos agudos de encefalite, mielite, encefalomielite, Síndrome de Guillain Barré ou de outras síndromes neurológicas centrais ou periféricas diagnosticadas por médico especialista.

Os Sintomas

A maioria dos pacientes percebe inicialmente a doença pela sensação de dormência ou queimação nas extremidades membros inferiores (pés e pernas) e, em seguida, superiores (mãos e braços). Dor neuropática lombar (nervos, medula da coluna ou no cérebro) ou nas pernas pode ser vista em pelo menos 50% dos casos.

Fraqueza progressiva é o sinal mais perceptível ao paciente, ocorrendo geralmente nesta ordem: membros inferiores, braços, tronco, cabeça e pescoço.

Os sintomas principais da Síndrome de Guillain Barré são fraqueza muscular ascendente: começam pelas pernas, podendo, em seguida, progredir ou afetar o tronco, braços e face, com redução ou ausência de reflexos.

A síndrome pode apresentar diferentes graus de agressividade, provocando leve fraqueza muscular em alguns pacientes ou casos de paralisia total dos quatro membros.

O principal risco provocado por esta síndrome é quando ocorre o acometimento dos músculos respiratórios.

Nesse último caso, a síndrome pode levar à morte, caso não sejam adotadas as medidas de suporte respiratório, tendo em vista que coração e pulmões param de funcionar.

O Tratamento

O Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe de tratamento para a síndrome de Guillain Barré, incluindo procedimentos, diagnósticos clínicos, de reabilitação e medicamentos.

A Guillain Barré é uma doença rara e não é de notificação compulsória. O Brasil conta hoje com 136 Centros Especializados em Reabilitação, que atendem pacientes com a Síndrome de Guillain Barré pela rede pública de saúde.

Além disso, a maior parte dos pacientes com Guillain Barré é acolhida em estabelecimentos hospitalares.

O tratamento visa acelerar o processo de recuperação, diminuindo as complicações associadas à fase aguda e reduzindo os déficits neurológicos residuais em longo prazo.

O SUS dispõe de Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a Síndrome de Guillain Barré, que prevê entre outros tratamentos, a disponibilidade do medicamento imunoglobulina intravenosa (IgIV) e do procedimento plasmaférese, que é uma técnica de transfusão que permite reiterar plasma sanguíneo de um doador ou de um doente.

O médico é o profissional responsável por indicar o melhor tratamento para o paciente, conforme cada caso.

Não há necessidade de tratamento de manutenção fora da fase aguda da doença.

Cuidados de Enfermagem

  • Exame neurológico: nervos cranianos, avaliação de alterações motoras e sensoriais;
  • Prevenção de broncoaspiração – pelo déficit dos nervos cranianos;
  • Monitorização da pressão arterial (PA) e frequência cardíaca (FC) – como o sistema autônomo está envolvido nessa síndrome, podem ocorrer taquicardia sinusal, arritmias e instabilidade de PA;
  • Monitorização do padrão respiratório e da capacidade vital forçada – a cada 6 horas;
  • Monitorização da função gastrointestinal e urinária – presença de náuseas e vômitos, risco de obstipação e infecção do trato urinário devido à retenção urinária;
  • Prevenção de úlceras por pressão – pela imobilidade;
  • Prevenção de TVP – colocação de meias compressivas;
  • Exercícios passivos – minimizam o risco de desenvolver contraturas;
  • Medidas de alinhamento do corpo – talas protetoras para evitar hiperflexão do punho e pé caído;
  • Dietoterapia por sonda – se incapacidade de alimentação por via oral;
  • Implementação de métodos de comunicação – se comunicação verbal prejudicada por intubação orotraqueal;
  • Balanço hídrico;
  • Proteção ocular – se paralisia facial.

Síndrome do Ovário Policístico (SOP)

ovário policístico

A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é um distúrbio endócrino complexo e heterogêneo, com prevalência nas mulheres em idade reprodutiva variando de 8,7 a 17,8%, de acordo com os diferentes critérios diagnósticos existentes. Apesar dos seus diversos fenótipos, esta síndrome é classicamente caracterizada por disfunção ovariana manifestada clinicamente por anovulação crônica, oligomenorreia, hiperandrogenismo, infertilidade e presença de ovários morfologicamente policísticos.

