Pillow Splinting: A Imobilização do Diafragma

O “Pillow Splinting” ou imobilização do diafragma, é uma simples técnica de imobilização em pacientes cirúrgicos, muito comum em casos de cirurgia cardíaca.

Essa técnica consiste em auxiliar o paciente a manter o conforto e a diminuição de dor quando tossir, utilizando um travesseiro ou almofada apoiado sob sua incisão no tórax, sendo uma forma de prevenção quanto à pneumonia.

Muitos pacientes evitam tossir porque é muito doloroso, mas é vital tossir o suficiente para evitar complicações pulmonares. A tosse limpa os pulmões de secreções normais, material infeccioso como pus e objetos estranhos, mantendo os pulmões abertos e expandidos.

A almofada não apenas diminui a dor da tosse, mas também pode impedir que a ferida se abra.

Para pacientes que evitam tossir ou estão fracos demais para tossir, pode ser necessário o auxílio de aspiração pulmonar para limpar os pulmões no hospital. A tosse é preferível e mais eficaz do que a sucção.

Indicações da Imobilização

  • Para minimizar a dor ao se mover e tossir;
  • Tosse: Incentivar a expectoração de muco e secreções que se acumulam nas vias aéreas após anestesia geral e imobilidade.

Avaliação

  • Avalie os fatores de risco do cliente para o desenvolvimento de complicações respiratórias (por exemplo, anestesia geral, história de doença pulmonar ou tabagismo, trauma na parede torácica, resfriado ou infecção respiratória na última semana);
  • Avalie a qualidade, frequência e profundidade da respiração;
  • Auscultar sons respiratórios;
  • Inspecione o posicionamento da incisão e avalie se ela interfere ou não na expansão torácica;
  • Avalie a capacidade física do cliente para cooperar e realizar exercícios pulmonares:
    • Nível de consciência;
    • Barreiras de linguagem ou comunicação;
    • Capacidade de assumir a posição de Fowler;
    • Nível de dor (medicar conforme prescrito).

Procedimento

  1. Auxilie o cliente para a posição de Fowler ou sentada.
    Justificativa: A posição ereta permite aumento da excursão diafragmática secundária ao deslocamento para baixo dos órgãos internos devido à gravidade.
  2. Se houver ruídos respiratórios adventícios ou expectoração, peça ao cliente que respire fundo, segure por 3 segundos e tussa profundamente duas ou três vezes. Fique ao lado do cliente para garantir que a tosse não seja direcionada a você. O cliente deve tossir profundamente, não apenas limpar a garganta.
    Justificativa: Várias tosses consecutivas são mais eficazes do que uma única tosse para mover o muco para cima e para fora do trato respiratório.
  3. Se o cliente tiver uma incisão abdominal ou torácica que cause dor durante a tosse, instrua-o a segurar um travesseiro firmemente sobre a incisão (fixação) ao tossir.
    Justificativa: A tosse usa os músculos respiratórios acessórios e abdominais, que podem ter sido cortados durante a cirurgia. A tala suporta a incisão e os tecidos circundantes e reduz a dor durante a tosse.
  4. Instruir, reforçar e supervisionar exercícios de respiração profunda e tosse a cada 2 a 3 horas após a cirurgia.
    Justificativa: A realização desses exercícios a cada 2 a 3 horas facilitará a ventilação pulmonar e promoverá a desobstrução das vias aéreas sem sobrecarregar o cliente.
  5. Documentar o procedimento realizado.
    Justificativa: Mantém registro legal e se comunica com a equipe de saúde.

Bebês e Crianças

  • Os bebês não podem cooperar com exercícios de tosse e respiração profunda, mas acredita-se que o choro hiperinsufle os pulmões.
  • As crianças pequenas aprendem por meio de jogos e imitações. Um jogo pré-operatório de “O mestre mandou” é uma maneira de ensiná-los exercícios pulmonares: “O mestre mandou dizer para tocar seu nariz”, “O mestre mandou dizer para colocar a língua para fora”, “O mestre mandou dizer para tossir”.

Colaboração e Delegação

  • A equipe de enfermagem pode lembrar e ajudar os clientes a respirar fundo e tossir. Oriente claramente para esse pessoal aqueles clientes que precisam de tosse agressiva para promover um estado pulmonar ideal.

Exercícios para Tosse e Respiração

Tosse e respiração profunda (CDB) é uma técnica usada para ajudar a manter os pulmões limpos durante os primeiros dias ou semanas após a cirurgia. Os exercícios são uma ferramenta eficaz para prevenir pneumonia e atelectasia, uma condição pulmonar em que os pulmões não se expandem da maneira que deveriam.

A técnica varia um pouco de lugar para lugar, mas a ideia geral é a mesma. Para realizar um exercício de CDB:

  1. Orientar a respirar fundo, e segurar por alguns segundos e expirar lentamente;
  2. Orientar a repetir por cinco vezes;
  3. Orientar a Preparar sua incisão e tentar a tossir profundamente;
  4. Orientar a repetir todo o procedimento a cada uma ou duas horas.

