Penfigoide Bolhoso (PB)

O penfigoide bolhoso é uma doença bolhosa autoimune crônica e adquirida, caracterizada por autoanticorpos contra antígenos hemidesmossomais, resultando na formação de uma vesícula subepidérmica.

Geralmente, o penfigoide bolhoso ocorre em idosos e tem uma aparência clínica distinta. Existem diversas variações clínicas, sendo que uma delas ocorre na infância.

Na fase prodrômica e não bolhosa, um prurido de intensidade variável pode ser acompanhado por lesões eczematosas ou urticariformes durante semanas ou meses.

Na etapa bolhosa, vesículas ou bolhas características e tensas se desenvolvem na pele aparentemente normal ou eritematosa da erupção eczematosa ou urticariforme preexistente. Se as vesículas estourarem, as áreas com erosão e crostas cicatrizam lentamente, deixando uma hiperpigmentação pós-inflamatória.

As lesões geralmente são simétricas e favorecem os aspectos flexurais dos membros, a parte inferior do tronco e o abdome.

Fatores de Risco

  • idade entre 60 e 90 anos
  • alelo de classe II do complexo principal de histocompatibilidade (CPH)
  • sexo masculino

Principais sintomas

O principal sintoma indicativo de penfigoide bolhoso é o aparecimento de bolhas vermelhas na pele que podem surgir no corpo todo, sendo mais frequentes de surgirem nas dobras, como virilha, cotovelos e joelhos, e podem conter líquido ou sangue em seu interior. No entanto, há também casos relatados de penfigoide bolhoso que acometeu a região abdominal, os pés e as regiões oral e genital, porém essas situações são mais raras.

Além disso, essas bolhas podem surgir e desaparecer sem motivo aparente, serem acompanhadas de coceira e quando romperem podem ser bastante dolorosas, no entanto não deixam cicatrizes.

É importante que o dermatologista ou clínico geral seja consultado assim que surgirem as primeiras bolhas, pois assim é possível que seja feita uma avaliação e seja indicada a realização de alguns exames que permitam concluir o diagnóstico. Normalmente o médico solicita a realização da retirada de um pedaço da bolha para que possa ser feita observação em microscópio e exames laboratoriais como imunofluorescência direta e biopsia da pele, por exemplo.

Causas de penfigoide bolhoso

O penfigoide bolhoso é uma doença autoimune, ou seja, o próprio organismo produz anticorpos que atuam contra a própria pele, resultando no aparecimento das bolhas, no entanto ainda não é muito bem esclarecido o mecanismo pelo qual há a formação das bolhas.

Alguns estudos sugerem que pode ser desencadeada pela exposição à radiação ultravioleta, radioterapia ou após o uso de determinados remédios, como furosemida, espironolactona e metformina, por exemplo. No entanto são ainda necessários mais estudos que confirmem essa relação.

Além disso, o penfigoide bolhoso foi também associado com doenças neurológicas, como demência, doença de Parkinson, esclerose múltipla e epilepsia.

Como é feito o tratamento

O tratamento para penfigoide bolhoso deve ser feito de acordo com a orientação do dermatologista ou clínico geral e tem como objetivo aliviar os sintomas, evitar a evolução da doença e promover a qualidade de vida. Assim, na maioria dos casos é indicado o uso de medicamentos anti-inflamatórios como corticoides e imunossupressores.

O tempo de duração da doença depende do estado do paciente, podendo levar semanas, meses ou anos. Apesar de não ser uma doença de fácil resolução, o penfigoide bolhoso tem cura, podendo ser alcançada com a os remédios indicados pelo médico dermatologista.

Cuidados de Enfermagem

Indivíduos com pênfigo, independente de sua classificação, tendem a precisar de cuidados mais complexos, não só em ordem física, mas também emocionais e sociais. É de competência do enfermeiro proporcionar conforto e prevenção de agravos através dos conhecimentos adquiridos a partir das necessidades do seu cliente.

Os cuidados de enfermagem devem ser realizados correta e criteriosamente para que o período de remissão da doença seja o menor possível.

De acordo com Brandão et al. (2013), há indicação do uso de lençóis de plástico estéreis para evitar aderências e assim facilitar a movimentação do cliente no leito, além da recomendação do uso de curativos oclusivos que devem ser hidratados para prevenir perda de eletrólitos e formação de crostas e evitar infecções e úlceras por pressão.

O banho deve ser em água morna e, conforme a tolerância do paciente. Recomenda-se o uso de óleo como outra estratégia para evitar aderência a roupas ou lençóis. Em relação ao ambiente, este deve sempre estar limpo e, dependendo da gravidade da patologia o paciente deverá permanecer em isolamento.

A verificação dos sinais vitais e o acompanhamento da evolução das lesões e sinais flogísticos são importantes, assim como, as informações sobre possíveis efeitos colaterais das medicações prescritas devem ser repassadas aos pacientes.

Dessa maneira, o cuidado deve ser holístico e sempre incentivar o paciente ao autocuidado.

Referências:

  1. Zanella, Roberta Richter et al. Penfigoide bolhoso no adulto mais jovem: relato de três casos. Anais Brasileiros de Dermatologia [online]. 2011, v. 86, n. 2 [Acessado 9 Junho 2022] , pp. 355-358. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0365-05962011000200023&gt;. Epub 16 Maio 2011. ISSN 1806-4841. https://doi.org/10.1590/S0365-05962011000200023.