Apendicovesicostomia de Mitrofanoff

O procedimento de Mitrofanoff, também conhecido como apendicovesicostomia de Mitrofanoff, é um procedimento cirúrgico no qual o apêndice é usado para criar um conduto, ou canal, entre a superfície da pele e a bexiga urinária.

A técnica descrita por Paul Mitrofanoff em 1980, baseia-se na criação de um duto entre a bexiga e a parede abdominal que permite o esvaziamento vesical por cateterismo intermitente limpo. A estrutura inicialmente descrita e utilizada foi o apêndice.

Porém nem sempre o apêndice encontra-se disponível e nem sempre isso pode ser definido antes da cirurgia. Como alternativa outras estruturas já foram utilizadas (ureter, trompas uterinas, estômago etc), todas com resultado inferior ao apêndice.

O princípio de Mitrofanoff tem como objetivo prover continência urinária e esvaziamento vesical adequados. Cabe ressaltar que tal técnica acrescentou muito à qualidade de vida dos pacientes com bexiga neurogênica, oferecendo liberdade, independência e um método eficaz para esvaziar a bexiga regularmente, por auto cateterismo.

Os métodos Cirúrgicos

Existem duas maneiras possíveis de realizar a cirurgia:

  • Cirurgia aberta – Um pequeno corte (alguns centímetros de largura) é feito na parte inferior da barriga. A pele é puxada de lado para que o cirurgião possa ver e trabalhar diretamente na criança. Esta é a única técnica cirúrgica utilizada em muitos hospitais.
  • Cirurgia robótica – Vários pequenos cortes (vários milímetros de largura) são feitos na barriga. O cirurgião usa um computador para controlar os braços robóticos, que movem pequenas ferramentas sob a pele para fazer a operação.

Por que é feito este tipo de procedimento?

O procedimento de Mitrofanoff é feito para crianças que não conseguem urinar sozinhas. Muitas dessas crianças usam cateteres tradicionais antes da cirurgia.

 Esses cateteres são inseridos através da uretra, o local normal onde a urina sai do corpo. No entanto, os cateteres através da uretra podem causar dor nos meninos e podem ser difíceis para as meninas por causa de sua anatomia. As meninas que usam cadeiras de rodas geralmente não conseguem colocar um cateter, a menos que se sentem em um vaso sanitário, o que pode torná-las menos independentes.

Em alguns casos, as crianças para as quais é difícil cateterizar através da uretra podem ficar com fraldas. Em outros, os músculos do esfíncter não funcionam bem e a criança continua a vazar na fralda.

Fraldas podem se tornar socialmente desconfortáveis ​​para as crianças à medida que envelhecem. O cheiro de urina e seu impacto na pele e quaisquer feridas na área da fralda podem levar a uma baixa qualidade de vida.

Após um procedimento de Mitrofanoff, as crianças podem esvaziar a bexiga sem fraldas, sem necessidade de transferência para um banheiro e sem cateterismo pela uretra. Isso torna mais fácil e confortável para muitas crianças esvaziar a bexiga. 

Eles podem ficar secos entre os cateterismos. No caso de muitos cadeirantes, permite mais independência, pois as crianças podem se autocateterizar pela abertura na barriga ou no umbigo.

Os procedimentos de Mitrofanoff geralmente são feitos para crianças com:

Os Cuidados no Acompanhamento

Os cateteres devem permanecer no local por 3-4 semanas após a cirurgia. Isso permite que o inchaço diminua e os cortes e o novo tubo cicatrizem.

O paciente terá que retornar ao hospital para que a enfermagem remova os cateteres. A mãe e a criança também receberão treinamento de uma enfermeira para aprender como e quando cateterizar usando o novo tubo através do umbigo.

A enfermeira fornecerá alguns suprimentos iniciais e conectará você a recursos para envio doméstico de suprimentos no futuro.

Cerca de 1 mês após a saída dos cateteres cirúrgicos, a criança precisará de um ultrassom de acompanhamento para verificar se há inchaço nos rins. Isso permitirá que o médico saiba se a cirurgia funcionou para drenar efetivamente a urina da criança. A criança também precisará de um ultrassom pelo menos a cada ano para continuar verificando a saúde dos rins.

