Os Tipos de Dor: Conheça!

Existem Diferentes Tipos de Dor. Além disso, o corpo processa a dor de maneiras diferentes. Por esse motivo, existem várias opções de tratamento exclusivas para atender às complexidades de cada tipo.

Ao identificar o tipo de dor, seu médico pode selecionar o tipo de tratamento com mais eficácia e ajudar a controlar sua dor mais rapidamente.

Em que Consiste a Dor?

A dor é uma sensação desconfortável desencadeada pelo sistema nervoso em resposta aos danos nos tecidos ou a outros danos ao corpo. A sensação de dor pode ser:

  • Surda;
  • Incômoda;
  • Aguda;
  • Pontiaguda;
  • Queimação;
  • Alfinetes e agulhas.

Os Tipos mais Comuns de Dor

Existem quatro categorias amplas de dor:

  • Dor nociceptiva: normalmente, resultado de lesão do tecido. Os tipos comuns de dor nociceptiva são a dor da artrite, a dor mecânica nas costas ou a dor pós-cirúrgica;
  • Dor inflamatória: uma inflamação anormal causada por uma resposta inadequada do sistema imunológico do corpo. As condições nesta categoria incluem gota e artrite reumatoide;
  • Dor neuropática: dor causada por irritação do nervo. Isso inclui condições como neuropatia, dor radicular e neuralgia do trigêmeo;
  • Dor funcional: sem origem óbvia, mas com quadros de dor. Exemplos de tais condições são fibromialgia e síndrome do intestino irritável.

A dor também pode ser dividida em aguda e crônica:

A dor aguda é sentida rapidamente em resposta à doença ou lesão. A dor aguda serve para alertar o corpo de que algo está errado e que uma ação deve ser tomada, como afastar o braço de uma chama. A dor aguda geralmente desaparece dentro de um curto período de tempo, uma vez que a condição subjacente é tratada;

dor crônica é definida como durando mais de três meses. A dor crônica geralmente começa como uma dor aguda que se prolonga além do curso natural da cura ou após medidas terem sido tomadas para tratar a causa da dor.

Outros Tipos de Dor

A pesquisa sobre o diagnóstico e o tratamento da dor continua em andamento. Portanto, conforme o estudo da dor foi se aprofundando, outros subtipos foram sendo descritos, possibilitando um diagnóstico mais preciso para um tratamento mais adequado.

Dor Inflamatória Nociceptiva

A dor inflamatória nociceptiva está associada aos danos nos tecidos em que ocorre uma resposta inflamatória. A inflamação é uma resposta coordenada do sistema corporal, projetada para ajudar a curar os danos nos tecidos.

A resposta inflamatória é bem coordenada e envolve produtos químicos do sangue, produtos químicos do sistema imunológico e alguns produtos químicos liberados de fibras nervosas especializadas. Esses produtos químicos se comunicam entre si para ajudar a coordenar a reparação dos tecidos.

Pode haver sinais de lesão do tecido, como inchaço, vermelhidão e posteriormente púrpura ou amarelecimento da pele, maior sensibilidade ao toque e movimento. Esses sinais fazem parte da cicatrização do tecido.

Dor Referida

A dor referida é a dor percebida em um local diferente do local do estímulo doloroso. Geralmente, se origina em um dos órgãos viscerais, mas é sentida na pele ou, às vezes, em outra área no interior do corpo.

Seu mecanismo provavelmente se deve ao fato de que os sinais de dor das vísceras viajam pelas mesmas vias neurais usadas pelos sinais de dor da pele. O resultado é a percepção da dor originada na pele e não em um órgão visceral profundamente arraigado ou em uma estrutura neural.

Dor Nociplástica

Esse tipo de dor pode refletir alterações no funcionamento dos sistemas nervoso e imunológico. Quando isso acontece, a dor pode ser amplificada, generalizada, envolver vários tecidos (corpo, vísceras) e ser mais intensa, dada a quantidade de dano nervoso.

Outros sintomas comuns são fadiga, sono insuficiente, problemas de memória e mau humor. Esse tipo de dor é frequentemente associado a condições como fibromialgia, dor pélvica crônica, dores de cabeça do tipo tensional ou lombalgia crônica.

A dor nociplástica não responde à maioria dos medicamentos e geralmente requer um programa de cuidados sob medida que envolve o tratamento de fatores que podem contribuir para a dor contínua (estilo de vida, humor, atividade, trabalho, fatores sociais).

A maioria das dores pode ser tratada com sucesso por uma abordagem multidisciplinar ou combinada com base no tipo ou tipos de dor envolvidos. Portanto, seja sua dor aguda ou crônica, o médico especialista em dor pode ajudá-lo em seu tratamento.

Dor Visceral

A dor visceral é, por definição, dor sentida como vindo dos órgãos internos do corpo. Existem várias etiologias para a dor sentida em órgãos internos, incluindo:

  • Inflamação (aguda e crônica), inclusive inflamação causada por irritantes mecânicos (por ex., cálculos renais)
  • Infecção
  • Interrupção de processos mecânicos normais (por ex., falta de mobilidade gastrointestinal)
  • Neoplasias (benignas ou malignas)
  • Alterações nos nervos que transportam as sensações das vísceras
  • Ιsquemia

A dor visceral pode ter várias formas e os processos que podem estar associados a condições com risco de vida ou rapidamente reversíveis devem ser considerados em todas as apresentações. No entanto, eventos isolados com apresentação aguda e resolução espontânea são comuns. O nível da investigação deve ser guiado pela prudência e pela persistência ou recorrência dos sintomas.

Tradicionalmente, a dor visceral crônica é classificada como “orgânica”, causada por lesão patológica detectável por medidas diagnósticas normais, ou “funcional”, quando a etiologia é obscura e pode ser causada por mudanças indefinidas na hipersensibilidade visceral em nível central ou periférico.

