Derivação de Fontaine

A derivação ECG de Fontaine é um tipo especial de derivação usada para diagnosticar a displasia arritmogênica do ventrículo direito (DAVD), uma doença cardíaca que afeta o músculo do ventrículo direito e pode causar arritmias graves e morte súbita.

Como funciona?

A derivação de Fontaine consiste em colocar o eletrodo do braço direito no manúbrio esternal (a parte superior do osso do peito) e o eletrodo do braço esquerdo no apêndice xifoide (a ponta inferior do osso do peito).

Além disso, o eletrodo da perna pode ser colocado na posição de V4, que é o quinto espaço intercostal na linha médio-clavicular esquerda.

Essa configuração permite registrar a onda épsilon, um sinal característico da DAVD que representa uma atividade elétrica anormal no ventrículo direito.

A onda épsilon aparece como um entalhe ou deflexão na parte final do complexo QRS, que corresponde à contração dos ventrículos.

A derivação de Fontaine é uma das formas de detectar a onda épsilon, mas existem outras derivações que também podem ser usadas, como as precordiais direitas (V1R a V6R) ou as posteriores (V7 a V9).

A derivação de Fontaine foi descrita pela primeira vez pelo cardiologista francês Paul Fontaine em 1982.

Referência:

  1. https://angomed.com/sistema-de-derivacoes-eletrocardiograficas/

Prolapso da válvula mitral

Também conhecido como sopro no coração e síndrome de Barlow, o prolapso da válvula mitral é um problema cardíaco no qual a válvula que separa as câmaras superior e inferior do lado esquerdo do coração não fecha corretamente, podendo pequena quantidade de sangue retornar para a cavidade esquerda, dificultando a capacidade do coração para bombear o sangue, isso é chamado de regurgitação (insuficiência) mitral.

Causas

Na maioria dos casos, a causa é o crescimento anormal de uma das cúspides. Em outros casos, essa alteração é secundária a outras doenças cardíacas (como febre reumática e infarto) podendo ocorrer também após cirurgia valvular. Na maioria dos casos é inofensivo, e os pacientes geralmente não sabem que têm o problema.

Sintomas

A maior parte das pessoas que possuem o prolapso da válvula mitral não apresentam sintomas, porém quando ocorrem pode ser devido a um vazamento de grande quantidade sangue para a parte superior do coração por meio da válvula.

Os sinais e sintomas do prolapso da válvula mitral podem variar muito de uma pessoa para outra, mas é possível notar arritmia, tonturas ou vertigens, dificuldade na respiração, falta de ar e fadiga, normalmente só aparecem em grandes prolapsos da válvula mitral.

A situação pode ser descoberta somente quando um médico através do uso de um estetoscópio ausculta através de um clique, após o som deste clique, existe uma associação entre o escape ou regurgitação de sangue através da válvula mitral e um ruído ou sopro.

Exames como ecocardiograma com Doppler colorido, cateterismo cardíaco, radiografia torácica, eletrocardiograma e ressonância magnética do coração ajudam a fechar o diagnóstico.

Tratamento

É necessário acompanhamento médico frequente quando o prolapso é moderado ou importante. Em alguns casos poderá ser necessária uma cirurgia para reparar ou substituir a válvula se o paciente apresentar regurgitação mitral grave ou se os sintomas piorarem.

A substituição da válvula mitral pode ser essencial se o ventrículo esquerdo estiver aumentando e o funcionamento do coração piorar. Alguns medicamentos poderão ser prescritos de forma paliativa quando a regurgitação mitral ou outros problemas cardíacos também estiverem presentes.

Alguns medicamentos ajudam no controle das arritmias e na remoção do excesso de líquidos nos pulmões. Outros medicamentos podem ser indicados para evitar coágulos de sangue em casos de fibrilação atrial.

Não há nenhuma recomendação de restrições ao estilo de vida ou quaisquer limitações no que diz respeito à prática de exercícios físicos, porém se o paciente possuir a regurgitação mitral grave, o médico poderá recomendar-lhe evitar exercícios que possam piorar a sua condição.

Referência:

  1. https://www.coracao.org.br/prolapso-da-valvula-mitral

Circulação Fetal

A circulação fetal é estruturada para suprir as necessidades de um organismo em crescimento rápido num ambiente de hipóxia relativa (ausência de oxigênio). 

A única conexão entre o feto e o meio externo é a placenta, que o serve nas funções de intestinos (suprimento de nutrientes), rins (retirada dos produtos de degradação) e pulmões (trocas gasosas). Por isso, através dos vasos sanguíneos do cordão umbilical, o feto recebe todo o apoio de oxigênio, nutrientes e excreção de substâncias, por meio da mãe através da placenta.

Com isso, existem três estruturas importantes para a circulação do feto: ducto venoso, ducto arterial e forame oval.

No feto, a placenta tem a sua resistência vascular baixa, ou seja, é a resistência que precisa ser vencida para poder empurrar o sangue adiante, por meio do sistema circulatório e, assim, gerar um fluxo.

Além disso, a placenta recebe cerca de 40% do débito cardíaco fetal (volume de sangue ejetado pelo ventrículo esquerdo para a artéria aorta a cada minuto), resultando em uma pressão sistêmica baixa.

Opostamente, os pulmões do feto estão cheios de fluido, resultando em uma alta resistência vascular (maior dificuldade para a passagem de sangue) e menos de 10% do débito cardíaco vai para os pulmões.

O sangue oxigenado da placenta passa pela veia umbilical e se divide ao entrar no abdome do feto. A maioria desse sangue oxigenado flui através do ducto venoso (vaso fetal que comunica a veia umbilical com a veia cava inferior) e, a seguir, para o átrio direito, o sangue restante perfunde o fígado.

O sangue proveniente do ducto venoso entra no átrio direito e, por causa de um efeito de fluxo, é desviado para o forame oval para o lado esquerdo do coração e da aorta.

Dessa forma, nesse compartimento o sangue que possui um alto teor de oxigênio vindo da veia cava é misturado com o sangue minimamente oxigenado vindo das veias pulmonares, pois os pulmões consomem oxigênio e não o produz.

Já o ducto arterial, quando desvia o sangue da artéria pulmonar para a artéria aorta, tem a função de proteger os pulmões da sobrecarga e permite que o ventrículo direito se fortaleça para a sua total capacidade funcional ao nascimento.

O restante do fluxo de retorno da veia cava inferior mistura-se ao retorno da veia cava superior e seio coronário e passa para o ventrículo direito.