A SOP tem sido fortemente associada com desordens metabólicas, tais como a síndrome metabólica (SM) e a resistência à insulina (RI), implicando no aumento do risco de desenvolver diabetes tipo 2, dislipidemia e uma constelação de fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV).

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial, que afeta aproximadamente um terço dos indivíduos em todo o mundo e, por essa razão, constitui-se num dos mais importantes fatores de risco para as DCV. Sua expressiva prevalência é responsável por alta frequência de internações, com custos médicos e socioeconômicos elevados, e causa grande impacto nas alarmantes taxas de morbimortalidade por DCV em todo o mundo.

A associação entre a HAS e a SOP ainda não está completamente esclarecida. Embora a alteração dos níveis pressóricos já esteja englobada no contexto das manifestações da SM e possa ser relacionada com os distúrbios metabólicos comumente encontrados nessa população, há uma carência de estudos no que diz respeito à prevalência de níveis pressóricos alterados em mulheres brasileiras com SOP e os fatores de risco cardiovasculares associados a essa condição.

Tratamento

O tratamento da síndrome dos ovários policísticos depende dos sintomas que a mulher apresenta e do que ela pretende. A pergunta mais frequente do médico é saber se a paciente pretende engravidar ou não.

Contraceptivo Orais

Não havendo desejo de engravidar, grande parte das mulheres se beneficia com tratamento à base de anticoncepcionais orais, ou seja, a pílula. De fato, a pílula melhora os sintomas de aumento de pelos, espinhas, irregularidade menstrual e cólicas.

Não há uma pílula específica para o controle dos sintomas. As de baixa dosagem têm sido as mais prescritas pelos ginecologistas. Existem pílulas que tem um efeito melhor sobre a acne, espinhas e pele oleosa.

Mulheres que não podem tomar a pílula se beneficiam de tratamentos à base de progesterona.

Dietas com baixas calorias e pouca gordura melhoram o aumento de peso, contribuindo para o bem-estar da paciente.

Em alguns casos medicamentos que são usados no tratamento da diabetes também tem sua aplicação.

Cirurgia

Cada vez mais os métodos cirúrgicos para essa síndrome têm sido abandonados em função da eficiência do tratamento com anticoncepcionais orais.

Indução da Ovulação

Se a paciente pretende engravidar, o médico lhe recomendará tratamento de indução da ovulação, não sem antes afastar as outras causas de infertilidade. Não se deve fazer esse tratamento em mulheres que não estejam realmente tentando engravidar.

Antidiabetogêncios orais

Estando a síndrome dos ovários policísticos associada à resistência insulínica, um dos tratamentos disponíveis é por meio de medicamentos para diabetes. Cabe ao médico e à paciente a avaliação do melhor tratamento.

Dieta e Atividade Física

Essas pacientes devem ser orientadas em relação à dieta e atividade física, concomitantemente com as medidas terapêuticas.

É necessário Tratar?

Pacientes com síndrome dos ovários policísticos devem ser cuidadosamente avaliadas em relação à resistência à insulina e a síndrome metabólica, pois essas doenças estão relacionadas a maior chance de desenvolver alterações vasculares, diabetes, hipertensão arterial e risco cardiovascular aumentado.

Mulheres com ovários policísticos e obesidade devem ser estimuladas a mudar seus hábitos alimentares e de atividade física visando à melhora global das alterações.

Síndrome de Burnout na Enfermagem existe sim!

 síndrome de burnout

Você já ouviu falar na Síndrome de Burnout? Você sabia que é uma Síndrome comum aos profissionais de enfermagem?

Apesar da Síndrome de Burnout ser pouco conhecida, ela está mais próxima de nós do que você imagina! Está relacionada aos agentes patogênicos de Doenças profissionais, que compõe o anexo II da Previdência Social desde 1996, e atualizado em 2010.

Mas afinal, o que é Burnout?

É uma síndrome psicológica que se desenvolve devido a presença crônica de estresse relacionado ao trabalho. É composta de três vertentes: a exaustão emocional, despersonalização e a diminuição de realização profissional.  Está mais presente em pessoas que executam algum tipo de atividade em que é necessário o relacionamento com pessoas de forma mais direta e próxima.

