Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC)

As Infecções de Sítio Cirúrgico (ISC) são aquelas decorrentes de uma complicação cirúrgica. Geralmente elas comprometem qualquer tecido, órgão ou cavidade envolvido na cirurgia e causam um grande impacto na recuperação do paciente, podendo comprometer a qualidade da assistência à saúde.

Por isso, é recomendado que elas sejam monitoradas com as ferramentas e diretrizes adequadas.

De acordo com estudos e pesquisas realizadas ao longo dos anos, as ISCs são uma grande causa de morbidade e mortalidade em pacientes que passam por cirurgias.

É estimado que as infecções em sítio cirúrgico são responsáveis por cerca de 38% do total das infecções hospitalares em pacientes cirúrgicos e 16% do total de infecções hospitalares, além de aumentarem em mais sete dias o tempo de internação.

Os Sinais

Entre os principais sinais de infecção em ferida cirúrgica, podemos citar:

  • Aumento da dor com o passar dos dias

Logo após a ferida, é normal sentir dor, contudo, ela deve diminuir ao decorrer dos dias. Se a dor aumentar, pode ser um sinal de infecção.

  •  Vermelhidão e inchaço que não diminuem na ferida ou em torno dela

Após a primeira semana a vermelhidão e inchaço devem diminuir, caso isso não aconteça é provável que um processo infeccioso tenha se iniciado.

  • Pele em torno da ferida febril

Uma das primeiras respostas do sistema imunológico de nosso corpo à infecção de microrganismos nocivos é a febre e sensação de calor em torno da ferida.

  • Presença de pus

A secreção de uma ferida não infeccionada é clara e não tem odor forte. A presença de secreção amarelada com mau cheiro é um claro sinal de infecção.

  • Prurido e sensação de ardor

A coceira pode ser um sinal de cicatrização, contudo, quando em excesso e acompanhada de ardor ela é um sinal de infecção.

Fontes de Infecção

Entre os principais tipos de infecções hospitalares, estão: as respiratórias, as urinárias, a septicemia e as de ferida cirúrgica.

Nesse sentido, vale ressaltar que as infecções cirúrgicas são, geralmente, decorrentes do local cirúrgico, da falha da técnica antisséptica por parte dos profissionais ou, ainda, da falha do reprocessamento de materiais e instrumentais que serão utilizados na cirurgia.

Vale ressaltar ainda que, as infecções pós-operatórias aumentam os números de morbidade e mortalidade, impactando a qualidade de vida de pacientes e aumentando os custos de internação.

Além disso, independente da fonte de infecção, aproximadamente 30% das infecções hospitalares podem ser evitadas com medidas de prevenção, por isso, adotá-las é essencial.

Medidas de Prevenção

Para evitar a ocorrência de infecção de sítio cirúrgico, é necessário seguir recomendações básicas de segurança:

Quanto ao preparo do paciente antes da cirurgia:

  • Realizar avaliação pré-operatória
  • Procurar reduzir o tempo de internação pré-operatória sempre que possível
  • Monitorar previamente qualquer doença pré-existente

Quanto à educação do paciente e seus familiares:

  • Ensinar como manejar a ferida cirúrgica, indicando soluções e como utilizá-las corretamente
  • Instruir sobre as medidas de prevenção de infecção cirúrgica
  • Indicar a dieta adequada, se necessário

Quanto ao banho:

  • Antes da realização da cirurgia, realizar o banho com asséptico, conforme a necessidade
  • Orientar o paciente quanto ao banho pré-operatório com água e sabão antes da realização do procedimento cirúrgico
  • Orientar o paciente e seus familiares quanto aos cuidados com o banho no pós-operatório, de forma a evitar problemas com a ferida cirúrgica

Quanto à antissepsia cirúrgica das mãos:

  • Antes de realizar a antissepsia, remover quaisquer acessórios das mãos e antebraços (anéis, relógios, etc.)
  • Manter as unhas sempre curtas e, em hipótese alguma, utilizar unhas artificiais
  • Com solução adequada e com efeito residual, realizar a antissepsia, eliminado a microbiota transitória e reduzindo a residente
  • Se possível, evitar o uso de escovas para realizar fricção, pois elas podem machucar a pele e expor bactérias que residem nas camadas mais profundas da derme

Quanto à paramentação cirúrgica:

  • Sempre usar máscara que cubra boca e nariz na sala cirúrgica
  • Sempre usar gorros que cubram completamente o cabelo na sala cirúrgica
  • Sempre usar capotes e vestimentas cirúrgicas adequadas na sala cirúrgica
  • Por último, após estar completamente paramentado e realizar a antissepsia, vestir as luvas estéreis
  • Caso as vestimentas estiverem sujas ou contaminadas por fluidos, trocá-las imediatamente.