Dor Somática

A Dor somática ocorre quando os estímulos que vão produzir a sensação de dor provêm da periferia do corpo (pele, músculos, periósteo, articulações) ou de tecidos de suporte do organismo.

A dor somática pode ser:

  • Superficial Profunda;
  • Inicial atrasada câimbras musculares, cefaleias , dores de articulações, dor em pontada ou aguda dor em queimação;
  • Pele Tecido Conjuntivo;
  • Ossos, articulações;
  • Músculos

A dor somática é sentida com alto grau de discriminação, sendo amplamente representada na área somatosensorial. É transmitida de acordo com a distribuição anatômica das vias nociceptivas e pode ser SUPERFICIAL CUTÂNEA e PROFUNDA de acordo com a estrutura envolvida na lesão.

Referências:

  1. Bonica JJ. The management of pain, 2. ed. Philadelphia: Lea & Febiger; 1990.
  2. Teixeira MJ, Braum Filho JL, Márquez JO, Yeng LT. dor: contexto interdisciplinar. Curitiba: Editora Maio; 2003.

Sistema Circulatório: Fluxo sanguíneo cardíaco

O coração e os vasos sanguíneos constituem o sistema cardiovascular (circulatório). O coração bombeia o sangue para os pulmões para que ele possa receber oxigênio e depois bombeia o sangue rico em oxigênio para o corpo.

O sangue que circula nesse sistema distribui oxigênio e nutrientes para os tecidos do corpo e retira produtos residuais (como dióxido de carbono) dos tecidos.

A função do coração

A única função do coração é bombear sangue.

  • O lado direito do coração: bombeia sangue para os pulmões, onde oxigênio é adicionado ao sangue e o dióxido de carbono é eliminado;
  • O lado esquerdo do coração: bombeia sangue para o restante do corpo, onde oxigênio e nutrientes são fornecidos para os tecidos e os resíduos (como dióxido de carbono) são transferidos para o sangue para serem removidos por outros órgãos (como os pulmões e rins).

O sangue faz a seguinte trajetória: O sangue proveniente do corpo, pobre em oxigênio e carregado de dióxido de carbono, flui através das duas veias maiores – a veia cava superior e a veia cava inferior, que, em conjunto, são chamadas veias cavas – para o átrio direito.

Quando o ventrículo direito relaxa, o sangue que está no átrio direito é despejado através da válvula tricúspide no ventrículo direito. Quando o ventrículo direito está quase cheio, o átrio direito se contrai, enviando sangue adicional para o ventrículo direito, que se contrai em seguida.

Essa contração fecha a válvula tricúspide e impulsiona o sangue pela válvula pulmonar até as artérias pulmonares, que irrigam os pulmões. Nos pulmões, o sangue flui pelos pequenos capilares que rodeiam os alvéolos. Aqui, o sangue absorve oxigênio e libera dióxido de carbono, que depois é exalado.

O sangue proveniente dos pulmões, agora rico em oxigênio, circula pelas veias pulmonares até o átrio esquerdo. Quando o ventrículo esquerdo relaxa, o sangue do átrio esquerdo passa para o ventrículo esquerdo através da válvula mitral.

Quando o ventrículo esquerdo está quase cheio, o átrio esquerdo se contrai, enviando sangue adicional ao ventrículo esquerdo, que, em seguida, contrai-se. (Em idosos, o ventrículo esquerdo não fica totalmente cheio antes da contração do átrio esquerdo, o que faz com que essa contração do átrio esquerdo seja especialmente importante).

A contração do ventrículo esquerdo fecha a válvula mitral e impulsiona o sangue pela válvula aórtica até a aorta, a maior artéria do corpo. Esse sangue leva oxigênio a todo o corpo, exceto aos pulmões.

A circulação pulmonar é o trajeto entre o lado direito do coração, os pulmões e o átrio esquerdo.

A circulação sistêmica é o trajeto entre o lado esquerdo do coração, a maior parte do corpo e o átrio direito.

Referência:

  1. Fisiologia cardiovascular. In: Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. D. Silverthorn. Ed. Manole. 2a.edição, 2003, pp. 404-441. 

Antropometria

Epistemologicamente, a palavra “antropometria” deriva do grego anthropos (homem) e metrom (medida).

Portanto, a Antropometria forma parte da Antropologia que estuda as medidas e proporções do corpo humano que envolvem medidas sistemáticas das propriedades físicas do corpo humano: dimensões, tamanho corporal, forma e proporções.

As medidas antropométricas têm sido utilizadas como base mais assertiva para avaliar a condição nutricional de uma pessoa, em função da facilidade e precisão em obter essas medidas.

Quais são os principais tipos de medidas antropométricas?

Os principais tipos de medidas antropométricas são:

  • Peso;
  • Altura;
  • Dobras Cutâneas ;
  • Diâmetro Ósseo
  • Músculos e gordura;
  • Circunferências corporais;
  • Índice de Massa Corporal (IMC);
  • Categorias de índices de padrão de crescimento.

O que é uma avaliação antropométrica?

A avaliação antropométrica usa como base os dados extraídos para compor a tabela de medidas antropométricas.

Dessa forma, ela considera esses valores primários e secundários para entender o estado nutricional e a morfologia da pessoa em questão. Além disso, uma avaliação antropométrica permite, entre outras coisas:

  • Avaliar índices para riscos de  doenças cardíacas;
  • Diferenciação do peso bruto dos tecidos;
  • Avaliar a composição corporal;
  • Avaliação da água intra e extracelular;
  • Classificar o tipo morfológico da pessoa.

Como é realizada a avaliação antropométrica e qual a sua importância?