O sangue que chega ao átrio esquerdo e, seguidamente, ao ventrículo esquerdo e a aorta ascendente, artérias coronárias e cérebro é, consequentemente, o mais saturado com que será dirigido através do canal arterial para a parte inferior do corpo do feto.

O baixo fluxo pulmonar fetal é mantido às custas da elevada resistência vascular pulmonar. Vários fatores estimulam esta vasoconstricção como acidose, catecolaminas alfa-adrenérgicas e estimulação nervosa simpática, porém não há dúvidas que a hipóxia é o principal fator determinante da vasoconstricção pulmonar fetal.

Devido à alta resistência ao fluxo sanguíneo pulmonar, apenas uma pequena quantia (aproximadamente 7% do débito cardíaco combinado) de sangue circula pelos pulmões, o restante é dirigido, através do canal arterial para a aorta descendente.

Depois do nascimento do bebê o ducto arterial, o ducto venoso, o forame oval e os vasos umbilicais não são mais necessários e, por isso, se contraem e são “esmagados” pelo átrio esquerdo e pelo pulmão que se expandiu.

O fechamento do ducto arterial pode ser mediado pela bradicinina, uma substância liberada pelos pulmões durante a sua distensão inicial.

Além disso, depois do nascimento, quando o bebê começa a respirar, gradualmente para de circular sangue entre o bebê e a placenta conforme a respiração se estabiliza. Aos poucos, o padrão circulatório do bebê vai se modificando para o padrão adulto.

Referências:

  1. FERNANDES J, Caraciolo. Physiologic transition from intrauterine to extrauterine. UptoDate. Disponível em: <https://www.uptodate.com/contents/physiologic-transition-from-intrauterine-to-extrauterine-life?search=circula%C3%A7%C3%A3o%20fetal&sectionRank=1&usage_type=default&anchor=H3&source=machineLearning&selectedTitle=1~118&display_rank=1#H3> 
  2. MATTOS, Sandra S. Fisiologia da circulação fetal e diagnóstico das alterações funcionais do coração do feto. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo , v. 69, n. 3, p. 205-207, Sept. 1997 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X1997000900013&lng=en&nrm=iso&gt;. http://dx.doi.org/10.1590/S0066-782X1997000900013.
  3. Student Midwife Studygram. Disponível em: <https://studentmidwifestudygram.co.uk/about/> 

Artérias e Veias Coronarianas

A palavra coronária se origina do termo em latim coronarius, que significa “que pertence a uma coroa”. Quando vistos de cima em um corte transversal, os vasos coronários lembram uma coroa inclinada, posicionada ao redor das raízes dos grandes vasos.

As artérias coronárias são responsáveis por levar sangue rico em oxigênio e nutrientes do ventrículo esquerdo para o miocárdio, enquanto as veias coronárias levam o sangue pobre em oxigênio e nutrientes para longe do miocárdio, em direção ao átrio direito.

Artérias coronárias

As artérias coronárias se originam da raiz da aorta ascendente. Lembre-se que a valva aórtica possui três cúspides semilunares. Essas estruturas formam espaços na raiz da aorta chamados de seios de Valsava. As cúspides semilunares direita esquerda dão origem, respectivamente, às artérias coronárias direita e esquerda. O terceiro seio – formado pela cúspide semilunar – não está associado a um vaso coronário, e também é chamado de seio não coronário.

As principais divisões das artérias coronárias geralmente cursam abaixo da camada epicárdica do coração. Entretanto, seus ramos podem entrar profundamente no miocárdio conforme passam pelos sulcos cardíacos. As extremidades proximais das artérias coronárias possuem entre 1,5 e 5,5 mm de diâmetro; mas a artéria coronária esquerda é tipicamente maior que a direita na maioria dos casos.

Os anatomistas e clínicos se referem a uma dominância ‘direita’ ou ‘esquerda’ no suprimento sanguíneo do coração. Se a artéria coronária direita emite o ramo descendente posterior (que perfunde a região do septo interventricular e o aspecto posterolateral do ventrículo esquerdo), o coração é descrito como dominante direito.

O contrário também é verdadeiro. Na maioria dos indivíduos, a coronária direita é a artéria dominante, entretanto existem ainda os padrões de dominância esquerda e codominância (suprimento sanguíneo igual de ambas as artérias).

O modelo de segmentação das artérias coronárias divide essas artérias em 17 segmentos. Isso não ajuda somente na compreensão dos territórios vasculares associados às artérias e seus ramos, mas também ajuda os clínicos a localizar e tratar as lesões vasculares.

Um sistema simplificado de segmentação, no qual os vasos coronários são divididos em terços proximalmédio e distal é utilizado.

Artéria coronária esquerda

A artéria coronária esquerda se origina do seio de Valsava esquerdo, na raiz da aorta. O segmento inicial desse vaso termina na sua primeira bifurcação. Ele possui comprimento variável, e frequentemente é chamado de artéria coronária esquerda principal.

Ele pode ser encontrado cursando entre o apêndice atrial esquerdo e o tronco pulmonar. Conforme entra na metade esquerda do sulco atrioventricular esternocostal, o vaso sofre uma curva para a esquerda, em direção à margem direita do coração.

Antes da bifurcação, o segmento inicial do vaso geralmente não emite nenhum ramo, podendo entretanto originar uma pequena artéria para o nó sinoatrial e um ramo atrial, de maneira infrequente.

A artéria coronária esquerda tende a ser maior que a sua contraparte direita, e é responsável pela irrigação de um território mais amplo. Ela vasculariza o átrio esquerdo, a maior parte do ventrículo esquerdo, e a maior parte do septo interventricular.

A única variação desse suprimento ocorre em corações dominantes direitos, nos quais o ramo descendente posterior da artéria coronária direita irriga uma parte significativa do lado diafragmático do ventrículo esquerdo.

Ramos da artéria coronária esquerda

A artéria coronária esquerda se divide para dar origem à artéria interventricular anterior, mais conhecida como artéria descendente anterior e à artéria circunflexa esquerda. A artéria circunflexa esquerda é subdividida nas partes proximal e distal, enquanto a artéria descendente anterior é dividida nos segmentos proximal, média e distal.

artéria descendente anterior é vista como uma continuação caudal da artéria coronária esquerda. Ela cursa inferolateralmente no sulco interventricular anterior, em direção ao ápice do coração.