O deve esperar o seguinte após o procedimento de Mitrofanoff:

  • A pele cortada costuma ser fechada com pontos internos absorvíveis e cola de pele (exceto o novo furo na barriga onde o mastro se conecta, que fica aberto). Os pontos desaparecem por conta própria e não requerem nenhuma remoção ou cuidado especial.
  • A criança pode tomar banho com esponja nos 2 dias seguintes à cirurgia. Depois disso, os chuveiros são aceitáveis. Uma vez que os cateteres são removidos, os banhos também são permitidos.
  • Os cortes e cateteres podem ficar doloridos por alguns dias ou semanas.
  • Aulas de ginástica, atividades extenuantes e levantamento de peso devem ser evitados até que o cateter seja removido.
  • As transferências de cadeira de rodas podem começar novamente cerca de 2 semanas após a operação.
  • A criança deve enxaguar (irrigar) a bexiga uma vez por dia. Isso fará parte da nova rotina dela. O enxágue ajuda a limpar o muco produzido pelo tubo do apêndice. Se a criança não lavar a bexiga, ele pode ter pedras nos rins ou infecções.

A mãe deve ligar para o médico ou procurar atendimento médico para seu filho após o procedimento de Mitrofanoff se seu filho:

  • Tem febre de 38ºC ou superior antes da primeira visita de acompanhamento
  • Não pode passar urina através do cateter
  • Passa sangue pelo cateter
  • Acidentalmente puxa o cateter para fora
  • Queixa-se de dor intensa na barriga, na lateral ou nas costas que não é melhorada pelo remédio para dor que recebe na alta
  • Tem sintomas de infecção do trato urinário (ITU) ou infecção renal
  • Sente dor ou bloqueio ao cateterizar (uma vez que o cateter cirúrgico é removido).

Os benefícios do procedimento

Os procedimentos de Mitrofanoff permitem a cateterização intermitente – uma vez a cada poucas horas. Isso oferece um risco menor de infecção do que um cateter permanente (permanente) e permite que a pessoa não vaze urina continuamente como uma ileovesicostomia, que drena de um orifício (estoma) na barriga para uma bolsa.

Após o mitrofanoff, as crianças não precisam usar fraldas e podem ficar secas entre os cateterismos. Eles muitas vezes podem esvaziar suas bexigas de forma independente e sem transferência para um banheiro. A abertura na barriga é muito pequena; a maioria é difícil de ver mesmo quando se olha para a barriga. Todas essas características do procedimento de Mitrofanoff podem ajudar a melhorar a qualidade de vida das crianças.

Os Riscos

Em geral, os riscos do procedimento de Mitrofanoff incluem os de qualquer cirurgia, como infecção, vermelhidão, inchaço, sangramento, reações à anestesia ou falha da operação. Durante a cirurgia na bexiga, a urina também pode vazar para outras áreas e causar alguma irritação.

As cirurgias da Mitrofanoff também apresentam vários riscos exclusivos. Como o apêndice está sendo parcialmente descolado e movido, há um baixo risco de sangramento interno. É possível que após um Mitrofanoff haja problemas de cateterização.

Às vezes, um cateter de tamanho diferente ou mais lubrificante resolverá o problema. Os cateteres colocados durante a cirurgia também tornam as infecções mais prováveis ​​do que em outras cirurgias, mas seu filho receberá um curso de antibióticos durante o período de recuperação para ajudar a evitar infecções.

O novo buraco na barriga também pode vazar. Finalmente, as crianças que ganharem muito peso no futuro podem ter problemas para cateterizar a abertura.

O procedimento de Mitrofanoff tem uma alta taxa de sucesso. No entanto, a maioria das crianças eventualmente precisará de outra operação para ajustar o tubo do apêndice ou corrigir problemas, como cicatrizes que bloqueiam a nova abertura da barriga. Em muitos casos, essas cirurgias são pequenas e seu filho não precisará passar a noite no hospital.

Referência:

  1. https://www.nationwidechildrens.org/specialties/urology/procedures/mitrofanoff

Por que a cor da urina é amarela?

Você já parou para pensar em por que o xixi é amarelo?

A cor de nossa urina está associada aos seus componentes, à porcentagem em que eles aparecem e ao funcionamento dos rins. A urina é composta basicamente de água, água salgada e determinadas substâncias que nosso organismo precisa se livrar.

A cor da Urina

A cor amarela vem basicamente das substâncias que serão eliminadas por nosso organismo. Entre elas, as principais são a amônia (NH3), vinda das células, e a bilirrubina (que na qual posteriormente é transformada em urobilinogênio), que vem do sangue quando uma hemoglobina é rompida.

A bilirrubina é degradada pelos rins a urobilogênios, que são os compostos amarelos que dão a cor da urina.

Veja também:

O que a cor anormal da urina diz sobre sua saúde?

Referências:

  1. MDSaúde

Hipospádia

A Hipospádia é uma malformação congênita do meato urinário, caracterizada pela abertura da uretra em localização anormal.