A forma mais comum de verificar a composição corporal , por exemplo, é através das dobras cutâneas, pois permite chegar a um valor muito próximo da gordura corporal através das espessuras das dobras.

importância da avaliação antropométrica é a precisão de um diagnóstico geral para o paciente.

Para atletas profissionais, essa avaliação antropométrica se mostra ainda mais essencial, pois ajuda a monitorar a composição corporal, que reflete no desempenho das atividades físicas.

Por isso, a realização das  medidas antropométricas são importantes também para os profissionais de educação física.

Quem pode fazer a avaliação antropométrica?

Além de existir muita cautela, a avaliação antropométrica só pode ser feita por profissionais com formação e conhecimento nessa prática.

Isso é um pré-requisito pois dados errados podem prejudicar o diagnóstico e a evolução de um paciente. Os principais profissionais que fazem essa avaliação são:

  • Nutricionistas;
  • Enfermeiros;
  • Profissionais  de educação física;
  • Endocrinologistas;
  • Nutrólogos.

Técnicas para a tomada das medidas antropométricas

Técnica de adipometria

Esse método avalia a densidade corporal, determinando, principalmente, o montante de gordura corporal. Serve para medir as dobras cutâneas, que é uma das principais medidas antropométricas, como citamos anteriormente.

Técnica de perimetria

Para verificar as circunferências corporais, utilizamos a técnica de perimetria. São importantes para o acompanhamento das medidas corporais e avaliar índices como por exemplo risco do perímetro abdominal.

Técnica de paquimetria

Essa técnica é muito utilizada para medir o diâmetro ósseo. Trata-se de uma importante medida para identificar a morfologia do avaliado.

Técnica para medir o peso em crianças maiores de dois anos de idade e em adultos

O paciente deve manter a cabeça e corpo erguidos para que o peso seja avaliado. No caso de balanças eletrônicas, o peso aparecerá no visor.

No caso de balanças mecânicas, é preciso destravá-las e mover os cursores sobre a escala numérica até nivelar a agulha do braço e o fiel.

Após isso, você deverá travar novamente a balança para registar o valor na tabela de medidas antropométricas.

Técnica para medir a altura em crianças maiores de dois anos de idade e adultos

Nesta outra técnica, o profissional deve também pedir para que o paciente retire acessórios volumosos e o sapato, por exemplo, para que isso não influencie na medição.

Além disso, o profissional  deve usar um estadiômetro, também conhecido como antropômetro vertical, podendo estar fixo na parede, acoplado à balança ou ser portátil.

Depois disso, o usuário deverá ficar de costas ou de frente para o instrumento, dependendo do modelo,  com os pés paralelos e o corpo tocando o aparelho ou a parede.

O profissional deve posicionar a cabeça do avaliado  de modo que o orifício do ouvido esteja no mesmo plano horizontal da parte exterior da órbita ocular.

Após isso, deve-se baixar a haste móvel do estadiômetro até encostar na cabeça do avaliado  para medir o valor e fazer o registro na tabela de medidas antropométricas.

Instrumentos para medidas antropométricas

Existem diversos instrumentos que devem ser utilizados na hora de fazer as medidas antropométricas no paciente. Conheça 6 desses instrumentos a seguir.

Balança antropométrica mecânica

A balança antropométrica mecânica é uma das balanças antropométricas mais conhecidas, fácil de encontrar em clínicas e não precisa de energia para funcionar. Sua função é medir o peso e altura do paciente.

Ela também é indicada para academias, hospitais, escolas e outros espaços que envolvam profissionais da área.

Balança antropométrica digital

Já a balança antropométrica digital tem a diferença justamente que o nome sugere e ela é mais precisa para indicar a massa corporal e quando tem estadiômetro acoplado, a altura do paciente.

Balança antropométrica digital para obesos

Esse tipo de balança funciona igualmente como a anterior, mas ela é voltada para pessoas obesas, com uma quantidade de gordura superior ao indicado.

Por essa razão, essas balanças precisam suportar uma quantidade de quilogramas superior à balança antropométrica digital tradicional.

Trena

trena antropométrica ou fita antropométrica tem a função específica de realizar medidas dos perímetros corporais.

Adipômetro

adipômetro, também chamado de plicômetro, é um instrumento que se usa para medir as dobras cutâneas e obter os valores da composição corporal.

Estadiômetro ou Antropômetro

Por fim, o antropômetro, também conhecido como estadiômetro, serve para medir a altura das pessoas em avaliações nutricionais e esportivas.

Referências:

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Semiologia Abdominal: Os tipos de Abdômen

A forma e o volume do abdômen variam de acordo com a idade, sexo e estado de nutrição do paciente.

Em decorrência de alterações intra-abdominais ou da parede abdominal, os tipos de abdome podem ser encontrados: atípico ou normal, globoso ou protuberante, em ventre de batráquio, pendular ou ptótico, de avental e escavado (escafoide ou côncavo).

Veja também:

Regiões e Quadrantes Abdominais

ABDOME ATÍPICO OU NORMAL

Compreende grandes variações de acordo com cada indivíduo. Sua principal característica morfológica é a simetria.

ABDOME GLOBOSO OU PROTUBERANTE

Apresenta-se globalmente aumentado, com predomínio nítido do diâmetro anteroposterior sobre o transversal.

ABDOME EM AVENTAL

Encontrado em pessoas com obesidade de grau elevado, sendo consequência do acúmulo de tecido gorduroso na parede abdominal. Nesse caso, a parede abdominal pende “como um avental” sobre as coxas do paciente, tornando-se evidente quando está de pé.

ABDOME ESCAVADO (ESCAFOIDE OU CÔNCAVO)

Percebe-se nitidamente que a parede abdominal está retraída. É próprio de pessoas muito emagrecidas, geralmente portadoras de doenças consuntivas, principalmente neoplasias malignas do sistema digestivo.

