Síndrome de Capgras

A síndrome de Capgras é um quadro delirante onde o indivíduo acredita que uma pessoa foi substituída por um clone. O delírio costuma atingir pessoas próximas ao pacientes, já que nutrem um laço afetivo mais vigoroso. Com isso, o indivíduo com a síndrome pode conviver com a família imaginando que todos são impostores.

Ainda que a síndrome atinja a percepção de apenas um sósia, nada impede que ela se estenda a mais pessoas. Contudo, ela não se limita apenas a interação humana. O indivíduo pode acreditar que animais, lugares significativos a ele e objetos também foram substituídos. Em alguns casos, ele pode não reconhecer a si mesmo.

No conjunto de síndromes com falsa identificação, a síndrome de Capgras costuma ser a mais comum. Ainda assim, a mesma acaba afetando o relacionamento desse paciente com essas pessoas. A confiança, por exemplo, já que ele acredita que todos ao redor possam estar conspirando contra. isso pode fazer com que se sinta perseguido ou vigiado.

As Causas

É notado um certo padrão, visto que afetam as funções regulares no cérebro do paciente em relação as associações. Em geral, se origina da degradação cerebral, que pode ser provocada por:

Transtornos psicóticos

Essa síndrome pode vir associada de diversos transtornos psicóticos, como a esquizofrenia, por exemplo. Ela pode originar vários sintomas, dentre eles, a Capgras. Dessa forma, o paciente pode alimentar delírios, despersonalização e acreditar que tudo ao redor é montado. Ademais, a depressão psicótica e transtorno esquizo-afetivo contribuem.

Lesões ou traumas cerebrais

Traumas cranioencefálicos podem contribuir negativamente ao aparecimento da síndrome. A depender da gravidade, alimentam diretamente o aparecimento da síndrome. Sem contar também que lesões ou doenças cerebrais podem dar início ao problema. A exemplo, quadros frequentes de epilepsia ou tumores das mais diversas ordens.

Demência

Por conta da degeneração das funções cerebrais, a identificação de objetos próximos pode ficar comprometida gradualmente. O indivíduo ainda poderá reconhecer a voz e aparência de alguém ou de um objeto, mas acreditará que se trata de uma simulação. Isso costuma ser frequente em pacientes com Parkinson ou doença de Alzheimer.

Sinais e Sintomas

A síndrome de Capgras é bastante demarcada pelos sinais que apresenta no indivíduo e não passam despercebidos. De início, quem está próximo pode se sentir confuso com toda a situação. Caso os sinais abaixo comecem a surgir, é necessário buscar a orientação de um psicoterapeuta para avaliar a condição do paciente. Atente-se a:

Identificação falsa

Sendo um dos principais sintomas, ele acredita que alguém próximo se trata de um impostor. Basicamente, sua mente o leva a crer que algumas coisas ao redor se tratam de um jogo de substituição. Com isso, ele acredita que um clone ou sósia assumiu o lugar de uma pessoa bastante próxima a ele.

Mudança na resposta emocional

Por causa da impressão acima, o indivíduo passa a evitar e rejeitar a pessoa que ele acredita ser um substituto. Entretanto, sentimentos de culpa podem aflorar nesse indivíduo, dificultando o item acima. Ainda que acredite ser uma pessoa falsa, por respeito a imagem da verdadeira, ele pode entrar em conflito emocionalmente.

Sensação de irrealidade

Tudo pode parecer estranho ou desencaixado, por mais que nada tenha mudado. Isso pode vir na sensação de um ambiente perfeitamente projetado, situações manipuladas ou resultados esperados. Sem contar que isso também acaba atingindo ele mesmo. Isso porque pode surgir a sensação de irrealidade, fazendo sentir a divisão de sua mente e corpo.

Tratamentos

Para tratarmos a síndrome de Capgras precisamos nos atentar que a duração dela pode variar bastante. Com isso a mesma se mostra passageira, transitória e, em alguns casos, crônica. Dessa forma, fica difícil precisar um tratamento a ela, pois isso deve ser direcionado à patologia associada.

Além da terapia, um psiquiatra pode receitar antipsicóticos para trabalhar os transtornos mentais envolvidos. Com isso, os sinais que dão impulso à síndrome podem diminuir consideravelmente, dando mais autonomia ao paciente. À medida em que as causas principais forem assistidas, o paciente pode ter mais qualidade de vida.

Ademais, cabe frisar o uso de anticonvulsivos às patologias que afetam o cérebro, como a epilepsia. Em casos mais graves, a internação é recomendada, visto que o paciente põe risco à própria vida. Já que ele acredita que pode ser um impostor, pode infligir ferimentos na própria pele. A preocupação com o suicídio deve ser levada em conta.

Referências:

  1. https://saude.hsw.uol.com.br/sindrome-de-capgras.htm
  2. https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Capgras

Eletroconvulsoterapia (ECT)

A Eletroconvulsoterapia, ou ECT, é uma das mais tradicionais terapias de neuroestimulação e continua sendo muito utilizada em todo o mundo.

É um tratamento psiquiátrico no qual são provocadas alterações na atividade elétrica do cérebro induzidas por meio de passagem de corrente elétrica.

Indicações

A ECT apresenta uma rápida resposta terapêutica, o que a torna altamente recomendada para pacientes com risco de suicídio, negativismo intenso e catatonia, além dos casos de psicoses que podem oferecer risco a terceiros.

Como é feito a Terapia?