Embora sua etiologia ainda não tenha sido elucidada, existem hipóteses que dizem que essa malformação ocorra por uma conjunção multifatorial, no qual se encontra a influência genética.

A hipospádia ocorre em até 1: 500 da população masculina. Dentre os meninos que nascem com hipospádia 75% deles terão as formas distais, cujo tratamento cirúrgico é menos complicado, com maior probabilidade de sucesso na primeira cirurgia.

As Causas

Esta malformação ocorre por múltiplos fatores, podendo ser genético (Ex.: Sindrome de Reifenstein) e/ou hormonal (Exemplo: deficiência da enzima “5-alfa-redutase”, ou deficiência de receptores hormonais a nível celular do pênis).

O encurvamento distal persistente (chordee) é devido a falta de desenvolvimento normal do corpo esponjoso que envolve a uretra.

O Tratamento

O tratamento começa logo após o nascimento, evitando a circuncisão, pois o prepúcio (pele que recobre o pênis) é essencial para a reconstrução do pênis. Em alguns casos selecionados há necessidade de tratamento hormonal pré-operatório.

Na maioria dos casos o tratamento cirúrgico é realizado numa única cirurgia, com hospitalização mínima após minuciosa explicação para a família (e para o paciente, se ele tiver mais de 2 anos). A idade ideal para a cirurgia é entre os 6 e 18 meses de vida, diminuindo o risco de trauma emocional.

Esta correção cirúrgica é tecnicamente difícil, e deve ser realizada por cirurgiões com grande experiência.

Existem mais de 300 técnicas cirúrgicas descritas para correção das diversas variantes de hipospádia, e a escolha da técnica mais adequada dependerá do tipo de hipospádia que o seu filho apresenta, e da experiência do cirurgião.

Principais tipos de hipospádia

A hipospádia está dividida em 4 tipos principais, classificados de acordo com a localização da abertura da uretra, que incluem:

  • Distal: a abertura da uretra está localizada em algum lugar perto da cabeça do pênis;
  • Peniana: ​​a abertura aparece ao longo do corpo do pênis;
  • Proximal: a abertura da uretra está localizada na região próxima do escroto;
  • Perineal: é o tipo mais raro, sendo a abertura da uretra localizada próxima do ânus, fazendo com que o pênis se encontre menos desenvolvido que o normal.

 

Possíveis sintomas

Os sintomas da hipospádia variam de acordo com o tipo de defeito apresentado pelo menino, mas normalmente incluem:

  • Excesso de pele na região do prepúcio, a ponta do pênis;
  • Falta da abertura da uretra na cabeça do órgão genital;
  • O genital quando erecto não fica reto, apresentando a forma de anzol;
  • A urina não sai para a frente, sendo necessário o menino urinar sentado.

Referências:

  1. “Diagnóstico Cirúrgico para o pediatra” – Leite, C. S. e colaboradores – 1999 – editora RevinteR
  2. “Tratado de Pediatria” – Nelson, W.E. e cols. 15ª edição – 1997 – Guanabara-Koogan

A Nefrostomia

Em pacientes com pionefrose (hidronefrose com infecção) a descompressão do trato urinário pode salvar a vida.

Embora a drenagem possa ser conseguida com cateterização ureteral retrógrada, a drenagem por nefrostomia percutânea é freqüentemente preferida em pacientes enfermos e é freqüentemente realizada emergencialmente.

Nesta circunstância, a nefrostomia percutânea é quase sempre tecnicamente bem sucedida e freqüentemente resulta em uma melhora clínica marcante.

O que é a Nefrostomia?

A nefrostomia em método percutâneo é a colocação de um dreno diretamente no interior do rim. Esse procedimento é necessário quando há uma obstrução das vias urinárias na pelve, que impede a drenagem normal da urina para a bexiga.

A medida pode ser implementada para pacientes com tumores da bexiga, tumores avançados de útero e próstata. Ou, ainda, quando ocorrem algumas complicações – que exigem cirurgia ou radioterapia – e nos tratamentos de fístulas e infecções.

Como é realizado?

É realizada por meio de um cateter, geralmente denominada de “Malecot, Skater” que através de uma incisão é inserido diretamente na pelve renal para o desvio temporário ou permanente da urina e exteriorizando próximo a cintura do lado do rim que foi drenado. Este cateter pode ser circular, isolado com formato de alça sendo conectado a um sistema fechado de drenagem.

Antes do procedimento, exames de imagem são realizados para a determinação da posição anatômica exata do rim.