ABDOME PENDULAR OU PTÓTICO

Quando, estando o paciente de pé, as vísceras pressionam a parte inferior da parede abdominal, produzindo neste local uma protrusão. Sua causa mais comum é a flacidez do abdome no período puerperal. Ocorre, também, em pessoas emaciadas cuja parede abdominal tenha perdido sua firmeza.

ABDOME EM VENTRE DE BATRÁQUIO

Aquele em que, estando o paciente em decúbito dorsal, observa-se franco predomínio do diâmetro transversal sobre o anteroposterior. Pode ser observado na ascite em fase de regressão e é consequência da pressão exercida pelo líquido sobre as paredes laterais do abdome.

Tipos de Incisões Cirúrgicas Abdominais

Referências:

  1. Semiologia Médica – Celmo Celeno Porto – 7ª Edição. 2013. Editora Guanabara Koogan.

Sinal de Blumberg

O Sinal de Blumberg é um sinal médico caracterizado por dor ou piora da dor à compressão e descompressão súbita do ponto de McBurney. A pesquisa do sinal é feita no ponto de McBurney, também chamado de ponto apendicular.

Como é avaliado?

É traçado uma linha que liga a cicatriz umbilical com a espinha ilíaca ântero-superior. Divide-se esta linha em 3 partes, sendo o ponto referido o local que corresponde ao encontro do terço médio com o terço distal da linha.

Dor no ponto de McBurney, percebido durante o exame físico, é indicativo de peritonite naquele local e, apesar de não ser patognomônico, geralmente associa-se à apendicite aguda.

O verdadeiro sinal de Blumberg positivo ocorre somente quando a dor ocorre em dois tempos: durante a compressão e na descompressão, sendo nesta de muito maior intensidade.

Somente a descompressão dolorosa – dor em um tempo – não caracterizaria o sinal. Idealmente, como foi descrito no artigo em que foi publicado, o sinal de Blumberg só é pesquisado no ponto de Mcburney, sendo que a descompressão dolorosa em qualquer outra parte do abdome não é reconhecida como este sinal.

O nome do sinal é em homenagem ao cirurgião alemão Jacob Moritz Blumberg.

Referência:

  1. Ramos Jr. Semiotécnica da Observação Clínica, 1995

Semiologia Dermatológica: Colorações da Pele

semiologia dermatológica é uma das etapas do exame clínico que envolve o reconhecimento das alterações e afecções que acometem a pele.

Além das doenças dermatológicas com acometimento cutâneo exclusivo, há condições dermatológicas com envolvimento sistêmico, ou de outros órgãos, e ainda, doenças metabólicas, endócrinas, hepáticas, neurológicas e neoplásicas, entre outras, com determinadas manifestações cutâneas.

Avaliação

Durante a realização do exame físico, o examinador faz uma avaliação das condições gerais do paciente, e uma análise pouco mais minuciosa de algumas características da pele.

Nesta etapa, a simples observação das modificações da superfície cutânea poderá auxiliar no raciocínio clínico do examinador e, portanto, remeter à prováveis hipóteses diagnósticas. O exame dermatológico (ou, simplesmente, da pele) deve ser realizado com uma iluminação adequada (de preferência, luz natural), e com desnudamento progressivo das partes a serem examinadas.

Os elementos a serem investigados no exame físico geral da pele ou exame dermatológico são os seguintes:

  1. Coloração (alterações de coloração da pele generalizada ou localizada: cianose, palidez, icterícia)
  2. Umidade 
  3. Textura
  4. Temperatura
  5. Turgor
  6. Integridade (ou continuidade) (erosões, úlceras, fissuras, fístulas)
  7. Sensibilidade (hipoestesia, anestesia, hiperestesia)
  8. Espessura (atrofia, infiltração)
  9. Elasticidade (elastose, esclerodermia)
  10. Mobilidade (esclerodermia)
  11. Lesões elementares

COLORAÇÃO

Adicionalmente, a cor da pele determinada pela etnia ou raça, algumas condições fisiológicas ou patológicas irão influir na coloração da pele. A coloração da pele é a primeira observação do exame físico dermatológico.

Pode ser modificada por condições fisiológicas, tal como se observa na exposição ao frio (livedo) ou ao sol (eritema solar), ou ainda por condições patológicas que resultam em palidez por colapso periférico.

Os indivíduos de cor branca e pardo-claros apresentam, em condições normais, uma coloração levemente rósea ou rosada da pele. Esta coloração dada pelo sangue que circula na rede capilar cutânea pode sofrer variações fisiológicas e/ou patológicas.

Já alguns distúrbios da coloração dos indivíduos de pele escura, em especial os negros, são observados com maior dificuldade.

Por exemplo, o escurecimento da pele pode ser observado nos indivíduos de pele branca que foram expostos ao sol (bronzeamento); ou na doença de Addison e hemocromatose, que são distúrbios endócrinos que afetam a produção melanina e o metabolismo do ferro, respectivamente.

