A Hipertermia maligna é uma síndrome de origem genética, onde os indivíduos susceptíveis, quando expostos a determinados anestésicos (especialmente inalatórios) desenvolvem um quadro hipermetabólico, que caso não seja tratado imediatamente pode evoluir para óbito.
Foi descrita inicialmente na Austrália, no ano de 1960, por Denborough e Lowell, posteriormente outros casos foram descritos por em Wisconsin e Toronto.
A síndrome recebe esse nome, porque os indivíduos acometidos apresentam quadro de hipertermia e, na época em que foi descrito, a taxa de mortalidade era muito elevada. A incidência no mundo todo varia de 1:3000 a 1:250000 anestesias.
Como ocorre?
A hipertermia maligna ocorre, na maioria dos casos, devido à mutação de um canal de cálcio da musculatura esquelética. Essa mutação pode resultar na liberação exacerbada de cálcio no músculo, quando na presença de alguns anestésicos.
Isso pode resultar na destruição da fibra muscular esquelética. Como há um elevado consumo de energia, aumento de produção de CO2 e rápido aumento da temperatura corporal, com consequências bioquímicas e hematológicas, também pode haver a evolução para choque irreversível e colapso cardiovascular.
Tipos
Pode apresentar-se sob duas formas: início agudo e fulminante ou instalar-se insidiosamente. Pode ocorrer quando o indivíduo recebe a sua primeira anestesia, mas em um terço dos casos ocorre nas anestesias subsequentes.
Sintomas
Os sintomas apresentados por portadores da síndrome são: taquipneia, taquicardia, rigidez muscular, cianose e outros sinais hipermetabólicos.
Diagnósticos
Como os indivíduos susceptíveis só desenvolvem o quadro clínico quando são expostos aos agentes desencadeante, o diagnóstico é difícil.
O método utilizado até hoje como padrão, é o teste de contratura in vitro, onde uma amostra da musculatura do indivíduo mandada para análise apresenta resposta contrátil aumentada na presença do anestésico halotano e cafeína. Como esse teste e muito invasivo, o diagnóstico torna-se prejudicado pela reduzida adesão.
Antagonista
Existe apenas uma única droga capaz de reverter a crise, que é o dantrolene sódico, droga bloqueadora do canal de cálcio.
Os indivíduos susceptíveis podem levar uma vida normal. Apenas necessitam portar algum tipo de identificação da susceptibilidade a hipertermia maligna. Existem anestésicos que são considerados seguros para essa parcela da população, sendo assim, esses indivíduos podem ser submetidos a qualquer procedimento cirúrgico.
O que fazer na hipótese de Hipertermia Maligna
Uma vez estabelecida a hipótese diagnóstica de Hipertermia Maligna, a equipe deve:
- Suspender os agentes desencadeadores imediatamente
- Hiperventilar o paciente, com alto fluxo de oxigênio (100%)– para atender a demanda metabólica
- Retirar os vaporizadores do circuito do equipamento de anestesia – Não é necessário trocar o equipamento de anestesia, pois isso acarretaria perda de tempo valioso para realizar outras medidas
- Administrar o Dantrolene – o prognóstico é influenciado significativamente pelo tempo entre o início dos sintomas e a administração do fármaco
- A anestesia será mantida com hipnóticos, opióides e bloqueadores neuromusculares adespolarizantes, conforme a necessidade do paciente
- Resfriar o paciente. Utilizar resfriamento externo (aplicação de bolsas de gelo, colchão térmico) e interno (infusão de soluções geladas intravenosas, retais, vesicais– resfriamento ativo), se necessário, até atingir 38ºC – para evitar hipotermia
- Monitorar a temperatura corporal
- Corrigir a acidose metabólica e reduzir a hipercalemia
- Tratar as arritmias cardíacas – geralmente são controladas com a correção da acidose de da hipercalemia
- Manter diurese acima de 2ml/kg/h – com hidratação ou diuréticos
- Concluir a cirurgia o mais rápido possível
Referências:
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipertermia_maligna
- http://www.saj.med.br/hipertermia_maligna.htm
- http://medicalsuite.einstein.br/diretrizes/anestesia/hipertermia-maligna.pdf
- http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=119&id=18660
- http://www.centrodeestudos.org.br/pdfs/hipertermia.pdf
- http://www.rbaonline.com.br/files/rba/jul96302.pdf
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