O procedimento é realizado por via percutânea sob guia fluroscópica, ultrassonografica ou tomográfica.

A agulha atravessa a pele, o tecido subcutâneo, as camadas musculares superficial e profunda e o parênquima renal até alcançar o sistema coletor.

O tubo de nefrostomia também pode ser posicionado cirurgicamente, mas os agentes anestésicos podem ser perigosos em pacientes com choque renal iminente.

A nefrostomia sob anestesia locorregional é especialmente importante neste caso.

Complicações

Dentre as potenciais complicações associada a esse procedimento se destacam infecção, sangramento no local de inserção do cateter associada ou não a hematúria, além de complicações mais graves como fistula arteriovenosa renal, pseudoaneurisma, laceração de vasos, pneumotórax e punção de órgãos adjacentes.

Os Cuidados de Enfermagem

No Pós-operatório imediato o enfermeiro realiza o plano de cuidados individualizado conforme a necessidade do paciente.

Estes cuidados auxiliam a detecção precoce de complicações pós-operatórias como evidencia de maior preocupação destacamos a Hemorragias e Obstruções que aumentam o risco de infecções e formação de fistulas.

Os cuidados com curativo e irrigação da sonda deve obedecer ao protocolo de cada instituição.

O enfermeiro prepara o paciente para o procedimento, o acompanha durante a realização e avalia os resultados.

Destaca-se ainda a importância do processo de educação nesta situação sendo assim, imprescindível que o enfermeiro atue como agente ativo no ensino e orientação referentes a implantação e manutenção do cateter.

Os cuidados de enfermagem visam realizar avaliações e intervenções específicas, manter o estoma saudável e funcionante, prevenir complicações, promover orientações com vistas ao autocuidado além de proporcionar conforto ao paciente.

Insuficiência Renal: O que é ?

Insuficiência Renal

A Insuficiência renal é a perda súbita da capacidade de seus rins filtrarem resíduos, sais e líquidos do sangue. Quando isso acontece, os resíduos podem chegar a níveis perigosos e afetar a composição química do seu sangue, que pode ficar fora de equilíbrio.

As causas desta doença são várias, os rins tornam-se incapazes de proceder à eliminação de certos resíduos produzidos pelo organismo.

Existem dois tipos de Insuficiência Renal:

A IRA (Insuficiência Renal Aguda)

É Perda rápida de função renal que pode ser recuperada no espaço de poucas semanas. As causas devem-se desidratação, intoxicações, traumatismos, medicamentos e algumas doenças. Dependendo da gravidade e porque a vida não é possível sem os rins a funcionar, pode ser necessário fazer diálise.

A IRC (Insuficiência Renal Crônica)

Já é a perda lenta progressiva, irreversível das funções renais (é nesta fase que se aconselha os doentes a iniciarem um caminho pessoal de preparação para a diálise).

Lembrando que a IRC é uma patologia progressiva, com elevada taxa de mortalidade, que ameaça tornar-se num grave problema de saúde pública com implicações sérias no Serviço Nacional de Saúde.

Causas que podem levar a uma Insuficiência Renal

  • Condição que diminui o fluxo sanguíneo para os rins;
  • Dano direto aos rins;
  • Uso de alguns medicamentos;
  • Bloqueio nos tubos de drenagem de urina dos rins (uréteres), fazendo com que os resíduos não consigam deixar o corpo através da urina;
  • Glomerulonefrite;
  • Pielonefrite;
  • Rins policísticos;
  • Diabetes;
  • Hipertensão arterial.

Há fatores de Risco!

Várias doenças podem concorrer para a anulação funcional permanente dos rins. Atualmente, a mais frequente é a Nefropatia diabética.

A hipertensão arterial, a nefropatia isquêmica, a pielonefrite aguda, as glomerulonefrites e a doença renal policística autossômica dominante são outras doenças que estão na origem da Insuficiência renal crônica (IRC).

Sinais e Sintomas

Os sinais de doença renal aparecem gradualmente, pode nem notar o início destes sinais e sintomas. (Quando a função renal e inferior a 50% podem surgir os seguintes…)

  • Menor produção de urina; necessidade frequente de urinar, mesmo de noite;
  • Inchaço das mãos, pernas, em torno dos olhos;
  • Falta de ar;
  • Dificuldades em dormir;
  • Perda de apetite, náuseas e vômitos;
  • Hipertensão;
  • Sensação de frio e fadiga.

Como é avaliado a função renal?