Com frequência essa artéria é recoberta por fibras miocárdicas, bem como por partes da veia cardíaca magna. O primeiro ramo dessa artéria é a artéria do cone arterial esquerdo, emitido próximo à sua origem, que frequentemente se anastomosa com sua contraparte contralateral, bem como com a vasa vasora da aorta e da artéria pulmonar.

A descendente anterior emite ainda as divisões ventricular anterior e septal anterior, cada uma com seus componentes direito e esquerdo. Dá origem também às divisões posteriores, correspondentes às anteriores discutidas acima. Até nove ramos ventriculares anteriores esquerdos podem se originar da artéria descendente anterior. Esses vasos cursam através da superfície esternocostal do ventrículo esquerdo.

O maior desses vasos geralmente chega até a margem cardíaca obtusa (esquerda). Por outro lado, as artérias septais anteriores se originam em um ângulo de 90° antes de cursar inferior e posterioremente para vascularizar os dois terços anteriores do septo.

Apesar de não ser incomum que a artéria descendente anterior termine no ápice do coração, é mais frequente que ela continue na superfície diafragmática e se aproxime dos ramos terminais da artéria descendente posterior, que se origina da artéria coronária direita.

O outro ramo da artéria coronária esquerda é a artéria circunflexa esquerda. Ele é sobreposto pelo apêndice atrial, proximalmente, conforme se curva à esquerda no sulco atrioventricular e cursa sobre a margem obtusa do coração.

O vaso pode dar origem a ramos atriais (divisões posterior, lateral e anterior) que irrigam o átrio esquerdo. A artéria circunflexa esquerda também origina a artéria anastomótica auricular magna, que também é conhecida como artéria anastomótica de Kugel.

Esse vaso foi descrito inicialmente em 1928 como um vaso de grande calibre que cursa pela parede do apêndice atrial e fornece vias anastomóticas diretas e indiretas entre as artérias coronárias direita e esquerda.

Uma vez na superfície diafragmática, a artéria circunflexa esquerda cursa ao longo do sulco atrioventricular diafragmático. Conforme cruza a margem obtusa, ela emite o ramo marginal esquerdo, que se divide para originar vários vasos que cruzam a borda obtusa para irrigar a parte diafragmática do ventrículo lateral. Além disso, ela emite as artérias ventriculares anterior posterior, que também suprem o ventrículo esquerdo.

Apesar de a artéria descendente posterior irrigar o ventrículo esquerdo, caso ela esteja ausente ou deficitária a artéria circunflexa esquerda pode assumir seu lugar no sulco interventricular e irrigar as estruturas ventriculares diafragmáticas.

Artéria coronária direita

A artéria coronária direita se origina do seio de Valsalva direito. Na maioria dos indivíduos, a artéria se origina como um vaso único. Entretanto, já foram observados casos em que até quatro ramos se originam do óstio coronário anterior. A artéria cursa entre o apêndice atrial direito e o tronco pulmonar em uma direção anterior, para ganhar acesso à metade direita do sulco atrioventricular.

Uma vez no sulco, o vaso então continua inferiormente, para cruzar a margem aguda (direita) do coração. Ela então entra no sulco atrioventricular diafragmático, e cursa em direção à crux cordix. Ela cruza a crux para se anastomosar com a artéria circunflexa esquerda (ramo da artéria coronária esquerda). Menos frequentemente esse vaso pode parar na margem cardíaca direita ou cursar até o ponto médio entre a crux e a margem cardíaca esquerda.

Entretanto, se o curso da artéria coronária direita for diferente do normal, é mais comum que ele substitua parcialmente a artéria circunflexa esquerda no seu trajeto até a margem cardíaca esquerda.

Ramos da artéria coronária direita

ramo do cone arterial da artéria coronária direita é o primeiro ramo desse vaso. Em alguns indivíduos ele se origina diretamente do seio coronário direito, sendo conhecido como artéria coronária terceira. Ele se ramifica anteriormente, entre a base do cone pulmonar (infundíbulo) e a parte superior do ventrículo direito.

Ele pode dar origem ao anel de Vieussens ao se anastomosar com sua contraparte contralateral (ramo do cone arterial esquerdo, que se origina da artéria descendente anterior). O anel anastomótico resultante envolve o ventrículo direito.

Os ramos ventricular anterior direito atrial se originam do próximo segmento da artéria coronária direita, que se estende do óstio coronário direito até a margem cardíaca direita. Os vasos cursam perpendiculares um ao outro em direção aos seus respectivos destinos.

As divisões atriais originadas da artéria coronária direita são subclassificadas nos ramos posterior, marginal (lateral ou direita) e anterior. As divisões marginal direita e anterior frequentemente ocorrem como vasos pareados que irrigam todo o átrio direito. Por outro lado, o ramo atrial posterior direito geralmente existe como um ramo solitário que supre tanto o átrio direito quanto o esquerdo.

divisão atrial anterior da artéria coronária direita também emite a artéria do nó sinoatrial. Ela frequentemente se estende até a camada muscular de ambos os átrios, mas cursa primariamente através do miocárdio atrial direito. Apesar da significativa variabilidade interpessoal na origem desse vaso (circunflexa esquerda, atrial marginal direita ou parte atrioventricular diafragmática direita), ele eventualmente passa entre a aorta e o apêndice atrial direito. Na base da veia cava superior a artéria do nó sinoatrial forma uma alça arterial que se ramifica para irrigar o átrio direito. O ramo da crista terminal também se origina desses vasos e irriga diretamente o nó sinoatrial.

Cerca de dois ou três ramos ventriculares anteriores cursam em direção ao ápice e se subdividem gradualmente. De forma semelhante, o segmento médio da artéria coronária direita (se estendendo do final do segmento proximal, na borda cardíaca direita, até a crux cordis) emite dois ou três pequenos ramos ventriculares posteriores. As artérias ventriculares anteriores irrigam a parte esternocostal do ventrículo direito, enquanto as artérias ventriculares posteriores irrigam a parte diafragmática do ventrículo direito.

Conforme a artéria coronária direita continua em direção à margem cardíaca direita no sulco atrioventricular esternocostal, ela origina a artéria marginal direita. Esse é um vaso calibroso que cursa ao longo da margem aguda (inferior) do coração, em direção ao ápice cardíaco.

 Ao longo do seu trajeto ela irriga as superfícies esternocostal e diafragmática do ventrículo direito. O tamanho da artéria marginal direita é inversamente relacionado ao tamanho e número de ramos ventriculares direitos que se originam dos segmentos proximal e médio da artéria coronária direita.

