Regra dos 30 Minutos: Administração de Medicamentos no horário adequado

Na assistência hospitalar, atrasos ou omissões de doses podem ocorrer em todas as etapas do processo de utilização de medicamentos. Eles estão entre os erros de medicação mais notificados.

Embora sejam ocorrências que aparentam ter gravidade potencial reduzida, elas são importantes, seja pela sua elevada frequência ou por colocar pacientes em situações de risco.

Além disso, quando envolvem alguns medicamentos ou condições de saúde críticas, erros desse tipo podem evoluir com danos graves ou fatais como, por exemplo, a omissão ou atraso na administração de antimicrobianos em pacientes com sepse ou de anticoagulantes em pacientes com embolia pulmonar ou infarto agudo do miocárdio.

Erros por atrasos

Os erros por atraso ou omissão de doses de um medicamento podem estar relacionados a diversas situações, tais como:

  • ausência de conciliação medicamentosa envolvendo falhas ou mesmo ausência de avaliação dos medicamentos em uso pelo paciente;
  • não prescrição de medicamentos necessários ao paciente em situações específicas, como a necessidade de substituir, interromper ou reiniciar um medicamento no pré ou pós-operatório;
  • erros na transcrição e atrasos na validação da prescrição; indisponibilidade do medicamento prescrito na instituição ou sistema de saúde;
  • transferência do paciente para outras unidades; ausência do paciente no leito devido à realização de procedimentos ou exames no mesmo horário da administração do medicamento;
  • alta hospitalar sem informações adequadas sobre o tratamento.

Além disso, uma situação comum que pode provocar esses erros é o dimensionamento inadequado da equipe de enfermagem, fazendo com que os profissionais tenham um número excessivo de pacientes para cuidar, o que pode contribuir para limitar e prejudicar a qualidade da assistência.

A criação da “Regra dos 30 minutos”

Até 2008, para que os hospitais dos Estados Unidos recebessem os pagamentos devidos, o Centers for Medicare & Medicaid Services (CMS) orientava os auditores hospitalares a verificar se os medicamentos eram administrados em até 30 minutos antes ou após o horário aprazado.

Essa orientação ficou conhecida como “Regra dos 30 minutos” e se aplicava todos os medicamentos, sem diferenciação entre medicamentos de tempo crítico ou aqueles considerados menos complexos, como suplementos vitamínicos diários.

A Dificuldade de execução

No entanto, em uma pesquisa realizada com 18 mil enfermeiros, os autores observaram que as mudanças ocorridas nos métodos de administração de medicamentos, a complexidade dos cuidados, o número de medicamentos prescritos por paciente e o número de pacientes por enfermeiro tornavam a “Regra dos 30 minutos” de difícil execução.

Muitos enfermeiros relataram, nessa pesquisa, que a grande pressão para administrar medicamentos conforme a regra favorecia a ocorrência de erros. Assim, a “Regra dos 30 minutos” passou a ser considerada insegura, exceto quando a administração dentro deste intervalo de tempo se fazia essencial sob a perspectiva clínica.

A definição e a atualização

Para definir o horário de administração de um medicamento deve-se considerar a complexidade da indicação para a qual foi prescrito, a situação clínica, as necessidades do paciente que o recebe, bem como as características químicas e farmacológicas específicas do medicamento.

Suas propriedades químicas, mecanismo de ação e indicação terapêutica determinam como ele deve ser administrado, se é necessário respeitar o horário exato da prescrição, ou se é possível administrá-lo dentro de uma janela de tempo segura em torno do horário em que foi prescrito sem comprometer a segurança do paciente e o efeito terapêutico desejado, e qual a extensão dessa janela de tempo caso ela seja adequada.

Com base nessa realidade, a “Regra dos 30 minutos” foi atualizada e hoje são utilizadas as seguintes definições:

Medicamentos Programados

Incluem aqueles cujas doses devem ser administradas de acordo com um ciclo de frequência padrão e repetidas (ex.: uma, duas, três ou quatro vezes ao dia; diariamente; semanalmente; mensalmente). Eles podem ser programados conforme um tempo crítico ou não crítico.

Medicamentos programados de tempo crítico

São aqueles cujo aprazamento da administração no horário prescrito deve ser seguido rigorosamente. A administração desses medicamentos fora do intervalo de 30 minutos, antes ou depois do horário prescrito, pode causar danos ao paciente.