Clearance de Creatinina

Uma forma mais direta de avaliação da função renal é através da determinação da clearance: a clearance (K) é o volume de sangue a partir do qual uma substância é completamente eliminada pelos rins em cada unidade de tempo (normalmente ml/min.). Matematicamente, essa capacidade pode ser expressa por:

K = Taxa de depuração concentração no sangue

A clearance da creatinina numa pessoa normal saudável é 100-140 ml/min. Isto significa que cerca de 10% do sangue que passa pelos rins (aproximadamente 1200 ml/min) são completamente livres de creatinina. Isto diminui com a idade, sofrendo uma redução de 50% aos 70 anos.

Taxa de Filtração Glomerular (TFG)

O método mais comum para estudar a função renal é calcular a taxa de filtração glomerular (TFG). Na prática clínica, a urina produzida durante um período de 24 horas é recolhida e o volume total e a concentração da creatinina são analisados. Durante este período de colheita da amostra, também é colhida uma amostra de sangue e analisada a concentração no plasma.

Como é o tratamento para os pacientes renais?

O tratamento consiste em todas as medidas clínicas (remédios, modificações na dieta e estilo de vida) que podem ser utilizadas para retardar a piora da função renal, reduzir os sintomas e prevenir complicações ligadas à doença renal crônica.

Apesar dessas medidas, a doença renal crônica é progressiva e irreversível até o momento. Porém, com o tratamento conservador é possível reduzir a velocidade desta progressão ou estabilizar a doença.

Esse tratamento é iniciado no momento do diagnóstico da doença renal crônica e mantido a longo prazo, tendo um impacto positivo na sobrevida e na qualidade de vida desses pacientes. Quanto mais precoce começar o tratamento conservador maiores chances para preservar a função dos rins por mais tempo.

Quando a doença renal crônica progride até estágios avançados apesar do tratamento conservador, o paciente é preparado da melhor forma possível para o tratamento de diálise ou transplante.

O Preparo do paciente para terapia de diálise ou transplante

Essa fase do tratamento inicia-se quando o paciente apresenta em torno de 20% da sua função renal e depende da velocidade com que a sua doença progride; à medida que a função renal se aproxima de 15% é fundamental preparar o paciente para o tratamento de substituição da função renal (diálise ou transplante). A realização desses procedimentos permitirá que o paciente tenha menos complicações quando for iniciar a diálise ou submeter-se ao transplante de rim.

Os Cuidados de Enfermagem na Diálise

  • Monitoração dos SSVV a cada trinta minutos;
  • Monitorar o peso do paciente antes e depois da diálise;
  • Avaliar a via de acesso e monitorar sinais flogísticos;
  • Adotar medidas para controle de infecções;
  • Proporcionar suporte emocional;
  • Avaliar dor e administrar analgésicos prescritos;
  • Aplicar bolsas de calor ou frio;
  • Realizar massagens visando o relaxamento do paciente;
  • Avaliação clínica do paciente;
  • Administrar medicação prescrita;
  • Monitorar o peso do paciente antes e depois da diálise;
  • Manutenção do acesso da diálise;
  • Monitorar níveis anormais de eletrólitos séricos;
  • Ofertar se necessário oxigenoterapia;
  • Verificar SSVV;
  • Realizar curativos do cateter: monitorar os locais das punções, alternando-as;
  • Inspecionar a pele.

Pielonefrite

Pielonefrite

A pielonefrite designa uma infecção do trato urinário, que atinge a “pielo” (pelve) do rim. Afeta quase todas as estruturas do rim e existe sob duas formas: pielonefrite aguda (causada por uma infecção bacteriana) e pielonefrite crônica (infecções bacterianas repetidas, associadas a um sistema imunitário debilitado).

Pielonefrite Aguda

É causada por uma infecção bacteriana aguda, nomeadamente por bactérias Gram-negativas, que fazem parte da flora normal do intestino. Estas bactérias, a título de exemplo, podem ser: Escherichia coli, Enterobacter, Proteus Mirabillis ou Klebsiella).

A infecção bacteriana acontece a nível da uretra, bexiga e/ou ureteres. Desta forma, é comum designar-se como uma infecção ascendente.

Os ureteres transportam a urina, proveniente do rim, para ser armazenada na bexiga, antes de ser expelida pela uretra. Existem mecanismos anti-refluxo que não permitem que a urina passe da uretra/bexiga para os ureteres/rins (ou seja, que faça o percurso inverso). No entanto, se estes mecanismos, devido a anomalias congênitas ou a inflamação, não forem eficazes, a urina volta para trás e pode transportar bactérias que infectam a bexiga, a uretra e até mesmo o rim.