  • Palidez: é conceituada como sendo uma atenuação ou desaparecimento da cor rósea da pele. Deve ser avaliada com a luz natural, pois, as iluminações artificiais podem influenciar na sua identificação. Por meio de semiotécnica simplificada, o examinador deve pesquisar a palidez na pele em toda a extensão da superfície cutânea, incluídas as mucosas e as regiões palmoplantares, onde é possível a identificação mais acurada da palidez em negros. A comparação entre áreas simétricas complementa a avaliação da palidez, que pode ser classificada em três formas distintas: generalizada, localizada ou segmentar.
  • Palidez generalizada: traduz uma diminuição das hemácias circulantes nas microcirculações cutânea e subcutânea. Pode ser decorrente da redução real das hemácias circulantes, como nas anemias e perdas sanguíneas, pois, a hemoglobina‚ é a responsável, em última instância, pela coloração rósea da pele. Ou por um segundo mecanismo, relacionado a uma vasoconstrição generalizada secundária aos estímulos vasoativos, neurogênicos ou hormonais (crises de feocromocitoma, emoções).
  • Palidez localizada ou segmentar é explicada, fisiologicamente, por uma isquemia no território afetado. Partindo deste princípio, uma palidez restrita ao membro inferior direito, possivelmente, se apresenta como principal causa de uma obstrução da artéria femoral. Uma manobra de avaliação clínica do fluxo sanguíneo através da pele pode auxiliar na investigação deste tipo de palidez. O examinador deve pressionar o polegar de encontro ao osso esterno durante alguns segundos, com a finalidade de expulsar o sangue que flui naquela área. Em seguida, retira-se o dedo abruptamente e observa o tempo necessário para que a pele recém-pressionada retorne à sua coloração rósea. Em condições normais, o tempo‚ é inferior a um segundo.
  • Eritema (eritrose ou vermelhidão): Como a própria nomenclatura já sugere, significa um exagero da coloração rósea da pele, indicando, na maioria das vezes, um aumento da quantidade de sangue na rede vascular cutânea, quer seja por conta de uma vasodilatação ou, aumento de sangue propriamente dito.
  • Eritema generalizado pode ser observado em pacientes febris, indivíduos demasiadamente expostos ao sol, estados policitêmicos, infecções virais (dengue, zika, chikungunya) e bacterianas (escarlatina), afecções inflamatórias (farmacodermia) e neoplásicas (linfoma cutâneo).
  • Eritema localizado pode ter um caráter fugaz (quando depende de um fenômeno vasomotor: ruborização do rosto por emoção, “fogacho” do climatério”) ou ser duradouro (eritema palmar constitucional ou por hepatopatia crônica).
  • Eritema Vs: Hiperemia: Hiperemia, basicamente, é a vasodilatação em uma região ou tecido do organismo, ocorrendo o aparecimento de vermelhidão (eritema) e calor. O eritema seria então a consequência de uma hiperemia, e pode ser causada por um processo inflamatório (levando aos sinais cardinais: rubor, calor, edema e dor), por uma exposição excessiva ao sol (levando à queimadura de primeiro grau), por alergias ou por substâncias medicamentosas incompatíveis. O eritema pode ser considerado como o congestionamento local de sangue. Ainda, o eritema pode ser diferenciado de exantema e púrpura ao pressionarmos a região: no eritema, a vermelhidão some e retorna em seguida, já no exantema ou púrpura, esse “apagamento” da vermelhidão não ocorre.
  • Fenômeno de Raynaud. É uma alteração cutânea que depende das pequenas artérias e arteríolas das extremidades e que resulta em modificações da coloração. Inicialmente, se observa a palidez, a seguir, a extremidade torna-se cianótica, e o episódio termina com uma vermelhidão da área. Trata-se de um fenômeno vasomotor que pode ser deflagrado por várias causas (Lúpus eritematoso sistêmico, Esclerodermia sistêmica, Tromboangeíte obliterante, costela cervical e compressão dos vasos subclávios).
  • Cianose: é o termo que significa uma coloração azulada da pele e, ocorre quando a hemoglobina reduzida alcança no sangue valores superiores a 5g% g% (normal em torno de 2,6 g%). A cianose não é detectável até que a saturação de oxigênio no sangue seja menor que 85%. É menos prontamente detectável se a anemia estiver presente, e mais facilmente vista na policitemia. A sua pesquisa deve ser mais minuciosa nas seguintes regiões: face, ao redor dos lábios, ponta do nariz, lóbulos das orelhas, extremidades das mãos e dos pés (leitos ungueais e polpas digitais). Pode ser classificada em generalizada e localizada e graduada em leve, moderada e intensa.
  • Icterícia: é o termo que designa uma coloração amarelada da pele, mucosas e escleróticas resultantes do acúmulo de bilirrubina no sangue. A icterícia deve ser distinguida de outras condições em que a pele, mas não as mucosas, podem tomar coloração amarelada: uso de certas drogas que impregnam a pele (quinacrina), alimentos ricos em carotenos (cenoura, mamão, tomate).

UMIDADE

A apreciação da umidade começa na inspeção, mas o método deve ser acrescido da palpação com as polpas digitais e com a palma da mão. Por meio da sensação tátil, pode se avaliar a umidade da pele com alguma precisão e se observar variações da umidade normal.

A pele seca revela ao tato uma sensação especial. É encontrada, com maior frequência, em pessoas idosas, em algumas dermatopatias crônicas (esclerodermia, ictiose), no mixedema, na avitaminose A, na insuficiência renal crônica, desidratação. A redução da temperatura nos pacientes febris leva à pele com umidade aumentada ou pele sudorenta.

TEXTURA

Significa trama ou disposição dos elementos que constituem um tecido e são sensíveis ao tato. A textura da pele é avaliada por meio do deslizamento das polpas digitais sobre a superfície cutânea, sendo possível constatar uma das seguintes condições:

Textura normal, aquela encontrada em condições normais, é a que desperta uma sensação própria que a prática vai firmando.

Pele lisa ou fina representa a redução dos constituintes da pele, e é frequente em condições fisiológicas nas pessoas idosas, ou patológicas, que levam à atrofia da pele, como na síndrome de Cushing.

Pele áspera é observada em indivíduos expostos às intempéries, ao sol e que trabalham em atividades rudes, tais como, lavradores e pescadores. Ainda pode ser vista em algumas afecções como mixedema e dermatopatias.

