A Eletroconvulsoterapia, ou ECT, é uma das mais tradicionais terapias de neuroestimulação e continua sendo muito utilizada em todo o mundo.
É um tratamento psiquiátrico no qual são provocadas alterações na atividade elétrica do cérebro induzidas por meio de passagem de corrente elétrica.
Indicações
A ECT apresenta uma rápida resposta terapêutica, o que a torna altamente recomendada para pacientes com risco de suicídio, negativismo intenso e catatonia, além dos casos de psicoses que podem oferecer risco a terceiros.
Como é feito a Terapia?
Para maior segurança e conforto do paciente, o tratamento é feito sob anestesia geral. Ao contrário do que acredita o senso comum, o procedimento não é doloroso, e a anestesia tem o papel de promover o relaxamento muscular, evitando espasmos mais fortes durante a aplicação.
O tratamento consiste na indução de uma convulsão controlada, com duração média de 25 segundos, monitorada por eletroencefalograma, eletrocardiograma e oximetria. Para isso, o paciente é estimulado com uma corrente elétrica de pulso breve ou ultra breve, controlada por computador, com duração de 5 a 7 segundos. O número de sessões necessárias varia conforme o caso e é definido pelo psiquiatra, levando em consideração a resposta do paciente às aplicações.
As sessões podem ser feitas com o paciente internado ou ambulatorialmente. Todo o procedimento dura em torno de 40 minutos, com a liberação do paciente alguns instantes após a sessão.
Possíveis Complicações
Os efeitos colaterais imediatos mais frequentes da terapia eletroconvulsiva (ECT) são cefaleia, náusea e êmese, que variam conforme o anestésico utilizado.
Mais de 45% dos pacientes referem cefaleia, que pode ser tratada sintomaticamente com uso de analgésicos.
Os pacientes que sofrem de ataques de enxaqueca de maneira regular estão mais predispostos a apresentar cefaleia após a ECT. Náusea e êmese ocorrem mais raramente após o procedimento anestésico e podem ser tratadas de maneira sintomática, em geral com uso de metoclopramida.
Durante a aplicação da ECT podem ocorrer arritmias cardíacas, geralmente leves e transitórias, em especial nos pacientes com doença cardíaca prévia. As arritmias resultam da breve bradicardia pós-ictal e, portanto, podem frequentemente ser prevenidas pelo aumento da dosagem de medicação anticolinérgica. Outras arritmias são secundárias à taquicardia observada durante a convulsão e podem ocorrer enquanto o paciente retorna à consciência.
A ocorrência de dores musculares e, mais raramente, de fraturas, devido à atividade motora convulsiva também faz parte das complicações associadas à ECT. Entretanto, o pré-tratamento com agente curarizante durante procedimento anestésico reduz consideravelmente a ocorrências destes eventos.
Alguns Cuidados de Enfermagem
- Orientar ao paciente e os familiares quanto ao tratamento;
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Preparar o paciente para o tratamento deverá acompanhá-lo, durante e após cada sessão do tratamento, para lhe dar apoio;
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No dia do tratamento o paciente deverá:
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Permanecer em jejum absoluto, a fim de evitar vômitos e refluxo destes para as vias respiratórias;
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Ser levado ao banheiro e ser estimulado a urinar e evacuar, pois o tratamento provoca relaxamento momentâneo dos esfíncteres anal e uretral;
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A enfermagem precisará estar atenta para que o paciente não aproveite a oportunidade para beber água;
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Retirar próteses dentárias, óculos, grampos ou qualquer outro objeto de metal de uso habitual;
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Conservar os cabelos secos
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Usar roupas folgadas — de preferência roupas do hospital — que permitam ampla movimentação.
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O controle dos sinais vitais do paciente é de suma importância para se evitar complicações. Se houver discrepância em relação ao parâmetro obtido antes do início da série de aplicações, o tratamento deverá ser suspenso até nova avaliação médica;
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Se a temperatura foi de 37°C ou estiver acima deste valor, a enfermeira deverá medi-la após 30 minutos aproximadamente; se a temperatura se mantiver o médico deverá ser avisado antes da aplicação do tratamento;
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A sala de tratamento deve conter: oxigênio; aspirador; carro ou mesa de anestesia com medicação específica e material de intubação; e carrinho contendo o aparelho de eletrochoque, fio de extensão, benjamim, máscara para aplicação de oxigênio, sondas para aspiração de secreção do orofaringe, cateter nasal para oxigênio, medicação de emergência, seringas e agulhas para aplicação de medicação intravenosa e intramuscular, garrote, algumas bolas de algodão secas e outras embebidas em álcool, solução de água e sal e material de restrição para o caso de agitação intensa após o tratamento;
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Aspirador, fio de extensão, benjamim, fornecimento de oxigênio e aparelho de eletrochoque devem ser testados antes de cada sessão de tratamento, devendo este último permanecer ligado por aproximadamente 30 minutos antes do tratamento;
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A cama do paciente deve ser baixa, fixa, com estrado firme e colchão duro;
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A sala onde é feito o tratamento deve permitir o isolamento entre os pacientes, para evitar que um assista o tratamento do outro, e que fique mais ansioso e se negue a ser submetido ao tratamento se e quando for necessário;
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Durante o tratamento devem ser evitados comentários desnecessários sobre qualquer assunto, pois o paciente pode ouvi-los e não entendê-los devido à ansiedade, à anestesia ou ao período confusional que ocorre logo após a aplicação, o que o tornaria mais apreensivo e ansioso. A comunicação entre os membros da equipe tem que ser cuidada;
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Preparados satisfatoriamente, o paciente e o material, para o tratamento, procede-se à aplicação do mesmo;
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A manutenção de ambiente adequado durante todo o tratamento é da competência da enfermagem.
Referências:
- Associação Médica Brasileira;
- August 1983 Revista da Escola de Enfermagem da U S P 17(2):145-152 DOI: 10.1590/0080-6234198301700200145
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