Antes de aprofundar o assunto, já queria chamar a atenção para nossa categoria! A síndrome se desenvolve com maior frequência em profissões em que o contato e a relação pessoal estão presentes. E como já é conhecido por todos, a enfermagem é a ciência desempenhada para cuidar do outro. Estamos o tempo todo nos relacionando. Então aqui vai um alerta!

Quais as 3 vertentes que envolvem a Síndrome de Burnout?

  • Exaustão emocional: caracteriza-se pelo esgotamento físico e emocional. O trabalhador sente-se sobrecarregado e exaurido de recursos físicos e emocionais. Esta é a manifestação mais óbvia e fundamental para definir a Síndrome, é a reação causada em resposta à sobrecarga de trabalho, aos conflitos sociais e ao estresse devido às exigências do trabalho.
  • Despersonalização: ocorre como reação à exaustão emocional. É a tentativa do indivíduo se proteger ou lidar com o esgotamento, e leva a um distanciamento e ao desenvolvimento de atitudes negativas e insensíveis no trabalho, e em relação as pessoas de seu convívio.
  • Diminuição de realização profissional: surge à medida que a despersonalização progride. O trabalhador começa a despender menos energia na realização do trabalho, passa a ficar menos horas no ambiente profissional; isso interfere na qualidade do seu desempenho, e logo o sentimento de incompetência e de falta de realização aparecem. Essa 3ª vertente fica mais evidente quando ocorre falta de recursos relevantes.

Embora alguns estudos estejam sendo feitos, ainda não temos dados estatísticos concretos sobre a Síndrome de Burnout no Brasil, mas acredita-se que a incidência da patologia deve estar próxima a identificada em outros países.

Num estudo realizado num hospital público brasileiro, dos 52 participantes da área de enfermagem:

  • 48,07% possuíam outro vínculo empregatício;
  • 46,15% pensavam em abandonar a profissão;
  • Em relação à vertente exaustão emocional: 25% sentiam-se em determinadas vezes exaustos emocionalmente e 7,7% sentiam-se frequentemente exaustos emocionalmente nas atividades desempenhadas no trabalho.
  • Sobre a satisfação quanto ao ambiente físico de trabalho: 25% afirmaram estar totalmente insatisfeitos.

Nessa categoria foram analisados os aspectos quanto a iluminação, espaço físico, ventilação, temperatura, higiene e salubridade. O estudo discute ainda a extensa jornada de trabalho destes profissionais, e o quanto esta impacta na qualidade da assistência de enfermagem. 

Em outro estudo realizado em três instituições de ensino no interior do estado de São Paulo mostrou que os participantes possuíam uma carga horária de trabalho superior ao contrato de 36 horas semanais, o que podia refletir num déficit no quadro de pessoal da instituição e necessidade de complementação salarial. Também mostrou que as duas instituições que possuíam uma melhor percepção da qualidade da assistência de enfermagem, apresentaram menores níveis de burnout em comparação a terceira. O que demonstra que a presença da síndrome compromete de forma negativa a qualidade da assistência de enfermagem.

Mas, e as causas da Síndrome de Burnout?

Podemos citar as características do sistema hospitalar e a economia de consumo, ou seja, exigir do trabalhador mais produção. O aumento de produtividade faz com que o trabalhador despenda mais tempo ao trabalho, e consequentemente se afaste das atividades como lazer, convívio social e familiar. Isso influencia na qualidade de vida do profissional e afeta sua saúde.

Como reflexo dessa prática, não é incomum os profissionais de enfermagem terem mais de um vínculo empregatício e cargas horarias elevadas. Mas é importante ressaltar que a prática da enfermagem requer atenção, esforço emocional, mental e físico; sendo que um déficit em um desses parâmetros corrobora prejuízos na qualidade da assistência prestada, podendo expor o paciente à riscos.

Além dessas, estão entre as causas do desencadeamento da Síndrome de Burnout:

  • a insatisfação e falta de reconhecimento profissional;
  • as longas jornadas de trabalho;
  • o número insuficiente de profissionais;
  • a alta exposição do profissional à riscos físicos e químicos;
  • o desgaste provocado pelo constante contato com os pacientes;
  • o sofrimento e a morte;
  • os conflitos interpessoais;
  • o achatamento salarial;
  • a alta responsabilidade que a profissão exige;
  • a complexidade do cuidado de enfermagem;
  • a alta demanda de pacientes;
  • a falta de apoio e de motivação;
  • pacientes estressados e;
  • o ambiente insalubre.

