Hiperêmese gravídica

A hiperêmese gravídica (HG) consiste no quadro clínico caracterizado pela presença de náuseas e vômitos (êmese) que ocorre principalmente, mas não exclusivamente, no primeiro trimestre gestacional.

Quando as náuseas e vômitos são frequentes e persistentes, podem progredir até levar a distúrbios nutricionais e metabólicos, como redução de peso, desidratação e cetonúria.

Não se pode confundir a chamada doença da manhã com a hiperêmese gravídica. A primeira é experimentada por aproximadamente 70-80% das gestantes, enquanto que a segunda, que não é muito comum, trata-se do caso extremo da primeira.

Causas

Não se sabe ao certo a causa da HG. Acredita-se que ela resulte de um conjunto de fatores, como:

  • Resposta anormal à gonadotrofina coriônica humana;
  • Citotoxinas, sintetizadas a partir de substâncias encontradas nas vilosidades coriônicas, que alcançam a corrente sanguínea;
  • Deficiência de vitamina B6;
  • Reação gastrointestinal de etiologia psicossomática.

Sintomas

O principal sintoma da hiperêmese gravídica são os vômitos frequentes e que chegam a incapacitar o cotidiano e o dia a dia da paciente.

 Esses vômitos são acompanhados de enjoos frequentes e também de outros processos fisiológicos, como, a perda de peso em decorrência dos vômitos e a desidratação severa.

Tratamento

Normalmente, o tratamento da hiperêmese gravídica depende do apoio de um médico ou mesmo de um hospital, já que a paciente pode ficar severamente desidratada.

Além do uso de medicamentos para enjoo indicados para as gestantes, também podem ser usadas injeções endovenosas para repor os líquidos perdidos.

Normalmente, a hiperêmese gravídica diminui ou mesmo desaparece completamente depois de 20 semanas de gestação.

Cuidados de Enfermagem

Apoio psicológico, ações educativas desde o início da gravidez, bem como reorientação alimentar, são as melhores maneiras de evitar os casos mais complicados. Nas situações de emese persistente, o profissional de saúde deve prescrever drogas antieméticas, por via oral ou intravenosa, além de hidratação.

Referências:

  1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hiper%C3%AAmese_grav%C3%ADdicahttp://www.gestantes.net/hiperemese-gravidica/http://brasil.babycenter.com/pregnancy/complicacoes/hiperemese/
  2. http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,EMI1891-10566,00.html
  3. http://www.consultormedico.com/consultar-doencas/outras/hiperemese-gravidica.html

Dignidade Menstrual: Tenha acesso a absorventes gratuitos pelo SUS

Dignidade Menstrual é um programa do governo federal que visa garantir o acesso a absorventes higiênicos para mulheres em situação de vulnerabilidade social.

O programa foi criado em 2023, após a aprovação da Lei nº 14.189, que instituiu a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher.

O objetivo é promover a saúde, a educação e a cidadania das mulheres, além de combater a pobreza menstrual, que afeta milhões de brasileiras.

Como ter acesso aos absorventes gratuitos?

Quem tem direito

Pessoas com idade entre 10 e 49 anos de idade (considerada como idade fértil) e que estão inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal.

Além disso, é necessário estar em uma das seguintes situações:

– Estar em situação de vulnerabilidade social extrema (renda familiar mensal de até R$ 218 por pessoa);
– Ser estudante da rede pública de ensino e de baixa renda (meio salário mínimo);
– Estar em situação de rua.

Como retirar o absorvente gratuito

– Apresentar a autorização emitida no aplicativo Meu SUS digital; <https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/seidigi/meu-sus-digital> ;
– Levar documento de identidade com foto e CPF.

Onde retirar o absorvente?

      – Acesse a lista de farmácias onde pode ser retirado o item de higiene

O programa Dignidade Menstrual beneficia cerca de 20 milhões de mulheres em todo o país, especialmente aquelas que vivem em situação de extrema pobreza, que são beneficiárias do Bolsa Família, que estão em situação de rua ou que são privadas de liberdade.

A iniciativa também contempla meninas em idade escolar, que podem receber os absorventes nas escolas públicas onde estudam.

O acesso aos absorventes gratuitos pelo SUS é um direito das mulheres e uma forma de garantir sua dignidade, sua saúde e seu bem-estar.

Se você se enquadra nos critérios do programa, procure uma unidade de saúde, Centros de Referência em Assistência Social (Cras), Centros Pop ou equipes do Consultório na Rua  para orientações e faça seu cadastro. Se você conhece alguém que precisa desse benefício, compartilhe essa informação e ajude a divulgar essa importante política pública.

Referências:

  1. Ministério da Saúde
  2. https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2024/01/23/distribuicao-de-absorventes-via-farmacia-popular-reforca-programa-aprovado-pelo-congresso

Os Exames Pré-Natal

Os exames pré-natal são importantes para acompanhar a saúde da mãe e do bebê durante a gravidez. Eles permitem identificar possíveis problemas, como infecções, anemia, diabetes gestacional, incompatibilidade sanguínea, malformações fetais, entre outros.

O Homem também participa do exame pré-natal!

O procedimento “Consulta Pré-Natal do Parceiro” foi incluído no rol do Sistema Único de Saúde, sob o número 03.01.01.023-4.

A consulta avalia o estado geral de saúde do pai/parceiro, devendo ser solicitado os exames de rotina de acordo com os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde, testes rápidos, atualização do cartão de vacinas (conforme calendário nacional de vacinação), orientações sobre a gravidez, parto, pós parto, amamentação e direitos do pai/parceiro.

Além de incluir a consulta pré-natal, a Portaria 1.474/2017 da Secretaria de Assistência à Saúde/MS modifica a numeração dos procedimentos de testes rápidos para detecção de sífilis e de HIV na gestante, permitindo identificar a inclusão do pai ou parceiro.

O programa de pré-natal do homem foi normatizado pelo Ministério da Saúde em 2011 para prevenir doenças e combater essa desigualdade, estimulando a paternidade ativa e cuidadora antes, durante e depois do nascimento.

Os exames pedidos ao parceiro

  • Espermograma: avalia a quantidade, a qualidade e a mobilidade dos espermatozoides. Pode ser solicitado antes da concepção, para verificar a fertilidade do homem, ou durante a gravidez, para descartar alterações que possam afetar o desenvolvimento do feto.
  • Tipagem sanguínea e fator Rh: determina o tipo de sangue e o fator Rh do homem. É importante para prevenir a incompatibilidade sanguínea entre o pai e o bebê, que pode causar anemia hemolítica no recém-nascido.
  • Sorologias: são exames de sangue que detectam a presença de anticorpos contra doenças infecciosas, como HIV, sífilis, hepatites B e C, toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus. Essas doenças podem ser transmitidas da mãe para o bebê durante a gestação ou o parto, ou do pai para a mãe através do contato sexual. Por isso, é importante que o casal faça os exames e receba o tratamento adequado, se necessário.
  • Teste genético: analisa o material genético do homem para identificar possíveis alterações cromossômicas ou mutações que possam causar doenças hereditárias no bebê. Pode ser feito através de uma amostra de sangue ou de saliva. É indicado para casais que tenham histórico familiar de doenças genéticas, idade avançada ou abortos espontâneos repetidos.
  • Dosagem hormonal: mede os níveis de hormônios como testosterona, prolactina e tireoide no sangue do homem. Esses hormônios podem influenciar na fertilidade, na libido e na saúde geral do pai e do bebê. Alterações hormonais podem indicar problemas como hipogonadismo, hiperprolactinemia ou hipotireoidismo, que devem ser tratados adequadamente.
  • Glicemia de jejum: mede o nível de açúcar no sangue. Esse exame pode detectar alterações como diabetes ou pré-diabetes, que podem afetar a fertilidade masculina e aumentar o risco de malformações fetais.
  • Hemograma completo: avalia os níveis de hemoglobina, hematócrito, leucócitos e plaquetas. Detecta casos de anemia, infecções ou alterações na coagulação.

Exames pedidos à gestante

  • Tipagem sanguínea: verifica o tipo de sangue e o fator Rh da mãe e do bebê. Se a mãe for Rh negativo e o bebê Rh positivo, pode haver risco de rejeição imunológica, que pode ser prevenida com injeção de imunoglobulina.
  • Papanicolau: rastreia o câncer do colo do útero e outras doenças ginecológicas. Deve ser feito regularmente por todas as mulheres, inclusive as grávidas.
  • Hemograma completo: avalia os níveis de hemoglobina, hematócrito, leucócitos e plaquetas. Detecta casos de anemia, infecções ou alterações na coagulação.
  • Glicemia de jejum: mede o nível de açúcar no sangue e indica se há tendência ao diabetes gestacional, que pode causar complicações para a mãe e o bebê.
  • Sorologia para HIV, hepatite B e C, citomegalovírus e outras infecções: verifica se a mãe tem alguma dessas doenças que podem ser transmitidas para o bebê durante a gestação, o parto ou a amamentação. O tratamento precoce pode reduzir o risco de transmissão vertical.
  • Ultrassonografia: usa ondas sonoras para gerar imagens do bebê e da placenta. Permite estimar a idade gestacional, a data provável do parto, o sexo do bebê, o número de fetos, o crescimento fetal, a posição fetal, a quantidade de líquido amniótico e a presença de malformações ou anomalias.

Os exames pré-natal devem ser realizados de acordo com a orientação do médico obstetra, que irá solicitar os exames mais adequados para cada caso.

Em geral, recomenda-se iniciar o pré-natal no primeiro trimestre da gravidez e fazer consultas regulares até o momento do parto. O pré-natal é essencial para garantir uma gravidez saudável e segura para a mãe e o bebê.

Referências:

  1. https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/principais-questoes-sobre-exames-de-rotina-do-pre-natal/
  2. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pre_natal_profissionais_saude.pdf

Medicamentos utilizados na Sala de Parto

Para dispensar um atendimento adequado às necessidades da gestante e do bebê é necessário que os profissionais de saúde detenham o conhecimento básico sobre a classificação de risco que determinados medicamentos se enquadram.

Os medicamentos utilizados na sala de parto podem ter diferentes finalidades, como aliviar a dor, acelerar o trabalho de parto, prevenir hemorragias, tratar infecções ou reanimar o recém-nascido.

Fármacos utilizados em Sala de Parto

  • Ocitocina: é um hormônio que estimula as contrações uterinas e ajuda na descida do bebê. Também é usada após o parto para evitar sangramentos excessivos e facilitar a saída da placenta.
  • Analgésicos: são medicamentos que reduzem a sensação de dor, mas não a eliminam completamente. Podem ser administrados por via oral, intravenosa ou intramuscular. Alguns exemplos são dipirona, paracetamol e opioides (como fentanilo ou morfina).
  • Anestésicos: são medicamentos que bloqueiam a transmissão dos impulsos nervosos e causam perda de sensibilidade em uma parte do corpo ou em todo ele. Podem ser aplicados por via inalatória, epidural ou raquidiana. Alguns exemplos são óxido nitroso, lidocaína e bupivacaína.
  • Antibióticos: são medicamentos que combatem as infecções causadas por bactérias. Podem ser necessários em casos de ruptura prematura das membranas, corioamnionite, infecção urinária ou puerperal, entre outras situações. Alguns exemplos são amoxicilina, cefalosporinas, clindamicina e eritromicina.
  • Expansores de volume: são soluções que aumentam o volume sanguíneo e melhoram a circulação. Podem ser usados em casos de hipotensão, hemorragia ou choque. Alguns exemplos são soro fisiológico, ringer lactato e albumina.
  • Adrenalina: é um hormônio que atua sobre o coração e os vasos sanguíneos, aumentando a frequência cardíaca, a pressão arterial e o fluxo de oxigênio. É usada na reanimação do recém-nascido quando há bradicardia ou asfixia.
  • Sulfato de Magnésio: é um eletrólito usado para prevenir e tratar convulsões em mulheres com pré-eclâmpsia ou eclâmpsia, condições que podem causar pressão alta e problemas nos rins, fígado e cérebro durante a gravidez. Também pode reduzir o risco de danos cerebrais nos bebês prematuros. Pode causar efeitos colaterais como sonolência, fraqueza, náusea, dor de cabeça e rubor. Em casos raros, pode causar problemas respiratórios, cardíacos ou neurológicos graves. Por isso, é importante monitorar a paciente e o bebê durante o uso do sulfato de magnésio na sala de parto.
  • Ergometrina: é um medicamento que atua sobre o útero, causando contrações e diminuindo o sangramento após o parto. No entanto, seu uso rotineiro na sala de parto não é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pois pode ter efeitos colaterais indesejáveis, como aumento da pressão arterial, náuseas, vômitos e dor de cabeça. Além disso, a ergometrina oral não é eficaz para prevenir ou controlar hemorragias, e a ergometrina parenteral só deve ser usada em casos de alto risco ou emergência. A OMS sugere que a ocitocina seja usada como profilaxia no terceiro estágio do trabalho de parto, pois é mais segura e efetiva do que a ergometrina. Portanto, a ergometrina na sala de parto deve ser evitada, a menos que haja uma indicação clara e específica para seu uso.

Os medicamentos utilizados na sala de parto devem ser prescritos pelo médico responsável e administrados pelo enfermeiro obstetra ou pelo anestesista, conforme o caso.

É importante que a parturiente seja informada sobre os benefícios e os riscos de cada fármaco, bem como sobre as possíveis alternativas não farmacológicas para o alívio da dor e o manejo do trabalho de parto.

Referências:

  1. https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60137/tde-02102009-131223/publico/Mestrado.pdf
  2. Recomendações da OMS na Assistência ao Parto Normal – Bahia
  3. Boas práticas de atenção ao parto e ao nascimento
  4. CLASSIFICAÇÃO DE PRÁTICAS NO PARTO NORMAL – Moodle USP: e-Disciplinas
  5. https://www.unasus.gov.br/noticia/voce-conhece-recomendacoes-da-oms-para-o-parto-normal

Partograma: Como é preenchido?

O partograma é uma representação gráfica do trabalho de parto, conforme exigência do governo federal, contando a história do nascimento de um ponto de vista médico.

Para todos os procedimentos médicos, há um prontuário a ser preenchido, com as informações do paciente, medicações, sintomas e tudo que diz respeito ao andamento do tratamento.

O partograma é o documento oficial que deve ser preenchido pela equipe médica ao longo do trabalho de parto.

Como mencionamos, ele é uma representação gráfica da evolução do parto.

Há algumas variações nos modelos, mas ele basicamente registra a frequência das contrações uterinas, os batimentos cardíacos fetais e a dilatação cervical materna com o passar das horas.

Esses registros servem para avaliação posterior se o trabalho de parto está dentro dos padrões considerados normais.

Importância do partograma na saúde

O uso do partograma para acompanhamento do trabalho de parto é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde do Brasil.

Ele é utilizado pelo governo brasileiro como uma das medidas de estímulo ao parto normal.

O partograma mostra a evolução do trabalho de parto e possibilita um acompanhamento preciso do procedimento e do final da gestação como um todo.

É um procedimento muito importante para a saúde da paciente e do bebê, e para fiscalizar a conduta obstétrica.

Além disso, desde 2015, os planos de saúde só podem fazer o pagamento dos procedimentos com a apresentação desse documento.

É uma forma de coibir as cesarianas marcadas com antecedência, sem necessidade médica.

Os planos só têm a obrigação de reembolsar as cesáreas prescritas por profissionais da saúde ou que se tornam necessárias por complicações durante um trabalho de parto difícil.

Segundo estudos da Cochrane, citados pela Fiocruz, o uso do partograma melhora desfechos obstétricos e reduz taxas de cesariana em países de baixa/média renda.

Para as equipes de saúde, o partograma é uma medida que colabora para a proteção legal do profissional, além de facilitar os registros, principalmente em equipes grandes e multidisciplinares e em turnos com troca de plantão.

Preenchimento do partograma é obrigatório?

Recomendado pela Organização Mundial da Saúde desde 1994 e pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Abrasgo) desde 1998, o partograma enfim tornou-se obrigatório no Brasil em 2015.

A medida entrou de carona em um pacote criado pelo governo com o propósito de estimular os partos normais na rede privada, responsável por 84% das cesarianas até então.

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde na época, a cesariana sem indicação médica aumenta em 120 vezes o risco de problemas respiratórios para o bebê e triplica o risco de morte da mãe.

Entre outras medidas, os planos de saúde ficaram obrigados a orientar os médicos para a utilização do partograma em todos os partos.

Quais informações constam no partograma?

O partograma deve considerar a fase ativa do trabalho de parto.

Por conceito, o diagnóstico de trabalho de parto ativo é o seguinte: contrações uterinas regulares que causam esvaecimento e dilatação cervical a partir de, no mínimo, 3 centímetros.

Tudo que acontece a partir daí precisa estar registrado no partograma, um documento que deve ser preenchido de hora em hora ou a cada reavaliação da paciente.

Identificação

O partograma é composto basicamente por quatro partes.

A primeira se refere à identificação da paciente.

Cada instituição pode ter um modelo específico, mas as informações que nunca vão faltar são:

  • Nome completo
  • Documento/atendimento
  • Idade da gestante
  • Idade gestacional (geralmente em semanas).

Dilatação e altura do feto

A segunda parte do partograma traz o acompanhamento da dilatação e a altura do feto, informações que devem ser anotadas a cada toque vaginal realizado.

O preenchimento é feito da esquerda para a direita, pois um dos vetores do gráfico é a passagem do tempo, como mostra o gráfico acima, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A cada nova informação, é importante marcar a hora do trabalho de parto e o horário real de verificação de cada medida.

Esses dados são registrados por meio de símbolos: o triângulo é referente à dilatação e o círculo, à altura do feto.

Chamam a atenção neste gráfico duas linhas: a linha de alerta e a linha de ação.

As duas aparecem em um ângulo de 45 graus e devem ocupar uma área de quatro quadrados.

A linha de alerta começa na segunda hora do partograma, e o trabalho de parto deve acompanhar esta linha.

Ou seja, se a representação do parto ultrapassar essa linha, é motivo de atenção.

Já a linha de ação mostra a necessidade de intervenção, não necessariamente a cesariana.

Batimentos fetais

A terceira parte do partograma é o registro de batimentos cardíacos do feto.

Basta marcar um ponto em cima da linha referente ao número de batimentos por minuto verificado.

Na sequência, vem o registro das contrações, que funciona também de forma gráfica.

Para as contrações efetivas, o quadrado é todo pintado.

Os quadrados pintados pela metade, com uma divisão na diagonal, se referem às contratações que não são efetivas, mas que duram entre 20 e 39 segundos.

O número de quadrados pintados representa a quantidade de contrações a cada 10 minutos.

Uso de ocitocina, aspecto do líquido amniótico e da bolsa

A quarta parte do partograma traz as três últimas informações necessárias para acompanhar a evolução do trabalho de parto.

Este trecho indica se foi feito o uso de ocitocina, o aspecto do líquido amniótico e a situação da bolsa amniótica.

A ocitocina (ou oxitocina) é um hormônio produzido pelo cérebro que proporciona a realização do parto e a amamentação.

Em casos de baixa frequência ou intensidade das contrações uterinas, pode ser feita a aplicação desse hormônio, como forma de induzir o parto.

No partograma, a equipe de saúde indica se o uso é feito ou não e qual a quantidade.

Esse costuma ser o último item do documento.

Antes dele, há uma linha que se refere à bolsa, que pode estar marcada como íntegra ( I ) ou rota ( R ), indicando se já se rompeu ou não.

A partir da ruptura, é possível verificar o LA (líquido amniótico), que é preenchido como líquido claro (LC) ou líquido meconial (LM).

O mecônio é o nome dado às primeiras fezes do bebê, que costumam ser expelidas depois do nascimento.

A presença de resíduos no líquido amniótico, antes da saída do útero, pode indicar que o feto está passando por dificuldades.

Referências:

  1. FioCruz;
  2. Rocha, Ivanilde Marques da Silva et al. O Partograma como instrumento de análise da assistência ao parto. Revista da Escola de Enfermagem da USP [online]. 2009, v. 43, n. 4 [Acessado 21 Setembro 2022] , pp. 880-888. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0080-62342009000400020&gt;. Epub 26 Jan 2010. ISSN 1980-220X. https://doi.org/10.1590/S0080-62342009000400020.

Cisto de Bartholin (Bartolinite)

Você já ouviu falar nas glândulas de Bartholin? Elas são pequenas glândulas responsáveis pela produção da lubrificação nas mulheres e ficam localizadas na vulva, perto da abertura da vagina.

O cisto de Bartholin acontece quando existe acúmulo de líquido no interior da glândula de Bartholin.

Por que o cisto de Bartholin se forma?

Como dissemos, os cistos de Bartholin se formam pelo acúmulo do líquido no interior da glândula de Bartholin devido ao bloqueio dos ductos pelos quais ele escoaria.

Apesar das causas desta obstrução não serem totalmente conhecidas, normalmente isso ocorre devido uma lesão ou infecção dos ductos.

No geral, a formação de um cisto pode ser imperceptível ou não causar grandes desconfortos para a mulher. Além disso, pode ocorrer deles regredirem naturalmente, quando o ducto se “desentope” sozinho.

No entanto, o cisto pode acabar crescendo muito, inflamar ou até infeccionar e, nestes casos, causará dor e incômodo.

Possíveis causas

O cisto de Bartholin é relativamente comum e pode surgir devido ao acúmulo de líquido lubrificante dentro da própria glândula.

Já a infecção do cisto é mais comum quando existe histórico de relações sexuais desprotegidas, pois há maior risco de transmissão de bactérias como Neisseria gonorrhoeae ou ​Chlamydia trachomatis, por exemplo, que podem alcançar o cisto e resultar em infecção e inflamação.

Além disso, a infecção do cisto pode acontecer devido aos maus cuidados de higiene íntima, como lavagem incorreta da região genital, por exemplo, em que bactérias do trato intestinal podem infectar a glândula.

Desta forma, o aparecimento e infecção do cisto de Bartholin pode ser evitado através do uso de camisinha e a manutenção de hábitos de higiene da região íntima adequados.

Sintomas

O cisto de Bartholin geralmente não causa sintomas, no entanto, a mulher pode ter a sensação de ter uma bola ou caroço na vagina quando apalpa a região.

Quando o cisto infecciona, podem aparecer outros sintomas como:

  • Saída de pus;
  • Região avermelhada, quente, muito dolorida e inchada;
  • Dor e desconforto ao caminhar ou sentar e durante a relação sexual;
  • Febre.

Possíveis causas

O cisto de Bartholin é relativamente comum e pode surgir devido ao acúmulo de líquido lubrificante dentro da própria glândula. Já a infecção do cisto é mais comum quando existe histórico de relações sexuais desprotegidas, pois há maior risco de transmissão de bactérias como Neisseria gonorrhoeae ou ​Chlamydia trachomatis, por exemplo, que podem alcançar o cisto e resultar em infecção e inflamação.

Além disso, a infecção do cisto pode acontecer devido aos maus cuidados de higiene íntima, como lavagem incorreta da região genital, por exemplo, em que bactérias do trato intestinal podem infectar a glândula.

Desta forma, o aparecimento e infecção do cisto de Bartholin pode ser evitado através do uso de camisinha e a manutenção de hábitos de higiene da região íntima adequados.

O cisto de Bartholin geralmente não causa sintomas, no entanto, a mulher pode ter a sensação de ter uma bola ou caroço na vagina quando apalpa a região.

Quando o cisto infecciona, podem aparecer outros sintomas como:

  • Saída de pus;
  • Região avermelhada, quente, muito dolorida e inchada;
  • Dor e desconforto ao caminhar ou sentar e durante a relação sexual;
  • Febre.

Na presença destes sintomas, deve-se consultar o ginecologista para identificar o problema e orientar o tratamento mais adequado.

A inflamação da glândula de Bartholin durante a gravidez, normalmente não é preocupante, porque o aparecimento do cisto é indolor e acaba por desaparecer naturalmente e, por isso, a mulher pode ter parto normal.

Porém quando o cisto infecciona na gravidez, é importante realizar o tratamento conforme a indicação do médico, pois assim é possível eliminar as bactérias e não haver risco para a gestante ou para o bebê.

Tratamento

O tratamento da glândula de Bartholin inflamada com sintomas deve ser orientado pelo ginecologista, mas geralmente é feito com remédios anti-inflamatórios e analgésicos e, quando há infecção, com antibióticos e banhos de assento com água quente para aliviar a inflamação e eliminar o pus.

Já a cirurgia para a glândula de Bartholin está indicada apenas quando há formação do cisto de Bartholin e pode ser feita através da drenagem do líquido do cisto, remoção do cisto ou remoção das próprias glândulas de Bartholin.

Os banhos de assento mornos, pelo menos 4 vezes ao dia, por vários dias, geralmente trazem algum alívio. Eles podem ajudar a restringir a infecção e precipitar uma drenagem espontânea. Contudo, a drenagem espontânea nem sempre resolve o problema, uma vez que o ponto de abertura é geralmente muito pequeno e obstrui rapidamente, antes de completar a drenagem.

Referências:

1. Pundir J, Auld BJ. A review of the management of diseases of the Bartholin’s gland. J Obstet Gynaecol. 2008 Feb;28(2):161-5. Resumo

2. Wilkinson EJ, Stone IK. Atlas of vulvar disease. Baltimore, MD: Lippincott Williams & Wilkins; 1995:11-13.

3. Dennerstein G, Scurry J, Brenan J, et al. The vulva & vagina manual. Moonee Ponds, Australia: Gynederm Publishing; 2005:234.

4. Kennedy CM. Bartholin’s-rectal fistula. Abstract presented at: 1st Meeting of the North American Chapter of the International Society for the Study of Vulvovaginial Disease. Houston, TX: March 2009.

5. Nasser HA, Mendes VM, Zein F, et al. Complicated rectovaginal fistula secondary to Bartholin’s cyst infection. J Obstet Gynaecol Res. 2014 Apr;40(4):1141-4. Resumo

6. Kaufman RH, Faro S, Brown D. Benign diseases of the vulva and vagina. 5th ed. Philadelphia, PA: Elsevier Mosby; 2005:240-9.

7. Berger MB, Betschart C, Khandwala N, et al. Incidental Bartholin gland cysts identified on pelvic magnetic resonance imaging. Obstet Gynecol. 2012 Oct;120(4):798-802.Texto completo  Resumo

8. Yuk JS, Kim YJ, Hur JY, et al. Incidence of Bartholin duct cysts and abscesses in the Republic of Korea. Int J Gynaecol Obstet. 2013 Jul;122(1):62-4. Resumo

9. Cardaillac C, Dochez V, Gueudry P, et al. Surgical management of Bartholin cysts and abscesses in French university hospitals. J Gynecol Obstet Hum Reprod. 2019 Oct;48(8):631-5.Texto completo  Resumo

10. Azzan BB. Bartholin’s cyst and abscess: a review of treatment of 53 cases. Br J Clin Pract. 1978 Apr;32(4):101-2. Resumo

11. El Kady S, Al Zahrani A, Jednak R, et al. Bartholin’s gland abscess in a neonate: a case report. Can Urol Assoc J. 2007 Jun;1(2):117-9.Texto completo  Resumo

12. Marzano DA, Haefner HK. The Bartholin gland cyst: past, present, and future. J Low Genit Tract Dis. 2004 Jul;8(3):195-204. Resumo

13. Lee YH, Rankin JS, Alpert S, et al. Microbiological investigation of Bartholin’s gland abscesses and cysts. Am J Obstet Gynecol. 1977 Sep 15;129(2):150-3. Resumo

14. Bhide A, Nama V, Patel S, et al. Microbiology of cysts/abscesses of Bartholin’s gland: review of empirical antibiotic therapy against microbial culture. J Obstet Gynaecol. 2010;30(7):701-3. Resumo

15. Kessous R, Aricha-Tamir B, Sheizaf B, et al. Clinical and microbiological characteristics of Bartholin gland abscesses. Obstet Gynecol. 2013 Oct;122(4):794-9. Resumo

16. Ruch RM, Clayton EM Jr. Bartholin cystectomy: paraffin technique. Am J Obstet Gynecol. 1958 May;75(5):1055-8. Resumo

17. Haider J, Condous G, Kirk E, et al. The simple outpatient management of Bartholin’s abscess using the Word catheter: a preliminary study. Aust N Z J Obstet Gynaecol. 2007 Apr;47(2):137-40. Resumo

18. Omole F, Kelsey RC, Phillips K, et al. Bartholin duct cyst and gland abscess: office management. Am Fam Physician. 2019 Jun 15;99(12):760-6.Texto completo  Resumo

19. Hill DA, Lense JJ. Office management of Bartholin gland cysts and abscesses. Am Fam Physician. 1998 Apr 1;57(7):1611-6, 1619-20.Texto completo  Resumo

20. Black MM, McKay M, Braude PR, et al. Obstetric and gynecologic dermatology. 2nd ed. London, UK: Mosby; 2002:175-81.

21. Cobellis PL, Stradella L, De Lucia E, et al. Alcohol sclerotherapy: a new method for Bartholin gland cyst treatment. Minerva Ginecol. 2006 Jun;58(3):245-8. Resumo

22. Cho JY, Ahn MO, Cha KS. Window operation: an alternative treatment method for Bartholin gland cysts and abscesses. Obstet Gynecol. 1990 Nov;76(5 Pt 1):886-8. Resumo

23. Scott PM. Draining a cyst or abscess in a Bartholin’s gland with a Word catheter. JAAPA. 2003 Dec;16(12):51-2. Resumo

24. Illingworth B, Stocking K, Showell M, et al. Evaluation of treatments for Bartholin’s cyst or abscess: a systematic review. BJOG. 2020 May;127(6):671-8. Resumo

25. Davis GD. Management of Bartholin duct cysts with the carbon dioxide laser. Obstet Gynecol. 1985 Feb;65(2):279-80. Resumo

26. Jacobson P. Marsupialization of vulvovaginal (Bartholin) cysts: report of 140 patients with 152 cysts. Am J Obstet Gynecol. 1960 Jan;79:73-8. Resumo

27. Cheetham DR. Bartholin’s cyst: marsupialization or aspiration? Am J Obstet Gynecol. 1985 Jul 1;152(5):569-70. Resumo

28. Di Donato V, Bellati F, Casorelli A, et al. CO2 laser treatment for Bartholin gland abscess: ultrasound evaluation of risk recurrence. J Minim Invasive Gynecol. 2013 May-Jun;20(3):346-52. Resumo

29. Figueiredo AC, Duarte PE, Gomes TP, et al. Bartholin’s gland cysts: management with carbon-dioxide laser vaporization. Rev Bras Ginecol Obstet. 2012 Dec;34(12):550-4.Texto completo  Resumo

30. Di Donato V, Vena F, Casorelli A, et al. The impact of CO<sub>2</sub> laser for treatment of Bartholin’s gland cyst or abscess on female sexual function: a pilot study. Gynecol Endocrinol. 2019 Feb;35(2):150-4. Resumo

31. Hollyock VE. The use of iodine in the marsupialization of Bartholin’s duct cysts. Aust N Z J Obstet Gynaecol. 1979 Nov;19(4):228-9. Resumo

32. Kushnir VA, Mosquera C. Novel technique for management of Bartholin gland cysts and abscesses. J Emerg Med. 2009 May;36(4):388-90. Resumo

33. Reif P, Elsayed H, Ulrich D, et al. Quality of life and sexual activity during treatment of Bartholin’s cyst or abscess with a Word catheter. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2015 Jul;190:76-80. Resumo

34. Kroese JA, van der Velde M, Morssink LP, et al. Word catheter and marsupialisation in women with a cyst or abscess of the Bartholin gland (WoMan-trial): a randomised clinical trial. BJOG. 2017 Jan;124(2):243-9. Resumo

35. Gennis P, Li SF, Provataris J, et al. Jacobi ring catheter treatment of Bartholin’s abscesses. Am J Emerg Med. 2005 May;23(3):414-5. Resumo

36. Heah J. Methods of treatment for cysts and abscesses of Bartholin’s gland. Br J Obstet Gynaecol. 1988 Apr;95(4):321-2. Resumo

37. Yüce J, Zeyneloglu HB, Bükülmez O, et al. Outpatient management of Bartholin gland abscesses and cysts with silver nitrate. Aust N Z J Obstet Gynaecol. 1994 Feb;34(1):93-6. Resumo

38. Ozdegirmenci O, Kayikcioglu F, Haberal A. Prospective randomized study of marsupialization versus silver nitrate application in the management of Bartholin gland cysts and abscesses. J Minim Invasive Gynecol. 2009 Mar-Apr;16(2):149-52. Resumo

39. Zoulek E, Karp DR, Davila GW. Rectovaginal fistula as a complication to a Bartholin gland excision. Obstet Gynecol. 2011 Aug;118(2 Pt 2):489-91. Resumo

Colostro

O colostro, primeiro leite que você produz quando começa a amamentar, é o alimento ideal para o recém-nascido.

É altamente concentrado, repleto de proteínas e rico em nutrientes – por isso, mesmo uma pequena quantidade pode fazer toda a diferença no pequeno estômago do bebê.

O colostro tem baixo teor de gordura, é fácil de digerir e repleto de componentes que iniciam o desenvolvimento do bebê da melhor forma possível. E, talvez ainda mais importante, tem papel fundamental no desenvolvimento do sistema imunológico do bebê.

O colostro é mais espesso e amarelado do que o leite maduro. Sua composição também é diferente, porque é produzido conforme as necessidades específicas do recém-nascido.

O colostro combate as infecções!

Deixando a proteção do corpo da mãe, o bebê precisa estar preparado para novos desafios no mundo que o cerca. Os glóbulos brancos do colostro produzem anticorpos que neutralizam as bactérias e vírus. Esses anticorpos são especialmente eficazes contra distúrbios digestivos e diarreia, o que é importante para o recém-nascido com intestino ainda imaturo.

Informação nutricional do colostro

A tabela a seguir indica a composição nutricional do colostro e do leite de transição e leite maduro:

Colostro (g/dL) Leite de transição (g/dL) Leite maduro (g/dL)
Proteína 3,1 0,9 0,8
Gordura 2,1 3,9 4,0
Lactose 4,1 5,4 6,8
Oligossacarídeos 2,4 1,3

Durante a amamentação, se a mãe tiver rachadura nos mamilos é normal que saia colostro com sangue mas o bebê pode mamar mesmo assim porque não é prejudicial para ele.

Referências:

  1. Hassiotou F et al. Maternal and infant infections stimulate a rapid leukocyte response in breastmilk. Clin Transl Immunology. 2013;2(4):e3.
  2. Pribylova J et al. Colostrum of healthy mothers contains broad spectrum of secretory IgA autoantibodies. J Clin Immunol. 2012;32(6):1372-1380.
  3. Bode L. Human milk oligosaccharides: every baby needs a sugar mama. Glycobiology. 2012;22(9):1147-1162.
  4. Mitra S, Rennie J. Neonatal jaundice: aetiology, diagnosis and treatment. Br J Hosp Med (Lond). 20172;78(12):699-704.
  5. Patton S et al. Carotenoids of human colostrum. Lipids. 1990;25(3):159-165.
  6. Gilbert C, Foster A. Childhood blindness in the context of VISION 2020–the right to sight. Bull World Health Organ. 2001;79(3):227-232.
  7. Bates CJ.Vitamin A. Lancet. 1995;345(8941):31-35.
  8. World Health Organization. e-Library of Evidence for Nutrition Actions (eLENA) [Internet]. Geneva, Switzerland: WHO; 2018 [Accessed: 14.05.2018]. disponível em: [www.who.int/elena/titles/vitamina_infants/en/]
  9. Kulski JK, Hartmann PE. Changes in human milk composition during the initiation of lactation. Aust J Exp Biol Med Sci. 1981;59(1):101-114.
  10. Casey CE et al. Studies in human lactation: zinc, copper, manganese and chromium in human milk in the first month of lactation. Am J Clin Nutr. 1985;41(6):1193-1200.
  11. Marlier L et al. Neonatal responsiveness to the odor of amniotic and lacteal fluids: a test of perinatal chemosensory continuity. Child Dev. 1998;69(3):611-623.

Descolamento Prematuro da Placenta

O descolamento prematuro de placenta (DPP) é definido como a separação da placenta normalmente inserida antes da saída do feto, em gestação de 20 ou mais semanas completas.

É mais comum em mulheres múltiparas e com história de DPP em gestação anterior. Esta última com risco aumentado de recorrência de 8-12 vezes.

Fisiopatologia

A principal causa do descolamento prematuro da placenta é a ruptura de vasos maternos na decídua basal. Raramente o sangramento é originado das veias fetais e placentárias.

O sangue proveniente desta ruptura se acumula e separa a placenta da decídua, formando um hematoma. Este hematoma pode ser pequeno e autolimitado (separação parcial), ou pode aumentar e causar a separação completa (separação total).

Esse fato acarreta a perda de função da placenta, fazendo com que não consiga manter sua função de troca de substâncias, causando comprometimento fetal à medida que evolui. O sangramento decidual pode ser eliminado pelo colo uterino ou pode ficar retido como hematoma retroplacentário.

Poderá, também, causar hemoâmnio (sangue infiltra-se no líquido amniótico) ou útero de Couvelaire (sangue infiltra-se no miométrio).

Fatores de Risco

Fatores de risco para descolamento incluem gravidez anterior complicada por DPP, distúrbios hipertensivos, trauma, drogadição (como cocaína) e ruptura prematura das  membranas.

Descolamento prematuro de placenta ocorre mais frequentemente em mulheres mais velhas (≥ 35 anos), mas geralmente esse aumento tem sido atribuído a multiparidade (três ou mais partos) independente da idade.

O risco relativo associado ao tabagismo materno durante a gravidez varia entre 1.5 e 2.5. Parar de fumar, antes da gravidez ou no início da gravidez, parece reduzir o risco de descolamento ao nível de não-fumantes. A nicotina tem efeito vasoconstritor e pode levar à hipóxia e à infartos placentários, aumentando a fragilidade capilar.

Em alguns estudos, a hipertensão crônica tem sido um fator de risco para descolamento prematuro da placenta. Hipertensão crônica com pré-eclâmpsia sobreposta pode aumentar o risco de descolamento prematuro da placenta de 2.8 para 7.7 vezes.

Cerca de 4-12% dos pacientes com ruptura prematura das membranas antes de 37 semanas de gestação desenvolve DPP. O risco aumenta com a diminuição da idade gestacional na ruptura de membranas. Em algumas mulheres com a redução súbita do volume do útero pode levar à ruptura da placenta.

Diagnóstico

Clínico

O diagnóstico de descolamento prematuro de placenta é essencialmente clínico, porém achados de imagem podem ajudar a confirmar o diagnóstico.

Os sinais e sintomas clássicos do DPP são sangramento vaginal, dor súbita e intensa no abdome e na palpação do útero, hipertonia/contrações uterinas e alterações na cardiotocografia fetal. Contudo, todos esses achados podem não estar sempre presentes, mesmo assim não podemos excluir o diagnóstico de DPP.

O sangramento vaginal pode ser leve e clinicamente insignificante até severo e com risco de vida. Em alguns casos a perda de sangue não se correlaciona com a gravidade do descolamento da placenta, visto que uma grande parte do sangramento pode ficar retido entre a placenta e o útero, normalmente isso ocorre em 10-20% dos casos.

As contrações uterinas são usualmente de alta frequência e baixa amplitude (taquiassistolia), mas o útero também pode estar em hipertonia.

Nas alterações fetais encontramos bradicardia ou taquicardia fetal persistente, indicativas de insuficiência placentária aguda. Em contraste com os sinais clássicos apresentados anteriormente, algumas pacientes apresentam o que pode ser chamado de descolamento prematuro de placenta crônico.

Na apresentação clínica desses casos ocorre um sangramento vaginal de pouca quantidade, intermitente com ou sem contrações uterinas e a cardiotocografia é normal. Porém, mesmo sendo crônico, pode levar à insuficiência placentária com oligodrâmnio e restrição de crescimento fetal.

Laboratorial

Exames laboratoriais não são úteis para o diagnóstico direto de descolamento prematuro de placenta, entretanto são muito importantes para guiar o raciocínio clínico, mostrar a gravidade do caso e nortear a conduta, principalmente no que diz respeito à reposição volêmica, reposição de hemoderivados e grau de urgência das ações.

Normalmente, o grau de hemorragia materna apresenta correlação com o grau de anormalidades hematológicas como, anemia e coagulopatia, com a diminuição nos níveis de fibrinogênio e presença de trombocitopenia.

Esses achados laboratoriais podem ser importantes para o diagnóstico de Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD) que ocorre em 10-20% dos casos de DPP grave, normalmente com óbito fetal.3 A tabela 2 nos resume aspectos práticos sobre transfusão de hemoderivados.

Por Imagem

Identificação de hematoma retroplacentário é um achado útil nos casos de descolamento prematuro de placenta. Normalmente a hemorragia aparece com aspecto heterogêneo e hiperecóico comparada à ecogenicidade da placenta.

Além disso, a ecografia também é muito importante para avaliar a possibilidade de outros diagnósticos diferenciais, como placenta prévia, por exemplo. A sensibilidade dos achados de imagem para o diagnóstico de DPP é de 25-50%, mas o valor preditivo positivo é alto, chegando a aproximadamente 90% quando os achados sugerem o descolamento.

Alguns Cuidados de Enfermagem

  • Observar sangramento;
  • Observar sinais e sintomas de choque;
  • Controlar rigorosamente gotejamento de soro e sangue;
  • Proporcionar ambiente calmo, atendendo às necessidades da paciente para que repouse;
  • Controlar rigorosamente os sinais vitais;
  • Proceder aos preparativos para o parto normal ou cesariana, conforme indicação médica.

Referências:

  1. Montenegro CAB, Rezende Filho J. Obstetrícia Fundamental. 11° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008. p. 261-6.
  2. Zugaib M. Obstetrícia. São Paulo: Manole; 2008. p. 713-23.
  3. Ananth CV, Kinzler WL. Placental abruption: clinical features and diagnosis. Obstetrics. UpToDate
    Online; Fev. 2014 .Disponível em: http://www.uptodate.com/contents/placental-abruption-clinical-features-and-diagnosis.
  4. Acauan Filho BJ, Cunha Filho EV, Steibel G, Steibel JAP, Paula LG, Medaglia Filho PV. Obstetrícia de plantão: da sala de admissão ao pós-parto. Porto Alegre: EDIPUCRS; 2012. p. 29-34; 67-68.
  5. Tikkanen M. Placental abruption: epidemiology, risk factors and consequences. Acta Obstet Gynecol Scand. 2011 Feb; 90(2):140-9.
  6. Newfield E. Third-Trimester Pregnancy Complications. Prim Care Clin Office Pract 2012;39:95-113.
  7. Oyelese Y, Ananth CV. Placental abruption: management. Obstetrics. UpToDate Online; Fevereiro 2014. Disponível em: http://www.uptodate.com/contents/placental-abruption-management.
  8. Pariente G, Wiznitzer A, Sergienko R, Mazor M, Holcberg G, Sheiner E. Placental abruption: critical analysis of risk factors and perinatal outcomes. J Matern Fetal Neonatal Med. 2011 May; 24(5):698-702.
  9. Morikawa M, Yamada T, Cho K, et al. Prospective risk of abruption placentae. J Obstet Gynaecol Res. 2014 Feb; 40(2):369-74.

Outubro Rosa: Atente-se aos sinais de alerta!

O Outubro Rosa é uma campanha mundial que acontece todos os anos no mês de outubro, com o objetivo de conscientizar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, que é o tipo de câncer que mais afeta as mulheres em todo o mundo.

A História

O símbolo da campanha é o laço cor-de-rosa, que foi criado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e distribuído na primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York, em 1990.

No Brasil, o movimento começou em 2002, com a iluminação do Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo. Desde então, diversas ações são realizadas para divulgar informações sobre a doença, os direitos das mulheres e os serviços de saúde disponíveis para o rastreamento, o diagnóstico e o tratamento do câncer de mama.

A campanha também incentiva as mulheres a realizarem o autoexame das mamas e a mamografia, que são os principais métodos para detectar precocemente o câncer de mama e aumentar as chances de cura.

Além disso, o Outubro Rosa alerta para os fatores de risco da doença, como o envelhecimento, os fatores reprodutivos, o histórico familiar, o consumo de álcool, o excesso de peso e a falta de atividade física.

Sinais e sintomas do câncer de mama

É essencial observar se as mamas estão sofrendo qualquer tipo de alteração e, caso perceba alguma diferença, é importante comunicar imediatamente ao médico. Alguns dos sinas e sintomas que podem aparecer são:

  • Nódulo único endurecido.
  • Irritação ou abaulamento de uma parte da mama.
  • Inchaço de toda ou parte de uma mama (mesmo que não se sinta um nódulo).
  • Edema (inchaço) da pele.
  • Eritema (vermelhidão) na pele.
  • Inversão do mamilo.
  • Sensação de massa ou nódulo em uma das mamas.
  • Sensação de nódulo aumentado na axila.
  • Espessamento ou retração da pele ou do mamilo.
  • Secreção sanguinolenta ou serosa pelos mamilos.
  • Inchaço do braço.

O câncer de mama dói?

O câncer de mama é considerado silencioso. Raramente a dor na mama é um sinal de câncer, mas existe a possibilidade de ser um sinal, por isso, caso apresente mais algum sinal da lista acima, procure seu médico o mais rápido possível.

Autoexame da mama: como fazer?

O autoexame é importante principalmente por conta do autoconhecimento. Já que normalmente o câncer de mama é indolor, é essencial a observação constante para identificar possíveis anomalias.

Durante o autoexame deve-se procurar: deformações ou alterações no formato das mamas, abaulamentos ou retrações, ferida ao redor do mamilo, caroços nas mamas ou axilas e secreções pelos mamilos. Cabe lembrar que o autoexame não é suficiente! O médico é o responsável por passar os devidos exames, como a mamografia.

