Doença de Crohn: Entendendo a Doença Inflamatória Intestinal Imunomediada

A Doença de Crohn (DC) não é apenas uma “inflamação intestinal”; é uma condição crônica, complexa e imunomediada, onde o sistema imunológico, nosso protetor, se confunde e começa a atacar de forma persistente o próprio trato gastrointestinal (TGI).

Essa doença, que faz parte do grupo das Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs) — junto com a Retocolite Ulcerativa —, se manifesta de forma agressiva, causando dor, diarreia, desnutrição e uma série de complicações que afetam drasticamente a qualidade de vida.

Para nós, estudantes e profissionais de enfermagem, entender que o Crohn pode atingir qualquer parte do TGI, “da boca ao ânus,” e que seu manejo é a longo prazo, é crucial para oferecer um cuidado empático e tecnicamente rigoroso.

Vamos mergulhar na complexidade do Crohn e entender a simbologia por trás de sua cor.

O Que É a Doença de Crohn? 

A Doença de Crohn é uma inflamação crônica que se diferencia por duas características principais:

Transmural

 A inflamação atinge todas as camadas (transmural) da parede intestinal, e não apenas a camada mais superficial (mucosa), como na Retocolite Ulcerativa.

Segmentar e Descontínua

 A inflamação pode ocorrer em “manchas” ou segmentos separados por áreas de tecido saudável. Embora possa afetar qualquer parte do TGI, os locais mais comuns são o íleo terminal (porção final do intestino delgado) e o cólon.

O Mecanismo Autoimune

 A causa exata é desconhecida, mas envolve uma combinação de fatores genéticos, ambientais (como dieta e tabagismo) e uma resposta imunológica desregulada à flora bacteriana intestinal. O sistema imune interpreta a presença de bactérias comensais (normais) como uma ameaça e desencadeia uma reação inflamatória crônica.

Consequências

A inflamação constante leva a:

  • Estenoses: Estreitamento do intestino devido à cicatrização (fibrose).
  • Fístulas: Conexões anormais entre duas partes do intestino ou entre o intestino e a pele/outros órgãos, um desafio comum no cuidado perianal.
  • Má Absorção e Desnutrição: O dano ao intestino delgado, especialmente ao íleo, impede a absorção de nutrientes vitais, como a Vitamina B12.

Causas e Mecanismos Imunológicos

Ainda não se conhece uma causa única para o Crohn. Acredita-se que seja resultado de uma interação complexa entre fatores genéticos, imunológicos, ambientais e microbiológicos.

  1. Predisposição genética: indivíduos com histórico familiar têm risco aumentado.
  2. Sistema imunológico disfuncional: há uma resposta exacerbada das células imunes frente a bactérias intestinais inofensivas, levando à inflamação crônica.
  3. Fatores ambientais: tabagismo, dieta industrializada, estresse e uso de antibióticos na infância podem contribuir.
  4. Microbiota intestinal alterada: o desequilíbrio da flora intestinal (disbiose) parece ter papel importante na ativação da doença.

Por ser imunomediada, a doença de Crohn é considerada também autoimune, pois o sistema imunológico reage contra tecidos do próprio corpo, especialmente do intestino.

Sinais e Sintomas: O Que A Enfermagem Monitora

Os sintomas variam muito, mas os mais comuns incluem:

  • Dor Abdominal: Geralmente no quadrante inferior direito, de natureza cólica e persistente.
  • Diarreia Crônica: Muitas vezes sem sangue aparente.
  • Perda de Peso e Anemia: Devido à má absorção e à inflamação crônica.
  • Manifestações Extraintestinais: A inflamação pode afetar articulações (artrite), pele, olhos e fígado.
  • Sintomas Perianais: Fístulas, abscessos e fissuras perianais são extremamente comuns e dolorosos.

Durante os períodos de remissão, os sintomas diminuem ou desaparecem, mas podem retornar em momentos de crise, exigindo controle rigoroso.

Diagnóstico

O diagnóstico da doença de Crohn é clínico, laboratorial e por imagem. Envolve:

  • Endoscopia e colonoscopia com biópsia para identificar ulcerações e granulomas;
  • Exames de sangue (anemia, PCR e VHS elevados, deficiência de vitaminas);
  • Enterotomografia e ressonância magnética para avaliar complicações como fístulas ou abscessos;
  • Coprocultura e calprotectina fecal para diferenciar de outras causas de inflamação intestinal.

O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações e iniciar o tratamento adequado.

Tratamento

O tratamento tem como objetivo reduzir a inflamação, controlar os sintomas e manter a remissão.

  • Corticosteroides (como budesonida e prednisolona): usados em fases agudas para controle da inflamação.
  • Imunossupressores (azatioprina, metotrexato): ajudam a reduzir a atividade do sistema imunológico.
  • Terapias biológicas (infliximabe, adalimumabe): bloqueiam moléculas inflamatórias específicas, como o TNF-alfa.
  • Antibióticos: usados quando há complicações infecciosas.
  • Cirurgia: indicada em casos de estenose, perfuração ou fístulas graves.

Além dos medicamentos, a dieta balanceada e o acompanhamento multiprofissional (enfermagem, nutrição, gastroenterologia e psicologia) são essenciais.

