Tipagem Sanguínea em Animais Domésticos

A Terapia transfusional é uma prática que tem aumentado de maneira significativa na Medicina Veterinária. Os Cães e Gatos de estimação tem grande probabilidade de serem submetidos à transfusões de sangue durante a vida.

São várias as indicações: Procedimentos cirúrgicos, injúria esplênica traumática, sangramentos severos após enfermidades, choque volêmico, envenenamentos ou acidentes.

Os Tipos Sanguíneos

Em Gatos

A determinação do tipo sanguíneo pode evitar erros potencialmente fatais em transfusões e assegurar os benefícios deste procedimento nos gatos têm sido descritos três grupos sanguíneos:

  • Tipo A;
  • Tipo B;
  • Tipo AB.

Os Gatos Tipo B possuem uma grande quantidade de anticorpos Anti A e se receberem sangue Tipo A têm uma reação anafilática sistêmica grave, imediata e na maioria das vezes fatal. Os Gatos Tipo A possuem baixos níveis de anticorpos Anti B e apresentarão apenas uma leve reação quando recebem sangue Tipo B.

A sobrevida das hemácias recebidas é de dois dias. Estes animais ficarão sensibilizados e em uma segunda transfusão incompatível desenvolverão reação transfusional séria.

Os Gatos Tipo AB podem receber qualquer tipo de sangue que não irão desenvolver reação transfusional e a sobrevivência das células vermelhas é normal, em média 35 dias.

A tipagem sanguínea em gatos é também importante na tomada de decisões em cruzamentos visto que os grupos sanguíneos em gatos são herdados como traços autossômicos simples.

Tipagem Sanguínea em gatos é igual a humanos?

Os felinos possuem tipos sanguíneos semelhantes ao sistema ABO dos humanos, porém sem a existência do fator Rh.

Em Cães

Atualmente já foram descritos mais de uma dúzia de grupos sanguíneos em cães. O maior e mais imunogênico é DEA 1.1 para o qual o cão pode ser positivo ou negativo.

Os Animais DEA + só poderão doar sangue para indivíduos do mesmo grupo evitando uma potente reação transfusional hemolítica aguda.

Os Indivíduos DEA – podem doar sangue para DEA + ou DEA – Outros grupos sanguíneos ainda em estudo são DEA 7, DEA3, DEA4. A tipagem sanguínea é  o protocolo essencial para garantir uma transfusão bem sucedida na prática hemoteráptica veterinária.

Em Equinos

Nos equinos, 7 sistemas de grupos sanguíneos são reconhecidos internacionalmente (A, B, C, D, K, P, Q, U) que incluem 32 antígenos, devido às várias combinações antigênicas, aproximadamente 400.000 tipos sanguíneos são possíveis, e não existe um doador universal.

Os aloantígenos Aa e Qa são extremamente imunogênicos, e a maior parte dos casos de isoeritrólise neonatal são associados aos anticorpos anti-Aa e anti-Qa.

Um antígeno encontrado na espécie Equus asinus (burro) não foi encontrado em cavalos e é apresentado apenas por burros e mulas.

Em Bovinos

Nos bovinos, 11 sistemas de grupos sanguíneos são reconhecidos internacionalmente (A, F, J, L, M, Z, R’, B, C, S, T’), mas os grupos B e J são os que apresentam maior importância clínica.

O grupo B é extremamente complexo, tornando a compatibilidade entre transfusão muito difícil. O antígeno J é um lipídeo que é encontrado nos líquidos corporais e é adsorvido pelo eritrócito, ou seja, não é realmente um antígeno eritrocitário.

Os bezerros recém-nascidos não apresentam o antígeno J, mas geralmente o adquirem durante os primeiros 6 meses de vida. Existem variações quanto à quantidade de antígeno J que está presente, alguns bovinos podem ter anticorpos anti-J e, portanto, desenvolvem reações transfusionais quando recebem sangue J-positivo.

Vacinas de “origem sanguínea” (algumas vacinas para anaplasmose e babesiose) podem sensibilizar as vacas aos antígenos eritrocitários, o que pode resultar em uma isoeritrólise neonatal nos bezerros subsequentes.

Em Ovinos

Nos ovinos, 7 sistemas de grupos sanguíneos são reconhecidos internacionalmente (A, B, C, D, M, R, X). O sistema B nestes animais é análogo ao sistema B dos bovinos, e o sistema R é similar ao sistema J dos bovinos (os antígenos são solúveis e possivelmente adsorvidos ao eritrócito).

Em Caprinos

Os grupos sanguíneos dos caprinos (A, B, C, M, J) são muito similares aos dos ovinos. Muitos reagentes utilizados para a tipagem de ovinos têm sido utilizados para a tipagem de caprinos.

Em Suínos

Nos suínos, 16 sistemas de grupos sanguíneos são reconhecidos internacionalmente (A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P). O sistema A está relacionado com J bovino, A humano e E ovino.

Os fatores A e O não são componentes intrínsecos da membrana eritrocitária (assim como o J dos bovinos, são antígenos solúveis adsorvidos ao eritrócito após algumas semanas de vida).