Quando fazer o autoexame? Não basta fazer apenas no Outubro Rosa! O recomendado é fazer uma vez por mês. A melhor época é logo depois da menstruação, já que é quando os seios estão menos inchados.

Como acontece a prevenção?

Não existe uma maneira exata de prevenir o câncer de mama, mas alguns hábitos afetam diretamente a probabilidade de desenvolver a doença. Recomenda-se:

  • Praticar atividade física regularmente;
  • Manter-se dentro de uma faixa de peso adequada;
  • Evitar o uso de tabaco e o consumo excessivo de bebida alcoólica;
  • Amamentar e ter uma alimentação adequada.

Outubro Rosa e os homens: sabia que eles podem ter câncer de mama?

Apesar de ocorrer principalmente em mulheres, homens também podem ter a doença. Os sintomas normalmente são: nódulo na mama, perto do mamilo ou axila; liberação de líquido pelo mamilo ou feridas no mamilo; e mudança na aparência do mamilo, incluindo sua direção.

Aproveite o movimento do Outubro Rosa e compartilhe esse texto. Dessa forma, você pode ajudar mais pessoas a saberem como cuidar da sua saúde.

Referência:

  1. Ministério da Saúde

Bolsa Rota

A bolsa é repleta de líquido amniótico e possui a função de amortecer choques térmicos e mecânicos. No caso da bolsa rota, há um rompimento da membrana amniótica antes mesmo de a gestante iniciar o trabalho de parto.

O problema é responsável por 40% dos nascimentos prematuros e 18% das mortes de bebês antes de completarem um mês de vida.

Causas

Algumas condições fazem com que as gestantes estejam mais vulneráveis à bolsa rota prematura. Entre elas, podemos citar:

  • Histórico de rupturas prematuras da bolsa em gravidez anterior;
  • Ser fumante ou usar drogas;
  • Sangramentos vaginais;
  • Vaginose bacteriana;
  • Útero distendido por gestação múltipla de gêmeos ou mais;
  • Ter realizado procedimentos invasivos no útero;
  • Deficiências nutricionais como vitamina C e cobre;
  • Doenças como a deficiência de alfa-1-antitripsina, anemia falciforme e síndrome de Ehlers-Danlos.

Como identificar se a bolsa rompeu?

Geralmente, o sintoma da bolsa rota é fácil de se identificar. Em síntese, ocorre uma perda súbita de grande quantidade de líquido pela vagina: esse líquido atravessa a roupa da mulher e molha o chão. No entanto, em alguns casos, há pequenos vazamentos que deixam a roupa íntima molhada e podem confundir a gestante.

Algumas mulheres podem ter dúvida se o líquido é urina ou sinal de que a bolsa rompeu, já que os escapes de urina são comuns no terceiro trimestre. No entanto, a urina costuma ser amarelada e ter um cheiro que já conhecemos.

Por outro lado, o líquido amniótico é normalmente transparente, semelhante à água de coco e tem um cheiro parecido com água sanitária. Em alguns casos, há pequenos focos de sangue no líquido, essa secreção mucosa é um sinal de que o parto é iminente.

Também é comum que a perda do tampão mucoso seja confundido com a rotura da bolsa, mas são situações bem diferentes, já que o tampão é mais espesso e parece um catarro.

Também algumas mulheres detectam pressão quando a bolsa se rompe e outras escutam um barulho de estalo seguido do vazamento.

Riscos

A bolsa rota é uma das principais situações que levam ao parto prematuro (antes das 37 semanas). Por isso, deve ser levada a sério e manter a calma é extremamente importante. Ao perceber perda de líquido, entre em contato com o (a) obstetra que te acompanha e vá para o hospital ou maternidade.

Ao chegar ao hospital ou maternidade, a gestante realiza diversos exames que conseguem identificar a ruptura da bolsa e quais os próximos passos para preservar a saúde da mãe e do bebê. Aqui, o (a) médico (a) vai avaliar a idade gestacional, como está o bebê na bolsa, se a mulher já está em trabalho de parto e se há chances de infecção para a mãe e o bebê.

Nesse momento, o mais importante é identificar se há líquido suficiente para o bebê continuar no útero, se há algum ponto de infecção que ofereça riscos ou se um parto de emergência é o mais indicado.

Sendo assim, é possível que a gestante (especialmente com menos de 34 semanas) seja internada para tentar prolongar a gravidez ou, se necessário, vá para uma indução de parto ou cesárea. Tudo isso precisa acontecer muito rápido, pois após a bolsa rota é importante que o parto seja feito em até 24 horas.

Além disso, com a diminuição do líquido, é possível que o bebê entre em sofrimento fetal, com dificuldades para se movimentar, respirar e até se enrolar no cordão umbilical, o que é muito perigoso e, muitas vezes, fatal. Após o nascimento, é preciso identificar possíveis deformidades, má-formações, hemorragias ou outros problemas no desenvolvimento que podem levar o bebê à morte.

Por fim, também traz riscos para a mãe como inflamações e infecções sérias no útero que podem se espalhar para o corpo todo, como a sepse.

Cuidados e prevenção da bolsa rota

Eventualmente, alguns imprevistos e situações fogem do nosso controle, como um acidente de carro ou uma queda. Nesses casos não há como prevenir os efeitos disso e o acompanhamento médico é fundamental para avaliar a saúde da mãe e do bebê.

No entanto, olhar para os fatores de risco e ter uma série de cuidados para evitar essa lista é um passo possível, como aumentar a ingestão de vitaminas e minerais. Por isso, a realização de um pré-natal adequado é fundamental.

Outro ponto importante é evitar realizar atividades que exijam muito esforço durante a gestação, como pegar peso. Além disso, manter bons hábitos de saúde como alimentação adequada e praticar atividade física regularmente também são ações recomendadas.

Referências:

  1. Protocolos de obstetrícia — Secretaria de Saúde do Ceará;
  2. Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina – “Avaliação de testes diagnósticos na rotura prematura de membranas”;
  3. Ministério da Saúde – Secretaria de Atenção à Saúde – Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – “Gestação de Alto Risco – Manual Técnico”, 2012;
  4. Hospital Universitário de Santa Maria – “Protocolo Clínico do Hospital Universitário de Santa Maria”;
  5. Sistema Único de Saúde e Prefeitura de São Paulo – “Protocolos de Obstetrícia”;
  6. Universidade Federal do Rio de Janeiro – Rotinas Assistenciais da Maternidade-Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro – “Rotura Prematura das Membranas Ovulares”.
    HP P 
error:
Bandejas de Enfermagem Cadernos Ilustrados Escalas Ilustradas Drenos Ilustrados Cuidados de Enfermagem