O Cuidado de Enfermagem: A Gestão da Crise e da Cronicidade

O manejo do Crohn é farmacológico (com imunossupressores, biológicos e corticoides), mas o cuidado de enfermagem é o pilar do suporte:

  1. Controle da Dor e Diarreia: Administrar medicamentos conforme prescrição e monitorar a eficácia. Ajudar o paciente a manter um diário alimentar para identificar gatilhos dietéticos.
  2. Suporte Nutricional: Muitos pacientes precisam de suplementação agressiva, incluindo ferro, cálcio, Vitamina D e, crucialmente, Vitamina B12 (devido à má absorção ileal). O enfermeiro orienta sobre a nutrição e monitora os sinais de desnutrição e anemia.
  3. Cuidados com Fístulas e Estomas: Pacientes com DC frequentemente passam por cirurgias. Se houver estoma (ileostomia ou colostomia), nosso cuidado na troca, limpeza e educação sobre o autocuidado é essencial. Se houver fístulas perianais, o manejo da dor, a higiene e a prevenção de infecção são prioridades.
  4. Adesão ao Tratamento Biológico: Muitos tratamentos envolvem medicamentos biológicos por via intravenosa ou subcutânea. O enfermeiro administra, monitora reações alérgicas e educa o paciente sobre a importância da adesão rigorosa para manter a remissão da doença.
  5. Apoio Psicossocial: Por ser uma doença crônica, imprevisível e que exige idas frequentes ao banheiro, o Crohn afeta a saúde mental. Oferecer escuta ativa e encaminhamento psicológico é parte integral do cuidado.

Por que a cor roxa representa as Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs)?

O roxo foi escolhido como cor simbólica das DIIs, incluindo a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, por representar dignidade, coragem e sensibilidade — características que refletem a luta diária das pessoas que convivem com essas doenças crônicas.

Além disso, o roxo também simboliza a união entre corpo e mente, remetendo à resiliência dos pacientes que enfrentam crises dolorosas, mudanças de rotina e tratamentos contínuos.

Essa escolha de cor é simbólica e representa uma combinação de fatores:

  • Visibilidade e Força: O roxo é uma cor forte, que chama a atenção, o que é essencial para dar visibilidade a doenças que são muitas vezes “invisíveis” ou mal compreendidas.
  • Combinação de Lutas: A cor púrpura é criada pela mistura de azul e vermelho, simbolizando a união de causas e a complexidade das DIIs, que afetam o bem-estar físico e emocional.
  • Realeza e Respeito: Historicamente, o roxo esteve ligado à realeza, e na conscientização da DII, ele evoca a necessidade de respeito e reconhecimento da seriedade da condição dos pacientes.

Todo dia 19 de maio é celebrado o Dia Mundial das Doenças Inflamatórias Intestinais (World IBD Day), com monumentos e prédios iluminados de roxo em várias partes do mundo, reforçando a importância da conscientização e empatia com quem vive com DII.

A doença de Crohn é um desafio tanto para o paciente quanto para os profissionais de saúde. Por ser uma condição autoimune e crônica, requer acompanhamento contínuo, tratamento individualizado e uma equipe de enfermagem preparada para oferecer assistência técnica e apoio emocional.

A informação, a empatia e o cuidado humanizado são pilares fundamentais para melhorar a qualidade de vida dos portadores dessa condição e reduzir o impacto da doença na rotina diária.

Referências:

  1. DII BRASIL. Associação Nacional das Pessoas com Doenças Inflamatórias Intestinais. Disponível em: https://diibrasil.org.br/
  2. SOCIEDADE BRASILEIRA DE COLOPROCTOLOGIA (SBCP). Doença de Crohn. Disponível em: https://www.sbcp.org.br/
  3. GRUPO DE ESTUDO DA DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL DO BRASIL (GEDIIB). Recomendações para o Diagnóstico e Tratamento da Doença de Crohn. Disponível em: http://gediib.org.br/
  4. BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas das Doenças Inflamatórias Intestinais. Brasília: Ministério da Saúde, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude
  5. CROHN’S & COLITIS FOUNDATION. Understanding Crohn’s Disease. New York, 2022. Disponível em: https://www.crohnscolitisfoundation.org
  6. SOCIEDADE BRASILEIRA DE GASTROENTEROLOGIA. Doenças Inflamatórias Intestinais: diagnóstico e manejo. São Paulo, 2022. Disponível em: https://www.sbgastro.org.br
  7.  ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Inflammatory Bowel Diseases Report. Geneva, 2021. Disponível em: https://www.who.int

Marcha atópica

A marcha atópica é um conceito que descreve a progressão natural das doenças alérgicas ao longo da vida de um indivíduo. Geralmente começando na infância, essa sequência de condições pode incluir dermatite atópica, rinite alérgica e asma.

Nesta publicação, vamos explorar o que é a marcha atópica, suas fases, fatores de risco e estratégias para prevenir ou controlar essas condições.

O Que é a Marcha Atópica?

A marcha atópica refere-se à tendência de doenças alérgicas se desenvolverem em uma sequência previsível, começando na infância e podendo persistir até a idade adulta. Essa progressão é caracterizada por uma resposta imunológica hiperativa a alérgenos comuns, como pólen, ácaros e alimentos.

Fases da Marcha Atópica

Dermatite Atópica (Eczema)

  • Idade de Início: Geralmente nos primeiros meses de vida.
  • Sintomas: Pele seca, coceira intensa e erupções cutâneas.
  • Importância: A dermatite atópica é frequentemente o primeiro sinal da marcha atópica e pode aumentar o risco de desenvolver outras condições alérgicas.

Alergias Alimentares

  • Idade de Início: Nos primeiros anos de vida.
  • Sintomas: Reações alérgicas a alimentos como leite, ovos, amendoim e frutos do mar.
  • Importância: As alergias alimentares podem ser um precursor para o desenvolvimento de asma e rinite alérgica.

Asma

  • Idade de Início: Geralmente entre 3 e 5 anos.
  • Sintomas: Dificuldade para respirar, chiado no peito e tosse.
  • Importância: A asma é uma condição crônica que pode persistir na idade adulta.