Medicamentos programados de tempo não crítico

São aqueles cuja antecipação ou atraso na administração, desde que respeitado um intervalo específico de 1 ou 2 horas, não apresentam potencial de causar danos ao paciente.

Os medicamentos programados NÃO INCLUEM:

  • doses que devem ser administradas imediatamente;
  • primeira dose ou dose de ataque;
  • doses únicas;
  • doses com horário predefinido (ex.: antimicrobiano profilático administrado em um dado tempo antes da primeira incisão cirúrgica);
  • medicamentos administrados para preparo do paciente para realização de algum procedimento (ex.: sedação pré-procedimento);
  • medicamentos de uso concomitante ou sequencial (ex.: medicamentos administrados antes da quimioterapia e medicamentos quimioterápicos; n-acetilcisteína e contraste iodado);
  • medicamentos administrados em horários específicos para garantir “pico” de concentração plasmática ou níveis séricos adequados;
  • medicamentos administrados conforme a condição clínica do paciente (ex.: conforme pressão arterial ou glicemia) ou prescritos “se necessário”;
  • medicamentos utilizados em estudos clínicos ou farmacocinéticos.

Orientações para administração de medicamentos programados

É recomendado que as instituições:

  • desenvolver uma lista dos medicamentos programados de ‘tempo crítico’, específica para o perfil da instituição, incluindo aqueles que são críticos em função de indicação ou diagnóstico específicos;
  • estabelecer diretrizes que facilitem a revisão da prescrição, a dispensação e administração de medicamentos de tempo crítico. Os registros realizados nessas etapas devem alertar às equipes que esses medicamentos requerem especial atenção para o cumprimento do horário aprazado, conforme as orientações vigentes para medicamentos programados de tempo crítico;
  • definir prazos específicos para administração de primeiras doses e doses de ataque para medicamentos, como antimicrobianos, anticoagulantes, antiepiléticos, entre outros, em que a situação clínica ou o diagnóstico é crítico.
Tipos de Medicamentos Programados Orientações para a administração no horário adequado
Medicamentos programados de tempo crítico
Devem constar em listagem individualizada definida pela instituição e incluir pelo menos os itens descritos a seguir.
• Medicamentos em esquema de administração mais frequente do que a cada 4 horas.
Opioides de horário fixo utilizados para manejo de dor crônica ou em cuidados paliativos (flutuações no intervalo de administração podem ocasionar crise de dor desnecessária).
Imunossupressores utilizados para prevenção da rejeição de transplantes de órgãos ou tratamento da miastenia grave.
• Medicamentos que devem ser administrados respeitando-se um intervalo de tempo em relação a outros medicamentos para prevenção de interação medicamentosa (ex.: antiácidos e fluoroquinolonas).
• Medicamentos que necessitam ser administrados dentro de um período específico em relação às refeições (ex.: bolus de insulinas de correção; alendronato).
• Medicamentos considerados de tempo crítico quando usados para uma indicação ou diagnóstico específico.
 

 

 

 

Administrar na hora exata indicada ou dentro de 30 minutos antes ou após o horário aprazado.

Medicamentos programados de tempo não crítico
Medicamentos de administração diária, semanal e mensal Administrar dentro de 2 horas antes ou após o horário aprazado
Medicamentos prescritos com frequência maior do que uma vez ao dia, mas menor do que seis vezes ao dia (a cada 4 horas). Administrar dentro de 1 hora antes ou após o horário aprazado.

Referências:

  1. Institute for Safe Medication Practices Canada. Aggregate Analysis of Dose Omission Incidents Reported as Causing Harm. ISMP Canada Safety Bulletin [Internet]. 2013 Mar 27; 13(2):1-7. Disponível em: https://www.ismp-canada.org/ download/safetyBulletins/2013/ISMPCSB2013-02_Dose_Omission_Incidents.pdf
  2. National Patient Safety Agency (NPSA). Safety in Doses – Improving the use of medicines in the NHS. National Reporting and Learning Service [Internet]. 2007. Disponível em: http://www.nrls.npsa.nhs.uk/EasySiteWeb/getresource.axd?AssetID=61626&type=full&
  3. Instituto para el Uso Seguro de los Medicamentos. Prevención de errores por omisión o retraso de la medicación. Boletín Recomendaciones para la prevención de errores de medicación [Internet]. 2015 Dez; (41). Disponível em: http://www.ismp-espana.org/ficheros/Bolet%C3%ADn%2041%20%28Diciembre%202015%29.pdf
  4. National Patient Safety Agency (NPSA). Rapid Response Report NPSA/2010/RRR009: Reducing harm from omitted and delayed medicines in hospital. National Reporting and Learning Service [Internet]. 2010 Fev 24. Disponível em: http://www.nrls.npsa.nhs.uk/resources/type/alerts/?entryid45=66720
  5. Stokowski LA. Timely Medication Administration Guidelines for Nurses: Fewer Wrong-Time Errors? Medscape: Medscape Nurses [Internet]. 2012 Out 16. 07]. Disponível em: http://www.medscape.com/viewarticle/772501_3
  6. Institute for Safe Medication Practices. Guidelines for timely medication administration Response to the CMS “30-minute rule”. Acute Care ISMP Medication Safety Alert! [Internet]. 2011 Jan 13. Disponível em: http://www.ismp.org/Newsletters/acutecare/articles/20110113.asp
  7. Centers for Medicare & Medicaid Services. State Operations Manual – Appendix A – Survey Protocol, Regulations and Interpretive Guidelines for Hospitals [Internet]. 2007 Maio 30. Disponível em: https://www.cms.gov/Regulations-andGuidance/Guidance/Manuals/downloads/som107ap_a_hospitals.pdf
  8. Institute for Safe Medication Practices. Timely Administration of Scheduled Medications. ISMP Acute Care Guidelines [Internet]. 2011. Disponível em: http://www.ismp.org/tools/guidelines/acutecare/tasm.pdf
  9. Oliveira RC, Camargo AEB, Cassiani SHB. Estratégias para prevenção de erros na medicação no setor de emergência. Rev Bras Enferm. 2005 Ago; 58(4):399-404.

Extremidades Distais de Equipos: Nutricional Vs Medicamentoso

Foram feitos diversas modificações quanto a segurança da terapia nutricional, sendo adaptado cores padronizadas para equipos de dieta enteral, extremidades proximais e distais destes equipos e também quanto ao calibre em FR destes, adequando-os para não serem permitidas as instalações em dispositivos endovenosos, o que foi um marco problemático anos atrás, quanto a administração em via errada.

Entenda as novas Características

Para infusão da Terapia Nutricional Enteral, através de bombas, alguns equipos sofreram algumas modificações nos últimos anos. A primeira modificação foi quanto à coloração alterada do incolor para o lilás (seja em toda sua extensão, quanto nas extremidades) ou azul, adotada no mercado nacional, seguida da retirada do filtro no conta-gotas.

Adoção de presilhas mais precisas no controle do gotejamento e, também, mais recentemente, as pontas no formato em cruz, para extremidade distal (que se conecta ao frasco da dieta) e, na ponta proximal, o formato em cone ou “árvore de natal”, procurando adequar-se aos diferentes acessos enterais e impedir o uso nos cateteres intravenosos.

A mudança na configuração da saída dos frascos das dietas enterais e da extremidade distal dos equipos de administração da dieta enteral foram outras alterações exibidas por algumas indústrias farmacêuticas.

A ponta dos equipos de administração anteriormente se caracterizava pelo formato pontiagudo e, no modelo atual, o formato é em “cruz”. Este formato em cruz foi elaborado a fim de impedir a conexão com os equipos intravenosos tradicionais (pontiagudos).

Estas mudanças contribuíram para a identificação e reconhecimento dos materiais relacionados à TNE, procurando impedir o uso acidental como via de acesso intravenoso.

Além das alterações nas diferentes partes do sistema da dieta enteral, iniciativas concretas para minimizar os riscos de conexão acidental surgiram a partir de 2011 com os primeiros padrões recomendados pela Organização Internacional de Padronização (ISO 80369-1).

Estes incluíam a elaboração de conectores de pequeno calibre (com diâmetro menor do que 8,5 mm) para dispositivos respiratórios, enterais, pressão arterial não invasiva, sistema neuro-axiais, urológicos e conectores intravasculares, cujas características deveriam ser: de material rígido ou semirrígido, não conectável com luer ou pontos sem conexão e testado em várias situações de risco.

Os conectores são peças ou dispositivos que unem duas peças, distintas ou não, se ajustando ao frasco da dieta enteral, ao equipo, à seringa e à sonda enteral. A reconfiguração do conector para o sistema da dieta enteral objetivou garantir a incompatibilidade com outros dispositivos de infusão, defendido e recomendado por grupos de especialistas.