O segmento distal da artéria coronária direita continua sua curva sobre a margem aguda do coração no sulco atrioventricular diafragmático. Na crux cordis, o vaso então se curva para cursar inferiormente no sulco interventricular, e a partir desse ponto é chamado de artéria interventricular posterior, ou, como é mais conhecida, artéria descendente posterior.

Ela pode persistir como um vaso solitário, ou ser acompanhada uni ou bilateralmente por um ou dois ramos paralelos da artéria coronária direita. Essa artéria continua ao longo da superfície diafragmática do coração em direção ao ápice do coração, onde encontra e se anastomosa com a artéria descendente anterior, ramo da artéria coronária esquerda. Ao longo do seu trajeto, ela irriga o terço posterior do septo interventricular através de seus ramos septais.

Veias da circulação coronária

Assim como nas demais regiões do corpo, existem veias acompanhando as artérias coronárias e drenando o sangue desoxigenado dos tecidos. As veias do coração frequentemente cursam junto das artérias, levando o sangue de volta às câmaras cardíacas.

Há numerosas tributárias venosas que atravessam a superfície do coração. Elas eventualmente coalescem para formar o seio coronário, que que drena indiretamente no átrio direito. Além disso, as veias cardíacas anteriores e as pequenas veias Thebesianas drenam diretamente para o interior das câmaras cardíacas.

A disposição das vias de drenagem das veias da circulação coronária é menos previsível do que a do suprimento arterial. Em grande parte dos indivíduos, a maioria das veias (exceto as veias cardíacas anteriores e as veias Thebesianas) convergem para o seio coronário. Em outros casos, algumas das veias Thebesianas podem receber algumas das veias cardíacas anteriores antes de drenarem para o seio coronário.

Veias cardíacas anteriores

Até cinco vasos cursam no espaço subepicárdico em direção ao aspecto direito do sulco atrioventricular septal, formando as veias cardíacas anteriores. A artéria coronária direita pode ser encontrada superficial ou profunda às veias, ao longo do seu trajeto no sulco atrioventricular.

As veias cardíacas anteriores também podem receber sangue da veia marginal direita, já que ela cursa ao longo da borda cardíaca aguda. Entretanto, essa veia também já foi observada drenando de forma independente para o átrio direito, bem como para o seio coronário. As veias cardíacas anteriores são responsáveis pela drenagem do aspecto esternocostal do ventrículo direito.

Veias Thebesianas

As veias cardíacas menores são uma coleção de pequenas veias do coração. Também conhecidas como veias Thebesianas, esses vasos possuem um diâmetro de 0,5 a 2 mm. Apesar de ser difícil mapeá-las pelo coração, já foi demonstrado que elas drenam diretamente para todas as câmaras cardíacas.

Entretanto, é muito mais provável encontrá-las drenando para as câmaras direitas do que para as esquerdas.

Seio coronário

O seio coronário é uma dilatação sacular de cerca de 3 cm encontrada entre as câmaras cardíacas esquerdas. O seio começa na junção da veia cardíaca magna com a veia oblíqua do átrio esquerdo.Ele é orientado obliquamente no sulco atrioventricular posterior, sobrepondo parcialmente a crux cordis. Sua abertura no átrio direito (entre o orifício da veia cava inferior e a abertura da valva tricúspide) é protegida pela valva semilunar do seio coronário, impedindo refluxo de sangue para o sistema venoso cardíaco. Ao menos cinco outras veias drenam invariavelmente para o seio coronário.

Veia cardíaca magna

A veia cardíaca magna se origina no ápice do coração, e viaja ao longo do sulco interventricular, e em seguida do sulco atrioventricular. Ela recebe sangue da veia marginal esquerda e de outras tributárias que drenam ambos os ventrículos e o átrio esquerdo, e se esvazia na origem do seio coronário.

Veia cardíaca média

A veia cardíaca média, que também se origina no ápice do coração, cursa no sulcointerventricular posterior para se esvaziar na extremidade atrial do seio coronário.

Veia cardíaca parva

A veia cardíaca parva é um vaso único, encontrado no sulco atrioventricular posterior. Ela algumas vezes recebe a veia marginal direita ( que cursa ao longo da borda aguda do coração), e elas drenam o aspecto posterior das câmaras direitas.

Veia oblíqua do átrio esquerdo

Como o nome sugere, a veia oblíqua do átrio esquerdo apresenta um trajeto oblíquo ao longo do aspecto posterior do átrio esquerdo para se inserir na extremidade distal do seio coronário. A veia oblíqua do átrio esquerdo é um remanescente da veia cardíaca comum esquerda.

Veia posterior do ventrículo esquerdo

A veia posterior do ventrículo esquerdo se abre no centro do seio coronário. Entretanto, ela pode também se abrir na veia cardíaca magna. Ela cursa ao longo do aspecto diafragmático do ventrículo esquerdo, juntamente com a veia cardíaca média.

Referências:

  1. “Analysis Of Semantic Relations Between Multimodal Medical Images Based On Coronary Anatomy For Acute Myocardial Infarction”. Vol 12, no. 1, 2016, pp. 129-148. Korea Information Processing Society, doi:10.3745/jips.04.0021. 
  2. Cerci, R. J. et al. “Aligning Coronary Anatomy And Myocardial Perfusion Territories: An Algorithm For The CORE320 Multicenter Study”. Circulation: Cardiovascular Imaging, vol 5, no. 5, 2012, pp. 587-595. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health), doi:10.1161/circimaging.111.970608. 
  3. Gaillard, Frank. “Coronary Arteries | Radiology Reference Article | Radiopaedia.Org
  4. Habib, A. et al. “The Anatomy Of The Coronary Sinus Venous System For The Cardiac Electrophysiologist”. Europace, vol 11, no. Supplement 5, 2009, pp. v15-v21. Oxford University Press (OUP), doi:10.1093/europace/eup270. 
  5. Hood, W B. “Regional Venous Drainage Of The Human Heart.”. Heart, vol 30, no. 1, 1968, pp. 105-109. BMJ, doi:10.1136/hrt.30.1.105. 
  6. Standring, Susan, and Henry Gray. Gray’s Anatomy. 40th ed., Churchill Livingstone/Elsevier, 2008.
  7. White, James A. et al. “Fused Whole-Heart Coronary And Myocardial Scar Imaging Using 3-T CMR”. JACC: Cardiovascular Imaging, vol 3, no. 9, 2010, pp. 921-930. Elsevier BV, doi:10.1016/j.jcmg.2010.05.014.