Quanto aos cuidados com o ambiente da sala cirúrgica:

  • Manter a sala cirúrgica organizada antes, durante e após o procedimento
  • Realizar a limpeza e desinfecção completa após a finalização do procedimento
  • Realizar, diariamente, a limpeza terminal, que deve incluir não apenas pisos, paredes e teto mas, também, todas as demais superfícies, acessórios e objetos presentes na sala.

Quanto aos cuidados com a ferida operatória:

  • Em feridas com cicatrização por 1ª intenção: manter o curativo por 24 horas (exceto em casos de drenagem da ferida ou indicação específica da equipe médica)
  • Em feridas com cicatrização por 2ª e 3ª intenção: selecionar o curativo e momento de troca de acordo com as características da ferida (exsudato, tamanho, presença de infecção, etc.).
  • Caso o curativo se solte, molhe ou fique sujo, realizar a troca.

Evitando infecções

Fica claro que a prevenção de infecção em feridas realizadas em sítio cirúrgico depende de inúmeros fatores, que vão desde o preparo do paciente para o procedimento até os cuidados após a cirurgia, incluindo a educação para o autocuidado. Não podemos esquecer também da relevância da limpeza correta do ambiente hospitalar.

Sendo assim, o esforço para a prevenção de infecções é multidisciplinar e, para facilitá-lo, é essencial contar com soluções de qualidade, que contribuam com um processo de cicatrização mais simples, rápido e indolor para o paciente.

Atualmente, existem inúmeras soluções de limpeza antissépticas, desenvolvidas especialmente para limpeza de feridas, assim como curativos com ativos antimicrobianos, que ajudam a evitar e combater infecções.

Referências:

  1. Infecção em Sítio Cirúrgico – Secretaria de Estado da Saúde Coordenadoria de Controle de Doenças – CCD
  2. Infecção Em Cirurgia e Cirurgia das Infecções – Simpósio: Fundamentos em Clínica Cirúrgica, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP
  3. Prevenção de Infecção Cirúrgica – Universidade Federal do Triângulo Mineiro – Hospital de Clínicas

Infecção e Inflamação: As Diferenças

Apesar de terem nomes parecidos, inflamação e infecção são mecanismos distintos que ocorrem no organismo.

A Inflamação

É uma resposta do organismo a uma agressão, como cortes e batidas. A inflamação pode partir, também, do sistema imunológico. Nesse caso, são as nossas células de defesa que agridem o corpo. No processo inflamatório, ocorre dilatação dos vasos, aumento do fluxo sanguíneo e de outros fluidos corporais para o local lesionado. Por isso, esse processo causa sintomas como:

  • Vermelhidão;
  • Inchaço;
  • Dor;
  • Aquecimento da área.

A Infecção

São causadas por agentes externos. O organismo reage a entrada de micro-organismos como vírus e bactérias, parasitas ou fungos. Nesse processo, as células de defesa tentam combater os micro-organismos, o que normalmente dá origem ao aparecimento de pus. Alguns sintomas que podem ser causados por infecções:

  • Febre;
  • Dor no local infectado;
  • Aparecimento de pus;
  • Dores musculares;
  • Diarreias;
  • Fadiga;
  • Tosse.

Referências:

  1. http://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/579197/diferencas+entre+inflamacao+e+infeccao.htm
  2. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1751559/
Notícias da Enfermagem

Profissional do HDT tem artigo publicado em livro do MS sobre controle de infecção hospitalar

Patrícia Lisboa, coordenadora-geral de enfermagem do HDT, mostra exemplar do livro com o qual colaborou   A coordenadora-geral de enfermagem do Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), Patrícia Lisboa, teve capítulo publicado no livro Infecção Relacionada à Assistência: Subsídios para a Assistência Segura, editado pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Instituto […]

Infecção Hospitalar VS Comunitária

A Portaria 2.616/98 traz diretrizes e normas para o controle das infecções hospitalares. Em seu anexo II, conceitos e critérios para o diagnóstico das infecções classificando-as em comunitárias ou hospitalares.