Pele enrugada ocorre em indivíduos que emagrecem rapidamente, ou ainda, quando se elimina um edema.

INTEGRIDADE

Integridade ou continuidade cutânea é o termo que refere a uma ausência de lesão de sua superfície. Portanto, qualquer alteração da pele, seja por erosões, úlceras, fissuras culmina em alterar a continuidade da pele. É um tema complexo, que será descrito adiante, no tópico “Lesões Elementares”.

ESPESSURA

É avaliada por meio do pinçamento de uma dobra cutânea com o polegar e indicador, e somente da camada mais superficial da pele. Esta manobra deve ser feita em várias e diferentes regiões, tais como, antebraço, tórax e abdome. As seguintes condições podem ser observadas:

Pele de espessura normal; Pele atrófica, que é acompanhada de textura lisa ou fina, certa translucidez que permite ver a rede venosa superficial, comum nos idosos e em algumas dermatoses; Pele hipertrófica ou espessa‚ vista em indivíduos expostos ao sol, que apresentam elastose decorrente da desorganização e aumento das fibras elásticas de sustentação.

A esclerodermia é uma doença imune-mediada do tecido conjuntivo, na qual o espessamento cutâneo é uma alteração relevante da doença.

TEMPERATURA

A temperatura da pele e a corporal nem sempre são equivalentes. Para avaliar a temperatura da pele, utiliza-se a face dorsal das mãos ou dos dedos, comparando-se com o lado homologo de cada segmento examinado.

A temperatura da pele é variável, e de acordo com a região anatômica a ser pesquisada. Um aumento da temperatura em nível articular pode indicar um processo inflamatório subjacente.

ELASTICIDADE

Elasticidade é capacidade da pele de se estender quando tracionada; e a mobilidade é a sua capacidade de se movimentar sobre planos profundos subjacentes. Por meio semiotécnico simples, se faz o pinçamento uma prega cutânea com o polegar e o indicador, e em seguida, uma certa tração.

As seguintes condições podem ser observadas: Elasticidade normal; Elasticidade aumentada como ocorre, por exemplo, na síndrome de Ehlers-Danlos, uma doença que afeta as fibras elásticas da pele e de outros órgãos; Elasticidade diminuída ocorre na esclerodermia.

MOBILIDADE

A sua avaliação pode ser realizada por meio da palma da mão, que deve se posicionar sobre a superfície que se quer examinar. A movimentação para todos os lados revela a capacidade da pele em deslizar sobre as estruturas profundas (ossos, articulações e músculos).

As seguintes condições podem ser observadas: Mobilidade normal; Mobilidade diminuída ou ausente ocorre na esclerodermia, elefantíase, infiltrações neoplásicas próximas a pele; Mobilidade aumentada se faz presente na síndrome de Ehlers-Danlos

TURGOR

É facilmente avaliado por meio do pinçamento com o polegar e o indicador, neste caso, a pele e o tecido subcutâneo devem ser englobados. É dito normal, quando o examinador aprecia uma sensação de pele “suculenta”, ou seja, que, ao ser solta, a prega se desfaz rapidamente.

Isto indica que o conteúdo de água está normal e, portanto, a pele está hidratada. Já a sua diminuição é traduzida por uma prega que se desfaz lentamente, podendo indicar desidratação ou desnutrição.

SENSIBILIDADE

É uma etapa comum no exame dermatológico e neurológico. As alterações representam distúrbios neurológicos observados como complicações da hanseníase e do diabetes.  É avaliada nos padrões de sensibilidade térmica, tátil e dolorosa.

  • Sensibilidade tátil pode ser investigada com um chumaço de algodão, ou mais minuciosamente com estesiometro, filamentos de nylon de diversas espessuras, em áreas suspeitas do corpo e pontos específicos das regiões palmo-plantares.
  • Sensibilidade térmica pode ser avaliada com dois tubos de ensaios, um com água quente e, outro, com água fria.
  • Sensibilidade dolorosa pode ser avaliada por meio de uma agulha estéril, em regiões do corpo que compreenda, no mínimo, áreas suspeitas e extremidades. A sua diminuição (hipoalgesia/anestesia) ou aumento (hiperalgesia) podem ocorrer em diversas condições patológicas.

Referências:

  1. SEIDEL H.M; BALL J.W; BENEDICT G.W. Mosby Guia de Exame Físico. 6. ed. Rio de Janeiro, 2007.
  2. SOUZA, B.F. Manual de Propedêutica Médica. 2. ed. Rio de Janeiro. São Paulo: Livraria Atheneu, 1985.
  3. SWARTZ M.H. Tratado de Semiologia Médica. 5. ed. Rio de janeiro. Elsevier, 2006.
  4. ARGENTE, A.H. ALVAREZ, E.M. Semiologia Médica. 3ª ed. Panamericana, 2021.
  5. LE BLOND, F.R. et al. De Gowin’s. Diagnostic Examination. 10th ed. McGraw Hill, 2015.
  6. DENNIS, M. et al. Mechanisms of Clinical Signs. Elsevier, 2012.
  7. DOUGLAS, G. NICOL and F. ROBERTSON, C. Macleod’s Clinical Examination. 12 ed. Elsevier, 2011.
  8. FORTIN, A.H et al. Patient-Centered Interviewing – An Evidence-Based Method. 3th ed. McGraw Hill, 2012.

Semiologia: O Exame Físico e as Etapas

Levantar informações sobre o estado de saúde do paciente: eis a função dos exames físicos. É ele que indica eventuais anormalidades e fornece subsídios para o diagnóstico e assistência satisfatória da enfermagem.

As Etapas do Exame Físico

Inspeção

Avaliar o corpo quanto à forma, cor, simetria, odor e presença de anormalidades.