Referências:

  1. Ahmed AM. Fundamentos da fisioterapia após cirurgia torácica: o que os fisioterapeutas precisam saber. Uma revisão narrativa . Coreano J Thorac Cardiovasc Surg . 2018;51(5):293-307. doi:10.5090/kjtcs.2018.51.5.293
  2. Chughtai M, Gwam CU, Mohamed N, et al. A epidemiologia e os fatores de risco para pneumonia pós-operatória . J Clin Med Res . 2017;9(6):466-475. doi:10.14740/jocmr3002w
  3. van Ramshorst GH, Nieuwenhuizen J, Hop WCJ, et al. Deiscência de ferida abdominal em adultos: desenvolvimento e validação de um modelo de risco . Mundo J Surg . 2010;34(1):20-27. doi:10.1007/s00268-009-0277-y
  4. Kelkar KV. Complicações pulmonares pós-operatórias após cirurgia não cardiotorácica . Indiano J Anaesth . 2015;59(9):599-605. doi:10.4103/0019-5049.165857
  5. Medicina Penn. Respiração após a cirurgia .
  6. Medicina Johns Hopkins. Após a cirurgia: Desconfortos e complicações 

Complacência Pulmonar: O que é?

A complacência dos pulmões ou complacência pulmonar é o grau de extensão dos pulmões para cada aumento da pressão transpulmonar (diferença entre pressão intra-alveolar e a pressão pleural).

Em um adulto a complacência total é cerca de 200 mililitros de ar para cada centímetro de pressão de água.

Associações à Complacência Pulmonar

  • fibrose está associada com uma diminuição da complacência pulmonar.
  • enfisema/DPOC estão associados com um aumento da complacência pulmonar.

A complacência é maxima em volumes pulmonares moderados, e muito baixa em volumes que são muito baixos ou muito altos.

Como é feito o Cálculo?

Para calcular a complacência estática, necessitamos de três variáveis: volume corrente expiratório (aferido no ventilador mecânico), pressão de platô e a pressão positiva ao final da expiração (carinhosamente chamada de PEEP e ajustada pelo operador).

A complacência pulmonar é calculada usando a seguinte equação, onde ΔV é a mudança no volume e ΔP é a mudança na pressão:

► C= Volume / (Palv- PEEP) L/cmH2O

Exemplo: PEEP= 5 cm H2O Vt= 0,50L

PP= 15 cm H2O
Csr= 0,50L/(15 – 5) cm H2O = 0,05 L/cm
H2O-(50ml/cm H2O)
Nl= 60 a 100ml/cmH2O

Em pacientes submetidos à ventilação mecânica, os valores entre 70-80 mL/cmH2 são considerados normais e os valores inferiores a < 50 mL/cmH2 são considerados baixos.

A redução da complacência pulmonar pode ser encontrada em inúmeras patologias, sendo um exemplo típico a SDRA (síndrome do desconforto respiratório do adulto).

Nessa patologia, observamos o preenchimento alveolar por infiltrado inflamatório (plasma, hemácias, leucócitos e plaquetas).

O parênquima pulmonar fica pesado e perde a elasticidade, tornando-se duro ou pouco complacente. Exemplos de redução da complacência pulmonar: pneumotórax, edema pulmonar, derrame pleural volumoso, fibrose pulmonar, dentre outros.

Nos exemplos de redução da complacência pulmonar, observamos que em geral o pulmão é uma estrutura elástica, capaz de acomodar o volume de ar.

Referências:

  1. Diretrizes Brasileiras de Ventilação Mecânica – AMIB – 2013.
  2. Morato, J. B.; Sandri, P.; Guimarães, H. P. Emergências de Bolso – Volume 2 – ABC da Ventilação Mecânica – 2015.

Luxação, Entorse, Estiramento, Contusão: As Diferenças

Ao praticar exercícios físicos, quando estamos no trabalho ou, mesmo, cumprindo tarefas rotineiras, estamos sujeitos a sofrer uma lesão como entorse, contusão, estiramento e luxação. Todas essas condições precisam ser diagnosticadas corretamente para receber o cuidado adequado.

No entanto, esses problemas são comumente confundidos, seja em função dos seus sintomas ou porque o conceito é aplicado de forma errada. Foi pensando nisso que preparamos este artigo para explicar quais são as diferenças entre eles.

O que é Luxação?

A luxação ocorre somente nas articulações. Essa lesão faz com que os ossos que se encontram desloquem, ficando posicionados do modo errado. É muito comum que a luxação aconteça nos tornozelos, ombros, cotovelos, joelhos, quadris, dedos e mandíbula.

A pessoa que sofre uma luxação não consegue realizar movimentos, uma vez que os ossos não estão se encontrando adequadamente na articulação. Por isso, ela precisa receber tratamento profissional, pois o cuidado inadequado pode causar danos aos nervos e tendões.

Essa lesão pode acontecer em função de um movimento malfeito, uma pancada, acidente, queda ou qualquer outra situação que venha forçar a articulação e faça com que os ossos se movimentem e se desencontrem.

Sintomas

A luxação provoca uma dor muito intensa na articulação afetada e pode irradiar pelo membro ou região do corpo, em função de dano ao nervo. Outros sintomas que se manifestam são o inchaço, hematoma, limitação ou impossibilidade de movimentos e deformidade.

O que é um Entorse?

A entorse, popularmente conhecida como torção, é um tipo de lesão que afeta os tecidos fibrosos que fazem a conexão de dois ossos na articulação. É comumente provocada por um movimento atípico, em geral, rotacional. Por isso, costumamos dizer que torcemos o tornozelo ou o pulso, por exemplo.

Quando ocorre essa movimentação inadequada, os ligamentos podem sofrer um estiramento, que ocorre quando o tecido se estica além da sua capacidade. Como consequência, pode acontecer a ruptura parcial ou total deles.

A entorse resulta de movimentos inadequados ou exagerados de uma articulação. Também pode ser o resultado da falta de aquecimento antes da prática de exercícios, ou um preparo físico deficiente para aquela atividade.