Infecção Comunitária

É a infecção constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não relacionada com internação anterior no mesmo hospital. São também comunitárias:

  • As infecções associadas a complicações ou extensão da infecção já presente na admissão, a menos que haja troca de microrganismo ou sinais ou sintomas fortemente sugestivo da aquisição de nova infecção;
  • Infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via transplacentária é conhecida ou foi comprovada e que tornou-se evidente logo após o nascimento (ex: Herpes simples, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, sífilis e AIDS). Adicionalmente, são também consideradas comunitárias todas as infecções de recém-nascidos associadas com bolsa rota superior a 24 horas.

Infecção Hospitalar

É qualquer infecção adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. Usa-se como critérios gerais:

  • Quando na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária for isolado um germe diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente, o caso deverá ser considerado como hospitalar;
  • Quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não houver evidência clínica e/ou dado laboratorial de infecção no momento da admissão, considera-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se apresentar 72 horas após a admissão;
  • As infecções no recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma transplacentária e aquelas associadas a bolsa rota superior a 24 horas.

Observações

  • Também são consideradas hospitalares aquelas infecções manifestadas antes de se completar 72 horas da internação, quando associadas a procedimentos invasivos diagnósticos e/ou terapêuticos, realizados previamente.
  • Tempo ou período de incubação de uma doença infeciosa é o intervalo de tempo que transcorre entre a exposição a um agente infecioso e a aparição do primeiro sinal ou sintoma da doença de que se trate.

Referências:

  1. Slides de Controle de Infecção Hospitalar:  http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/aula_NNISS.pdf
  2. Manual Básico de Controle de Infecção Hospitalar: http://www.cvs.saude.sp.gov.br/pdf/CIHCadernoA.pdf
  3. Portaria 2.616/98:  http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt2616_12_05_1998.html

A Cultura da Ponta do Cateter: Infecções Relacionadas

A Infecções relacionadas a cateteres são clinicamente importantes e devem ser diagnosticadas rapidamente. Geralmente estão associadas com eritemas, inflamação, pus e em algumas situações febre.

Veja mais sobre os Sinais Flogísticos:

Os Sinais Flogísticos ou Cardinais

Quando estes sinais são identificados, o cateter é removido do paciente e encaminhado sua ponta para análise laboratorial.

Os cuidados de Enfermagem quanto ao processo de cultura:

Em geral:

Enviar a ponta do cateter para cultura somente se houver sinal de infecção (inflamação no sítio de inserção, febre, sinais de sepse ou bacteremia documentada sem foco de infecção aparente).

  • Se houver evidência de pus e infecção do tecido local, limpar a superfície da pele e coletar o pus do tecido profundo utilizando seringa e agulha;
  • O frasco deve ser identificado corretamente;
  • O coletor deve conferir os dados do paciente ao receber a amostra e anotar na etiqueta o horário da coleta;
  • Anotar na etiqueta se o cateter retirado era de nutrição parenteral, pois nestes casos é importante pesquisar Malassezia furfur (fungo).

PROCEDIMENTO DE COLETA

Os mesmos cuidados de desinfecção utilizados na introdução do cateter devem ser adotados no momento da retirada.

  • Limpar a pele com álcool 70% antes de remover o cateter;
  • Utilizando técnicas assépticas, segurar a porção exposta do cateter e remover cuidadosamente o cateter do paciente com um instrumento estéril (evitar o contato com a pele);
  • Segurar a porção distal sobre um recipiente estéril e cortar aproximadamente 5cm da ponta (marca no cateter) com tesoura estéril ou lâmina de bisturi, deixando-a cair dentro do recipiente estéril;
  • Após a coleta, anotar na etiqueta o horário da coleta.

Coleta e transporte:

  • O envio deve ser realizado a temperatura ambiente (20 a 25ºC) em até 1 hora após a coleta.

Observação

NÃO DOBRAR OU ENROLAR A PONTA DO CATETER!!! É necessário que a ponta do cateter esteja reta para rolar sobre a placa do meio de cultura!