Mesmo que o estresse seja um fenômeno individual, as causas de desencadeamento da síndrome parecem ser comuns, independentemente da ocupação do profissional de enfermagem; o que sugere uma característica da cultura profissional, com determinantes de estresse relacionados ao indivíduo, ao cargo e à instituição.

Como a Síndrome de Burnout se manifesta?

Como já dito anteriormente, o indivíduo tem perda da sua qualidade de vida, o que influencia seu convívio social e familiar, além de trazer prejuízos ao trabalho. O indivíduo assume atitude de frieza frente aos pacientes, evitando envolver-se, e essa relação vem acompanhada de irritabilidade por parte do profissional.

O estresse rompe com equilíbrio psicofisiológico, e obriga a utilização de energia extra como estratégia de enfrentamento. Dependendo da intensidade e tempo de duração desse estado, o indivíduo pode apresentar consequências físicas e psicológicas graves, principalmente se não desenvolver mecanismos adaptativos.

O estresse gera a liberação do hormônio cortisol (glicocorticoide), após ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, e então se liga à receptores presentes nos leucócitos e pode levar a imunossupressão. Como consequência algumas doenças podem surgir como por exemplo: alergias, psoríase, caspa e seborreia, hipertensão, diabetes, herpes, graves infecções, problemas respiratórios como asma e rinite, intoxicações, alterações gastrointestinais como úlcera, gastrite, diarreia e náuseas, alteração de peso, depressão, ansiedade, hiperatividade, hipervigilância, distúrbios do sono, disfunções sexuais e alterações do ciclo menstrual.

O sistema cardiovascular tem papel importante para adaptação ao estresse e age aumentando a frequência cardíaca, a contratilidade, o débito cardíaco e a pressão arterial.

Em relação ao estresse psíquico, ocorre déficit de atenção e concentração, alterações de memória, lentificação do pensamento, desconfiança, paranoia e aumenta o risco para suicídio.

A Síndrome de Burnout tem sido considerada um problema de saúde pública, mas o caminho a ser percorrido é longo para mudar a realidade das condições de trabalho da nossa categoria. Pergunte a algum profissional de enfermagem que conhece que logo perceberá que este está exposto a grande parte das causas da síndrome. Abordar o assunto, e torná-lo conhecido pode ser uma solução para que novas estratégias sejam criadas a fim de evitar a Síndrome de Burnout. E talvez apostar num ambiente de trabalho que forneça qualidade de vida ao trabalhador seja a melhor saída!

Referências Bibliográficas:

Silva J L L; Dias A C; Teixeira L R. Discussão sobre as causas da Síndrome de Burnout e suas implicações à saúde do profissional de enfermagem. Aquichan. 2012; 12(2):144-159.

Gasparino R C; Guirardello E B. Ambiente da prática profissional e burnout  em enfermeiros. Ver Rene.2015; 16(1):90-6.

Sá A M S; Silva P O M; Funchal B. Burnout: o impacto da satisfação no trabalho m profissionais de enfermagem. Psicologia & Sociedade. 2014; 26(3):664-674.

Síndrome de HELLP

Síndrome de HELLP

Síndrome de Hellp é uma complicação obstétrica grave, pouco conhecida e de difícil diagnóstico, que pode causar a morte da mãe e também do bebê. É chamada de síndrome porque envolve um conjunto de sinais e sintomas, e hellp, em razão da abreviação dos termos em inglês que querem dizer: H: hemólise (fragmentação das células do sangue); EL: elevação das enzimas hepáticas, e LP: baixa contagem de plaquetas. É importante lembrar que as plaquetas são células que auxiliam na coagulação sanguínea, e por isso um dos sintomas dessa síndrome é a hemorragia.

Embora ocorra isoladamente, a Síndrome de Hellp geralmente aparece como sendo uma complicação da pré-eclâmpsia, que é a hipertensão gerada pela gravidez. Especialistas calculam que cerca de 8% das mulheres que sofrem de pré-eclâmpsia, desenvolvem a Síndrome de Hellp. Quando uma gestante com pré-eclâmpsia apresenta alterações laboratoriais e exames clínicos compatíveis com hemólise, alteração das enzimas hepáticas e queda na contagem das plaquetas, ela está com Síndrome de Hellp.