Sintomas

A pessoa que sofre uma entorse sente uma dor intensa no local lesionado, bem como pode perceber a formação de edema, inchaço e vermelhidão na pele. O local fica sensível, existe a possibilidade de inflamar e, muitas vezes, há dificuldade para realizar movimentos. Em casos mais graves também pode ser notada uma deformidade e hematoma.

O que é um Estiramento?

O estiramento muscular é a lesão que acontece quando existe ruptura das fibras musculares, sendo mais comum após um esforço físico excessivo que acabe esticando demasiado o músculo.

Assim que acontece o estiramento, a pessoa pode sentir uma dor intensa no local da lesão, além de também poder notar diminuição da força muscular e da flexibilidade.

Sintomas

Os principais sintomas de estiramento muscular são:

  • Dor intensa no local do estiramento;
  • Perda de força muscular;
  • Diminuição da amplitude do movimento;
  • Diminuição da flexibilidade.

O estiramento muscular acontece com mais frequência na musculatura da coxa e nas panturrilhas, mas também pode acontecer nas costas e nos braços.

É importante que assim que surgirem sintomas sugestivos de estiramento se consulte um ortopedista ou fisioterapeuta, para que seja avaliada a gravidade da lesão e indicado o tratamento mais adequado.

O que é uma Contusão?

A contusão é um tipo de lesão menos grave do que a entorse porque ela não provoca grandes danos, uma vez que não afeta os ossos nem os ligamentos. É um problema que acontece de forma superficial, afetando somente tecidos moles, como a pele, a camada de gordura, a musculatura e vasos sanguíneos ou linfáticos.

Um tombo ou pancada podem desencadear uma contusão. Sendo assim, quando você bate a perna ou o braço, por exemplo, e o local fica dolorido por um tempo, você sofreu uma lesão desse tipo. Assim que os sintomas cessam, é possível retornar às atividades sem limitações.

Sintomas

É muito difícil encontrar uma pessoa que nunca tenha sofrido uma contusão, e provavelmente isso também já aconteceu com você. Ela provoca sintomas como dor, inchaço, hematoma, vermelhidão e sensação de calor na região afetada. Esses incômodos podem passar em menos ou mais tempo, dependendo da intensidade da pancada sofrida.

Cuidados após sofrer estes tipos de lesões

Se você sofrer uma lesão que apresente sintomas característicos de entorse ou luxação é muito importante manter o local imobilizado e procurar ajuda médica, pois esses dois problemas podem trazer danos mais significativos que exigem atendimento especializado.

No caso da contusão, como ela é uma lesão mais superficial, dificilmente haverá necessidade de procurar um médico. Você mesmo pode se tratar em casa aplicando uma compressa fria no local para aliviar a dor e reduzir o inchaço. De toda forma, se os sintomas persistirem, é importante procurar um especialista.

Para qualquer uma dessas lesões não é recomendado fazer a automedicação. A única medida segura é a aplicação de compressas frias ou usar uma bolsa de gelo no local até que o especialista seja consultado, se preciso.

Também evite tocar o local, massagear ou tentar por conta própria reposicionar os ossos em caso de uma luxação. Isso porque também existe a possibilidade de ter ocorrido uma fratura, condição que somente pode ser tratada por um médico.

Para não sofrer uma entorse, luxação ou contusão é muito importante aquecer corretamente antes da prática de exercícios, respeitar os limites do organismo e usar equipamentos como tornozeleiras e joelheiras. Prevenir uma lesão é fundamental para que você não comprometa nenhuma estrutura do seu corpo, tenha mais saúde e qualidade de vida.

Referências:

  1. Clínica Mayo
  2. Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
  3. Fundação AO

Veja também:

Tipos de Fraturas Ósseas

Classificação de Fraturas Salter-Harris

Sinal de Tinel

A síndrome do túnel do carpo (STC) é a neuropatia mais comum da extremidade superior. O diagnóstico é clínico e determinado pela história e pelo exame físico, que inclui os testes de Tinel, Phalen e Durkan.

O sinal de Tinel, consiste na percussão leve sobre o punho, transmite uma sensação de parestesia na região de distribuição do nervo mediano.

O sinal de Tinel recebe este nome em homenagem ao médico francês Jules Tinel (1879-1952).

Como é feito?

O médico aplica pequenos golpes sobre o nervo mediano, no nível do punho. Isso pode fazer com que a dor dispare, desde o punho até a mão.

A percussão do nervo mediano ao nível do canal do carpo ou imediatamente proximal a ele pode provocar choques ou hiperestesia no território inervado pelo nervo mediano na Síndrome do túnel do carpo.

Referência:

  1. Arnaldo Gonçalves de Jesus Filho, Bruno Fajardo do Nascimento, Marcelo de Carvalho Amorim, Ronald Alan Sauaia Naus, Elmano de Araújo Loures, Lucas Moratelli Estudo comparativo entre o exame físico, a eletroneuromiografia e a ultrassonografia no diagnóstico da síndrome do túnel do carpo Revista Brasileira de Ortopedia, Volume 49, Issue 5, September–October 2014, Pages 446-451

Manobra de Phalen

A Manobra de Phalen é um exame diagnóstico para a Síndrome do Túnel do Carpo (STC).

Como é feito o teste?

Solicita-se ao paciente que mantenha seus punhos em flexão completa e forçada (empurrando as superfícies dorsais de ambas mãos juntas) por 30-60 segundos.

Essa manobra aumenta moderadamente a pressão no túnel do carpo e possui o efeito de prensar o nervo mediano entre a borda proximal do ligamento transverso do carpo e a borda anterior da porção distal do rádio.