Interpretação do exame

  • Quantificar o numero de cada tipo de micro-organismo isolado;
  • Se a contagem for superior a 15 UFC, o micro-organismo deve ser identificado e realizado teste de sensibilidade a antimicrobianos;
  • Se a contagem for inferior a 15 UFC, identificar somente patógenos importantes, como por exemplo, Candida albicans, Streptococcus do grupo A e Staphylococcus aureus;
  • Caso tenha sido coletada amostra de sangue, guardar a placa para comparação caso esta seja positiva;
  • Se houver crescimento de vários micro-organismos, reportar como “nº” UFC de microbiota bacteriana mista, sem identificação e sem teste de sensibilidade a antimicrobianos.

Referência:

  1. DIAGNÓSTICO DAS INFECÇÕES RELACIONADAS AOS CATETERES VASCULARES CENTRAIS NO HIAE (Hospital Albert Einstein)

Bacteremia: O que é?

A Bacteremia basicamente se trata de uma intoxicação no sangue, essa intoxicação é causa pela presença de bactérias. É forma mais comum pela qual as bactérias se espalham pelo corpo humano, isso causa doenças como meningite, endocardite e muitas outras.

A simples presença de bactérias no sangue já se caracteriza como Bacteremia. Essa a principal forma de bactérias se espalharem pelo corpo do ser humano. Quando as bactérias se espalham pelo corpo humano podem causar meningite, endocardite e muitas outras doenças perigosas.

Sinais e Sintomas

A presença de bactérias na corrente sanguínea normalmente é assintomática, no entanto, quando ocorre a resposta do sistema imunológico devido à presença do organismo, há o surgimento de sintomas que podem ser característicos de sepse ou até mesmo choque séptico, como:

  • Febre;
  • Alteração na frequência respiratória;
  • Calafrios;
  • Diminuição da pressão;
  • Aumento da frequência cardíaca;
  • Alteração na concentração de glóbulos brancos, o que pode deixar a pessoa mais suscetível a doenças.

Esses sintomas surgem devido ao alojamento da bactéria em outras regiões do corpo, como órgãos ou materiais artificiais presentes no corpo, como por exemplo cateteres ou próteses.

A Bacteremia é uma Sepse? Qual é a diferença?

sepse é uma reação inflamatória sistêmica, complexa e grave, devida a um processo infeccioso. Resulta de uma complexa interação entre o microrganismo infectante e a resposta imune, pró-inflamatória e pró-coagulante do hospedeiro. Pode ser causada por bactérias, vírus, fungos e protozoários.

Portanto, a Septicemia seria algo como sepse + bacteremia, mas esse termo não é muito utilizado corretamente. Muitos profissionais usam-no como sinônimo de sepse.

Na septicemia além do processo inflamatório intenso há também a multiplicação de bactérias no sangue, algumas vezes com liberação de toxinas, deixando o quadro clínico ainda pior.

A bacteremia, caso evolua para uma infecção, pode causar a sepse. Já a sepse pode ser desencadeada por qualquer infecção, seja ela sanguínea, urinária, pulmonar, intestinal, de pele, etc. A infecção local pode também atingir a circulação sanguínea e provocar a infecção generalizada.

Lembrando que, Sepse, Sepse grave e Choque séptico são estágios evolutivos do quadro infeccioso.

Veja mais sobre a Bacteremia:

Referências:

  1. Sepse: uma visão atual;
  2. A.D.A.M. Medical Encycloped;
  3. www.merckmanuals.com;
  4. www.mdsaude.com
  5. https://pt.wikipedia.org/wiki/Bacteremia

Prevenção e Controle de Infecção: Qual é a Rotina da Troca de Dispositivos em sua Instituição?

Controle de Infecção

A assistência em saúde é um processo complexo que não está isento de riscos e de possíveis eventos adversos. Dentre as possíveis complicações decorrentes do cuidado em saúde, destacam-se as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), as quais se constituem em problemas frequentes,  principalmente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), apresentando-se com altas taxas de incidência e morbimortalidade.

Em se tratando das IRAS mais comumente identificadas no cenário de cuidados críticos, destacam-se especialmente as infecções de corrente sanguínea (ICS), em detrimento da utilização de dispositivos invasivos, a exemplo de cateteres venosos centrais (CVC).