Os sinais e sintomas da Síndrome de Hellp podem ser facilmente confundidos com os da pré-eclâmpsia grave, que são dor na parte alta ou central do abdome, cefaleia, náuseas, vômitos e mal estar generalizado. Quanto não é feita uma correta avaliação laboratorial, esses sintomas podem passar despercebidos, sendo feito o diagnóstico apenas quando a Síndrome de Hellp se agrava, provocando edema agudo dos pulmões, insuficiência renal, falência cardíaca, hemorragias e ruptura do fígado, podendo ocasionar a morte materna.

Mulheres que sofrem de doenças crônicas do coração e rim, e pacientes com lúpus e diabetes têm mais predisposição para desenvolver a síndrome. Infelizmente não existem meios de evitá-la, sendo que somente as mulheres que já desenvolveram essa síndrome, ao engravidarem novamente, poderão se prevenir para diminuir o risco.

O único tratamento capaz de frear os efeitos da Síndrome de Hellp é o término da gestação, que pode ser feito através de uma cesariana ou indução do parto. Caso a gestante apresente um quadro estável, o médico pode optar por ministrar medicamentos para induzir o amadurecimento pulmonar fetal, reduzindo as complicações neonatais e o tempo de internação na Unidade de Terapia Intensiva.

Como já dissemos, não há prevenção para essa doença, mas o diagnóstico precoce aumentam as chances de que mãe e bebê sobrevivam.

Síndrome do Coração Pós Feriado (Holiday Heart Syndrome)

Síndrome do Coração Pós Feriado

Você sabia? Existe um fenômeno denominado “Holiday Heart Syndrome”, algo como “Síndrome do Coração Pós Feriado”, em tradução livre. Um dia após o término de um feriado, é comum os prontos socorros ficarem abarrotados de pessoas que sentem o coração acelerado, desconforto no peito e palpitações. O motivo, muitas vezes, é o consumo abusivo de álcool.

O termo surgiu em 1978, quando um pequeno estudo correlacionou a ocorrência de uma alteração do ritmo cardíaco (mais comum taquiarritmia supraventricular) com o consumo importante de álcool em uma pessoa sem evidências de doença cardíaca.

A arritmia mais comum é a fibrilação atrial, que geralmente retorna ao ritmo sinusal em até 24 horas. Apesar de poder haver recorrência, o curso clínico é geralmente benigno, e o uso de terapia anti-arrítmica a longo prazo é, na maioria dos casos, não indicado.

Mesmo quantidades moderadas de álcool já podem servir como desencadenante de uma nova crise.

Vários mecanismos fisiopatológicos são propostos para explicar essa síndrome. Pode ocorrer por um aumento na secreção de epinefrina e norepinefrina, aumento da descarga simpática, ou por efeitos indiretos de metabólitos do álcool. O álcool também pode reduzir a corrente de sódio e afetar o pH intra-celular.

O tratamento dos pacientes que procuram a emergência com uma taquiarritmia sustentada secundária à ingestão alcoólica pode ser observação com monitorização cardíaca e controle de freqüência cardíaca com bloqueadores do nó átrio-ventricular (betabloqueadores, diltiazem,verapamil). Se não houver resolução espontânea em até 24 à 48hs, cardioversão deve ser considerada.

Casos com sinais ou sintomas de instabilidade devem ser submetidos à cardioversão elétrica sincronizada.

Após resolvida a arritmia, a necessidade de internação dependerá das comorbidades do paciente. Casos de taquiarritmia em pacientes jovens sem evidência de doença cardíaca estrutural podem ser liberados para acompanhamento ambulatorial com cardiologista.

No seguimento, o mais importante é a abstinência alcoólica. Sugere-se evitar o uso de estimulantes ou o uso excessivo de cafeína. O tratamento farmacológico é geralmente desnecessário, se não houver nenhuma cardiopatia de base associada. Não costuma-se indicar a realização de procedimento invasivos (cirurgia ou ablação) após a ocorrência de fibrilação atrial supostamente atribuída à ingestão alcoólica.

Referência:

– Holiday Heart Syndrome. Budzikowski et al. In: emedicine.medscape.com.