Rinite Alérgica

  • Idade de Início: Pode começar na infância ou adolescência.
  • Sintomas: Espirros, coriza, coceira no nariz e olhos lacrimejantes.
  • Importância: A rinite alérgica é comum em indivíduos com histórico de outras condições atópicas.

Fatores de Risco para a Marcha Atópica

Vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento da marcha atópica, incluindo:

Genética

Histórico familiar de doenças alérgicas.

Exposição a Alérgenos

Contato precoce com ácaros, pólen ou alimentos alergênicos.

Poluição e Tabagismo

Ambientes poluídos e exposição ao fumo podem agravar as condições alérgicas.

Alterações na Microbiota Intestinal

Desequilíbrios na flora intestinal podem influenciar o sistema imunológico.

Prevenção e Controle da Marcha Atópica

Embora a marcha atópica tenha um componente genético, algumas estratégias podem ajudar a prevenir ou controlar suas manifestações:

Amamentação

A amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida pode reduzir o risco de dermatite atópica e alergias alimentares.

Introdução de Alimentos Sólidos

A introdução de alimentos potencialmente alergênicos, como amendoim e ovos, deve ser feita de forma gradual e sob orientação médica.

Controle Ambiental

Reduzir a exposição a alérgenos comuns, como ácaros e pólen, pode ajudar a prevenir crises alérgicas.

Tratamento Precoce

O manejo adequado da dermatite atópica e das alergias alimentares pode reduzir o risco de progressão para asma e rinite alérgica.

Imunoterapia

Em alguns casos, a imunoterapia com alérgenos pode ser usada para dessensibilizar o sistema imunológico.

Cuidados de Enfermagem no Manejo da Marcha Atópica

A equipe de enfermagem desempenha um papel crucial no suporte a pacientes com marcha atópica. Aqui estão os principais cuidados:

Educação do Paciente e Familiares

Explique sobre a marcha atópica e a importância do controle ambiental e do tratamento precoce.

Acompanhamento Nutricional

Oriente sobre a introdução de alimentos e o manejo de alergias alimentares.

Monitoramento de Sintomas

Observe e registre os sintomas do paciente para ajustar o tratamento conforme necessário.

Apoio Emocional

Ofereça suporte emocional, especialmente para crianças e famílias que lidam com múltiplas condições alérgicas.

A marcha atópica é uma sequência de condições alérgicas que pode impactar significativamente a qualidade de vida. Compreender suas fases e fatores de risco é essencial para prevenir e controlar essas doenças.

Para a equipe de enfermagem, a educação e o suporte ao paciente são fundamentais para garantir um manejo eficaz.

Referência:

  1. Hill DA, Spergel JM. The atopic march: Critical evidence and clinical relevance. Ann Allergy Asthma Immunol. 2018 Feb;120(2):131-137. doi: 10.1016/j.anai.2017.10.037. Erratum in: Ann Allergy Asthma Immunol. 2018 Apr;120(4):451. doi: 10.1016/j.anai.2018.02.033. PMID: 29413336; PMCID: PMC5806141.

HIV Vs AIDS: As diferenças

O HIV (vírus da imunodeficiência humana) é um retrovírus transmitido através do contato com fluidos corporais, como sangue, leite materno e sêmen.

Como é adquirido?

Pode ser adquirido por meio de relações sexuais desprotegidas com uma pessoa infectada, compartilhamento de agulhas ou de mãe para filho durante a gravidez ou amamentação.

Os Sintomas

A infecção pelo HIV pode causar sintomas iniciais, como cansaço excessivo, dor muscular, dor de cabeça ou garganta, suor noturno e ínguas. Esses sintomas podem surgir na infecção inicial pelo HIV, chamada síndrome retroviral aguda.

Por outro lado, a AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida) é a evolução do HIV. Ela ocorre quando o vírus do HIV provoca danos no sistema imunológico, tornando-o menos capaz de combater infecções e doenças.

Os sintomas da AIDS são mais intensos e surgem quando o sistema imunológico já está muito debilitado pelo HIV. Isso favorece o surgimento de infecções ou doenças oportunistas, como herpes, candidíase, toxoplasmose, sarcoma de Kaposi ou hepatite.

Você sabia?

É importante destacar que ter a infecção pelo HIV não significa automaticamente ter AIDS. Uma pessoa pode ser portadora do vírus HIV e estar fazendo tratamento, sendo considerada saudável.

No entanto, a AIDS ocorre quando o vírus do HIV causa danos significativos ao sistema imunológico.

As diferenças sutis

  • HIV: Vírus que pode provocar a AIDS.
  • AIDS: Síndrome resultante da destruição do sistema imunológico pelo vírus HIV.

Lembre-se sempre da importância da prevenção e do tratamento adequado para controlar a infecção pelo HIV e evitar a progressão para a AIDS. Consultar um profissional de saúde é fundamental para receber orientações específicas sobre prevenção, diagnóstico e tratamento.

Referências:

  1. Ministério da Saúde

Síndrome de Sjögren

A Síndrome de Sjögren (SS) é uma doença auto-imune que se caracteriza principalmente pela manifestação de secura ocular e na boca associadas à presença de auto anticorpos ou sinais de inflamação glandular.

Algumas células brancas (chamadas de linfócitos) invadem vários órgãos e glândulas, principalmente as glândulas lacrimais e salivares, produzindo um processo inflamatório que acaba por prejudicá-los, impedindo suas funções normais.

Causas

Se uma pessoa apresenta olho seco ou boca seca, ela deverá ser avaliada para as possíveis causas desses sintomas.

Medicamentos (inclusive os usados para o tratamento da pressão alta, depressão, resfriados e alergias), infecções e outros problemas oculares também podem causar esses mesmos sintomas.

