O Derrame Pleural e seus tipos

Predominantemente, os pacientes apresentam dispneia, mas tosse e dor torácica pleurítica podem ser um achado, podendo ser de etiologia do derrame pleural onde determina outros sinais e sintomas!

Mas o que é um Derrame Pleural?

Um derrame pleural acontece quando líquido se acumula entre as superfícies pleurais parietal e visceral do tórax. Uma camada fina de líquido está sempre presente nesse espaço para lubrificação e para facilitar o movimento do pulmão durante a inspiração e a expiração. Se o fluxo normal do líquido for interrompido, com excesso de produção ou remoção insuficiente de líquido, este será acumulado, resultado em derrame pleural.

Como são os sintomas de um Derrame Pleural?

Os principais sintomas decorrentes diretamente do envolvimento pleural são dor torácica, tosse e dispneia. A dor torácica pleurítica é o sintoma mais comum no derrame pleural. Ela indica acometimento da pleura parietal, visto que a visceral não é inervada, e geralmente ocorre nos exsudatos. Não necessariamente indica a presença de líquido, pelo contrário, tende a ser mais intensa nas fases iniciais da pleurite, melhorando com o aumento do derrame pleural. Seu caráter é geralmente descrito como “em pontada”, lancinante, nitidamente piorando com a inspiração profunda e com a tosse, melhorando com o repouso do lado afetado, como durante a pausa na respiração ou durante o decúbito lateral sobre o lado acometido. A dor torácica localiza-se na área pleural afetada, mas pode ser referida no andar superior do abdome ou na região lombar, quando porções inferiores da pleura são acometidas, ou no ombro, quando a porção central da pleura diafragmática é acometida.

A tosse é um sintoma respiratório inespecífico, podendo estar associada a doenças dos tratos respiratórios superior e inferior. A presença de derrame pleural, sobretudo com grandes volumes, isoladamente pode associar-se a tosse seca

A dispneia (alteração do ritmo da respiração) estará presente nos derrames mais volumosos e nos de rápida formação. Há uma tendência de melhora quando o paciente assume o decúbito lateral do mesmo lado do derrame. A presença de dor pleurítica importante, limitando a incursão respiratória, ou a presença de doença parenquimatosa concomitante também contribuem para o surgimento de dispneia.

Os Tipos de Derrame Pleural

O derrame pleural é divido entre transudato e exsudato, de acordo com a composição química do líquido pleural. Os critérios de classificação usados para diferenciar um derrame pleural de outro são:

Transudato

  • Relação entre proteína do líquido pleural e sérica menor ou igual a 0,5
  • Relação entre DHL do líquido pleural e sérica menor ou igual a 0,6
  • DHL no líquido pleural abaixo de 2/3 do limite superior no soro.

Exsudato

  • Relação entre proteína do líquido pleural e sérica maior que 0,5
  • Relação entre DHL do líquido pleural e sérica maior que 0,6
  • DHL no líquido pleural acima de 2/3 do limite superior no soro.

As Causas do Derrame Transudativo

  • Insuficiência cardíaca congestiva
  • Embolia pulmonar (20% dos derrames pleurais na embolia pulmonar são transudatos)
  • Atelectasias
  • Hipoalbuminemia
  • Diálise peritoneal
  • Cirrose hepática
  • Síndrome nefrótica
  • Glomerulonefrite
  • Neoplasias (raramente o derrame nas neoplasias e na sarcoidose são transudatos).

Mais raras

  • Iatrogenia (infusão de solução pobre em proteínas no espaço pleural)
  • Pericardite constritiva
  • Urinotórax
  • Obstrução da veia cava superior
  • Mixedema
  • Desnutrição
  • Sarcoidose
  • Fístula liquórica para a pleura
  • Procedimento de Fontan (procedimento cirúrgico realizado para correção de cardiopatias congênitas (atresia tricúspide e coração univentricular), pelo qual a cava superior ou inferior, ou o átrio direito, é anastomosado na artéria pulmonar.
  • atrogenia (infusão de solução pobre em proteínas no espaço pleural)
  • Pericardite constritiva
  • Urinotórax
  • Obstrução da veia cava superior
  • Mixedema
  • Desnutrição
  • Sarcoidose
  • Fístula liquórica para a pleura
  • Procedimento de Fontan (procedimento cirúrgico realizado para correção de cardiopatias congênitas (atresia tricúspide e coração univentricular), pelo qual a cava superior ou inferior, ou o átrio direito, é anastomosado na artéria pulmonar.

As Causas do Derrame Exsudativo

  • Neoplasia: metastática, mesotelioma; Doenças infecciosas: infecção bacteriana, tuberculose, infecções por fungos, vírus e parasitas; Tromboembolia pulmonar; Doenças cardíacas após cirurgia de revascularização miocárdica, doenças do pericárdio, síndrome de Dressler (pós-injúria do miocárdio), cirurgia de aneurisma de aorta;
  • Doenças gastrintestinais: pancreatite, abcesso sub-frênico, abcesso intrahepático, abcesso esplênico, perfuração de esôfago, hérnia diafragmática, esclerose endoscópica de varizes de esôfago, após transplante hepático;
  • Colagenoses e outras condições imunológicas: artrite reumatóide, lúpus, eritematoso sistêmico, febre familiar do Mediterrâneo, granulomatose de Wegener, Sjögren, Churg-Strauss;
  • Drogas: nitrofurantoína, dantrolene, metisergide, amiodarona, bromocriptina, procarbazina, metotrexate, interleucina 2;
  • Hemotórax: trauma torácico, iatrogênico, complicação de anti-coagulação na tromboembolia pulmonar, hemotórax catamenial, rupturas vasculares;
  • Quilotórax: cirurgias cardiovasculares, pulmonares e esofágicas, linfoma, outras neoplasias, traumas torácicos ou cervicais;
  • Outras: exposição ao asbesto, após infarto miocárdico ou pericardiectomia, após cirurgia de revascularização miocárdica, síndrome de Meigs, síndrome das unhas amarelas, após transplante pulmonar, uremia, radioterapia, pulmão encarcerado, pós-parto, amiloidose, queimadura elétrica, iatrogênico.

Como é diagnosticado um Derrame Pleural?

Aspectos visuais do líquido pleural podem ser muito úteis, podendo, em alguns casos, em conjunto com a clínica, já fornecer o diagnóstico. Em outros casos, eles podem orientar a solicitação de exames complementares. Assim, por exemplo, a presença de pus pode ser facilmente identificada e um líquido com aspecto leitoso sugere quilotórax, embora eventualmente o empiema possa apresentar este aspecto.

Na radiografia de tórax realizada com o paciente em pé ou de perfil, a apresentação do derrame varia com seu volume, tendo a seguinte evolução:

  • Radiografia de tórax normal: pequenos volumes não são identificados na radiografia de tórax em PA
  • Elevação e alteração da conformação do diafragma, com retificação de sua porção medial
  • Obliteração do seio costofrênico – surge a partir de volumes que variam de 175 a 500 ml em adultos
  • Opacificação progressiva das porções inferiores dos campos pleuropulmonares com a forma de uma parábola com a concavidade voltada para cima.

O derrame pleural pode apresentar-se com formas atípicas, tais como:

  • Derrame infra-pulmonar ou subpulmonar: por razões não esclarecidas, grandes volumes de líquido podem se manter sob os pulmões, sem se estender para o seio costofrênico ou para as porções laterais do espaço pleural
  • Derrame loculado: o líquido pleural pode manter-se encapsulado em qualquer ponto dos campos pleuropulmonares, o que ocorre mais comumente no hemotórax e no empiema
  • loculação entre as cissuras (tumor fantasma): o líquido pleural pode manter-se encapsulado na cissura horizontal ou oblíqua, formando uma imagem compatível com uma massa na projeção em PA, mas, em geral, com conformação elíptica na projeção lateral.

Exames Solicitados

Além das dosagens de proteínas e da desidrogenase lática (DHL), realizadas em todos os pacientes com derrame pleural, para a diferenciação entre transudato e exsudato, a análise da glicose, da amilase e do pH podem auxiliar no diagnóstico etiológico do derrame pleural, embora sempre de forma limitada, sem que haja pontos de corte que confirmem ou afastem uma ou outra doença.

Outros exames para diagnóstico e acompanhamento de derrame pleural são:

  • Citologia oncótica
  • Dosagens imunológicas
  • Biópsia pleural
  • Radiografia de tórax
  • Ultrassonografia
  • Tomografia computadorizada.

Os Tratamentos alternativos para o Derrame Pleural

Geralmente, o tratamento visa tratar a causa subjacente. Pode incluir medicamentos ou cirurgia.

Se os sintomas forem brandos, o médico pode adotar uma abordagem de “vigilância atenta”. Ela será controlada até que o vazamento desapareça.

Para ajudar a respirar

Se você tiver dificuldade para respirar, seu médico pode recomendar:

  • Tratamentos respiratórios: inalação de medicamentos diretamente para os pulmões
  • Oxigenoterapia

Drenagem do derrame pleural

O derrame pleural pode ser drenado por:

  • Toracocentese terapêutica: uma agulha é inserida na área para remover o excesso de líquido.
  • Tubo de toracostomia: Um tubo é inserido na lateral do tórax para permitir a drenagem do fluido. Esta sonda é deixada no lugar por vários dias.

Selando as camadas pleurais

O médico pode recomendar uma pleurodese química. Durante este procedimento, pó de talco ou substância química irritante é injetado no espaço pleural. Desta forma, as duas camadas pleurais são permanentemente seladas e unidas, o que pode ajudar a prevenir um maior acúmulo de fluido.

A radioterapia também pode ser usada para selar a pleura.

Cirurgia

Em casos graves, a cirurgia pode ser necessária. Durante a cirurgia, parte da pleura é removida. Opções de cirurgia podem incluir o seguinte:

  • Toracotomia : procedimento tradicional de tórax aberto
  • Cirurgia toracoscópica videoassistida (VATS): cirurgia minimamente invasiva na qual apenas pequenas incisões são feitas

Cuidados de Enfermagem para pacientes com Derrame Pleural

  • Controlar a dor corretamente;
  • Monitorar o dreno de tórax;
  • Verificar a quantidade de líquido que drenou e a sua cor;
  • Registrar os valores obtidos no dreno de tórax e deixar o paciente em repouso na cama ajustada a 45°.

Referências Bibliográficas:

Doença pulmonar induzida por drogas. Site da Versão Profissional do Manual da Merck. Disponível em: http://www.merckmanuals.com/professional/pulmonary_disorders/interstitial_lung_diseases/drug-induced_pulmonary_disease.html. Atualizado em maio de 2008. Acessado em 11 de junho de 2019.

Explorar pleurisia e outros distúrbios pleurais. Site do Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue. Disponível em: http://www.nhlbi.nih.gov/health/health-topics/topics/pleurisy. Atualizado em 21 de setembro de 2011. Acessado em 11 de junho de 2019.

Derrame pleural. Website das Comunidades de Saúde da Remedy. Disponível em: http://www.healthcommunities.com/pleural-effusion/overview-of-pleural-effusion.shtml. Acessado em 11 de junho de 2019.

Derrame pleural-avaliação diagnóstica. EBSCO DynaMed website. Disponível em: http://www.ebscohost.com/dynamed.Acessado em 11 de junho de 2019.

Derrame pleural – diagnóstico diferencial. EBSCO DynaMed website. Disponível em: http://www.ebscohost.com/dynamed. Acessado em 11 de junho de 2019.

10/12/2010 Vigilância de Literatura Sistemática da DynaMed http://www.ebscohost.com/dynamed: Roberts M, Neville E, Berrisford R, Tunes G. Ali N, et al. Manejo do derrame pleural maligno: Diretriz da doença pleural da Sociedade Britânica Torácica 2010. Tórax. 2010; 65 Suppl 2: ii32.

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