Ateroesclerose

A aterosclerose é uma inflamação, com a formação de placas de gordura, cálcio e outros elementos na parede das artérias do coração e de outras localidades do corpo humano, como por exemplo cérebro, membros inferiores, entre outros, de forma difusa ou localizada. Ela se caracteriza pelo estreitamento e enrijecimento das artérias devido ao acúmulo de gordura em suas paredes, conhecido como ateroma.

Com o passar dos anos, há o crescimento das placas, com estreitamento do vaso, podendo chegar à obstrução completa, restringindo o fluxo sanguíneo na região.

Com isso, o território afetado recebe uma quantidade menor de oxigênio e nutrientes, tendo suas funções comprometidas. Essa complicação é a causa de diversas doenças cardiovasculares, como infarto, morte súbita e acidentes vasculares cerebrais, representando a principal causa de morte no mundo todo.

Causas e fatores de risco

Na maioria das vezes, a aterosclerose está relacionada aos fatores de risco tradicionais, como sedentarismo, alimentação inapropriada, pressão alta, diabetes, colesterol elevado, tabagismo e obesidade.

Pequena parte é de causa hereditária, como por exemplo em portadores de hipercolesterolemia familiar, em que indivíduos da mesma família têm o colesterol muito elevado desde criança.

Sintomas

A aterosclerose é uma doença perigosa, pois muitas vezes a evolução é silenciosa. Algumas pessoas só descobrem a formação de placas de gordura quando uma artéria é obstruída completamente e o paciente precisa ser atendido imediatamente. São as situações de infartos, derrames e até morte súbita.

Quando apresenta sintomas, estes vão depender principalmente da localização de acometimento. Quando afeta o coração, os mais frequentes são dores no peito (peso, aperto, queimação ou até pontadas), falta de ar e sudorese.

Diagnóstico

Em muitos casos o diagnóstico ocorre em uma situação de emergência, como por exemplo após um infarto ou derrame. Idealmente todos as pessoas deveriam procuar um médico para realizacção de exames periódios para rastreamento e tratamento dos fatores de risco para o desenvolvimento da aterosclerose.

A partir da identificação dos fatores de risco é possível determinar o risco ou probabilidade de desenvolvimento da doença. Pacientes com alta probabilidade de aterosclerose ou com sintomas compatíveis podem necessitar de avaliação através de exames mais específicos, como teste ergométrico, cintilografia, tomografia ou cateterismo.

Tratamento

O melhor tratamento para aterosclerose ainda é a prevenção, instituindo-se estilo de vida saudável e tratamento dos fatores de risco. Uma vez estabelecida, o tratamento da aterosclerose de forma geral se resume a restabelecer o fluxo sanguíneo na região afeta, sendo normalmente necessários tratamento medicamentoso, procedimentos invasivos e/ou cirurgias de revascularização.

Quando afeta o coração e seus vasos, por exemplo, é fundamental o tratamento medicamentoso com uso de antiagregantes plaquetários (como a aspirina), estatinas, vasodilatadores, entre outras medicações. Podemos também lançar mão de angioplastia e cirurgia de ponte de safena, quando bem indicado.

Prevenção

Assim como a maioria das doenças cardiovasculares, a melhor forma de prevenção é manter uma rotina que inclua exercícios físicos regulares, alimentação balanceada, cessação do tabagismo e com baixo consumo de gorduras e sal, além do controle dos fatores de risco para doenças como obesidade, diabetes, hipertensão e colesterol.

Cuidados de Enfermagem

  • avaliar e aliviar as dores do paciente;
  • observar sinais vitais, principalmente pressão arterial e freqüência cardíaca;
  • ter atenção no nível de consciência e saturação;
  • monitorar cuidadosamente o débito cardíaco e manter estável;
  • instruir o paciente e a família sobre a da doença arterial coronariana;
  • instruir sobre o uso apropriado dos medicamentos e seus possíveis efeitos adversos;
  • aconselhar sobre os fatores de risco e estímulo para mudança no estilo de vida.

Referências:

  1. Ministério da Saúde

Ecocardiografia Transesofágica

ecocardiograma transesofágico é um importante exame utilizado para investigar diversas doenças cardíacas, como aterosclerose, cardiomiopatia, pericardite, entre outras.

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortes no Brasil, sendo responsáveis por mais de 30% dos óbitos registrados.

Entretanto, quando as doenças cardíacas são diagnosticadas precocemente, é possível evitar complicações mais graves como o infarto e outras condições que podem ser fatais.

Como funciona?

No ecocardiograma, um transdutor, aparelho que envia ondas sonoras, é alocado próximo às estruturas cardíacas. Essas ondas se movem através da pele até os tecidos do coração, onde ricocheteiam ou “ecoam”.

O transdutor capta as ondas refletidas e as envia para um computador, que exibe os ecos como imagens das paredes e válvulas do coração.

ecocardiograma transesofágico (ETE) usa um tubo longo e fino (endoscópio) para guiar o transdutor pelo esôfago (“tubo alimentar” que vai da boca ao estômago).

Isso permite que o médico veja imagens do coração sem que as costelas ou pulmões atrapalhem.

Um ETE é realizado quando o médico precisa de um exame mais atento do coração ou não obtém as informações necessárias com um eco regular, feito posicionando o transdutor na superfície do tórax.

O excesso de peso ou certas doenças pulmonares, por exemplo, podem interferir nas imagens do coração quando o transdutor é colocado simplesmente na parede torácica.

Para que serve o exame ecocardiograma transesofágico?

exame ecocardiograma transesofágico é importante para verificar como as válvulas e câmaras do seu coração estão funcionando e investigar inúmeras doenças cardíacas, tais como:

  • Aterosclerose: entupimento gradual das artérias;
  • Cardiomiopatia: aumento do coração devido a adoecimento do músculo cardíaco;
  • Doença cardíaca congênita: defeitos durante a formação do coração do feto;
  • Insuficiência cardíaca: músculo cardíaco enfraquecido;
  • Doença das válvulas cardíacas;
  • Tumor cardíaco;
  • Pericardite: inflamação ou infecção do saco que envolve o coração;
  • Endocardite infecciosa: infecção do coração;
  • Dissecção aórtica: rasgo na parede da aorta;
  • Coágulo de sangue e derrame: podem se libertar e então fluir para o cérebro ou outras áreas do corpo, causando derrame ou outros problemas.

