Cuidados Essenciais Pós-PCR: Tratamento Imediato

A PCR é uma situação de emergência que requer uma rápida intervenção para restabelecer a circulação espontânea (RCE) e prevenir a morte ou sequelas graves.

Após o RCE, o paciente deve receber cuidados intensivos para identificar e tratar a causa da PCR, otimizar a função cardiopulmonar e neurológica, e minimizar as lesões de múltiplos órgãos causadas pela isquemia e reperfusão.

Tratamento Imediato: Os Cuidados Pós-PCR

  • Controle da temperatura: a hipotermia terapêutica (HT) consiste em reduzir a temperatura corporal entre 32°C e 36°C por 24 horas, com o objetivo de diminuir o metabolismo cerebral e proteger contra a lesão neuronal. A HT é indicada para pacientes comatosos após PCR de causa cardíaca, e pode ser considerada para outras causas de PCR. A HT deve ser iniciada o mais rápido possível após o RCE, e requer monitorização contínua da temperatura, da glicemia, do equilíbrio hidroeletrolítico e do ritmo cardíaco. Após a HT, a temperatura deve ser reaquecida lentamente até 37°C, e mantida nesse nível por 48 horas.
  • Otimização da ventilação e oxigenação: o paciente deve ter uma via aérea segura e uma ventilação adequada, evitando tanto a hipoxemia quanto a hiperóxia, que podem ser prejudiciais ao cérebro e ao coração. A meta é manter uma saturação de oxigênio (SatO2) maior ou igual a 94%, e uma pressão parcial de dióxido de carbono (PaCO2) entre 35 e 45 mmHg. A gasometria arterial deve ser realizada para ajustar a fração inspirada de oxigênio (FiO2) e a ventilação mecânica. A capnografia pode ser usada para verificar o posicionamento do tubo endotraqueal e a perfusão pulmonar.
  • Otimização hemodinâmica e da perfusão tecidual: o paciente deve receber suporte circulatório para garantir uma pressão arterial média (PAM) adequada, que varia de acordo com a causa da PCR e o estado clínico do paciente. A PAM deve ser monitorada de forma invasiva, e a pressão venosa central (PVC) pode ser usada para avaliar o estado volêmico. O paciente deve receber expansão volêmica, drogas vasoativas e inotrópicas conforme a necessidade. A meta é manter um débito cardíaco e um índice cardíaco suficientes para suprir a demanda de oxigênio dos tecidos. A lactacidemia pode ser usada como um marcador de hipoperfusão e hipóxia tecidual.
  • Avaliação e manejo neurológico: o paciente deve ser examinado quanto ao nível de consciência, aos reflexos pupilares, à atividade motora e à resposta à dor. As escalas de Glasgow e de Four podem ser usadas para avaliar o grau de comprometimento neurológico. O paciente deve receber sedação e analgesia adequadas, e evitar estímulos nocivos que possam aumentar a pressão intracraniana. A tomografia computadorizada de crânio pode ser realizada para descartar causas neurológicas de PCR, como hemorragia ou isquemia cerebral. O eletroencefalograma pode ser usado para detectar convulsões ou atividade elétrica cerebral. Outros exames, como potenciais evocados somatossensitivos ou testes de biomarcadores, podem auxiliar no prognóstico neurológico.
  • Investigação e tratamento da causa da PCR: o paciente deve ser submetido a um eletrocardiograma (ECG) e a dosagem de enzimas cardíacas para avaliar a presença de síndrome coronariana aguda (SCA), que é a causa mais comum de PCR. Se houver suspeita de SCA, o paciente deve ser encaminhado para uma angiografia coronariana e uma possível intervenção percutânea. Outras causas de PCR devem ser investigadas e tratadas conforme o quadro clínico e os exames complementares, como radiografia de tórax, ecocardiograma, ultrassonografia abdominal, entre outros.

O tratamento imediato pós PCR é fundamental para melhorar a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes que sofrem uma PCR.

O enfermeiro tem um papel importante nesse cuidado, pois deve monitorar os sinais vitais, administrar as medicações, realizar os exames, comunicar-se com a equipe multidisciplinar e prestar assistência humanizada ao paciente e à família.

Referências:

  1. Escola de Educação Permanente Fmusp
  2. Revista FT
  3. MedicinaNET
  4. Secad Artmed
  5. Revista da SOCESP