Dispositivos estes que podem ser inseridos em uma veia ou artéria, centralmente ou perifericamente, com o intuito de monitorização hemodinâmica, administração de fluidos intravenosos, nutrição e medicamentos.

Mesmo quando se adotam todas as medidas conhecidas para prevenção e controle de IRAS, certos grupos apresentam maior risco de desenvolver uma infecção. Entre esses casos estão os pacientes em extremos de idade, pessoas com diabetes, câncer, em tratamento ou com doenças imunossupressoras, com lesões extensas de pele, submetidas a cirurgias de grande porte ou transplantes, obesas e fumantes.

Nos últimos anos vem ocorrendo aprimoramento das normas de vigilância, elaboração de diretrizes e protocolos baseados em evidências científicas para a prevenção de ICSR-CVC, mas estas ainda se constituem em um grande problema para a segurança do paciente, especialmente daqueles hospitalizados em ambiente de UTI.

É pertinente enfatizar que a prevenção depende também de ações organizacionais que incluem o incentivo da gestão dos serviços de saúde ao conhecimento e cumprimento de cuidados de controle de infecção e segurança do paciente, incluindo as boas práticas nos cuidados de inserção e de manutenção de acessos venosos centrais pela equipe de saúde.

Os esforços para a prevenção dessas infecções devem visar à qualidade da assistência e segurança do paciente, minimizando a ocorrência de eventos adversos por meio da identificação e implementação de estratégias interventivas que visem zerar a ocorrência dessa complicação em pacientes críticos.

É importante conhecer o POP preconizado pelo CCIH de sua instituição!

É importante conhecer e avaliar o conhecimento e adesão da equipe de enfermagem às medidas de prevenção de infecções, sejam elas por quaisquer meios, incentivando o conhecimento de Protocolos Operacionais Padrão (POP) estabelecidos pela CCIH em sua instituição.

Exemplo de um Protocolo Operacional Padrão (POP) para uma rotina de troca de dispositivos e materiais de uso hospitalar