Em 2015, as normas foram direcionadas para o conector do sistema de dieta enteral (ISO 80369-3) e uma das mais importantes foi registrado como conector ENFit®.Este é configurado como um conector em “parafuso”, que confere segurança a todos os dispositivos da TNE22. Sua aplicação estendeu-se, também, para seringas e acesso enteral em todos os Estados Unidos, sendo regulamentado pelo FDA.

Cabe destacar que, além dos aspectos relacionados à modificação e reconfiguração dos dispositivos, o educativo é essencial para a segurança do paciente na administração da TNE e para equipe multidisciplinar.

Referências:

  1. Pedreira MLG, Harada MJCS. Enfermagem dia a dia: segurança do paciente. São Caetano do Sul: Yendis; 2009. 214p;
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária-Núcleo de Gestão do Sistema Nacional de Notificação e Investigação em Vigilância Sanitária e Unidade de Tecnovigilância. Alertas de Tecnovigilância;
  3. Brasil. Ministério da Saúde. Relatórios dos Estados- Eventos Adversos. [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2017;

Punção Intraóssea

A punção intraóssea (IO) é um procedimento emergencial que permite a administração da maioria dos medicamentos utilizados em emergências quando não se consegue um acesso venoso periférico, principalmente em casos de hemorragia e em situações de trauma.

A via intraóssea pode ser usada com segurança em diferentes locais de punção, em pacientes adultos e crianças, com um risco muito baixo de complicações, sendo a mais comum o derramamento de fluidos.

Essa via de administração pode ser usada para lactentes, crianças ou adultos, quando não for possível estabelecer um acesso venoso de emergência nos primeiros dois minutos após o atendimento inicial no caso de parada cardiorrespiratória.

Locais para Punção

Crianças
  • Superfície antero-medial da tíbia proximal, 2,5 cm abaixo da tuberosidade tibial;
  • Tíbia e fêmur distais. A tíbia distal é preferível por ter uma cobertura fina de córtex ósseo e por possibilitar acesso mais difícil, porque o osso está bem protegido por músculo e gordura;
  • A inserção no esterno não é recomendável para crianças, devido ao risco de perfuração;
  • Nunca introduzir uma agulha intraóssea nas placas epifisárias de uma criança.
Adultos
  • Crista ilíaca ou esterno (com exceção do segmento anteroposterior, no qual a agulha poderia penetrar por completo);
  • Extremidade distal do rádio, a metáfise proximal do úmero e uma região situada 3 a 4 cm antes da extremidade distal do maléolo lateral ou medial;
  • A agulha também pode ser introduzida no processo estiloide da ulna, na epífise distal do segundo metacarpo, na epífise distal do primeiro metatarso, na tíbia ou no fêmur distal.

Enfermeiro pode ser habilitado para realizar punção intraóssea!

O COFEN aprovou a  Resolução 648/2020, que dispõe sobre a normatização, capacitação e atuação do enfermeiro na realização da punção intraóssea em situações de urgência e emergência pré e intra-hospitalares.

A normativa, proposta pela Comissão Nacional de Urgência e Emergência, busca trazer mais segurança no procedimento, crucial para salvar a vida de pacientes graves.

Observação

  • Recomenda-se a antissepsia do local com gluconato de clorexidina a 0,5%, iodopovidona a 10% ou álcool a 70%;
  • Utilizar cobertura estéril de fixação e não ultrapassar impreterivelmente, o período máximo de 24h com uso da via intraóssea, buscando um novo acesso após estabilização do paciente.

Referências:

  1. LANE, John Cook and GUIMARAES, Hélio Penna. Acesso venoso pela via intraóssea em urgências médicas. Rev. bras. ter. intensiva [online]. 2008, vol.20, n.1, pp. 63-67.
  2. Ricardo Américo Ribeiro de; MELO, Clayton Lima; DANTAS, Raquel Batista  and  DELFIM, Luciana Valverde Vieira. Acesso vascular por via intraóssea em emergências pediátricas. Rev. bras. ter. intensiva [online]. 2012, vol.24, n.4, pp. 407-414.
  3. EUA. Suporte Avançado de Vida Cardiovascular. American Heart Association. Manual do Profissional, 2011.

Teste de Refluxo em CVC: Por que é feito?

Quando o plantonista instala um Cateter Venoso Central (CVC), ele geralmente solicita ao técnico ou enfermeiro em quem está o auxiliando a instalar uma solução salina com equipo em uma das vias do cateter que ele acabou de inserir.