Em Camelídeos

Em duas espécies de camelídeos da América do Sul (lhamas e alpacas), 6 fatores e 5 sistemas de grupos sangüíneos foram identificados (A, B, C, D, E, F). Sendo que A e B fazem parte do mesmo sistema denominado A.

Referências:

  1. BRAMS-OGG, A. C. G. Practical Blood Transfusion. In: DAY, M.; MACKIN, A.; LITTLEWOOD, J. Manual of Canine and Feline Haematology and Transfusion Medicine. 1 ed. Hampshire: British Small Animal Veterinary Association, 2000. Cap.2, p.263-303.

  2. FELDMAN, B.F.; ZINKL, J. G.; JAIN, N. C. Schalm’s  Veterinary  Hematology. 5 ed. Philadelphia : Lippincott Williams & Wilkins, 2000. 1344p.

  3. HARVEY, J. W. The erythrocyte: physiology, metabolism and biochemical disorders. In: KANEKO, J.J.; HARVEY , J.W.; BRUSS, M.L. Clinical Biochemistry of Domestic Animals. 5 ed. San Diego : Academic Press USA , 1997. Cap.7,  p.157-203.

  4. JAIN, N. C. Essencials of veterinary hematology. Philadelphia : Lea & Febiger, 1993. 417 p.

  5. NOVAIS, A. A. Prevalência dos antígenos eritrocitários caninos em cães domésticos e investigação dos parâmetros hematológicos e da ocorrência de antígenos eritrocitários em lobos-guará e cachorros-do-mato. Tese (Doutorado em Clínica Médica Veterinária ) – Faculdade de Ciência Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual de São Paulo, Campus de Jaboticabal, 2003.

Temperatura Corporal dos Animais Domésticos

Ao contrário do que muitos pensam, a temperatura normal nos animais é bem diferente da normal nos humanos, o que é considerado febre nos humanos pode ser muitas vezes a temperatura normal em algumas espécies.

Compreender essa variação de temperatura pode não apenas trazer uma nova informação sobre a natureza dos animais de estimação, mas também, no caso de animais exóticos, permitir a criação em um ambiente melhor e mais adequado para a espécie.

Animais Exóticos

Alguns animais como o jacaré, a tartaruga, o sapo, entre outros animais exóticos, são classificados como pecilotermos, ou animais de sangue frio.

No caso deles, a temperatura corporal se altera de acordo com a temperatura ambiente, ou seja, ao optar por criar um animal pecilotermo precisa ter cuidados extras tanto no frio quanto no calor, utilizando climatizadores e acessórios específicos para o habitat estar sempre adequado às necessidades do pet.

Caso não tenha cuidados desse tipo, a tendência é o bichinho não suportar as mudanças climáticas e parar até de comer.

Animais Domésticos

Já os cães, gatos, e outros mamíferos, são classificados como homeotermos, ou animais de sangue quente. Esses já conseguem manter a mesma temperatura corporal, independente se for um clima mais frio ou mais quente.

Isso ocorre pois a regulação da temperatura funciona da mesma maneira que nos humanos, independente de como está o ambiente ela fica constante, mas cada espécie tem uma temperatura corporal diferente, que é considerada normal.

Por exemplo, a temperatura ideal nos humanos é em torno dos 36,5°C, nos cachorros é entre 38ºC e 39,2ºC, podendo variar para mais nos momentos que está muito agitado, nos gatos é entre 38ºC e 39ºC, e as aves, que têm um metabolismo bem acelerado, podem chegar aos 39°C normalmente sem estar febris.

Por essa diferença que quando se mede a temperatura de um desses pets algumas pessoas se assustam por achar que ele está com febre.

Essa variação é de acordo com a espécie, e, por isso, antes de achar que o bichinho está com febre alta e ficar preocupado, é interessante pesquisar sobre a espécie do pet em questão.

Para ter como comparação, o hamster, que é um mamífero como os cães e gatos, tem uma temperatura considerada normal, diferente da deles, o ideal é ter entre 36,1ºC e 37,7ºC. Para solucionar outras dúvidas, é indicada uma pesquisa sobre a temperatura do corpo do pet para que se consiga entender melhor e atender às suas necessidades.

Tabela de Temperatura Corporal

Animal Temperatura (Celsius)
Cavalo 37,5 a 38,5
Potro 37,5 a 39,0
Boi 38,5 a 39,5
Vaca 37,5 a 39,5
Bezerro de seis meses 39,0 a 40,0
Ovelha e cabra 39,0 a 40,5
Porco 38,0 a 40,0
Leitão de três meses 39,5 a 40,1
Cão grande 37,4 a 39,0
Cão pequeno 38,0 a 39,0
Gato 38,0 a 39,0
Galo e galinha 41,5 a 42,5

Referências:

  1. Referência: ROCHA, N.C.; MORAES, I.A. Termorregulação nos animais. Homepage da Disciplina Fisiologia Veterinária da UFF. 2017.