TIPO DE DISPOSITIVO /
MATERIAL
TEMPO DE PERMANÊNCIA OBSERVAÇÕES
BACIA de metal Para banhos: Após o uso em
cada paciente, fazer a
higienização com água e sabão,
e desinfecção com álcool 70ºPara procedimentos estéreis:
Encaminhar à Central de
Material Esterilizado após o uso
As bacias utilizadas em banhos devem
permanecer armazenadas no setor após a
DESINFECÇÃO. As bacias para uso em
procedimentos estéreis (Ex: curativos) devem ser
retiradas na Central de Material Esterilizado e
devolvidas após o uso conforme rotina do setor.
BARBEADOR descartável para
tricotomias não cirúrgicas (ex:
higiênicas, local para punção venosa,
curativos e fixar eletrodos)
Uso único Descartar após o uso em cada paciente.
Cânula de GUEDEL Sem troca programada Encaminhar à Central de Material Esterilizado
após o uso em cada paciente.
CÂNULA endotraqueal
(INTUBAÇÃO)
Uso único sem troca
programada
Descartar após o uso em cada paciente
Cateter de FLEBOTOMIA Em adultos: 4 a 5 dias
Em crianças: na suspeita de
complicação
Esse tipo de acesso apresenta frequentes
complicações, portanto deve ser evitado.
Cateter de SHILLEY
(Hemodiálise)
Sem troca programada Na presença de sinais flogísticos ou secreção,
comunicar o médico responsável. Se houver a
remoção, coletar imediatamente a ponta para
cultura, se o médico recomendar.
Remover com indicação clínica.
Cateter NASAL tipo óculos para
oxigenoterapia
7 dias A água do reservatório deve ser trocada a cada
24 horas.
Cateter para DIÁLISE
PERITONIAL
Sem troca programada É questão não resolvida na literatura. Fica a
critério médico a decisão de estender o tempo de
permanência, remover o cateter ou substituir por
um permanente.
Cateter totalmente implantado
(PORT-A-CATH)
Sem troca programada Na presença de sinais flogísticos ou secreção,
comunicar o médico responsável. Se houver a
remoção, coletar imediatamente a ponta para
cultura, se o médico recomendar.
Remover com indicação clínica
Cateter UMBILICAL Arterial: 5 dias
Venoso: 14 dias
Se identificado quadro de infecção, trombose ou
insuficiência vascular, comunicar o médico
responsável. Remover com indicação clínica. Se
for removido, não inserir um novo cateter. Coletar
imediatamente a ponta para cultura, se o médico
recomendar.
CIRCUITO DO VENTILADOR
MECÂNICO (respirador)
7 dias Trocar antes do período recomendado se
apresentar sujidades ou mau funcionamento.
Somente disponibilizar para outro paciente após
esterilização feita na Central de Material
Esterilizado.
COLCHÃO PIRAMIDAL “caixa
de ovo”
Uso individual sem troca
programada
Na ALTA do paciente, liberar para levar de
cortesia. Quando ÓBITO encaminhar à
lavanderia para incinerar. Nunca lavar.
COLETOR aberto graduado com
cordão (saco plástico)
Até o final de cada plantão ou
sempre que desprezar o
material coletado
Quando este for utilizado para drenagem de
bolsa coletora de diurese, usar um saco coletor
novo para cada paciente
Coletor urinário tipo BOLSA
(sistema fechado)
30 dias Se houver troca da bolsa por qualquer indicação,
a sonda vesical de foley deverá ser substituída.
Não é recomendada a abertura do sistema
durante o uso do cateter. Esvaziar a cada 12
horas ou quando atingir o limite máximo da
capacidade de armazenamento.
COMADRE A cada uso Lavar com água e sabão.
Fazer desinfecção com álcool 70º
CONECTOR para medicação
aerossol em ventilação mecânica
Uso individual sem troca
programada
Descartar após o uso em cada paciente
CPAP NASAL ADULTO
(em acrílico)
Uso individual sem troca
programada
Após o término de cada sessão no paciente,
fazer higienização e guardar até o próximo uso
no mesmo paciente. Descartar o CPAP após
suspender o uso em cada paciente.
CPAP NASAL ADULTO
(em silicone)
Uso individual sem troca
programada
Ao término de cada sessão no paciente,
higienizar e guardar até o próximo uso no mesmo
paciente. Enviar à Central de Material Esterilizado
após uso em cada paciente.
CPAP NASAL NEONATAL /
PEDIATRIA (“narizinho”)
Uso individual sem troca
programada
Fazer higienização concorrente conforme rotina
do setor enquanto estiver em uso no mesmo
paciente. Descartar após o uso em cada
paciente.
Dispositivo cateter venoso central
DUPLO LÚMEN via SubcláviaDispositivo cateter venoso central
INTRACATH via Subclávia
Sem troca programada Ocluir o cateter com gaze estéril e micropore nas
primeiras 24 horas após a inserção, após este
período fazer assepsia e fixar somente com filme
transparente que deverá ser trocado a cada 7
dias ou sempre que apresentar sujidades,
umidade, descolamento ou reações alérgicas
locais. Na presença de sinais flogísticos ou
secreção, comunicar o médico responsável. Se
houver a remoção, coletar imediatamente a ponta
para cultura, se o médico recomendar.
Remover com indicação clínica. Quando inserido
em situação de emergência, com quebra de
técnica asséptica, remover em até 48 horas após
a inserção.
Dispositivo cateter venoso central
(PICC – Cateter central de
inserção periférica)
Sem troca programada Quando não locado em posição central, há
aumento do risco de complicações, inclusive
flebite. Na presença de sinais flogísticos ou
secreção, comunicar o médico responsável. Se
houver a remoção, coletar imediatamente a ponta
para cultura, se o médico recomendar. O curativo
deve ser trocado conforme Protocolo de PICC da
Instituição. É PROIBIDO reintroduzir as partes
exteriorizadas do cateter após desfazer o campo
estéril.
Dispositivo intravenoso periférico
ADULTO (JELCO, SCALP,
ABOCATH ou ÍNTIMA)Dispositivo intravenoso periférico
INFANTIL (JELCO, SCALP,
ABOCATH ou ÍNTIMA)
72 horas

 

 