Isso se chama “Teste de Refluxo venoso”, ou seja, uma maneira do plantonista autorizar o início da infusão de um medicamento, caso o paciente esteja em intercorrências e não pode aguardar o exame de raio x imediatamente.

Após o teste positivo, a via é lavada com a própria solução salina instalada.

Esse teste não afasta a presença de pneumotórax, não indica que o cateter está bem posicionado e nem que não houve alguma complicação no trajeto.

Ele apenas sinaliza que o cateter deve estar dentro do lúmen venoso se houver retorno adequado de sangue nas vias.

Após a estabilização do paciente, o mesmo solicita exame de imagem (RX no leito) para a confirmação do posicionamento.

Administração “In Bolus” ou “Push” de Medicamentos: O que é?

Na Terapia Medicamentosa, a administração in bolus ou push é importante, quando referimos ao tempo de administração e o efeito quase que imediato de um certo medicamento.

Segundo Ritschel* (1992), qualquer administração com tempo superior a 1 minuto é denominada infusão. Quando inferior a 1 minuto chama-se push (ou bolus).

Portanto, Bolus refere-se à administração de uma medicação, com objetivo de aumentar rapidamente a sua concentração no sangue para um nível eficaz. A administração pode ser efetuada por via intravenosa, via intramuscularsubcutânea ou intraretal.

Bombas de Infusão também possuem Sistema In Bolus!

Algumas marcas de bombas de infusão possuem programações para administração de medicamentos in bolus em casos de drogas controladas, que necessitam de controle rigoroso.

Mas em algumas situações o médico pode solicitar que seja feita, por exemplo, uma dosagem bolus de um sedativo em um paciente que já está recebendo este medicamento por via de bomba de infusão, que seja programa na própria bomba sem necessitar administrar com seringas.

Portanto, deve-se também atentar ao fluxo de infusão e o tempo que o médico solicita a administrar estes bolus nas bombas, o que geralmente é programado padrão pelos fabricantes a 1200ml/h , podendo ser alterado posteriormente juntamente com o tempo de infusão pelo plantonista.

O que devo me atentar quanto a administração in bolus?

Devemos nos atentar quanto a:

  • Ocorrência de potenciais efeitos colaterais dos medicamentos;
  • Desconforto no local da infusão o mais rapidamente possível;
  • Obtenção de todos os sinais vitais necessários.

Como eu administro um medicamento in bolus?

Devo primeiramente separar e estar em mãos os materiais necessários para este procedimento:

  • Relógio com ponteiros de segundos;
  • Prescrição do paciente;
  • Luvas de procedimentos;
  • Chumaço de algodão com antisséptico;
  • Medicação em frasco ou ampola;
  • Fluido para diluição, se necessário;
  • Seringa para a preparação de medicamentos;
  • Solução de soro fisiológico a 0,9% para lavagem ou fluido.

E então:

  1. Faça a higiene das mãos. Prepare a medicação prescrita a partir do frasco ou ampola usando técnicas assépticas. Verifique o rótulo da medicação com a prescrição, cuidadosamente por duas vezes;
  2. Leve o(s) medicamento(s) ao paciente no horário estipulado, de forma imediata, sem demora;
  3. Identifique o paciente;
  4. Compare os dados do paciente com a prescrição médica (se caso necessário dupla checagem com medicamentos MAV);
  5. Explique o procedimento ao paciente. Encoraje-o a relatar qualquer sinal de desconforto;
  6. Calce as luvas;
  7. Administre a medicação por bolus: limpe a porta da injeção com chumaço de algodão, antisséptico e deixe secar; conecte a seringa; puxe suavemente para trás o êmbolo da seringa para aspirar o retorno de sangue; injete a medicação dentro do tempo recomendado (use o relógio para marcar o tempo de administração); retire a seringa; conecte a seringa com a solução salina na porta da injeção ou fluido, conforme a prescrição médica;
  8. Descarte corretamente o material utilizado;
  9. Realize a higiene das mãos.
  10. Relate na anotação de enfermagem a administração ou recusa do medicamento, e possíveis sinais de reações adversas após a infusão.

Lembrando sempre, que:

  • Observe o paciente para reações adversas durante a administração do(s) medicamento(s) e vários minutos após;
  • Relate qualquer efeito adverso imediatamente ao profissional de saúde responsável pelo paciente, uma vez que esses efeitos podem ser fatais;
  • Registre medicação, dose, hora, data, via de administração e resposta do paciente à medicação nos registros de enfermagem.