Ao comprimir o nervo mediano no interior do túnel do carpo, sintomas característicos (como queimação, pontada ou formigamento no polegar, indicador, dedo médio e dedo anelar) são considerados sinais positivos e sugerem uma síndrome do túnel do carpo.

A Síndrome do Túnel do Carpo

É uma condição médica causada pela compressão do nervo mediano no ponto em que passa pelo túnel cárpico do pulso.

Os sintomas mais comuns são dor, falta de sensibilidade, formigueiro nos dedos polegar, indicador, e do lado do polegar do dedo anelar. Os sintomas geralmente começam-se a manifestar de forma gradual e durante a noite.

Em alguns casos a dor pode-se espalhar para o braço. Após um longo período de tempo, o desgaste dos músculos na base do polegar pode causar diminuição da força necessária para agarrar objetos. Em mais da metade dos casos, ambos lados são afetados.

Fatores de Risco

–  Obesidade;

– Trabalho repetitivo com o pulso;

– Gravidez;

– Artrite reumatoide.

Existem alguns indícios de que o hipotireoidismo aumenta o risco, e existe também uma associação ligeira da diabetes com a STC.

A utilização da pílula contraceptiva não influencia o risco.

Referência:

1. American Academy of Orthopaedic Surgeons. Management of Carpal Tunnel Syndrome Evidence-Based Clinical Practice Guideline. http://www.aaos.org/ctsguideline. Published February 29, 2016.

A Importância da Fisioterapia em Unidades de Terapia Intensiva (UTI)

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A fisioterapia aplicada na UTI tem uma visão geral do paciente, pois atua de maneira complexa no amplo gerenciamento do funcionamento do sistema respiratório e de todas as atividades correlacionadas com a otimização da função ventilatória. É fundamental que as vias aéreas estejam sem secreção e os músculos respiratórios funcionem adequadamente. A fisioterapia auxilia na manutenção das funções vitais de diversos sistemas corporais, pois atua na prevenção e/ou no tratamento das doenças cardiopulmonares, circulatórias e musculares, reduzindo assim a chance de possíveis complicações clínicas. Ela também atua na otimização (melhora) do suporte ventilatório, através da monitorização contínua dos gases que entram e saem dos pulmões e dos aparelhos que são utilizados para que os pacientes respirem melhor.

O fisioterapeuta também possui o objetivo de trabalhar a força dos músculos, diminuir a retração de tendões e evitar os vícios posturais que podem provocar contraturas e lesões por pressão.

Quais recursos o fisioterapeuta utiliza nas UTIs?

O fisioterapeuta utiliza técnicas, recursos e exercícios terapêuticos em diferentes fases do tratamento, sendo necessário para alcançar uma melhor efetividade a aplicação do conhecimento e das condições clínicas do paciente. Assim, um plano de tratamento condizente é organizado e aplicado de acordo com as necessidades atuais dos pacientes, como o posicionamento no leito, técnicas de facilitação da remoção de secreções pulmonares, técnicas de reexpansão pulmonar,técnicas de treinamento muscular, aplicação de métodos de ventilação não invasiva, exercícios respiratórios e músculo-esqueléticos.

Qual vantagem de ter o fisioterapeuta dentro da equipe multidisciplinar?

A presença do especialista em fisioterapia cardiorrespiratória é uma das recomendações básicas de todas as UTIs. O trabalho intensivo dos fisioterapeutas diminui o risco de complicações do quadro respiratório, reduz o sofrimento dos pacientes e permite a liberação mais rápida e segura das vagas dos leitos hospitalares. A atuação profissional também diminuiu os riscos de infecção hospitalar e das vias respiratórias, proporcionando uma economia nos recursos financeiros que seriam usados na compra de antibióticos e outros medicamentos de alto custo. Diante disso, a atuação do fisioterapeuta especialista nas UTIs implica em benefícios principalmente para os pacientes, mas também para o custo com a saúde num geral.

Peak-flow: Debitômetro

Peak-flow

O Peak-Flow, também conhecido como Debitômetro ou Pico de fluxo expiratório, é um instrumento que serve para medir a eficácia da função pulmonar e indica quão abertas estão as vias respiratórias ou quão difícil é respirar. É um aparelho pequeno, portátil e econômico, que mede o fluxo de ar ou a taxa de fluxo expiratório máximo, podendo ser de grande utilidade para os asmáticos.

Esse fluxo é facilmente mensurado através de um aparelho manual onde o paciente segura o aparelho com suas mãos, inala o máximo de ar possível ao nível da CPT (cap.pulm.total) e, em seguida, exala o ar com força máxima dentro do bocal do aparelho. O fluxo de gás exalado descola o pistom do fluxômetro de pico, registrando-se a taxa de fluxo máxima/pico em litros por min. Essa manobra deve ser feita no total de 3 vezes e , a taxa mais alta desses 3 fluxos é registrada como o fluxo de pico expiratório.

Faixa de normalidade do fluxo de pico expiratório (PEF):

– Homens: 500-700 litros/minuto.
– Mulheres: 380-500 litros/minuto.

Esses valores variam com a idade, sexo, raça, altura e tabagismo. Assim, existem tabelas de referencias. Além disso, como o PEF depende do esforço empregado pelo paciente a Força da musculatura respiratória e motivação do paciente.

O peak-flow meter é utilizado para:

  • Diagnosticar a asma;
  • Avaliar a severidade da doença;
  • Monitorizar a evolução da asma e registar dados objectivos e regulares que servirão de apoio ao médico assistente;
  • Verificar a resposta à medicação;
  • Prevenir crises.

