Síndrome de Encarceramento

A Síndrome do Encarceramento, ou Síndrome de Locked-In, é uma doença neurológica rara, em que ocorre paralisia de todos os músculos do corpo, com exceção dos músculos que controlam o movimento dos olhos ou das pálpebras.

Nesta doença, o paciente fica ‘preso’ dentro do seu próprio corpo, sem conseguir se movimentar ou comunicar, mas continua consciente, percebendo tudo o que acontece à sua volta e a sua memória continua intacta.

Esta síndrome não tem cura, porém existem procedimentos que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida da pessoa, como uma espécie de capacete que consegue identificar o que a pessoa está precisando, para que possa ser atendida.

Sintomas

Os sintomas da Síndrome do Encarceramento podem ser:

  • Paralisia dos músculos do corpo;
  • Incapacidade de falar e de mastigar;
  • Braços e pernas rígidas e esticadas.

Geralmente, os pacientes conseguem somente movimentar os olhos para cima e para baixo, pois até mesmo os movimentos laterais dos olhos estão comprometidos. A pessoa também sente dor, mas não consegue se comunicar e por isso não consegue esboçar nenhum movimento, como se não tivesse sentindo nenhuma dor.

O diagnóstico é feito com base nos sinais e sintomas apresentados e pode ser confirmado com exames, como ressonância magnética ou tomografia computadorizada, por exemplo.

O que causa essa síndrome?

As causas da Síndrome do Encarceramento podem ser lesões cerebrais traumáticas, após um AVC, efeitos colaterais de medicamentos, esclerose lateral amiotrófica, traumatismos cranianos, meningite, hemorragia cerebral ou mordida de cobra.

Nesta síndrome, as informações que o cérebro emite para o corpo não são totalmente captadas pelas fibras musculares e por isso o corpo não responde às ordens enviadas pelo cérebro.

Como é feito o tratamento?

O tratamento da Síndrome do Encarceramento não cura a doença, mas ajuda a melhorar a qualidade de vida da pessoa.

Atualmente, para facilitar a comunicação são utilizadas tecnologias que conseguem traduzir através de sinais, como piscar de olhos, o que a pessoa está pensando em palavras, permitindo que a outra pessoa o entenda. Outra possibilidade é usar uma espécie de touca com eletrodos na cabeça que interpreta o que a pessoa está pensando para que possa ser atendida.

Pode ser usado também um pequeno aparelho que possui eletrodos que são colados na pele que são capazes de promover uma contração muscular para reduzir a sua rigidez, mas dificilmente a pessoa consegue recuperar os movimento e a maior parte morre no primeiro ano após ter surgido a doença.

A causa da morte mais comum é devido ao acumulo de secreções nas vias respiratórias, que acontece naturalmente quando a pessoa não se movimenta.

Assim, para melhorar a qualidade de vida e evitar este acumulo de secreções é indicado que a pessoa faça fisioterapia motora e respiratória pelo menos 2 vezes ao dia. Uma máscara de oxigênio pode ser usada para facilitar a respiração e a alimentação deve ser feita por sonda, sendo necessário uso de fraldas para conter a urina e as fezes.

Os cuidados devem ser os mesmos de uma pessoa acamada inconsciente e se a família não prestar este tipo de cuidados a pessoa pode falecer devido a infecções ou acumulo de secreções nos pulmões, que podem causar pneumonia.

Alguns Cuidados de Enfermagem

  • Cuidados de suporte;
  • Treinamento em comunicação;
  • Cuidados de suporte são a base do tratamento para pacientes com síndrome de encarceramento e devem incluir:
  • Prevenção de doenças sistêmicas devido à imobilização (p. ex., pneumonia, infecção do trato urinário, doenças tromboembólicas);
  • Proporcionar boa nutrição;
  • Prevenir o desenvolvimento de úlceras de pressão;
  • Fornecer fisioterapia para prevenir contraturas nos membros.

Referências:

  1.  Milekovic T, Sarma AA, Bacher D, et al: Stable long-term BCI-enabled communication in ALS and locked-in syndrome using LFP signals. J Neurophysiol 120 (1):343–360, 2018.
  2. Bruno MA, Nizzi MC, Laureys S, Grosseries O. Chapter 12 – Consciousness in the Locked-In Syndrome. The Neurology of Conciousness (Second Edition). Academic Press, 2016. Pages 187-202