Veja também:

O que é “Flushing” em um Cateter?

O que é “Salinizar” um Cateter?

As Soluções Parenterais de Pequeno Volume (SPPV) e a Padronização de Cores para a gravação nas embalagens primárias

Administração Segura de Medicamentos

Administração de Medicamentos em “Dripping”: O que é isso?

A Administração Segura de Medicamentos: O uso do protocolo

Referências:

  1. Life Med
  2. Samtronic
  3. B.Braun
  4. Fresenius-Kabi
  5. POP EBSERH “Administração de Medicamentos por via Endovenosa”, Hospital Universitário Lauro Wanderley
  6. * Wolfgang A. RitschelGregory L. KearnsAmerican Pharmaceutical Association

O que é “Flushing” em um Cateter?

“Flushing” é um termo referente à lavagem de um lúmen do cateter, sendo feito antes e após a administração de um medicamento, a fim de prevenir a mistura de medicamentos incompatíveis, além de que, também é um cuidado de enfermagem prevenção da obstrução do cateter venoso.

Flushing com Salinização ou Heparinização

Anteriormente, a manutenção da permeabilidade de acessos venosos era mantida prioritariamente com soluções heparinizadas, considerando que a heparina inibe a formação de coágulos de fibrina in vitro e in vivo e, que seu efeito anticoagulante é praticamente imediato.

Dadas essas propriedades, a solução heparinizada pode ser utilizada como agente de manutenção da permeabilidade de dispositivos intravenosos, tendo demonstrado sua eficácia há vários anos.

Porém, a prática da salinização apresenta como vantagens à heparinização o baixo custo, ser um procedimento mais simples, além de eliminar a possibilidade de incompatibilidade com as drogas e soluções administradas.

Indicações para o Flushing

  • Antes e após a cada administração de medicamentos;
  • Após a administração de sangue e derivados;
  • Quando converter de infusão continua para intermitente;
  • A cada 12 horas quando o dispositivo não for usado.

As novas recomendações da ANVISA

A ANVISA – Agência Nacional de Vigiância Sanitária divulgou em 2017 uma série de publicações sobre Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde.

Dentro do “Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde”, há um capítulo especial sobre as recomendações para cateteres periféricos, com informações práticas fundamentais para garantir a segurança do paciente.

Em especial ao flushing e manutenção dos cateteres periféricos:

  • Realizar o flushing e aspiração para verificar o retorno de sangue antes de cada infusão para garantir o funcionamento do cateter e prevenir complicações;
  • Realizar o flushing antes de cada administração para prevenir a mistura de medicamentos incompatíveis;
  • Utilizar frascos de dose única ou seringas preenchidas comercialmente disponíveis para a prática de flushing e lock do cateter. Seringas preenchidas podem reduzir o risco de ICSRC e otimizam o tempo da equipe assistencial. Não utilizar soluções em grandes volumes (como, por exemplo, bags e frascos de soro) como fonte para obter soluções para flushing;
  • Utilizar solução de cloreto de sódio 0,9% isenta de conservantes para flushing e lock dos cateteres periféricos. Usar o volume mínimo equivalente a duas vezes o lúmen interno do cateter mais a extensão para flushing. Assim como os volumes maiores (como 5 ml para periféricos e 10 ml para cateteres centrais) podem reduzir depósitos de fibrina, drogas precipitadas e outros debris do lúmen. No entanto, alguns fatores devem ser considerados na escolha do volume, como tipo e tamanho do cateter, idade do paciente, restrição hídrica e tipo de terapia infusional. Infusões de hemoderivados, nutrição parenteral, contrastes e outras soluções viscosas podem requerer volumes maiores. Não utilizar água estéril para realização do flushing e lock dos cateteres.

Avaliação

  • Avaliar a permeabilidade e funcionalidade do cateter ao passo que utilizando as seringas de diâmetro de 10 ml para gerar baixa pressão no lúmen do cateter e registrar qualquer tipo de resistência. Não forçar o flushing utilizando qualquer tamanho de seringa. Em caso de resistência, avaliar possíveis fatores (como, por exemplo, clamps fechados ou extensores e linhas de infusão dobrados). Não utilizar seringas preenchidas para diluição de medicamentos.
  • Utilizar a técnica da pressão positiva visto que minimiza o retorno de sangue para o lúmen do cateter. O refluxo de sangue que ocorre durante a desconexão da seringa, dessa forma é reduzido com a sequência flushing, fechar o clamp e desconectar a seringa. Solicitar orientações do fabricante de acordo com o tipo de conector valvulado utilizado. Considerar o uso da técnica do flushing pulsátil (push pause). Estudos in vitro demonstraram que por exemplo, a técnica do flushing com breves pausas, por gerar fluxo turbilhonado, pode ser mais efetivo na remoção de depósitos sólidos (fibrina, drogas precipitadas) quando comparado a técnica de flushing contínuo, que gera fluxo laminar.
  • A principio realizar o flushing e lock de cateteres periféricos imediatamente após cada uso.

Recomendações para Intervalo de Flushing

Como recomendação da Infusion Nurses Society Brasil, o intervalo recomendado para flushing é o de 6/6 horas para neonatos, 8/8 horas para pacientes pediátricos e 12/12 horas para pacientes adultos.

Referências:

  1. Segurança do Paciente;
  2. BRASIL-MS, ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Medidas de Prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. Capítulo 3. Medidas de Prevenção de Infecção da Corrente Sanguínea 2ª edição, 2017. Disponível em https://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/3507912/Caderno+4+-+Medidas+de+Preven%C3%A7%C3%A3o+de+Infec%C3%A7%C3%A3o+Relacionada+%C3%A0+Assist%C3%AAncia+%C3%A0+Sa%C3%BAde/a3f23dfb-2c54-4e64-881cfccf9220c373

Segurança do Paciente: Rotulando um Medicamento Endovenoso (EV)

O processo de administração de medicamentos é propenso a erros e são diversas as razões para a ocorrência desse evento adverso, podendo ocorrer em qualquer fase do sistema de medicação e envolver qualquer um dos inúmeros medicamentos disponíveis, inclusive aqueles classificados como de alta vigilância (MAV).

A Rotulagem de um Medicamento Endovenoso Contínuo ou Intermitente faz parte da Administração Segura de Medicamentos, e cada Instituição deve prover de um padrão estabelecido pela equipe de enfermagem responsável.

Informações Importantes em um Rótulo de Medicamento Endovenoso (Bolsas)

  • Nome Completo do Paciente (Evitar Abreviaturas);
  • Data de Nascimento;
  • Data do Preparo;
  • Quarto, Leito ou Box onde se encontra o paciente;
  • Setor Alojado;
  • Associação (Composição dos Medicamentos diluídos);
  • Volume (total a ser administrado);
  • Vazão (valor em ML/H, gotas/min ou MCGTS/MIN;
  • Início da Infusão;
  • Término da Infusão;
  • Tempo total a ser infundido (aprazamento);
  • Nome completo do profissional e carimbo.

O que DEVE sempre fazer:

  • Conferir os dados do paciente juntamente com o prontuário médico e a pulseira de identificação do paciente;
  • Caso haja dois pacientes com nome e nome composto/sobrenome parecidos, conferir juntamente com o paciente, pedindo para repetir o nome completo e a data de nascimento, antes de administrar quaisquer medicamentos;
  • Ler a prescrição cuidadosamente;
  • Identifique o medicamento pelo rótulo, nunca pela aparência;
  • Leia o rotulo três vezes antes de administrar no paciente;
  • Orientar ao paciente sobre que medicamento que o mesmo está recebendo;
  • Relatar a administração, se houve recusa, ou algum efeito indesejado no paciente

O que JAMAIS deve fazer:

  • NUNCA administre um medicamento sem o seu devido rótulo de identificação!
  • NUNCA administre quaisquer medicamentos com DÚVIDAS!
  • NUNCA administre um medicamento sem antes de realizar checagem com prontuário médico e a pulseira do paciente, e em casos de medicamentos de alta vigilância, com a dupla checagem!
  • NUNCA administrar medicamento preparado por outra pessoa!
  • EVITAR distrações durante o preparo do medicamento!

Referências:

O que é Sítio de Inserção?

Os Cateteres Venosos Centrais são inseridos de maneira percutânea, e os Cateteres Venosos Periféricos são inseridos em veias dos membros superiores, sendo assim, todo o local ao redor da veia que foi selecionada para uma punção, é denominada de Sítio de Inserção.