Tomando como ponto de partida o melhor valor pessoal (100%), o asmático deve manter os resultados acima dos 80%. Para uma melhor orientação, pode usar um sistema de semáforo:

Verde – Asma bem controlada 
-Valores entre os 80 e os 100%;
-Não apresenta sintomas;
-Deve manter o programa de controlo;
-O médico pode considerar reduzir gradualmente a medicação.

Amarelo – Atenção
-Valores entre os 50 e os 80%;
-A doença está a piorar e pode haver sintomas;
-Deve aumentar a medicação de manutenção. Siga as instruções prévias do médico ou entre em contato com ele, caso tenha dúvidas.

Vermelho – Perigo!
-Valores abaixo dos 50%;
-Use um broncodilatador para alívio dos sintomas;
-Aguarde e volte a utilizar o peak-flow meter (debitómetro);
-Se as leituras não melhorarem (passando, pelo menos, para o nível amarelo) contacte o médico;
-A terapia de manutenção tem de ser aumentada.

O Técnico de Enfermagem pode executar os testes de peak-flow em clínicas ou à domicílio?

Conforme o parecer COREN-SP 070 /2013 e a orientação fundamentada Nº 083/2015, técnicos e auxiliares de Enfermagem podem verificar Peak-Flow no domicílio, sob supervisão, orientação e direção do Enfermeiro, tendo em observação que não se encontra nessa função sob a jurisdição do Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo. Os exames devem ser indicados e acompanhados por médicos que são responsáveis também pela interpretação dos achados e elaboração de laudos. Cabe ao técnico identificar-se como executor com identificação adequada (carimbo e assinatura).

Cuffômetro

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Para quem já estagiou ou trabalha em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), deve ter visto um aparelho como este, muito utilizado pelos Fisioterapeutas, Médicos e Enfermeiros da unidade. Se chama Cuffômetro, e é um aparelho utilizado para verificação da Pressão do Balonete do Tubo Orotraqueal, parâmetro importante para que se evite escapes de ar e pressão muito elevada do balonete na traqueal do paciente.

Mas o que é o Balonete do Tubo Orotraqueal?

Algumas cânulas possuem um balonete interno, que chamamos de “cuff”. O manuseio deste cuff é fundamental para o bom funcionamento da cânula. A função do cuff é permitir, através da insuflação do balonete contra a parede da traquéia, que a luz da cânula (buraco interno da cânula), seja o único orifício viável, impedindo a passagem de líquidos e secreção para os pulmões, assim como a perda de gás durante a ventilação mecânica (em pacientes mais graves), mantendo um sistema fechado e pressurizado.

O Balonete do cuff não tem função de fixação da cânula. O que fixa a cânula é o fixador externo, que pode ser de velcro ou cadarço!

Qual é a pressão mais aceitável para o Cuff?

A pressão do cuff (Pcuff) é transmitida de forma direta para mucosa. Para evitar
lesões na mucosa da traquéia é necessário observar o grau de pressão transmitido para a
parede da traqueia, também, deve ser monitorada rotineiramente por no mínimo três vezes ao dia (pela fisioterapia).

Os dados relatados na literatura acerca dos valores pressóricos ideais para a insuflação dos balonetes são controversos.

Portanto, a pressão do Cuff deve ser menor do que a pressão de perfusão capilar traqueal, que é em torno de 25 a 35 mmHg4 e aceitável (intra-cuff) de 20 a 25 mmHg, que equivale a 25 e 35 cmH2O, de modo a contribuir para prevenção de complicações como bronco aspiração, lesões isquêmicas e estenose traqueal.

Diferenças entre CPAP e BIPAP

CPAP e BIPAP

São muitos os tipos de aparelhos para tratar a apneia do sono e diversas doenças respiratórias. Os mais usados são os dispositivos CPAP e BiPAP (binível). Mas você sabe a diferença entre eles?

Fiz um resumido geral para explicar a você, em termos simples, o que cada um pode te oferecer:

CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas)

A máquina de CPAP fornece um nível predeterminado de pressão. Ela libera uma corrente de ar comprimido através de uma mangueira para a máscara de nariz e mantém aberta a via aérea superior, sob pressão de ar contínua.

A pressão do ar impede apneia obstrutiva do sono, que ocorre como resultado do estreitamento das vias aéreas devido ao relaxamento dos músculos das vias respiratórias superiores durante o sono.

Esta máquina ajuda a aumentar o fluxo de oxigênio, mantendo as vias aéreas abertas. CPAP, embora inicialmente usado para tratar a apneia do sono, também é usado para pacientes com doenças neuromusculares e problemas respiratórios.

Auto-CPAP ou Máquina pressão positiva ajusta automaticamente a pressão de ar de acordo com a exigência do paciente em um determinado momento.

BiPAP (Pressão Positiva em Vias Aéreas a Dois Níveis)

Já os aparelhos BiPAP, dispositivos biníveis, possuem o diferencial de permitirem a configuração de dois níveis diferentes de pressão: uma sobre a inspiração (IPAP) e outra sobre a expiração (EPAP) – está sempre mais baixa para facilitar ao máximo a expiração, ou seja, o esforço para exalar é menor nos dispositivos biníveis.

O BiPAP é usado para tratar a apneia central do sono e apneia obstrutiva do sono grave. Também é prescrito para pacientes que têm dificuldade respiratória e doenças cardíacas.

Enfermagem e Fisioterapia: Em prol de pacientes terminais

A dor é o sintoma mais frequente nos pacientes terminais, e o alívio da dor tem um papel de destaque, buscando, acima de tudo, o bem-estar e o conforto do paciente, e o seu controle propicia melhora da qualidade de vida do paciente até a sua morte.

