Medicamentos Antituberculosos

Os medicamentos antituberculosos são essenciais no combate à tuberculose, uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis.

O tratamento da tuberculose envolve o uso de uma combinação de medicamentos por um período prolongado, geralmente seis meses ou mais. Essa combinação visa eliminar a bactéria e prevenir o desenvolvimento de resistência.

Por que a combinação de medicamentos?

  • Aumentar a eficácia: Diferentes medicamentos atuam em diferentes etapas do ciclo de vida da bactéria, aumentando a chance de eliminá-la completamente.
  • Diminuir o risco de resistência: A combinação dificulta a bactéria de desenvolver resistência a um único medicamento.

Principais medicamentos antituberculosos

Os medicamentos mais comumente utilizados no tratamento da tuberculose são divididos em duas linhas:

  • Primeira linha:
    • Isoniazida (H): Um dos medicamentos mais antigos e eficazes, atua inibindo a síntese de ácidos micólicos, essenciais para a parede celular da bactéria.
    • Rifampicina (R): Inibe a síntese de RNA, impedindo a multiplicação da bactéria. Conhecida por causar coloração avermelhada na urina, suor e lágrimas.
    • Pirazinamida (Z): Ativa em pH ácido, sendo mais eficaz dentro das células infectadas.
    • Etambutol (E): Interfere na síntese de ácidos micólicos, causando alterações na parede celular da bactéria.
  • Segunda linha:
    • Utilizados quando a bactéria desenvolve resistência aos medicamentos de primeira linha. Exemplos: fluoroquinolonas (Levofloxacino, Moxifloxacino, Ofloxacino), aminoglicosídeos (Estreptomicina,Amicacina,Canamicina), capreomicina e etaionamida.

Esquemas terapêuticos

A escolha do esquema terapêutico depende de diversos fatores, como a localização da tuberculose, a presença de outras doenças, o histórico de tratamento anterior e a susceptibilidade da bactéria aos medicamentos.

Esquema Fase Medicamentos Duração Observações
Básico Intensiva Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida, Etambutol (RHZE) 2 meses Mais utilizado para casos novos e sem resistência.
Manutenção Rifampicina, Isoniazida (RH) 4 meses
Para casos com resistência Variável Fluoroquinolonas, aminoglicosídeos, capreomicina, etaionamida e outros Variável Esquemas mais complexos e de longa duração.
Para infecção latente Única Isoniazida ou Rifampicina associada à Isoniazida (3HP) 9 meses (isoniazida) ou 4 meses (3HP) Visa prevenir o desenvolvimento da doença ativa.

Efeitos colaterais

Os medicamentos antituberculosos podem causar diversos efeitos colaterais, como:

  • Náuseas e vômitos
  • Perda de apetite
  • Febre
  • Manchas na pele
  • Aumento das enzimas hepáticas
  • Neuropatia periférica

Importância do tratamento

É fundamental que o tratamento seja realizado corretamente, seguindo as orientações médicas e tomando todos os medicamentos prescritos. A interrupção precoce do tratamento pode levar ao desenvolvimento de resistência e ao agravamento da doença.

Cuidados de Enfermagem

Os Objetivos dos cuidados de enfermagem

  • Promover a adesão ao tratamento: Incentivar o paciente a tomar todos os medicamentos nas doses e horários corretos.
  • Monitorar os efeitos colaterais: Identificar precocemente os efeitos adversos e tomar as medidas necessárias.
  • Educar o paciente: Informar sobre a doença, o tratamento e as medidas de prevenção.
  • Prevenir a transmissão: Orientar sobre as medidas de higiene e isolamento, quando necessário.

Cuidados específicos

  • Administração dos medicamentos:
    • Verificar a prescrição médica e a identificação do paciente antes da administração.
    • Explicar ao paciente a importância de cada medicamento e a forma correta de tomá-los.
    • Observar a ingestão dos medicamentos, especialmente no início do tratamento.
    • Monitorar os níveis séricos dos medicamentos, quando indicado.
  • Monitoramento dos efeitos colaterais:
    • Acompanhar o aparecimento de náuseas, vômitos, perda de apetite, hepatotoxicidade, neuropatia periférica, reações alérgicas e outros efeitos adversos.
    • Orientar o paciente sobre os sinais e sintomas de alerta e a importância de comunicar qualquer alteração ao profissional de saúde.
  • Educação em saúde:
    • Explicar a importância do tratamento completo e prolongado.
    • Informar sobre a importância da higiene das mãos e dos alimentos.
    • Orientar sobre as medidas de isolamento, quando necessário.
    • Esclarecer as dúvidas do paciente e de seus familiares.
  • Promoção da adesão ao tratamento:
    • Estabelecer um vínculo de confiança com o paciente.
    • Oferecer suporte emocional e social.
    • Agendar consultas de acompanhamento regularmente.
    • Utilizar estratégias para facilitar a adesão ao tratamento, como o tratamento diretamente observado (TDO).
  • Prevenção da transmissão:
    • Orientar o paciente sobre a importância de cobrir a boca ao tossir ou espirrar.
    • Incentivar a utilização de lenços descartáveis.
    • Orientar sobre a importância da ventilação dos ambientes.
    • Informar os contatos do paciente sobre a necessidade de realizar o exame baciloscópico.

Tratamento Diretamente Observado (TDO)

O TDO consiste na administração dos medicamentos sob a observação de um profissional de saúde ou de outro observador capacitado. Essa estratégia é fundamental para garantir a adesão ao tratamento, especialmente em pacientes com dificuldades de adesão.

Outras ações importantes:

  • Avaliação nutricional: Monitorar o estado nutricional do paciente e oferecer orientações nutricionais adequadas.
  • Avaliação psicológica: Identificar e tratar possíveis problemas psicológicos que possam interferir no tratamento.
  • Monitoramento da função hepática: Realizar exames periódicos para avaliar a função hepática, especialmente em pacientes com uso prolongado de medicamentos hepatotóxicos.
  • Registro dos dados: Manter um registro completo das informações sobre o paciente, o tratamento e os efeitos colaterais.

Referências:

  1. Rabahi, M. F., Silva, J. L. R. da ., Ferreira, A. C. G., Tannus-Silva, D. G. S., & Conde, M. B.. (2017). Tuberculosis treatment. Jornal Brasileiro De Pneumologia, 43(6), 472–486. https://doi.org/10.1590/S1806-37562016000000388
  2. PROCÓPIO, M. A. et al.. Pesquisa em Saúde: Fundamentos e Aplicações. São Paulo: Editora Fiocruz, 2021. p. 123-145. Disponível em: https://books.scielo.org/id/zyx3r/pdf/procopio-9788575415658-10.pdf
  3. Arbex, M. A., Varella, M. de C. L., Siqueira, H. R. de ., & Mello, F. A. F. de .. (2010). Drogas antituberculose: interações medicamentosas, efeitos adversos e utilização em situações especiais – parte 1: fármacos de primeira linha. Jornal Brasileiro De Pneumologia, 36(5), 626–640. https://doi.org/10.1590/S1806-37132010000500016

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