Será necessária a avaliação de um médico Oftalmologista para determinar se realmente há falta de lágrima e sinais de inflamação na córnea em decorrência desta secura. Se essas alterações se confirmarem, o paciente deve ser encaminhado a um Reumatologista para avaliação do diagnóstico da Síndrome de Sjogren (SS).

A secura dos olhos e da boca pode ocorrer por inúmeros motivos, dentre eles:

  • Síndrome Sicca –  é quando acontece uma diminuição da produção de lágrimas e saliva, e pode ocorrer com a idade.
  • Sarcoidose – doença que também pode lesionar as glândulas que produzem saliva e lágrimas
  • Medicamentos como anti-histamínicos ou anti-depressivos
  • Inflamação das glândulas nas pálpebras que produzem óleo (blefarite), causando uma evaporação em excesso das lágrimas

Como existem inúmeras causas e complicações do olho e boca secos, você precisará, além do reumatologista, de um oftalmologista e um dentista.

Sinais e Sintomas

Os pacientes com “SS” também podem apresentar secura na pele, nariz e vagina. Podem apresentar fadiga, artralgias e artrites.

Além disso, outros órgãos do corpo, como os rins, pulmões, vasos, fígado, pâncreas e cérebro também podem ser afetados. Esta doença é mais comum em mulheres de meia idade, mas também pode ocorrer em homens e em qualquer idade.

Olhos:

  • Dor
  • Irritabilidade
  • Sensação de areia
  • Incômodo com a luz.

Boca e Garganta:

  • Boca seca
  • Saliva espessa e pegajosa
  • Dificuldade para engolir
  • Alteração na percepção do gosto dos alimentos
  • Rouquidão
  • Tosse seca

Fadiga:
Um dos sintomas mais comuns é o cansaço extremo, que não melhora nem com uma boa noite de sono. Algumas pessoas podem também se sentir tristes ou deprimidas.

Dor:

  • Dor nas articulações
  • Inchaço nas articulações
  • Dor ao toque em vários pontos do corpo

Outros Sintomas:
Outras partes do corpo podem ficar mais secas do que o normal, como por exemplo:

  • Sistema digestivo, causando dificuldade para engolir
  • Intestino, com sintomas parecidos aos da síndrome do intestino irritável
  • Pele, que pode ficar sensível ao sol ou apresentar coceira
  • Vagina, causando desconforto na relação sexual
  • Vias aéreas, fazendo com que a pessoa fique mais suscetível a irritantes como fumaça e poeira

Existem muitos outros sintomas também, como:

  • Febre
  • Alteração na cor das mãos (Fenômeno de Raynaud)
  • Dor de cabeça/ enxaqueca
  • Aumento dos gânglios (linfonodos) do pescoço, axilas ou virilha
  • Problemas no sistema nervoso, como fraqueza e formigamentos
  • Inflamação dos vasos sanguíneos (vasculite)
  • Manchas cor de vinho nas pernas (púrpura)
  • Dor no peito ou falta de ar
  • Problemas no fígado ou nos rins
  • Fibrose dos pulmões, levando à falta de ar e tosse seca

Diagnóstico

Para a confirmação do diagnóstico, além de todos os sintomas já mencionados o paciente deverá apresentar alterações laboratoriais (exames de sangue), radiológicos e/ou anátomo-patológicos (biópsia das glândulas salivares menores feita no lábio) e/ou de medicina nuclear (cintilografia das glândulas parótidas).

Síndrome de Sjögren Primária

A Síndrome de Sjögren Primária ocorre quando a Síndrome de Sjögren (SS) ocorre de forma isolada, sem a presença de outra doença auto-imune.

Síndrome de Sjögren Secundária

A Síndrome de Sjögren Secundária ocorre quando os sintomas da “SS” são acompanhados de uma outra doença auto-imune como a Artrite Reumatóide, o Lúpus Eritematoso Sistêmico ou Esclerodermia.

Tratamento

Ainda não existe uma cura definitiva para esta doença, mas o diagnóstico e intervenções precoces podem melhorar em muito o prognóstico. O tipo do tratamento vai depender dos sintomas (que podem ser bastante variados) e da sua gravidade.

No caso do paciente somente apresentar secura nos olhos e boca, eventualmente, poderão ser utilizados como tratamento somente lágrimas artificiais e substitutos de saliva. Remédios anti-inflamatórios, corticoides e/ou imunossupressores poderão ser utilizados quando houver manifestação mais graves, objetivando melhora da inflamação e evitando sequelas.

Olho Seco:

  • Colírios lubrificantes podem ser usados várias vezes ao dia, conforme a orientação do oftalmologista.
  • Se precisar usar os colírios mais de 6x ao dia, é melhor utilizar fórmulas sem conservantes, pois eles podem aumentar a secura e a sensibilidade.

Boca Seca:

  • Saliva artificial
  • Se você ainda é capaz de produzir um pouco de saliva, pode ser que o reumatologista indique comprimidos de pilocarpina, que age estimulando as glândulas. Algumas pessoas podem ter efeitos colaterais como suor, vermelhidão, diarreia e aumento da necessidade de urinar. Esses efeitos costumam melhorar com o tempo, e para evita-los é melhor começar com uma dose menor e aumentar gradativamente.

Dor ou Inchaço nas Articulações:

  • Seu médico poderá indicar analgésicos, anti-inflamatórios, corticoides ou hidroxicloroquina, dependendo do caso

Fadiga:

  • Talvez seja necessário investigar outros problemas como doença da tireoide e doença celíaca
  • Em alguns casos a hidroxicloroquina pode ajudar
  • Uma das coisas mais importantes para aliviar a fadiga são as mudanças nos hábitos de vida, como a prática de exercícios leves, a adaptação do ritmo das atividades  e a qualidade do sono. É importante encontrar o equilíbrio entre a quantidade de exercício e de repouso para se sentir bem.