A enfermagem é preponderante no tratamento da dor, tendo como foco principal o cuidado e a manutenção da qualidade de vida em todas as fases do processo da doença, ou seja, diagnóstico, tratamento, reabilitação. E a fisioterapia possui um grande arsenal de técnicas que complementam o tratamento de dor em pacientes terminais, muitas delas já comprovadas, porém outras precisam de mais estudos aprofundados.

O paciente terminal é aquele que se encontra além da possibilidade de terapêutica curativa e que necessita de um tratamento paliativo visando ao alívio de inúmeros sintomas que o atormentam, sempre levando em consideração a melhoria da qualidade de vida de uma maneira global, ou seja, biológica, espiritual, social e psicologicamente. Dentro da geriatria, a presença do paciente terminal se torna cada vez mais frequente pela grande quantidade de doenças crônicas nesses pacientes, junto com as alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas que vão alterando progressivamente o organismo, tornando-o mais suscetível às agressões intrínsecas e extrínsecas .

Entre os sintomas, a dor é considerada um dos mais temidos no final da vida. O sofrimento causado pela dor incessante toca todos os aspectos da qualidade de vida (atividade, apetite, sono, entre outros). A Agência Americana de Pesquisa e Qualidade em Saúde Pública e a Sociedade Americana de Dor classificaram a dor como o quinto sinal vital, que deve ser avaliado com os outros sinais vitais como temperatura, pulso, frequência respiratória e pressão arterial. A avaliação da dor é extremamente importante no ambiente clínico, tornando possível a adoção de uma medida de tratamento ou conduta terapêutica, porém muitas vezes a avaliação é subjetiva e de difícil aplicação. Em outras palavras, não existe um instrumento padrão para tal há algumas escalas que podem ser usadas como escala verbal descritiva, escala visual analógica, escala numérica e escala das faces.

O alívio da dor tem um papel de destaque em pacientes terminais, buscando, acima de tudo, o bem-estar e o conforto deles. A fisioterapia possui um grande arsenal de técnicas que complementam o tratamento de dor em pacientes terminais, muitas delas já comprovadas, porém outras precisam de mais estudos aprofundados. A equipe de enfermagem convive mais tempo com os pacientes, já que estes se tornam dependentes dos seus cuidados, que vão dos mais simples até os mais complexos. Dessa forma, o enfermeiro deve implementar estratégias de alívio da dor, utilizando diversas técnicas, que podem ser desenvolvidas de forma direta ou indireta. A abordagem multidisciplinar é de suma importância a esses pacientes por causa de sua alta complexidade, pois implica demonstrar que nenhuma profissão consegue abranger todos os aspectos envolvidos no tratamento da dor, o que faz destacar a significância do trabalho coletivo, permitindo a sinergia de habilidades para promover uma assistência completa. Na literatura, há descrições de tratamentos terapêuticos da dor em pacientes terminais, porém não existem muitos relatos específicos da abordagem da fisioterapia e da enfermagem diferenciada em pacientes geriátricos terminais.

O aprofundamento, a busca de novos tratamentos, condutas terapêuticas e a adequada avaliação da dor nesses pacientes são importantes, assim como admitir o significado do alívio da dor desde o início do tratamento de uma doença até as últimas horas de vida, tornando uma condição fundamental para que todas as especialidades possam trabalhar da melhor forma possível com o paciente e seus familiares.

A DOR NO PACIENTE IDOSO TERMINAL

A dor de um paciente portador de uma doença fora de possibilidade de cura pode ter uma conotação terrível pelo fato de anunciar-lhe de certa forma que a sua morte está a caminho. O sintoma mais comum em doenças avançadas é a dor (60%- 75%), podendo aumentar em até 80% em pacientes institucionalizados e ser ainda maior em pacientes hospitalizados. Os idosos que estavam em hospice em cuidados paliativos apontaram a dor como sintoma mais prevalente e angustiante (92%). Em pacientes geriátricos, a dor pode vir acompanhada de peculiaridades como o efeito cumulativo da progressão de doenças crônicas dolorosas e o aumento na incidência de condições associadas à dor. Além disso, é comum a ocorrência de múltiplas complicações médicas e mais efeitos colaterais de diferentes tratamentos durante a velhice.

As principais causas de dor no idoso (especialmente a dor crônica) são: doenças osteoarticulares (principalmente degenerativas), fraturas, doenças vasculares periféricas, neuropatia diabética, neuralgia pós-hérpica, síndrome dolorosa pós-acidente vascular encefálico (AVE), neuropatias periféricas, polimialgia reumática e, principalmente, doenças neoplásicas13. Diversos autores afirmam que os níveis de sensibilidade da dor aumentam regularmente com a idade. É necessário recordar que isso não significa ausência de dor e, portanto, o paciente geriátrico com dor precisa de um adequado tratamento. Os princípios do tratamento da dor (procedimentos paliativos em geral) são similares em adultos e nos idosos, porém deve-se conhecer as peculiaridades dessa etapa da vida e fazer um enfoque terapêutico mais adequado e racional. Os aspectos precisos sobre o que a idade altera nos mecanismos de dor não estão bem esclarecidos.

O PAPEL DA ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DA DOR

O papel da enfermagem é preponderante no tratamento da dor, tendo como foco principal o cuidado e a manutenção da qualidade de vida em todas as fases do processo da doença, ou seja, diagnóstico, tratamento, reabilitação. Por meio da compreensão dos múltiplos fatores envolvidos na dor, o enfermeiro/técnico/auxiliar pode atuar em relação ao paciente e à família objetivando uma assistência eficaz do ponto de vista técnico, científico, humano e ético. Para isso, é necessário estar disponível para ouvir, compreender e fornecer as orientações quantas vezes for necessário, estabelecendo uma relação de empatia com o paciente.

A Sistematização do Atendimento de Enfermagem (SAE) envolve uma abordagem sistemática e científica na assistência ao indivíduo com dor e suas famílias. O enfermeiro coleta dados, identifica problemas, planeja, implementa e avalia intervenções (farmacológicas e não farmacológicas), bem como propõe alterações baseadas nas avaliações. O paciente com dor pode ser incapaz de participar das atividades habituais da vida cotidiana ou de realizar seu costumeiro autocuidado. Cabe à equipe de enfermagem atender às necessidades físicas e de autocuidado do paciente, como cuidados na higiene, conforto e alimentação, intervenções na vigência de tratamento farmacológico, intervenções não farmacológicas, monitorização de sinais vitais e medidas educativas para o doente e a família.

Em suma, a enfermagem pode realizar diversas ações para o alívio da dor e a manutenção da qualidade de vida do paciente idoso terminal, entre as quais se destacam:

• Posicionamento confortável: frequentes mudanças de posição são necessárias para aliviar e redistribuir a pressão sobre a pele do paciente. Nos idosos, a pele apresenta alterações, como a diminuição dos fosfolipídios, em que os músculos sofrem atrofia e as estruturas ósseas ficam proeminentes, fazendo com que os idosos se tornem mais suscetíveis a úlceras por pressão, as quais provocam dor e sofrimento.

• Controle dos fatores ambientais: criar um ambiente calmo, diminuindo estímulos luminosos e sonoros, podendo ser criado um espaço para que os entes queridos permaneçam com os idosos, se desejável.

• Controle da ansiedade relacionada com a dor: o paciente ansioso a respeito da dor pode ser menos tolerante a ela. A ansiedade pode ser reduzida mediante explicações que indicam o grau de alívio da dor esperado a partir de cada medida. Existem estratégias que podem ser utilizadas pela enfermagem como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a técnica de orientação educativa. As TCC são utilizadas, principalmente, para controlar a dor, o medo e a ansiedade. Os princípios norteadores do seu uso são que os comportamentos humanos são socialmente aprendidos – o indivíduo pode aprender ou reaprender comportamentos que lhe tragam melhor funcionalidade e bem-estar.

São utilizadas técnicas de relaxamento, distração e imaginação dirigida. A atuação educativa do enfermeiro é realizada por meio de consultas individuais, demonstração, filmes, folhetos e manuais e pode ocorrer em diferentes contextos. O objetivo é tornar os pacientes e familiares agentes de autocuidado e participantes ativos do processo terapêutico. No tratamento farmacológico, observa-se no idoso a predisposição para desenvolver sedação e confusão mental quando faz uso de diferentes drogas .

O enfermeiro deverá conhecer a farmacocinética e a farmacodinâmica das drogas utilizadas para uma correta monitorização, que determinará a eficiência da analgesia, o ajuste das doses e o manejo dos efeitos colaterais.

O PAPEL DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA DOR

O fisioterapeuta tem um papel fundamental no controle da dor de pacientes sem possibilidade de cura, podendo utilizar métodos e recursos não invasivos exclusivos de sua profissão, que são imensamente úteis no controle da dor, fazendo com que sua atuação colabore com o tratamento multiprofissional, necessário para o atendimento desses pacientes. A literatura científica demonstra a efetividade das técnicas e recursos fisioterapêuticos utilizados por idosos que se encontram restritos ao leito por tempo prolongado.

No entanto, não há muitos artigos de revisão bibliográfica que compilem todos os dados referentes à abordagem que a fisioterapia pode desenvolver com esse paciente, dentro da equipe multidisciplinar, do contexto da dor. É muito importante deixar claros os objetivos da fisioterapia tanto para a equipe como para os familiares e o paciente a ser tratado, facilitando, assim, a aceitação e a adesão ao tratamento proposto. Entre os métodos analgésicos, há os meios físicos e a terapia manual. A eletroestimulação traz resultados rápidos, no entanto esse alívio é variável entre os pacientes. A estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) é um método que utiliza a corrente elétrica para induzir analgesia.

Alguns autores já demonstraram que a TENS de baixa e alta frequência, aplicada em animais e humanos, induziu analgesia principalmente por liberação de opioides endógenos. Já outros estudos de experimentação mostraram que a TENS de baixa frequência é menos efetiva em animais tolerantes à morfina, quando comparada à TENS de alta frequência. A partir desses estudos, é possível observar que pacientes em uso crônico de morfina podem não se beneficiar da analgesia induzida pela TENS de baixa frequência, sendo mais indicada a de alta frequência (maior que 50 Hz), por apresentar outro mecanismo de analgesia.

O estudo de Hamza et al.37 comparou o uso de TENS (Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation), constatando uma diminuição no escore da escala aná- loga visual (VAS) e a incidência de náuseas e de prurido local de forma significativa37. McQuay et al.38, numa ampla revisão sistemática, não encontraram evidências para o uso de TENS em dor em fase aguda, porém encontraram efeitos analgésicos em dor crônica.

A TENS, se bem indicada, pode trazer inúmeros benefícios no controle da dor.