Sem troca programada

Nas situações em que o acesso periférico é
limitado, a decisão de manter o cateter além das
72 horas depende da avaliação do local de
inserção, da integridade da pele, da duração e do
tipo da terapia prescrita, e deve ser documentado
nas evoluções do paciente. Pediatria e Neonatal
não há rotina de troca preestabelecida.
Acompanhar o cateter diariamente e trocar na
presença de sinais flogísticos ou secreção. A
mesma recomendação poderá ser aplicada a um
paciente adulto com difícil acesso vascular
periférico (ex: idoso, longo tempo de internação).
Quando inserido em situação de emergência,
com quebra de técnica asséptica, remover em
até 48 horas após a inserção. A fixação deverá
ser feita preferencialmente com filme
transparente, que deverá ser trocado cada vez
que apresentar sujidades, umidade,
descolamento ou reações alérgicas locais.
Dispositivo urinário masculino tipo
preservativo
URIPEN
24 horas Trocar no momento do banho ou sempre que
necessário.
Equipo com BURETA 24 horas Há maior risco de contaminação durante a
manipulação.
EQUIPO macrogotas ou
microgotas para infusão
INTERMITENTE
24 horas Neonatal / UTI Adulto: Conforme rotina do setor.
EQUIPO macrogotas, microgotas,
dupla via, PVC e torneirinha para
infusão CONTÍNUA
72 horas Trocar em intervalo menor se apresentar
sujidade, mau funcionamento ou em caso de
incompatibilidade medicamentosa.
Equipo NUTRIÇÃO ENTERAL
para bomba de infusão
24 horas O equipo será fornecido pelo Serviço de Nutrição
e Dietética acompanhando a primeira dieta do
dia. Consultar Protocolo da EMTN para maiores
informações.
Equipo para bomba de infusão de
MEDICAMENTO NÃO LIPÍDICO /
SOROTERAPIA
72 horas Trocar em intervalo menor se apresentar
sujidade, mau funcionamento ou em caso de
incompatibilidade medicamentosa.
Equipo para PROPOFOL no
Centro Cirúrgico
6 horas
Equipo para SOLUÇÃO
LIPÍDICA, HIPERTÔNICA
(Ringer, Glicose acima de 10%),
NUTRIÇÃO PARENTERAL,
HEMODERIVADOS ou
HEMOCOMPONENTES
A cada troca de bolsa ou
frasco
Infundir emulsões lipídicas em até 12 horas, e
NPT/NPP em até 24 horas a partir da instalação.
NPT/NPP devem ser infundidas em acesso
venoso central com via EXCLUSIVA.
HEMODERIVADOS e HEMOCOMPONENTES
em acesso venoso periférico EXCLUSIVO. O
sistema não deve ser aberto durante a infusão. É
proibido administrar ou acrescentar medicações
pelo injetor lateral do equipo ou da bolsa.
ESPAÇADOR VALVULADO para
medicamentos aerossois via
inalatória (bombinha)
Uso individual sem troca
programada
Não é descartável. Fazer higienização com água
e sabão a cada 72 horas de uso. Quando
suspender o uso ou o paciente receber alta, óbito
ou trasferência, fazer a higienização e devolver à
Farmácia Central que encaminhará à Central de
Material Esterilizado.
EXTENSOR para infusão
intermitente em bomba de seringa
(ex: antibióticos)
Conforme rotina já
estabelecida em cada setor,
podendo ser utilizado até o
máximo de 72 horas
FILME TRANSPARENTE fixador de
cateteres (Curativo)
7 dias Trocar antes do tempo recomendado sempre que
apresentar sujidades, umidade, descolamento ou
reações alérgicas locais.
Neonatal / Pediatria: Conforme rotina do setor.
FILTRO HME bactericida para
ventilador mecânico
48 horas Trocar antes do tempo recomendado se
apresentar sujidade ou mau funcionamento.
FIO-GUIA de cobre para
intubação
Uso individual Fazer higienização e encaminhar à Central de
Material Esterilizado após o uso em cada
paciente.
FIO-GUIA de alumínio revestido
em plástico para intubação
Uso único individual Descartar após o uso em cada paciente.
LÂMINA de Tricotomizador
(tricotomias pré-cirúrgicas)
Uso único individual Descartar após o uso em cada paciente.
MÁSCARA VENTURI +
umidificador
Sem troca programada Encaminhar à Central de Material Esterilizado
após o uso em cada paciente.
NEBULIZADOR
(reservatório, extensão e
máscara) de uso contínuo –
comum e traqueostomia
Sem troca programada Trocar sempre que apresentar sujidades ou mau
funcionamento. Encaminhar à Central de Material
Esterilizado após o uso em cada paciente.
NEBULIZADOR
(reservatório, extensão e
máscara) de uso intermitente –
Inalação
Geral: A cada uso