Razões adicionais pelas quais um ETE pode ser feito incluem:

  • Avaliar o coração durante cirurgia de peito aberto e também durante cirurgia não cardíaca;
  • Avaliar o coração após procedimentos como bypass da artéria coronária ou substituição ou reparo da válvula;
  • Antes da cardioversão para fibrilação atrial ou flutter atrial para se certificar de que não há coágulos presentes.

Preparo para o ecocardiograma transesofágico

É necessário realizar um jejum de 4 a 6 horas antes de realizar o exame ecocardiograma transesofágico.

Também é importante informar ao seu médico sobre:

  • Possibilidade de gravidez;
  • Medicamentos (com e sem prescrição médica) e suplementos de ervas que você está tomando;
  • Histórico de distúrbios hemorrágicos ou se estiver tomando algum medicamento anticoagulante;
  • Doença valvar cardíaca, doença cardíaca congênita ou histórico de endocardite (infecção das válvulas cardíacas);

Com base em sua condição médica, seu provedor pode solicitar preparações específicas, como um exame de sangue para testar sua capacidade de coagulação, entre outros.

Como é feito o exame ecocardiograma transesofágico?

Geralmente, isto é o que acontece em um ecocardiograma transesofágico:

Antes de iniciar o ETE

  • Você deve remover joias ou outros objetos que possam interferir no procedimento. Dentaduras ou qualquer prótese oral  serão removidas antes da inserção da sonda;
  • Pode ser necessário remover suas roupas e vestir um avental;
  • Você é solicitado a esvaziar a bexiga;
  • Uma linha intravenosa é colocada em seu braço para injetar medicamentos, se necessário.

Durante o ETE

  • Você se deita em uma cama, posicionada do lado esquerdo. Um travesseiro pode ser colocado atrás de suas costas para suporte;
  • É conectado a um monitor de eletrocardiograma (ECG) para monitorar seu coração;
  • Outros sinais vitais (pressão arterial, frequência respiratória e nível de oxigênio) serão monitorados durante o procedimento;
  • Um spray anestésico local é aplicado na parte de trás da garganta, para tornar a passagem da sonda TEE mais confortável;
  • Um protetor de mordida é colocado em sua boca;
  • Você recebe um sedativo antes do procedimento para ajudá-lo a relaxar;
  • Se indicado, o oxigênio é administrado por meio de tubos nasais;
  • A sonda TEE é passada pela boca e pela garganta;
  • Assim que a sonda estiver no lugar certo, as imagens são feitas;
  • Depois que as imagens forem feitas, a sonda será removida de sua garganta.

Após o ETE

Você será transferido para uma área de recuperação, onde enfermeiras irão monitorar sua frequência cardíaca, pressão arterial e níveis de oxigênio.

Quando o reflexo de vômito retornar, seus sinais vitais estiverem estáveis ​​e você estiver mais alerta, você será liberado.

É recomendado ter alguém que o leve para casa, pois pode se sentir fraco, ou grogue pelo resto do dia do teste. Você deve se sentir melhor no dia seguinte.

Sua garganta pode ficar dolorida por alguns dias devido à inserção da sonda ETE.

Geralmente, não há nenhum tipo de cuidado especial após o exame. No entanto, o seu médico pode dar-lhe outras instruções, dependendo da sua situação particular.

Riscos do ecocardiograma transesofágico

No geral, o ecocardiograma transesofágico é um exame simples e com poucos riscos associados. Possíveis complicações podem incluir:

  • Problemas respiratórios;
  • Problemas de ritmo cardíaco;
  • Sangramento;
  • Lesão nos dentes, boca, garganta ou esôfago.

Se você tem problemas no esôfago, como varizes esofágicas, obstrução ou estenose do esôfago ou realiza radioterapia na área do esôfago, pode não ser possível fazer um ETE. Seu médico irá avaliá-lo cuidadosamente antes de fazer o procedimento.

Pode haver outros riscos, dependendo da sua condição médica específica. Certifique-se de discutir quaisquer preocupações com seu médico antes do procedimento.

Referência:

  1. Hospital Albert Einstein

Sistema Circulatório: Fluxo sanguíneo cardíaco

O coração e os vasos sanguíneos constituem o sistema cardiovascular (circulatório). O coração bombeia o sangue para os pulmões para que ele possa receber oxigênio e depois bombeia o sangue rico em oxigênio para o corpo.

O sangue que circula nesse sistema distribui oxigênio e nutrientes para os tecidos do corpo e retira produtos residuais (como dióxido de carbono) dos tecidos.

A função do coração

A única função do coração é bombear sangue.

  • O lado direito do coração: bombeia sangue para os pulmões, onde oxigênio é adicionado ao sangue e o dióxido de carbono é eliminado;
  • O lado esquerdo do coração: bombeia sangue para o restante do corpo, onde oxigênio e nutrientes são fornecidos para os tecidos e os resíduos (como dióxido de carbono) são transferidos para o sangue para serem removidos por outros órgãos (como os pulmões e rins).

O sangue faz a seguinte trajetória: O sangue proveniente do corpo, pobre em oxigênio e carregado de dióxido de carbono, flui através das duas veias maiores – a veia cava superior e a veia cava inferior, que, em conjunto, são chamadas veias cavas – para o átrio direito.

Quando o ventrículo direito relaxa, o sangue que está no átrio direito é despejado através da válvula tricúspide no ventrículo direito. Quando o ventrículo direito está quase cheio, o átrio direito se contrai, enviando sangue adicional para o ventrículo direito, que se contrai em seguida.

Essa contração fecha a válvula tricúspide e impulsiona o sangue pela válvula pulmonar até as artérias pulmonares, que irrigam os pulmões. Nos pulmões, o sangue flui pelos pequenos capilares que rodeiam os alvéolos. Aqui, o sangue absorve oxigênio e libera dióxido de carbono, que depois é exalado.

O sangue proveniente dos pulmões, agora rico em oxigênio, circula pelas veias pulmonares até o átrio esquerdo. Quando o ventrículo esquerdo relaxa, o sangue do átrio esquerdo passa para o ventrículo esquerdo através da válvula mitral.

Quando o ventrículo esquerdo está quase cheio, o átrio esquerdo se contrai, enviando sangue adicional ao ventrículo esquerdo, que, em seguida, contrai-se. (Em idosos, o ventrículo esquerdo não fica totalmente cheio antes da contração do átrio esquerdo, o que faz com que essa contração do átrio esquerdo seja especialmente importante).

A contração do ventrículo esquerdo fecha a válvula mitral e impulsiona o sangue pela válvula aórtica até a aorta, a maior artéria do corpo. Esse sangue leva oxigênio a todo o corpo, exceto aos pulmões.

A circulação pulmonar é o trajeto entre o lado direito do coração, os pulmões e o átrio esquerdo.

A circulação sistêmica é o trajeto entre o lado esquerdo do coração, a maior parte do corpo e o átrio direito.

Referência:

  1. Fisiologia cardiovascular. In: Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. D. Silverthorn. Ed. Manole. 2a.edição, 2003, pp. 404-441. 

Cardiotocografia

A cardiotocografia anteparto é um exame de vitalidade fetal. É uma das maneiras que o seu bebê tem para avisar se está tudo bem ou se existe algum problema que possa estar afetando o seu bem estar.

Consiste no registro por cerca de 20 minutos da frequência cardíaca fetal, das contrações uterinas e da movimentação fetal.

Exemplo de cardiotocografia: em azul temos o registro da frequência cardíaca fetal e em vermelho vemos o registro das contrações uterinas.

São colocados dois cintos com sensores no abdômen da mãe, um irá captar a frequência cardíaca e o outro a contratilidade uterina.

Diferente dos exames de ultrassonografia, o equipamento será instalado por uma técnica e o médico apenas saudará o traçado posteriormente. Além disso um botão para registro dos movimentos fetais fica na mão da mãe durante o exame e deve ser apertado toda vez que a mãe percebe uma movimentação do bebê.

O exame pode ser realizado antes do trabalho e parto (cardiotocografia anteparto) ou durante o trabalho de parto (cardiotocografia intraparto).  Os principais itens avaliados na cardiotocografia anteparto são:

  • Presença ou não de contrações;
  • Linha de base (frequência cardíaca fetal média);
  • A variabilidade da linha de base (o quanto varia a frequência cardíaca ao longo do tempo);
  • A presença de acelerações transitórias (aumento da frequência cardíaca fetal logo após a movimentação fetal);
  • A presença de desacelerações (o que é mais frequentemente observado na cardiotocografia intraparto).

Cuidados de Enfermagem

Materiais Necessários

  • Gel condutor;
  • Tirantes ou faixas elásticas para sustentação dos eletrodos;
  • Lençol;
  • Papel toalha;
  • Equipamentos de proteção individual;
  • Álcool a 70%;
  • Hamper para roupas sujas;
  • Biombo;
  • Avental (se necessário);
  • Atadura de crepom e esparadrapo (se necessário).

Procedimento

  • Higienizar as mãos (ver POP de Higienização das Mãos).
  • Cobrir a maca com lençol limpo.
  • Chamar o paciente e confirmar o nome e número do prontuário no cartão de pré natal.
  • Apresentar-se a paciente e explicar o procedimento que será realizado, esclarecendo todas suas dúvidas antes de iniciar a execução.
  • Fornecer avental para o paciente se trocar, quando necessário.
  • Reunir material necessário para o exame, aproximando ao leito da paciente mesa auxiliar do Cardiotocógrafo.
  • Higienizar as mãos.
  • Paramentar-se com EPI, de acordo com as normas institucionais.
  • Posicionar a paciente em uma das seguintes posições: lateral reclinada, semi-sentada (de 30° até 45° ) ou vertical. Estas posições evitam a compressão da veia cava e da aorta.
  • Preservar a privacidade da paciente com a utilização de lençol e biombo.
  • Colocar as duas faixas elásticas ao redor do abdome da paciente;
  • Posicionar um transdutor “toco” no fundo uterino, sem gel condutor, e fixá-lo com uma das faixas elásticas.
  • Colocar o gel condutor e o transdutor “cárdio” em dorso fetal.
  • Ligar o aparelho e procurar o melhor foco com o transdutor lubrificado com gel.
  • Fixar a faixa elástica na presença de batimentos cardíacos fetais.
  • Preencher os dados da gestante no aparelho (nome completo e prontuário).
  • Ajustar a velocidade de registro do equipamento para 1 cm/min.
  • Ajustar a linha de base do eletrodo “toco” para 20 mmHg.
  • Explicar à gestante que ela deverá apertar o marcador de eventos ao perceber movimentos fetais.
  • Iniciar a impressão do traçado a partir da pressão do botão de início.
  • Marcar no papel eventos ocorridos: sinais vitais, sintomas maternos, medicações administradas e mudança de decúbito.
  • Aguardar por 20 minutos, podendo o exame ser estendido por tempo indefinido de acordo com avaliação médica.
  • Retirar o papel com o registro realizado e desligar o cardiotocógrafo.
  • Retirar as faixas elásticas e os eletrodos.
  • Remover o gel condutor com o auxílio de um papel toalha.
  • Manter a paciente em uma posição que lhe seja confortável se for necessário que ela permaneça em observação. Caso contrário, auxiliar que ela se levante da maca.
  • Retirar as luvas de procedimento.
  • Realizar higienização das mãos.
  • Preencher os dados da gestante e do exame (nome, nº prontuário, início e término).
  • Colocar luvas de procedimento.
  • Realizar a desinfecção do transdutor com Surfanios Premium NPC®.
  • Retirar o lençol da maca, se paciente for transferida para internação ou se exame de rotina.
  • Realizar a desinfecção da maca com álcool a 70%.
  • Retirar e desprezar luvas de procedimento.
  • Realizar higienização das mãos.

Referências:

  1. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA. HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY. Procedimento operacional padrão. Cardiotocografia anteparto. 2021. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/hulw-ufpb/acesso-a-informacao/gestao-documental/pop-procedimento-operacional-padrao/2021/umiunidade-materno-infantil/pop-umi-009-cardiotocografia-anteparto.pdf/view
  2. GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ. HOSPITAL REGIONAL DO SERTÃO CENTRAL. Procedimento operacional padrão. Cardiotocografia. 2020. Disponível em: https://www.isgh.org.br/intranet/images/Dctos/PDF/POPs/TIMBRADO_HRSC/ENFERMAGEM/POP_ISGH_HRSC_ENF_037_CARDIOTOGRAFIA_2020.pdf
  3. Ministério da Educação – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago Florianópolis-SC Procedimentos Operacionais Padrão: Unidade de Diagnóstico por Imagem (UDI), Atualizado em junho 2020. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-sul/hu-ufsc/acesso-ainformacao/pops/gerencia-de-atencao-a-saude/unidade-de-diagnostico-por-imagem/1-procedimento-operacional-padrao-da-unidade-de-diagnostico-por-imagem-hu-ufscebserh.pdf

 

Síndrome Coronariana Aguda (SCA)

A síndrome coronariana aguda (SCA) é um conjunto de sinais e sintomas que se relacionam com a obstrução das artérias coronárias, aquelas que irrigam o coração com o fluxo sanguíneo. Quando a obstrução de fato acontece, surge o risco de ocorrer o infarto agudo do miocárdio, mais conhecido como ataque cardíaco.