Dor com origem nos nervos:

  • Pode ser tratada com medicamentos específicos, como gabapentina ou pregabalina

Sintomas mais graves:
Alguns pacientes com doença mais grave podem precisar de tratamento com corticoides e drogas imunossupressoras, como a azatioprina e o micofenolato.  O rituximab, um biológico direcionado para as células B do sistema imune, pode ser útil em alguns casos.

É importante ressaltar que a maioria das pessoas não precisa desse tipo de tratamento, pois os sintomas geralmente estão confinados às glândulas salivares e lacrimais.

Alguns Cuidados

Muitos sintomas podem ser aliviados com medidas simples:

  • Utilizar óculos de sol com proteção lateral, para ajudar a evitar a evaporação das lágrimas
  • Manter as pálpebras e áreas ao redor limpas para maximizar a secreção de óleo das glândulas das pálpebras
  • Evitar lentes de contato
  • Aumentar a umidade da casa pode ajudar com os sintomas de olho seco e tosse seca, e isso pode ser feito com umidificadores, plantas ou bacias com água
  • Evitar sabonetes com cheiro forte se tiver pele seca ou coceira
  • Utilizar cremes hidratantes na pele
  • Utilizar filtro solar
  • Cuidar muito bem da higiene bucal

Exercícios:
São recomendados para manter a mobilidade, principalmente se tiver sintomas nas articulações.

É necessário encontrar um equilíbrio entre a quantidade de repouso e de exercício para driblar a fadiga causada pela doença. O fisioterapeuta e o educador físico são profissionais que podem te ajudar a encontrar o melhor tipo de exercício e a aumentar o nível gradativamente.

Dieta:
Para minimizar os problemas dentários é importante reduzir os alimentos e bebidas açucarados. O álcool e as bebidas com cafeína devem ser evitados, pois pioram a secura.

Sexo e Gestação:
Um sintoma menos frequente da síndrome de Sjogren é a secura vaginal, e os lubrificantes são de grande utilidade. Converse com o seu ginecologista sobre este sintoma, e ele poderá te recomendar um tratamento adequado.

Cerca de 2% das mulheres que tem os anticorpos anti-Ro ou La positivos podem passar para o bebê durante a gravidez, e levar a problemas de pele e alteração nos exames de sangue. Com o passar dos meses esses anticorpos são eliminados do corpo do bebê.

Em alguns desses casos os anticorpos podem afetar o coração do bebê, fazendo com que ele bata mais lentamente. Mas lembre-se, 98% das gestações não tem essas alterações. O importante é informar o seu obstetra caso você tenha estes anticorpos, para que ele monitore o coração do bebê durante a gestação.

Referência:

  1. Freitas, Tarsila M. C. et al. Síndrome de Sjögren: revisão de literatura e acompanhamento de um caso clínico. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia [online]. 2004, v. 70, n. 2 [Acessado 26 Setembro 2022] , pp. 283-288. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0034-72992004000200023&gt;. Epub 29 Jun 2004. ISSN 0034-7299. https://doi.org/10.1590/S0034-72992004000200023.

Penfigoide Bolhoso (PB)

O penfigoide bolhoso é uma doença bolhosa autoimune crônica e adquirida, caracterizada por autoanticorpos contra antígenos hemidesmossomais, resultando na formação de uma vesícula subepidérmica.

Geralmente, o penfigoide bolhoso ocorre em idosos e tem uma aparência clínica distinta. Existem diversas variações clínicas, sendo que uma delas ocorre na infância.

Na fase prodrômica e não bolhosa, um prurido de intensidade variável pode ser acompanhado por lesões eczematosas ou urticariformes durante semanas ou meses.

Na etapa bolhosa, vesículas ou bolhas características e tensas se desenvolvem na pele aparentemente normal ou eritematosa da erupção eczematosa ou urticariforme preexistente. Se as vesículas estourarem, as áreas com erosão e crostas cicatrizam lentamente, deixando uma hiperpigmentação pós-inflamatória.

As lesões geralmente são simétricas e favorecem os aspectos flexurais dos membros, a parte inferior do tronco e o abdome.

Fatores de Risco

  • idade entre 60 e 90 anos
  • alelo de classe II do complexo principal de histocompatibilidade (CPH)
  • sexo masculino

Principais sintomas

O principal sintoma indicativo de penfigoide bolhoso é o aparecimento de bolhas vermelhas na pele que podem surgir no corpo todo, sendo mais frequentes de surgirem nas dobras, como virilha, cotovelos e joelhos, e podem conter líquido ou sangue em seu interior. No entanto, há também casos relatados de penfigoide bolhoso que acometeu a região abdominal, os pés e as regiões oral e genital, porém essas situações são mais raras.

Além disso, essas bolhas podem surgir e desaparecer sem motivo aparente, serem acompanhadas de coceira e quando romperem podem ser bastante dolorosas, no entanto não deixam cicatrizes.

É importante que o dermatologista ou clínico geral seja consultado assim que surgirem as primeiras bolhas, pois assim é possível que seja feita uma avaliação e seja indicada a realização de alguns exames que permitam concluir o diagnóstico. Normalmente o médico solicita a realização da retirada de um pedaço da bolha para que possa ser feita observação em microscópio e exames laboratoriais como imunofluorescência direta e biopsia da pele, por exemplo.