Neonatal / UTI Adulto:
Conforme rotina do setor

Após o uso em cada paciente, fazer higienização
e desinfecção de baixo nível.
PAPAGAIO A cada uso Higienizar com água e sabão.
Fazer desinfecção com álcool 70º
Sistema coletor fechado para
DRENAGEM DE TÓRAX
Sem troca programada Mensurar e esvaziar o frasco quando necessário,
reutilizando para o mesmo paciente, desde que
manipulado com técnica asséptica e utilizada
solução estéril para refazer o selo d’água.
Descartar todo o sistema após o uso em cada
paciente.
Sonda de ASPIRAÇÃO
oronasoendotraqueal
Uso único Descartar após o uso em cada paciente
Sonda de ASPIRAÇÃO
endotraqueal sistema fechado
“TRACH CARE”
7 dias Trocar antes do tempo recomendado se
apresentar sujidades ou mau funcionamento.
Descartar todo o sistema após o uso em cada
paciente.
Sonda ENTERAL

Sonda NASOGÁSTRICA

Sem troca programada Trocar com indicação clínica ou prescrição de
enfermagem.
Sonda URETRAL DE ALÍVIO Adulto: Retirar
imediatamente após o
esvaziamento da bexiga
Neonatal / Pediatria:
Conforme rotina do setor.
Usar técnica asséptica para a inserção.
Sonda uretral de FOLLEY (sonda
de demora) com sistema coletor
fechado
30 dias Trocar se apresentar obstrução, grande
quantidade de sedimentos e coágulos, ou
indicação clínica. Sempre usar técnica asséptica
para a inserção. A bolsa coletora de urina
também deve ser trocada junto com a sonda,
pois não é recomendada a abertura do sistema
durante o uso da mesma. Realizar higiene íntima
duas vezes ao dia ou sempre que necessário
enquanto estiver com a sonda.
Tubo EXTENSÃO de LÁTEX ou
SILICONE para aspiração
Sem troca programada Encaminhar à Central de Material Esterilizado
após o uso em cada paciente.
UMIDIFICADOR + EXTENSÃO Sem troca programada Encaminhar à Central de Material Esterilizado
após o uso em cada paciente.
Vidro / Frasco de ASPIRAÇÃO Sem troca programada Encaminhar à Central de Material Esterilizado
após o uso em cada paciente.

*OBSERVAÇÃO: Este exemplo de Protocolo não é empregado em TODAS as Instituições, podendo variar conforme o que foi preconizado pela CCIH da sua Instituição. Vale consultar a validade de troca destes dispositivos em sua Instituição!

O Protocolo e a Anvisa

A ANVISA revisou e publicou recentemente a nova edição da série Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde, chamada “Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde”.

A presente publicação constitui uma ferramenta influente para a segurança do paciente e qualidade em serviços de saúde, fruto de esforço conjunto de diversos Grupos de Trabalho da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que trata das orientações básicas para a prevenção e o controle de infecção, com embasamento técnico-científico atualizado.

O intuito é apresentar de maneira objetiva, concisa e prática, as medidas para a prevenção e controle de infecção nos serviços de saúde, devendo estar facilmente disponível aos profissionais de saúde que atuam nestes serviços. A principal finalidade desta publicação da Anvisa é contribuir para reduzir a incidência das IRAS em serviços de saúde, a partir da disponibilização das principais medidas preventivas práticas adequadas à realidade brasileira. Dessa forma, espera-se com esta publicação, oferecer um importante instrumento de apoio para a prevenção e redução das principais IRAS, como as Infecções do Trato Respiratório, Trato Urinário, Corrente Sanguínea e Sítio Cirúrgico, contribuindo para a redução de riscos nos serviços de saúde do Brasil.

Para baixar e consultar, clique neste link!

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A Administração Segura de Medicamentos: O uso do protocolo

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