Palpação

Avaliar temperatura, estado de hidratação, textura, forma, movimento, áreas de sensibilidade e pulsação. Palpar órgãos, glândulas, vasos, pele, músculos e ossos, afim de detectar a presença ou ausência de massas, pulsação, aumento de um órgão, aumento ou diminuição da sensibilidade, edema, espasmo ou rigidez muscular, elasticidade, vibração de sons vocais, crepitação, umidade e diferenças de texturas.

Ausculta

Ouvir os sons corporais, procurando identificar anormalidades. Realizar a ausculta do ápice para base, de forma comparativa e simétrica, na região anterior e posterior do tórax.

Percussão

Golpear a superfície do corpo de forma rápida, porém aguda para produzir sons que permitam ao examinador determinar a posição, tamanho, densidade de uma estrutura adjacente.

Ausculta pulmonar – principais ruídos adventícios

  • Crepitantes: tem o ruído interrompido e de tom alto, semelhante ao som que se produz quando se atrita uma mecha de cabelo próximo ao ouvido, geralmente associado ao líquido presente em vias de pequeno calibre ou interalveolar;
  • Estertores bolhosos: assemelham-se ao rompimento de pequenas bolhas e podem ser auscultado na inspiração ou na expiração, são produzidos na presença de substâncias líquidas na traqueia, nos brônquios, nos bronquíolos, ou no tecido pulmonar;
  • Ronco: estertor contínuo e prolongado, presente na inspiração, mas também pode ser audíveis na expiração. O som é grave, intenso, semelhante ao ronco observado durante o sono;
  • Sibilos: semelhante a um chiado ou assobio, são decorrentes da passagem de ar por vias aéreas estreitas. Auscultados na inspiração e na expiração. Quando intensos, podem ser audíveis sem estetoscópio;
  • Cornagem ou estridor: é a respiração ruidosa devido à obstrução no nível da laringe ou traqueia, mais percebido na fase inspiratória. Pode ser decorrente de edema de glote, corpos estranhos e estenose de traqueia.

Obs: Na ausculta atentar ainda para a presença de tiragens (intercostais, subdiafragmáticas, fúrcula, batimento de asa nasal e cianose).

Ausculta Cardíaca

Avaliar os sons cardíacos quanto à qualidade (devem ser nítidos e distintos, não abafados, difusos ou distantes. Quanto à intensidade, não devem ser fracos ou muito fortes, quanto a frequência, deve ser igual a do pulso radial e o ritmo deve ser regular e uniforme.

Cuidados Especiais

  • Quando realizar a palpação, apalpe por último áreas de sensibilidade para a criança;
  • Realizar a ausculta em ambiente silencioso e aquecer o estetoscópio.

Realizando o Procedimento

Material Necessário

  • Estetoscópio;
  • Balança adulta, pediátrica ou neonatal;
  • Fita métrica;
  • Termômetro;
  • Espátula;
  • Lanterna;
  • Relógio;
  • Régua antropométrica.

Procedimento

  • Preparar o ambiente e material necessário;
  • Explicar o adulto ou criança o procedimento;
  • Aquecer as mãos;
  • Em caso de pediatria oferecer brinquedos, livros ou outra forma de distração para tranquilizar e aumentar a adesão da criança ao exame físico;
  • Fazer uma avaliação geral da cabeça aos pés do paciente e recolher as informações subjetivas, repassadas pela própria criança, pelos profissionais ou pelos familiares.

Referências:

  1. WONG, D.L. Enfermagem pediátrica. 9ª. Edição. Editora Elsevier. Rio de Janeiro, 2014.
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. – Brasília:
    Ministério da Saúde, 2012.
  3. PORTO, C.C. Semiologia Médica. 7ª ed. Rio de janeiro. Guanabara, 2014

Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA)

O sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona recebe esse nome por causa da interação entre esses três hormônios. Atuam de uma forma sequencial para que aconteçam reações orgânicas que vão equilibrar a pressão sanguínea e a quantidade de sódio e água do organismo.

Por que é ativado o SRAA?

Ele é ativado quando a pressão fica baixa demais ou quando há perda excessiva de líquidos, desencadeando uma série de reações orgânicas para que eles voltem a estabilizar.

Como esse sistema funciona?

Você viu que o sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona entra em ação quando existe uma tendência para queda da pressão arterial. Esses hormônios vão atuar em partes distintas do corpo desencadeando reações simultâneas para estabilização sistêmica da pressão.

Assim, acontecem diferentes etapas durante a ativação desse sistema. A seguir você confere quais são elas e o que ocorre em cada uma:

1ª etapa: Conversão da pró-renina em renina

Quando acontece uma queda da pressão arterial também ocorre uma redução da perfusão renal. Essa reação é captada pelos receptores que estão presentes nas arteríolas conectadas aos rins. Então, inicia-se a conversão da Pró-renina em Renina. É a estimulação dos nervos renais que aumenta a secreção da renina pelas células.

2ª etapa: Liberação de angiotensina I

Nessa etapa acontece uma segunda reação desencadeada pela renina. Quando presente no plasma sanguíneo, ela atua na conversão de Angiotensinogênio em Angiotensina I, que tem uma atividade biológica mais baixa.

3ª etapa: Conversão da angiotensina I em angiotensina II

Nesse momento entra em ação uma outra enzima, localizada predominantemente nos rins chamada de Conversora de Angiotensina (ECA). A ação dessa enzima de conversão acontece nos pulmões e nos rins, desencadeando uma reação catalisadora que converte a angiotensina I em Angiotensina II.