A obstrução de um ureter também pode conduzir a uma pielonefrite. Esta obstrução pode ser devida a litíase renal (pedras nos rins) ou a uma hiperplasia benigna da próstata (presente nas pessoas do genero masculino e muito frequente a partir dos 70 anos). Nestas situações de obstrução, a estase da urina acima da obstrução permite o crescimento bacteriano.

Um catéter urinário também é um fator de risco, bem como a gravidez ou um traumatismo do aparelho urinário.

Pielonefrite Crônica

A pielonefrite crônica deriva de infecções bacterianas constantes (pielonefrites agudas de repetição) que podem ser mais ou menos graves, e que ocorrem, frequentemente, durante um período alargado.

Existe uma destruição generalizada de nefrônios (unidade básica e funcional do rim), que são substituídos por tecido de cicatrização. Isto pode levar a uma insuficiência renal crônica terminal (IRCT).

As causas mais reiteradas são a insuficiência dos mecanismos anti-refluxo e a litíase renal.

Pode ser considerado internar uma pessoa com pielonefrite, numa unidade de saúde, se a pessoa:

  • Estiver grávida;
  • Tiver outras co morbilidades pertinentes;
  • Tiver obstrução das vias urinárias;
  • Em casos graves de sépsis (infecção generalizada).

Epidemiologia

A Pielonefrite acontece mais frequentemente em bebés com idade inferior a um ano (devido às dejecções frequentes e à prematuridade do sistema imunitário); na população feminina (provavelmente devido à maior proximidade do ânus em relação à uretra) e em homens com hiperplasia benigna da próstata (fazem retenção urinária).

Sinais/Sintomas e Diagnóstico

Normalmente, o início da Pielonefrite aguda acontece de forma abrupta. Já a Pielonefrite Crônica acontece de forma mais gradual, sendo que os sintomas podem ser mais suaves.

Os sinais e sintomas desta doença são:

  • Dor ao urinar (disúria);
  • Urgência em urinar;
  • Urinar várias vezes (polaciúria);
  • Febre;
  • Calafrios;
  • Suores;
  • Mal-estar;
  • Dor lombar;
  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Pus na urina (piúria)

O diagnóstico é, normalmente, realizado tendo por base os sinais e sintomas e a análise laboratorial, através de colheita de sangue/urina. Em casos de necessidade, para eventual estudo, por exemplo, a tomografia computadorizada (TAC) com contraste intravenoso é o exame recomendado, em virtude da sua elevada sensibilidade e especificidade.

Prognóstico e Tratamento

O tratamento da Pielonefrite Aguda passa pelo uso de antibióticos (como o Ceftriaxona, Levofloxacino) e a recomendação de uma maior ingestão de líquidos (se não houver contra-indicações). Após alguns dias de toma de antibiótico, começa a haver a remissão de sinais e sintomas.

Em casos de Pielonefrite Crónica (em que as pessoas têm as defesas imunitárias comprometidas) podem ocorrer complicações, nomeadamente sepse (infecção generalizada, de prognóstico reservado, podendo ser mortal e que necessita de hospitalização) ou necrose da pelve renal, que conduz, por sua vez, a insuficiência renal crônica. Frequentemente, esta insuficiência renal crônica evolui, exigindo o tratamento de diálise.

Os Cuidados de enfermagem:

  • Promover conforto ao paciente;
  • Estimular os mecanismos de defesa do organismo;
  • Encorajar o paciente a urinar a cada 3 horas esvaziar a bexiga completamente;
  • Ofertar líquidos com frequência para estimular o fluxo urinário;
  • Repouso no leito em fase aguda.

 

Bexiga Neurogênica: O que é?

Bexiga Neurogênica

Qualquer condição que interrompa a função da bexiga ou a sinalização neurológica aferente e eferente provoca bexiga neurogênica.

A bexiga neurogênica é um conjunto de disfunções que afetam o enchimento, o esvaziamento e a capacidade de armazenamento da bexiga. Está presente em pessoas com doenças neurológicas e diabetes, provocando perda da capacidade de controlar a micção.

Os indivíduos com bexiga neurogênica não conseguem perceber quando a bexiga está cheia e não são capazes de eliminar a urina voluntariamente.

Em bexigas com funcionamento normal, à medida que a urina se acumula no seu interior, as suas paredes relaxam para ir acomodando um volume cada vez maior de urina.

Na bexiga neurogênica, as suas paredes perdem essa capacidade de se distender. Logo, conforme a bexiga vai se enchendo, a pressão no seu interior aumenta, podendo inclusive provocar dilatação dos rins.

Assim, a bexiga perde a sua capacidade de armazenar a urina e manter uma pressão baixa no seu interior ao mesmo tempo.