Causas de penfigoide bolhoso

O penfigoide bolhoso é uma doença autoimune, ou seja, o próprio organismo produz anticorpos que atuam contra a própria pele, resultando no aparecimento das bolhas, no entanto ainda não é muito bem esclarecido o mecanismo pelo qual há a formação das bolhas.

Alguns estudos sugerem que pode ser desencadeada pela exposição à radiação ultravioleta, radioterapia ou após o uso de determinados remédios, como furosemida, espironolactona e metformina, por exemplo. No entanto são ainda necessários mais estudos que confirmem essa relação.

Além disso, o penfigoide bolhoso foi também associado com doenças neurológicas, como demência, doença de Parkinson, esclerose múltipla e epilepsia.

Como é feito o tratamento

O tratamento para penfigoide bolhoso deve ser feito de acordo com a orientação do dermatologista ou clínico geral e tem como objetivo aliviar os sintomas, evitar a evolução da doença e promover a qualidade de vida. Assim, na maioria dos casos é indicado o uso de medicamentos anti-inflamatórios como corticoides e imunossupressores.

O tempo de duração da doença depende do estado do paciente, podendo levar semanas, meses ou anos. Apesar de não ser uma doença de fácil resolução, o penfigoide bolhoso tem cura, podendo ser alcançada com a os remédios indicados pelo médico dermatologista.

Cuidados de Enfermagem

Indivíduos com pênfigo, independente de sua classificação, tendem a precisar de cuidados mais complexos, não só em ordem física, mas também emocionais e sociais. É de competência do enfermeiro proporcionar conforto e prevenção de agravos através dos conhecimentos adquiridos a partir das necessidades do seu cliente.

Os cuidados de enfermagem devem ser realizados correta e criteriosamente para que o período de remissão da doença seja o menor possível.

De acordo com Brandão et al. (2013), há indicação do uso de lençóis de plástico estéreis para evitar aderências e assim facilitar a movimentação do cliente no leito, além da recomendação do uso de curativos oclusivos que devem ser hidratados para prevenir perda de eletrólitos e formação de crostas e evitar infecções e úlceras por pressão.

O banho deve ser em água morna e, conforme a tolerância do paciente. Recomenda-se o uso de óleo como outra estratégia para evitar aderência a roupas ou lençóis. Em relação ao ambiente, este deve sempre estar limpo e, dependendo da gravidade da patologia o paciente deverá permanecer em isolamento.

A verificação dos sinais vitais e o acompanhamento da evolução das lesões e sinais flogísticos são importantes, assim como, as informações sobre possíveis efeitos colaterais das medicações prescritas devem ser repassadas aos pacientes.

Dessa maneira, o cuidado deve ser holístico e sempre incentivar o paciente ao autocuidado.

Referências:

  1. Zanella, Roberta Richter et al. Penfigoide bolhoso no adulto mais jovem: relato de três casos. Anais Brasileiros de Dermatologia [online]. 2011, v. 86, n. 2 [Acessado 9 Junho 2022] , pp. 355-358. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0365-05962011000200023&gt;. Epub 16 Maio 2011. ISSN 1806-4841. https://doi.org/10.1590/S0365-05962011000200023.

Infecção e Inflamação: As Diferenças

Apesar de terem nomes parecidos, inflamação e infecção são mecanismos distintos que ocorrem no organismo.

A Inflamação

É uma resposta do organismo a uma agressão, como cortes e batidas. A inflamação pode partir, também, do sistema imunológico. Nesse caso, são as nossas células de defesa que agridem o corpo. No processo inflamatório, ocorre dilatação dos vasos, aumento do fluxo sanguíneo e de outros fluidos corporais para o local lesionado. Por isso, esse processo causa sintomas como:

  • Vermelhidão;
  • Inchaço;
  • Dor;
  • Aquecimento da área.

A Infecção

São causadas por agentes externos. O organismo reage a entrada de micro-organismos como vírus e bactérias, parasitas ou fungos. Nesse processo, as células de defesa tentam combater os micro-organismos, o que normalmente dá origem ao aparecimento de pus. Alguns sintomas que podem ser causados por infecções:

  • Febre;
  • Dor no local infectado;
  • Aparecimento de pus;
  • Dores musculares;
  • Diarreias;
  • Fadiga;
  • Tosse.

Referências:

  1. http://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/579197/diferencas+entre+inflamacao+e+infeccao.htm
  2. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1751559/

Dermatomiosite

Segundo a National Organization for Rare Disorders, dermatomiosite é um tipo de miopatia inflamatória caracterizada por alterações inflamatórias e degenerativas dos músculos e da pele. Os sintomas associados e os achados físicos podem variar muito de caso para caso, pois os pacientes podem apresentar-se de forma diferente.

As miopatias inflamatórias são um grupo de doenças que envolvem inflamação muscular crônica e fraqueza. Acredita-se que sejam doenças autoimunes, o que significa que as defesas naturais do corpo (anticorpos, linfócitos, etc.) contra organismos invasores de repente começam a atacar tecidos perfeitamente saudáveis por razões desconhecidas, levando a inflamação ou inchaço.

Causas

Conforme a The Muscular Dystrophy Association, a causa da dermatomiosite ainda é desconhecida. No entanto, fatores genéticos, imunológicos, infecciosos e ambientais foram considerados.

Anormalidades imunológicas são comuns em pacientes com dermatomiosite. Pacientes frequentemente têm autoanticorpos circulando. A atividade anormal de células T pode estar envolvida na origem da doença da pele e da doença muscular. Além disso, os familiares podem manifestar outras doenças associadas à autoimunidade.