O uso da corrente interferencial é bem estabelecido para diminuição da dor, no entanto ainda não há consenso sobre qual variação da amplitude modulada de frequência (AMF) é mais eficaz. Não foram encontradas diferenças na analgesia em grupos com AMF de 5, 40, 80, 120, 160, 200, 240 Hz. Talvez essa diferença esteja relacionada com as características individuais de tecidos da pele e músculos durante passagem da corrente; variações de lípides, água e íons interferem na geração da corrente interferencial, não sendo possível definir o quão é reprodutível o fenômeno no interior dos tecidos.

A termoterapia superficial (bolsa térmica e compressa de parafina) também pode ser utilizada para aliviar a dor de pacientes geriátricos em controle paliativo, tendo como objetivo promover relaxamento muscular, interferindo no ciclo dor-espasmo-dor, tomando apenas o cuidado com a pele desses pacientes que estão mais fragilizados.

Mense40 demonstrou que o aquecimento da pele, por meio do calor superficial, é capaz de reduzir a atividade dos motoneurônios gama, na medula espinhal, e a atividade elétrica das fibras intrafusais, reduzindo o espasmo muscular e a dor40. O calor superficial possibilita, também, a remoção de produtos do metabolismo, bem como de mediadores químicos responsáveis pela indução da dor e, consequentemente, do espasmo muscular reflexo. O uso do calor superficial é bem semelhante ao da crioterapia, em que o tempo recomendado é de 15 a 20 minutos, sempre reforçando a proteção do local exposto ao calor.

A crioterapia provoca vasoconstrição por aumento da atividade simpática, após estimulação dos receptores de frio na pele. Essa ação vasoconstritora reduz os mediadores químicos que são liberados no local da lesão e, dessa forma, controlam o contato desses mediadores inflamatórios com os nociceptores, reduzindo, assim, a dor.

A crioterapia tem um histórico expressivo como tratamento de dor, com eficácia comprovada, baixo custo e fácil aplicação. Porém, por sua simplicidade, deixou de ser utilizada e seu uso ficou reduzido a apenas alguns casos, como torções e contusões. Não há estudos sobre a diminuição de dor em pacientes em fase terminal por meio de crioterapia, mas sua aplicação pode ser útil para dores musculoesqueléticas, sendo realizada por bolsas ou imersão em água gelada duas a três vezes ao dia durante 15 a 20 minutos.

Os métodos como mobilizações articulares, alongamentos e massoterapia também podem ser utilizados para complementar o tratamento da dor, diminuindo a tensão muscular, melhorando a circulação tecidual, prevenindo rigidez e deformidades articulares e agindo também para diminuir a ansiedade, muito comum nesses pacientes.

O alongamento é eficaz e pode ser utilizado com relativa facilidade e baixo custo, sempre com orienta- ção de um fisioterapeuta ou fisiatra. A queixa de uma dor muscular pode ser devida à perda da flexibilidade, que leva a um encurtamento da musculatura. O alongamento mostra ser eficaz na diminuição da dor e na melhora de outros sintomas, como a ansiedade, em comparação ao condicionamento físico.

A massoterapia também é uma técnica comumente utilizada como terapia complementar nos pacientes, com o objetivo de analgesia.

A massoterapia é definida como a manipulação dos tecidos moles do corpo, executada com as mãos, com o propósito de produzir efeitos benéficos sobre os sistemas vascular, muscular e nervoso. A massoterapia produz a estimulação mecânica dos tecidos, mediante a aplicação rítmica de pressão e estiramento. A pressão comprime os tecidos moles e estimula os receptores sensoriais, produzindo sensação de prazer ou bem-estar, e pode ser utilizada com o objetivo de induzir o relaxamento muscular e o alívio da dor.

Em um estudo feito por um estudioso, que utilizou massoterapia para alívio da dor e melhora da qualidade de vida em pacientes oncológicos sob cuidados paliativos, conclui-se que a realização de 10 dias subsequentes de massagem padronizada em pacientes com dor oncológica resultou em menor consumo diário de morfina, melhor qualidade de vida, sem, contudo, aumentar a incidência dos efeitos adversos, revelando-se uma técnica adjuvante alternativa para o tratamento da dor oncológica.

Muitos profissionais tendem a evitar tocar em pacientes idosos, especialmente os que sofrem de doenças em fase terminal, porém o toque e a proximidade física podem ser a maneira mais importante de entrar em comunicação com uma pessoa na terminalidade, transmitindo-lhe a noção de que é importante como ser humano.

É importante ressaltar que, antes de utilizar qualquer técnica, se deve avaliar e levar em conta a contraindicação de cada recurso fisioterápico, respeitando a individualidade de cada paciente, observando e analisando as patologias apresentadas por eles.

O moderno enfoque do tratamento da dor com equipe multidisciplinar (união de diversos profissionais como médico, psicólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, enfermeira, técnico de enfermagem, auxiliar de enfermagem, assistente social e outros) permite abranger muitos dos aspectos que afetam o paciente em fase terminal, que na geriatria se torna mais complexo pelas comorbidades apresentadas.

Dentro da abordagem dos pacientes geriátricos terminais com dor, a identificação à primeira vista pode ser difícil. Com isso, um bom preparo dos profissionais para a escolha da ferramenta adequada a ser utilizada e saber identificar o sintoma são de suma importância para que sejam estabelecidos objetivos e condutas adequados para cada paciente, sempre respeitando sua individualidade.

Isso tende a tornar as terapias mais eficazes. A fisioterapia e a enfermagem possuem vários recursos para redução de dor, tendo como objetivo principal a melhora da qualidade de vida dos pacientes sem possibilidades curativas. É de vital importância que, além da equipe multidisciplinar, o próprio paciente e as pessoas que cuidam dele ou convivem com ele estejam empenhados em seu tratamento.