Como resultado, ocorrem contrações involuntárias da musculatura da bexiga, com perdas de urina.

Existem dois tipos de Bexiga Neurogênica:

1. Bexiga Hiperativa

Também é conhecida como bexiga espástica ou bexiga nervosa, pois a bexiga se contrai de forma involuntária, havendo assim a perda de urina de forma inesperada e em momentos inapropriados.

  • Sintomas: incontinência urinária, vontade de urinar frequente e em pouca quantidade, dor ou ardência na região da bexiga, perda do controle da capacidade de urinar.

A bexiga hiperativa é mais comum em mulheres, podendo ser estimulada por alterações hormonais na menopausa, ou pelo aumento do útero na gravidez.

2. Bexiga Hipoativa

Também é conhecida como bexiga flácida, pois a bexiga não é capaz de se contrair voluntariamente, ou o esfincter não é capaz de relaxar, o que provoca o armazenamento de urina, sem a capacidade de eliminá-la de forma adequada.

  • Sintomas: sensação de que bexiga não esvaziou completamente após urinar, gotejamento após urinar ou perda de urina involuntária. Isto aumenta as chances de haver infecção urinária e prejuízo na função dos rins, e por isso o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível.

O que causa a Bexiga Neurogênica?

Em crianças, as principais causas de bexiga neurogênica são as doenças neurológicas congênitas, como mielomeningoceles, paralisia cerebral, entre outras.

Nos adultos, a bexiga neurogênica está relacionada com lesões na medula espinhal (paraplegia, tetraplegia), Parkinson, diabetes, esclerose múltipla, diabetes, derrames (AVE), tumores cerebrais, entre outras doenças e problemas neurológicos.

Apesar do diabetes não ser uma doença de origem neurológica, pode causar danos nos nervos periféricos que atuam sobre a bexiga.

E algumas outras causas:

  • Irritação da bexiga, por infecção urinária ou alterações hormonais, como na menopausa;
  • Alterações genéticas, como ocorre na mielomeningocele;
  • Doenças neurológicas reversíveis como neurocisticercose ou neuroesquistossomose;
  • Compressão de nervos da região lombar por hérnia de disco;
  • Acidente que lesiona a coluna, causando paraplegia ou tetraplegia;
  • Doenças neurológicas degenerativas como a esclerose múltipla;
  • Comprometimento neurológico pós-AVE;
  • Alterações neurológicas periféricas pelo diabetes;
  • Perda da elasticidade da bexiga, causada por inflamações, infecções ou alterações neurológicas em geral.

Em homens, a próstata aumentada pode simular muitos sintomas de bexiga neurogênica, sendo uma importante causa reversível de alteração da função dos músculos urinários.

A Assistência de Enfermagem

Observando e sentindo a problemática apresentada pelos pacientes portadores de bexiga neurogênica e verificando ser a abordagem deste problema de interesse para a enfermagem, é fornecido a assistência de enfermagem como:

  • Prevenção de infecções e cálculos vesicais;
  • Reeducação da função vesical;
  • Manutenção das roupas secas;
  • Manutenção da integridade da pele.

Prevenção de infecções e cálculos vesicais

Enquanto se processa a avaliação das condições urinárias do paciente é importantíssimo prevenir as infecções e a formação de cálculos vesicais.

Isto pode ser conseguido através de periodicidade e técnica asséptica rigorosa na troca do cateter e de um programa de ingestão de grande quantidade de líquidos, que estimula o funcionamento renal, auxilia a eliminação de resíduos urinários, dificulta a formação de cálculos e a instalação de infecção.

A lavagem vesical periódica, já não é mais aconselhada, na tentativa de eliminação de mais uma fonte de contaminação, no entanto, alguns urologistas ainda indicam o seu uso.

Caso essas medidas preventivas não sejam suficientes para impedir a instalação de infecção, o médico recorre à antibioticoterapia, como parte do tratamento.

Desde que o paciente esteja livre de infecção vesical pode-se tentar um programa de treinamento para esvaziamento periódico da bexiga.

Fase de treinamento para reeducação vesical

Elabora-se um programa de treinamento para o esvaziamento da bexiga de forma a ajudá-la a funcionar em ritmo de freqüência de eliminação tão próximo ao normal quanto o possível.

Fase de treinamento para o auto-cuidado

Após a retirada da sonda, muitos aspectos deverão ser abordados com o paciente, tentando-se evitar complicações como: infecções, cálculos e extravasamentos de urina.