Para maior segurança e conforto do paciente, o tratamento é feito sob anestesia geral. Ao contrário do que acredita o senso comum, o procedimento não é doloroso, e a anestesia tem o papel de promover o relaxamento muscular, evitando espasmos mais fortes durante a aplicação.

O tratamento consiste na indução de uma convulsão controlada, com duração média de 25 segundos, monitorada por eletroencefalograma, eletrocardiograma e oximetria. Para isso, o paciente é estimulado com uma corrente elétrica de pulso breve ou ultra breve, controlada por computador, com duração de 5 a 7 segundos. O número de sessões necessárias varia conforme o caso e é definido pelo psiquiatra, levando em consideração a resposta do paciente às aplicações.

As sessões podem ser feitas com o paciente internado ou ambulatorialmente. Todo o procedimento dura em torno de 40 minutos, com a liberação do paciente alguns instantes após a sessão.

Possíveis Complicações

Os efeitos colaterais imediatos mais frequentes da terapia eletroconvulsiva (ECT) são cefaleia, náusea e êmese, que variam conforme o anestésico utilizado.

Mais de 45% dos pacientes referem cefaleia, que pode ser tratada sintomaticamente com uso de analgésicos.

Os pacientes que sofrem de ataques de enxaqueca de maneira regular estão mais predispostos a apresentar cefaleia após a ECT. Náusea e êmese ocorrem mais raramente após o procedimento anestésico e podem ser tratadas de maneira sintomática, em geral com uso de metoclopramida.

Durante a aplicação da ECT podem ocorrer arritmias cardíacas, geralmente leves e transitórias, em especial nos pacientes com doença cardíaca prévia. As arritmias resultam da breve bradicardia pós-ictal e, portanto, podem frequentemente ser prevenidas pelo aumento da dosagem de medicação anticolinérgica. Outras arritmias são secundárias à taquicardia observada durante a convulsão e podem ocorrer enquanto o paciente retorna à consciência.

A ocorrência de dores musculares e, mais raramente, de fraturas, devido à atividade motora convulsiva também faz parte das complicações associadas à ECT. Entretanto, o pré-tratamento com agente curarizante durante procedimento anestésico reduz consideravelmente a ocorrências destes eventos.

Alguns Cuidados de Enfermagem

  • Orientar ao paciente e os familiares quanto ao tratamento;
  • Preparar o paciente para o tratamento deverá acompanhá-lo, durante e após cada sessão do tratamento, para lhe dar apoio;
  • No dia do tratamento o paciente deverá:
    • Permanecer em jejum absoluto, a fim de evitar vômitos e refluxo destes para as vias respiratórias;
    • Ser levado ao banheiro e ser estimulado a urinar e evacuar, pois o tratamento provoca relaxamento momentâneo dos esfíncteres anal e uretral;
    • A enfermagem precisará estar atenta para que o paciente o aproveite a oportunidade para beber água;
    • Retirar próteses dentárias, óculos, grampos ou qualquer outro objeto de metal de uso habitual;
    • Conservar os cabelos secos
    • Usar roupas folgadas de preferência roupas do hospital que permitam ampla movimentação.
  • O controle dos sinais vitais do paciente é de suma importância para se evitar complicações. Se houver discrepância em relação ao parâmetro obtido antes do início da série de aplicações, o tratamento deverá ser suspenso até nova avaliação médica;
  • Se a temperatura foi de 37°C ou estiver acima deste valor, a enfermeira deverá medi-la após 30 minutos aproximadamente; se a temperatura se mantiver o médico deverá ser avisado antes da aplicação do tratamento;
  • A sala de tratamento deve conter: oxigênio; aspirador; carro ou mesa de anestesia com medicação específica e material de intubação; e carrinho contendo o aparelho de eletrochoque, fio de extensão, benjamim, máscara para aplicação de oxigênio, sondas para aspiração de secreção do orofaringe, cateter nasal para oxigênio, medicação demergência, seringas e agulhas para aplicação de medicação intravenosa e intramuscular, garrote, algumas bolas de algodão secas e outras embebidas em álcool, solução de água e sal e material de restrição para o caso de agitação intensa após o tratamento;
  • Aspirador, fio de extensão, benjamim, fornecimento de oxigênio e aparelho de eletrochoque devem ser testados antes de cada sessão de tratamento, devendo este último permanecer ligado por aproximadamente 30 minutos antes do tratamento;
  • A cama do paciente deve ser baixa, fixa, com estrado firme e colchão duro;
  • A sala onde é feito o tratamento deve permitir o isolamento entre os pacientes, para evitar que um assista o tratamento do outro, e que fique mais ansioso e se negue a ser submetido ao tratamento se e quando for necessário;
  • Durante o tratamento devem ser evitados comentários desnecessários sobre qualquer assunto, pois o paciente pode ouvi-los eo entendê-los devido à ansiedade, à anestesia ou ao período confusional que ocorre logo após a aplicação, o que o tornaria mais apreensivo e ansioso. A comunicação entre os membros da equipe tem que ser cuidada;
  • Preparados satisfatoriamente, o paciente e o material, para o tratamento, procede-se à aplicação do mesmo;
  • A manutenção de ambiente adequado durante todo o tratamento é da competência da enfermagem.

Referências:

  1. Associação Médica Brasileira;
  2. August 1983 Revista da Escola de Enfermagem da U S P 17(2):145-152 DOI: 10.1590/0080-6234198301700200145