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. No Brasil, dados do governo mostram que 300 mil pessoas sofrem infartos por ano, com 30% dos casos sendo fatais.

Síndrome coronariana aguda: causas e sintomas

O sintoma mais representativo da síndrome coronariana aguda é a dor ou desconforto no peito (aperto), que pode irradiar-se para os braços, mandíbula e abdome. Alguns pacientes, especialmente diabéticos e idosos, podem não sentir dor, apenas náuseas, palidez e suor frio.

Qualquer desconforto abaixo do queixo e acima do umbigo pode ser infarto, principalmente em indivíduos exposto aos fatores de risco mencionados. Por isso a avaliação médica é importante.

Tratando a síndrome coronariana aguda

Como a síndrome coronariana aguda é uma emergência médica, seu tratamento deve ser ágil.

A terapia inicial consiste em cuidados médicos intensivos, monitorização contínua, aumento da oferta de oxigênio, analgésicos potentes, drogas que impedem a agregação de plaquetas, dificultam a formação de trombos (anticoagulantes), diminuem os níveis de colesterol e estabilizam as placas de gordura do interior dos vasos sanguíneos (estatinas).

É fundamental restaurar o fluxo sanguíneo coronariano por meio de cateterismo cardíaco de urgência com implante de stent (angioplastia). Em situações em que não há disponibilidade ou que o tempo de transferência ultrapassa 90 minutos, deve-se lançar mão de medicamentos que dissolvem coágulos formados (trombolíticos).

Cuidados de Enfermagem

  • Reconhecer e avaliar sistematicamente a evolução dos sinais e sintomas relacionados à isquemia;
  • Prevenir e identificar possíveis complicações;
  • Controlar dor no peito;
  • Prevenir lesões miocárdicas;
  • Realizar balanceamento do suprimento e demanda de oxigênio no miocárdio;
  • Manter um ambiente calmo;
  • Fornecer orientação ao paciente;
  • Envolver a família no tratamento;
  • Estabelecer relacionamento terapêutico e promover o autocuidado.

Referência: 

  1. http://www.brasil.gov.br/noticias/saude/2017/09/doencas-cardiovasculares-sao-principal-causa-de-morte-no-mundo

Bloqueadores de receptores da angiotensina (BRA)

O termo BRA é utilizado para denominar uma classe de medicamentos. Também são conhecidas como “sartanas” (lida como “zartânas”), porque todo este grupo de medicamentos têm em comum esta parte no nome.

São exemplos de BRAs: candesartana, eprosartana, irbesartana, losartana, olmesartana, telmisartana e valsartana. Suas principais indicações são para tratamento da pressão alta e da insuficiência cardíaca, embora possam ser usados em outras situações clínicas onde são bastante úteis.

Como funciona?

Os bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRAs) são uma classe de medicamentos que tem sua ação bloqueando os receptores AT1 para a ação da angiotensina II (1-5).

Simplificando a explicação para o funcionamento do sistema renina- angiotensina-aldosterona( SRAA), a renina é produzida na região do aparelho justaglomerular e irá ser convertida em angiotensina 1 que é inativa e que deverá sofrer a ação da enzima conversora da angiotensina (ECA) para então convertê-la em angiotensina II, a forma ativa.

A Angiotensina II, em contato com receptores, é responsável por inúmeras ações, inclusive elevação dos níveis da pressão arterial por vasoconstrição secundaria à ação direta na camada muscular da parede vascular, aumentando a contratilidade miocárdica, estimulando a liberação da aldosterona nas Adrenais, provocando retenção hídrica, também estimulando a secreção de catecolaminas e da ação do sistema Simpático.

A Angiotensina II também está envolvida em proliferação celular e em outras múltiplas ações.

São ativos por via oral, extensamente metabolizados pelo fígado e seu tempo de meia-vida em média é de 2 horas. Os metabólitos ativos apresentam um tempo de meia-vida de 6-9 horas. Todos os fármacos desta classe são administrados em dose única.

Efeitos Secundários

Os efeitos secundários são extremamente raros. Ao contrário dos inibidores da ECA, os BRA não causam tosse seca.

Mas de resto, os efeitos secundários são os mesmos para os BRA e para os inibidores da ECA. Incluem tonturas, comuns nos medicamentos que reduzem a pressão arterial. Mas o coração consegue funcionar melhor com estas tensões mais baixas. A sua pressão arterial será monitorizada regularmente.

Tal como os inibidores da ECA, os BRA podem afetar a função renal e aumentar os níveis de potássio. O seu médico monitorizará regularmente estes níveis.

Precaução e Contraindicação

Deve evitar-se o seu uso na gravidez, no aleitamento e em doentes que apresentem depleção de volume.

Tal como acontece com outros fármacos vasodilatadores, a sua utilização exige precaução em doentes com cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva, estenose aórtica, estenose mitral. Devem ser usados também com precaução em doentes com estenose da artéria renal (bilateral ou unilateral em doentes com rim único) e na IR.

Interações

O uso concomitante destes fármacos com suplementos de potássio, com fármacos poupadores de potássio ou com outros inibidores do eixo renina angiotensina pode agravar o risco de hipercalemia.

Nos doentes com IR deve proceder-se à determinação periódica dos valores de creatinina e de potássio séricos.

Os AINEs reduzem o efeito anti-hipertensor dos antagonistas da angiotensina e podem favorecer a ocorrência de IR aguda. À semelhança do que acontece com os IECAs, pode haver aumento das concentrações do lítio, quando esta substância é utilizada concomitantemente com os antagonistas dos recetores da angiotensina.

Referência:

  1. Heran BS, Musini VM, Bassett K, Taylor RS, Wright JM. Angiotensin receptor blockers for heart failure. Cochrane Database of Systematic Reviews 2012, Issue 4. Art. No.: CD003040. DOI: 10.1002/14651858.CD003040.pub2.