Uma orientação clara, objetiva e enfocando a importância do cuidado que o paciente deve ter com seu corpo, é fundamental para a sua independência.

A ingestão de líquidos continua a ser bastante estimulada, numa média de 3000 ml. diários, tentando-se prevenir as complicações vesicais já referidas anteriormente.

O controle das características e do volume urinário, é importante.

Qualquer alteração na cor, odor, volume ou quantidade de sedimentação, deve ser imediatamente notificada ao médico, ao mesmo tempo em que se inicia uma hidratação oral intensa, visando maior estímulo para o funcionamento renal e vesical, auxiliando a eliminação de impureza.

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Sistema Urinário

O Néfron

Néfron

Você sabia que o Néfron é a principal estrutura formadora de urina?

Ela é a menor unidade funcional do sistema que compõe o rim humano.

Em cada um dos rins de uma pessoa, existem cerca de 4 milhões de néfrons. Embora o néfron seja de um tamanho microscópio, ele é essencial para o bom funcionamento dos rins e, como consequência, da saúde geral de uma pessoa.

Embora seja uma estrutura microscópica,o néfron exerce diversas funções na manutenção da saúde do organismo humano.

Sua função é filtrar os elementos que passam pelo sangue através do rim. Ou seja, os néfrons são responsáveis por filtrar, no plasma sanguíneo os elementos que devem ser eliminados do organismo e aqueles que devem seguir para manter o equilíbrio do organismo.

Você sabia?

Embora pareça simples, é através do néfron que é possível regular a pressão arterial, manter o equilíbrio hidroeletrolítico do corpo humano, secretar hormônios, eliminar os resíduos do metabolismo do sangue, controlar a quantidade de líquido do corpo humano, limpar o plasma sanguíneo, manter o equilíbrio ácido-base do corpo e por fim, produzir a urina!

Uma curiosidade!

Nossos rins filtram, em média, 180 litros de sangue por dia, formando aproximadamente 1,5 litros de urina!

 

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Cistostomia: O que é?

O Cateterismo Suprapúbico , Vesicotomia ou Cistostomia, é o procedimento que estabelece a drenagem (saída) da urina por meio da introdução de um cateter tipo Foley de forma percutânea ou pela incisão da parede abdominal anterior até a bexiga.

Como funciona?

Quando o paciente não consegue urinar e a urina fica presa dentro da bexiga, normalmente é colocada uma sonda pelo pênis para extrair a urina. Se a sonda não consegue avançar pela uretra do pênis, a única alternativa para esvaziar a bexiga e aliviar o sofrimento do paciente é entrar na bexiga por um outro caminho, e o caminho mais curto é através do abdome acima do osso púbico.

Após anestesia local com auxílio de sedação anestésica, é feita uma pequena incisão através da qual é inserido um trocáter (semelhante aos furadores de coco) que vai até a bexiga. Por este trocáter é inserido uma sonda para dentro da bexiga e o balão existente na extremidade da sonda que fica dentro da bexiga é insuflado evitando que a sonda saia.

Quais são as causas?

As principais causas da impossibilidade de sondar o paciente pela uretra são:

-Estenose de Uretra;
-Trauma de Bacia com lesão grave da uretra;
-Cálculo impactado dentro da uretra quando não é possível resolver o cálculo de imediato;
-Próstatas muito volumosas;
-Câncer avançado da próstata e da uretra;
-Infecções graves do pênis e saco escrotal (síndrome de Fournier).

Para evitar infecções na pelo por onde a sonda entra e infecções urinárias, a cistostomia deve permanecer o mínimo de tempo possível nos casos em que é possível tratar de forma rápida a doença que provocou essa situação. Infelizmente, no Brasil, mesmo em casos simples e tratáveis como a estenose de uretra e o aumento da próstata, os pacientes do SUS permanecem por um longo período até conseguirem realizar a cirurgia para estes problemas permitindo a retirada da cistostomia.

Lembre-se: Os procedimentos invasivos à bexiga podem causar infecção e até comprometer ureteres e rins. É muito importante seguir com rigor a técnica asséptica (livre de micro-organismos) para não levar infecção ao cliente. Jamais esqueça-se também de que antes de retirar a sonda de demora é necessário primeiro desinflar o balonete para não causar grave lesão na uretra do paciente! E, lave as mãos antes e após qualquer procedimento com o paciente.

E ainda, o cliente com queda de resistência em seu sistema de defesa (imunológico) é mais predisponente à infecção urinária. Se o paciente sofre de retenção urinária, não se deve drenar mais que 750 ml de urina de cada vez, para evitar uma descompressão brusca da bexiga.

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