4ª etapa: Liberação da Aldosterona

Com a ativação da Angiotensina II, hormônio vasoconstritor ativado, ele vai atuar no córtex das glândulas suprarrenais fazendo com que a aldosterona seja sintetizada e secretada. Esse hormônio atua nas células dos rins incentivando o órgão a aumentar a reabsorção de sódio. Com isso, há um aumento da quantidade de líquido dentro dos vasos sanguíneos com objetivo de corrigir os níveis de pressão arterial.

5ª etapa: Estímulo renal direto

Voltando à ação da Angiotensina II, ela vai atuar estimulando a troca de sódio e hidrogênio nesse órgão. Ao mesmo tempo, vai aumentar a retenção renal de sódio e também de bicarbonato.

6ª etapa: Aumento da sede e ação antidiurética

Nessa etapa de ativação do sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona, a Angiotensina II vai atuar mais uma vez. Porém, aqui ela estimulará o hipotálamo a aumentar a sensação de sede, para que a pessoa seja incentivada a beber água. Ao mesmo tempo, ocorre o estímulo da secreção do Hormônio Antidiurético ( ADH) para que o organismo retenha mais água ingerida ou produzida pelo metabolismo.

7ª etapa: Vasoconstrição

Como explicamos, o sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona também vai provocar uma redução do diâmetro dos vasos sanguíneos pela ação da Angiotensina II. Ela vai atuar diretamente sobre as pequenas artérias e arteríolas fazendo com que se contraiam.

E o Inibidor da Enzima Conversora da Angiotensina (IECA)? Como e quando agem?

O Inibidores são aqueles de diminuem ou bloqueiam a atividade orgânica da enzima conversora da angiotensina, assim produzindo vasodilatação periférica, diminuindo a pressão arterial. Eles entram em ação no organismo quando a o quadro de hipertensão não é regularmente controlada, podendo ocasionar complicações aos pacientes como AVC/AVE, aneurisma, etc.

Em resumo…

A diminuição da Pressão Arterial ativa o SRAA, produzindo um conjunto de respostas tentando normalizar a P.a.

A resposta mais importante é o efeito da aldosterona aumentando a reabsorção renal de Na⁺. Ao se promover a reabsorção de Na⁺, aumenta-se o volume do líquido extracelular e o volume sanguíneo, com isso ocorre aumento do retorno venoso, e pelo mecanismo de Frank-Starling, aumento do débito cardíaco e da pressão arterial.

Referência:

  1. Heran BS, Wong MMY, Heran IK, Wright JM. Blood pressure lowering efficacy of angiotensin converting enzyme (ACE) inhibitors for primary hypertension. Cochrane Database of Systematic Reviews 2008, Issue 4. Art. No.: CD003823. DOI: 10.1002/14651858.CD003823.pub2

Ruídos Hidroaéreos: O que são?

Os Ruídos Intestinais ou Hidroaéreos (RHA) são sons normais dos intestinos que se apresentam como borbulhamentos e cliques, ocorrendo pela presença de ar que se movimenta nas alças intestinais por intermédio dos movimentos peristálticos.

A presença de ondas peristálticas visíveis em intestino delgado, denominada de agitação peristáltica de Kussmaul, são caracterizadas por movimentos rotatórios, acompanhados de fortes ruídos intestinais, denominados de borborigmos. Pode ocorrer um segundo tipo de ondas de peristalse, denominada de peristalse em degrau, as alças se contraem como em degraus de uma escada.

Em condições patológicas os ruídos hidroaéreos podem estar com intensidade aumentada (exemplo: diarreias, hemorragias digestivas, suboclusão intestinal ou obstrução intestinal) ou diminuída ou ausente (exemplo: íleo paralítico).

Os ruídos hidroaéreos podem assumir o tom metálico, nos casos de obstrução de intestino delgado.

Geralmente é descrito a presença de ruídos hidroaéreos através de intensidade: ++++/IV.

Referências:

  1.  RAMOS, J; CORRÊA NETTO, A. Manual de Propedêutica do Abdômem. Arquivos médicos da Santa Casa de São Paulo, 1945;
  2. MENEGHELLI, U. G.; MARTINELLI, A.L.C.:Princípio de semiotécnica e de interpretação do exame clínico do abdômem. Medicina, Ribeirão Preto, V.37, jul/2004;
  3. Semiologia Médica – Celmo Celeno Porto – 7ª Edição. 2013. Editora Guanabara Koogan.

Sinal de Piparote

sinal de Piparote, também chamado de teste da onda líquida, é uma manobra realizada durante o exame físico do abdômen do paciente.

É realizado com o paciente deitado de costas e auxilia no diagnóstico de ascites. No exame, o examinador coloca sua mão em um dos flancos do abdômen e um dedo médio do outro lado, empurrando contra o flanco contralateral. Este movimento fará com que o líquido ascítico se mova, formando uma onda que será percebida pelo tato das digitais.

O exame será positivo para ascite quando a ascite tiver um grande volume líquido.

Mas, o que é a Ascite?

A ascite ou “barriga d’água” é o acúmulo anormal de líquido rico em proteínas no interior do abdômen, no espaço entre os tecidos que revestem o abdômen e os órgãos abdominais. A ascite não é considerada uma doença mas sim um fenômeno que está presente em várias doenças, sendo a mais comum a cirrose hepática.

A ascite não tem cura, porém, pode ser tratada com remédios diuréticos, restrição de sal na alimentação e com a não ingestão de bebidas alcoólicas, para eliminar o excesso de líquidos no abdômen.

Os líquidos que podem se acumular dentro do abdômen podem ser o plasma sanguíneo, que é o nome dado ao líquido do sangue, e a linfa, que é um líquido transparente presente em todo o corpo que faz parte da circulação das ínguas.

Referências:

  1. Ascite – estado da arte baseado em evidências. Rev Assoc Med Bras . 55. 4; 489-496, 2009
  2. UNASUS