A Escolha do Sítio de Inserção

No caso de um AVP

A escolha do sítio é um dos mais importantes aspectos. Considerar o calibre e localização da veia, tipo e duração do tratamento IV. Deve-se iniciar a punção sempre da extremidade distal para a proximal (menor calibre para o maior). As veias mais apropriadas são as do dorso da mão, cefálica, basílica e veias medianas.

No caso de um CVC

  Do ponto de vista prático, esta é a ordem de escolha:

1ª opção subclávia | 2ª opção – jugular | 3ª opção  femural | 4ª opção – dissecção venosa.

O Fator de Risco

Os fatores de risco para os sítios de inserção dos cateteres são o tempo de permanência do dispositivo, a condição de limpeza, a manipulação asséptica inadequada, e o extravasamento de medicamento subcutâneo, onde se inicia o processo de colonização bacteriana local, o que pode iniciar um processo de sinais flogísticos.

Deve sempre ser avaliado diariamente o sítio de inserção, sendo indicado o uso de curativos transparentes estéreis para uma melhor avaliação do sítio, para que possar tomar condutas antes tornarem as complicações mais sérias.

Quanto mais tempo a permanência de um dispositivo no sítio de inserção, mais chances de uma infecção iniciar.

Os Cuidados de Enfermagem

Para realizar a manutenção do sítio de inserção, é considerado:

  • Realizar técnica adequada;
  • Evitar contaminação da pele e dos dispositivos;
  • Trocar o curativo sempre que úmido e/ou sujo;
  • Não utilizar antibiótico tópico ou sistêmico como profilaxia;
  • Em cada troca de curativo utilizar antissepsia com PVP-I ou clorexidina alcoólica;
  • Desinfectar conexões com álcool 70% quando forem usadas;
  • Trocar torneirinhas, polifix e equipo a cada 72h;
  • Utilizar equipo próprio para NPP, hemoderivados e lípides.

Veja também:

Prevenção e Controle de Infecção: Qual é a Rotina da Troca de Dispositivos em sua Instituição?

Os Sinais Flogísticos ou Cardinais

Conheça as Criaturas dos Cateteres Venosos Centrais

Cateteres Flexíveis: Fluxos de Infusão

Cateter Venoso Central (CVC)

Cateteres Flexíveis

Referências:

  1. Institute of Healthcare Improvement – Campanha 5 Milhões de Vidas – https://www.ihi.org/IHI/Programs/Campaign/
  2. Biblioteca COFEN

O que é “Priming” em um Cateter?

O Termo “Priming” é comumente utilizado entre profissionais que manuseiam diariamente diversos tipos de cateteres. Provém do inglês, que em português claro, define-se como uma “preparação ou preenchimento” de uma linha, onde é a quantidade de fluido necessário para limpar o cateter, desde aos lúmens até a ponta distal do mesmo.

Esse volume é importante para manter o cateter com permeabilidade, e livre de grumos, bolhas de ar, restos de medicamentos e até coágulos, para garantir que todos os medicamentos sejam administrados pelo cateter para que cheguem até o paciente por completo, em vez de passar apenas parcialmente.

Cada cateter comporta um volume adequado e é impresso geralmente no próprio cateter, e é importante obedecer o volume pré estabelecido pelo fabricante para que tenha uma funcionalidade capacitada aos lúmens.

Este tipo de processo é muito comum quando salinizamos e heparinizamos os cateteres, para uma precaução de função do cateter.

Priming em Equipos

O Priming também é comum quando preenchemos equipos com soluções medicamentosas, com a mesma função de retirar ar, para que seja preparado para infundir ao paciente.

Priming em Dialisadores (Hemodiálise)

Este termo também é muito comum quando é preenchido os dialisadores com soluções, heparina, para determinação do volume interno das fibras do dialisador.

 

Cateteres Flexíveis: Fluxos de Infusão

Você certamente deve estar familiarizado para qual indicação cada Cateter Flexível, vulgo “Abocath” tem, para cada situação.

Mas você sabe ao certo a taxa de fluxo de cada um?

É importante levar em consideração essas informações ao escolher o calibre do Abocath a ser colocado no paciente!

Veja Também:

Terapia Intravenosa (TI) e suas Complicações

 

Os Cateteres Agulhados: “Scalp” ou “Butterfly”

Cateteres Flexíveis

 

Cateter Central Totalmente Implantado

 

Cateter Venoso Central (CVC)

 

Cateter Central de Inserção Periférica (PICC)

 

A Via de Administração Intratecal (IT)