O partograma é uma representação gráfica do trabalho de parto, conforme exigência do governo federal, contando a história do nascimento de um ponto de vista médico.
Para todos os procedimentos médicos, há um prontuário a ser preenchido, com as informações do paciente, medicações, sintomas e tudo que diz respeito ao andamento do tratamento.
O partograma é o documento oficial que deve ser preenchido pela equipe médica ao longo do trabalho de parto.
Como mencionamos, ele é uma representação gráfica da evolução do parto.
Há algumas variações nos modelos, mas ele basicamente registra a frequência das contrações uterinas, os batimentos cardíacos fetais e a dilatação cervical materna com o passar das horas.
Esses registros servem para avaliação posterior se o trabalho de parto está dentro dos padrões considerados normais.
Importância do partograma na saúde
O uso do partograma para acompanhamento do trabalho de parto é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde do Brasil.
Ele é utilizado pelo governo brasileiro como uma das medidas de estímulo ao parto normal.
O partograma mostra a evolução do trabalho de parto e possibilita um acompanhamento preciso do procedimento e do final da gestação como um todo.
É um procedimento muito importante para a saúde da paciente e do bebê, e para fiscalizar a conduta obstétrica.
Além disso, desde 2015, os planos de saúde só podem fazer o pagamento dos procedimentos com a apresentação desse documento.
É uma forma de coibir as cesarianas marcadas com antecedência, sem necessidade médica.
Os planos só têm a obrigação de reembolsar as cesáreas prescritas por profissionais da saúde ou que se tornam necessárias por complicações durante um trabalho de parto difícil.
Segundo estudos da Cochrane, citados pela Fiocruz, o uso do partograma melhora desfechos obstétricos e reduz taxas de cesariana em países de baixa/média renda.
Para as equipes de saúde, o partograma é uma medida que colabora para a proteção legal do profissional, além de facilitar os registros, principalmente em equipes grandes e multidisciplinares e em turnos com troca de plantão.
Preenchimento do partograma é obrigatório?
Recomendado pela Organização Mundial da Saúde desde 1994 e pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Abrasgo) desde 1998, o partograma enfim tornou-se obrigatório no Brasil em 2015.
A medida entrou de carona em um pacote criado pelo governo com o propósito de estimular os partos normais na rede privada, responsável por 84% das cesarianas até então.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde na época, a cesariana sem indicação médica aumenta em 120 vezes o risco de problemas respiratórios para o bebê e triplica o risco de morte da mãe.
Entre outras medidas, os planos de saúde ficaram obrigados a orientar os médicos para a utilização do partograma em todos os partos.
Quais informações constam no partograma?
O partograma deve considerar a fase ativa do trabalho de parto.
Por conceito, o diagnóstico de trabalho de parto ativo é o seguinte: contrações uterinas regulares que causam esvaecimento e dilatação cervical a partir de, no mínimo, 3 centímetros.
Tudo que acontece a partir daí precisa estar registrado no partograma, um documento que deve ser preenchido de hora em hora ou a cada reavaliação da paciente.
O partograma é composto basicamente por quatro partes.
A primeira se refere à identificação da paciente.
Cada instituição pode ter um modelo específico, mas as informações que nunca vão faltar são:
- Nome completo
- Documento/atendimento
- Idade da gestante
- Idade gestacional (geralmente em semanas).
Dilatação e altura do feto
A segunda parte do partograma traz o acompanhamento da dilatação e a altura do feto, informações que devem ser anotadas a cada toque vaginal realizado.
O preenchimento é feito da esquerda para a direita, pois um dos vetores do gráfico é a passagem do tempo, como mostra o gráfico acima, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A cada nova informação, é importante marcar a hora do trabalho de parto e o horário real de verificação de cada medida.
Esses dados são registrados por meio de símbolos: o triângulo é referente à dilatação e o círculo, à altura do feto.
Chamam a atenção neste gráfico duas linhas: a linha de alerta e a linha de ação.
As duas aparecem em um ângulo de 45 graus e devem ocupar uma área de quatro quadrados.
A linha de alerta começa na segunda hora do partograma, e o trabalho de parto deve acompanhar esta linha.
Ou seja, se a representação do parto ultrapassar essa linha, é motivo de atenção.
Já a linha de ação mostra a necessidade de intervenção, não necessariamente a cesariana.
Batimentos fetais
A terceira parte do partograma é o registro de batimentos cardíacos do feto.
Basta marcar um ponto em cima da linha referente ao número de batimentos por minuto verificado.
Na sequência, vem o registro das contrações, que funciona também de forma gráfica.
Para as contrações efetivas, o quadrado é todo pintado.
Os quadrados pintados pela metade, com uma divisão na diagonal, se referem às contratações que não são efetivas, mas que duram entre 20 e 39 segundos.
O número de quadrados pintados representa a quantidade de contrações a cada 10 minutos.
Uso de ocitocina, aspecto do líquido amniótico e da bolsa
A quarta parte do partograma traz as três últimas informações necessárias para acompanhar a evolução do trabalho de parto.
Este trecho indica se foi feito o uso de ocitocina, o aspecto do líquido amniótico e a situação da bolsa amniótica.
A ocitocina (ou oxitocina) é um hormônio produzido pelo cérebro que proporciona a realização do parto e a amamentação.
Em casos de baixa frequência ou intensidade das contrações uterinas, pode ser feita a aplicação desse hormônio, como forma de induzir o parto.
No partograma, a equipe de saúde indica se o uso é feito ou não e qual a quantidade.
Esse costuma ser o último item do documento.
Antes dele, há uma linha que se refere à bolsa, que pode estar marcada como íntegra ( I ) ou rota ( R ), indicando se já se rompeu ou não.
A partir da ruptura, é possível verificar o LA (líquido amniótico), que é preenchido como líquido claro (LC) ou líquido meconial (LM).
O mecônio é o nome dado às primeiras fezes do bebê, que costumam ser expelidas depois do nascimento.
A presença de resíduos no líquido amniótico, antes da saída do útero, pode indicar que o feto está passando por dificuldades.
Referências:
- FioCruz;
- Rocha, Ivanilde Marques da Silva et al. O Partograma como instrumento de análise da assistência ao parto. Revista da Escola de Enfermagem da USP [online]. 2009, v. 43, n. 4 [Acessado 21 Setembro 2022] , pp. 880-888. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0080-62342009000400020>. Epub 26 Jan 2010. ISSN 1980-220X. https://doi.org/10.1590/S0080-62342009000400020.