Agentes infecciosos também têm sido sugeridos como possíveis gatilhos de dermatomiosite:

  • Vírus (por exemplo: parvovírus, ecovírus, vírus linfotrópico de células T humanas tipo 1 [HTLV-1], HIV)
  • Espécies de toxoplasma
  • Espécies de Borrelia

Casos de dermatomiosite induzida por drogas já foram relatados. Os agentes que podem desencadear a doença incluem:

  • Estatinas
  • Penicilamina
  • Drogas do fator de necrose anti-tumor
  • Interferon
  • Ciclofosfamida
  • Vacina BCG
  • Quinidina

Sinais e Sintomas

O envolvimento cutâneo pode se manifestar da seguinte forma:

  • Erupção predominantemente em superfícies foto-expostas;
  • Prurido de lesões cutâneas, às vezes intensas o suficiente para perturbar o sono;
  • Eritema (rubor da pele ocasionado pela vasodilatação) no meio da face;
  • Erupção ao longo das margens das pálpebras, com ou sem edema;
  • Erupção no dorso das mãos, particularmente sobre os dedos;
  • Alterações na pele entre as unhas e dedos;
  • Erupção na parte externa das coxas superiores;
  • Couro cabeludo escamoso ou queda de cabelo.

O componente cutâneo da dermatomiosite é exacerbado pela luz solar e outras fontes de luz ultravioleta, o que também pode exacerbar o componente muscular.

A doença muscular pode ocorrer simultaneamente, pode preceder a doença da pele, ou pode seguir a doença da pele por semanas a anos. O envolvimento muscular se manifesta como o seguinte:

  • Fraqueza muscular nos músculos que se encontram mais próximo do tronco
  • Fadiga/fraqueza muscular ao subir escadas, andar, subir de uma posição sentada, pentear o cabelo ou pegar itens acima dos ombros
  • Tensão muscular: Pode ocorrer, mas não é uma característica típica de dermatomiosite.

As manifestações sistêmicas que podem ocorrer incluem as seguintes:

  • Distúrbios sistêmicos gerais (febre, dor nas articulações, mal-estar, perda de peso)
  • Disfagia devido ao envolvimento do músculo esquelético esofágico
  • Refluxo gastresofágico devido ao envolvimento muscular liso do esôfago
  • Disfonia
  • Defeitos atrioventriculares, taquiarritmias, cardiomiopatias dilatadas
  • Úlceras gastrointestinais e infecções, mais comuns em crianças
  • Envolvimento pulmonar devido à fraqueza dos músculos torácicos
  • Calcinose (deposição de sais de cálcio embaixo da pele, músculos, tendões ou tecido gorduroso)
  • As crianças na primeira infância também podem desenvolver uma marcha na ponta dos pés secundária à contratura de flexão dos tornozelos.

Como é diagosticado?

O diagnóstico para dermatomiosite pode incluir exames laboratoriais e por imagem (por exemplo, ressonância magnética, radiografia torácica, ultrassonografia, eletromiografia, tomografia computadorizada), bem como biópsia muscular e de pele e outros testes conforme apropriado.

A eletromiografia (EMG) é um meio de detectar inflamação e dano muscular, sendo útil na seleção de um local de biópsia muscular.

A tomografia do tórax, abdômen e pélvis é útil na avaliação de possíveis malignidades que podem estar associadas à dermatomiosite.

Em pacientes adultos com dermatomiosite, a avaliação da malignidade deve ser realizada após o diagnóstico inicial e repetida pelo menos anualmente por 3 anos. O risco de malignidade aumenta com a idade.

Como é tratado?

O componente muscular é tratado administrando corticosteroides, tipicamente com um agente imunossupressor. A doença da pele é tratada evitando a exposição solar usando protetores solares e roupas fotoprotetoras, bem como com corticosteroides tópicos, agentes antimaláricos e medicamentos imunomodulatórios como metotrexato.

O cuidado cirúrgico geralmente é desnecessário. Alguns pacientes podem se beneficiar da remoção cirúrgica de áreas focais de calcinose, particularmente quando doloroso. A internação é necessária para pacientes com dermatomiosite fulminante, com envolvimento muscular e/ou dos órgãos internos.

Para casos refratários, o uso de globulina imune intravenosa de alta dose mensal (IVIG) por 6 meses tem se mostrado benéfico a curto prazo.

Alguns Cuidados

O repouso na cama pode ser valioso para aqueles com inflamação grave dos músculos.

Em pacientes com fraqueza muscular, um programa de fisioterapia é útil para ajudar a prevenir as contraturas que podem complicar a doença quando os pacientes não movem totalmente suas articulações. A prática também é recomendada, a fim de manter a força muscular, mesmo durante o curso da doença muscular ativa.

Uma dieta equilibrada é importante para pessoas com dermatomiosite. Pacientes com inflamação muscular grave podem precisar de proteína extra para equilibrar sua perda.

Para pacientes com disfagia e/ou refluxo gastroesofágico, a elevação da cabeça de sua cama e evitar comer antes de dormir são úteis. Essas manobras simples podem evitar pneumonia por aspiração. Em alguns casos, a alimentação por sonda nasogástrica é necessária para aumentar o insumo calórico.

Referência:

  1. BMJ Best Pratice

Alopecia

A alopecia é uma condição em que ocorre perda de cabelo ou de pelo em qualquer parte do corpo. Porém, o tipo mais comum é a que se manifesta no couro cabeludo, a calvície. O distúrbio, que pode ser transitório ou definitivo, afeta homens e mulheres e existem diferentes causas possíveis, tipos e graus.

 O ciclo do cabelo é marcado por três fases:

  • Fase anágena: é quando ocorre o crescimento dos fios. Cerca de 90% dos cabelos estão nesta etapa, que pode durar de dois a oito anos;
  • Fase catágena: fase de transição, na qual os folículos capilares encolhem e dura de duas a três semanas;
  • Fase telógena: o cabelo repousa durante dois a quatro meses. No final dessa etapa, o cabelo cai para que o ciclo de crescimento recomece.

É normal que uma pessoa perca de 50 a 100 fios de cabelo todos os dias, por causa desse processo de renovação contínua. Entretanto, se esse ciclo for interrompido ou se um folículo capilar estiver danificado, o cabelo pode começar a cair mais rapidamente do que se regenerar, causando sintomas como fios ralos ou áreas totalmente vazias.

É importante que, ao notar a queda capilar, a pessoa busque por ajuda médica para investigar as causas. Usar medicamentos por conta própria ou recorrer a tratamentos ou produtos sem recomendação de profissionais capacitados pode até agravar o problema.

O QUE CAUSA A ALOPECIA?

As causas da alopecia podem ser variadas. No entanto, alguns fatores associados ao desenvolvimento da condição são:

  • Hereditariedade;
  • Hormônios masculinos;
  • Traumas na região;
  • Má alimentação, que leva à falta de vitaminas;
  • Estresse;
  • Oleosidade em excesso, relacionada à dermatite seborreica;
  • Reação adversa a medicamentos ou certos tratamentos, como a quimioterapia;
  • Tratamentos de beleza com produtos químicos que agridem o couro cabeludo;
  • Problemas na tireoide;
  • Infecções causadas por fungos ou bactérias, inclusive casos de resistência bacteriana.

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS TIPOS DE ALOPECIA?

Conheça alguns tipos de alopecia e suas características:

  • Alopecia androgenética – de origem genética, é o tipo mais comum de queda de cabelo. O problema pode se iniciar na adolescência, porém, fica mais aparente entre os 40 e 50 anos. Os cabelos ficam ralos e, progressivamente, o couro cabeludo mais aberto. Nas mulheres, a região central é mais acometida (calvície de padrão feminino), enquanto homens apresentam falhas nas entradas e no topo da cabeça (calvície de padrão masculino).
  • Alopecia areata – é considerada uma doença autoimune, quando o sistema imunológico (mecanismo de defesa natural) ataca o próprio corpo. As células ao redor do folículo capilar o atacam e impedem a produção de novos fios. Isso costuma causar falhas em formatos arrendados não apenas no couro cabeludo, como na barba, cílios e sobrancelhas. A condição é mais comum em pessoas jovens, principalmente abaixo dos 20 anos. A alopecia areata pode estar associada a fatores genéticos, reações no sistema imunológico causadas por micro-organismos e estresse. Doenças como lúpus e vitiligo também podem ter relação.
  • Alopecia por tração – acontece quando a pessoa faz penteados, como tranças e rabos de cavalo apertados, que forçam a raiz do cabelo. Nestes casos, pode haver dano irreversível quando o folículo é danificado.
  • Eflúvio telógeno – nesse tipo de alopecia, é comum a queda de até 300 a 500 fios por dia. Isso resulta, sobretudo, na perda de volume do cabelo.  Um evento ou condição médica, como desequilíbrio da tireoide, parto, cirurgia ou febre, geralmente a desencadeia. Pode ocorrer, ainda, como resultado de uma deficiência de vitaminas ou minerais. Se o evento desencadeante for temporário – por exemplo, se você se recuperar da doença que está causando a queda de cabelo – o cabelo pode voltar a crescer depois de seis meses. Em alguns casos, a perda de cabelo pode durar anos.
  • Alopecia cicatricial – é um tipo mais raro da queda capilar, em que inflamações causam danos aos folículos capilares. No lugar, há crescimento de tecido cicatricial, o que impede a produção de novos fios no couro cabeludo.  A queda pode começar de forma súbita ou progredir lentamente. Para algumas pessoas, a alopecia cicatricial pode incluir ainda, lesões vermelhas ou brancas no couro cabeludo, inchaço e coceiras.
  • Alopecia frontal fibrosante – esse tipo de alopecia atinge principalmente mulheres que estão no período pós-menopausa. Ocorre normalmente em um padrão de recuo da linha do cabelo. As sobrancelhas e axilas também podem sofrer perda de pelos. Os sintomas podem incluir, ainda, o aparecimento de manchas vermelhas e “bolinhas” na face.

TRATAMENTO PARA A QUEDA CAPILAR

Classificar o tipo de alopecia é essencial para direcionar o tratamento. Por isso, é sempre indispensável consultar o médico dermatologista ou tricologista (especialista na saúde do cabelo). Mesmo nos casos em que a queda de cabelo é permanente, existem maneiras de minimizar a perda intensa dos fios.

Certos tratamentos podem incluir o uso de antibióticos específicos e outros medicamentos. Para deficiências nutricionais, a ingestão de suplementos pode ser indicada. Quando o assunto são reparos estéticos, o implante capilar torna-se uma opção para pessoas que sofrem com a calvície.

QUAL A PREVENÇÃO CONTRA ALOPECIA?

Quando há fatores genéticos envolvidos, não existem formas de prevenir a alopecia. No entanto, ao notar queda capilar elevada, procure um especialista. Ele poderá recomendar tratamentos para conter o avanço do problema.

Já para quem não tem casos de alopecia na família, é importante evitar tratamentos em salões que usam produtos químicos prejudiciais. Sempre procure saber quais componentes serão usados e pergunte se eles podem causar danos permanentes aos fios. Afinal, uma vez que os folículos são atingidos, o cabelo deixa de crescer.

Outra recomendação é manter uma alimentação saudável e variada, rica em minerais, proteínas e vitaminas. Então, coma frutas, verduras e legumes, dê preferência para a comida preparada cozida ou assada ao invés de frita, e evite o excesso de gordura e alimentos ultraprocessados.

Referências: