As Infecções de Sítio Cirúrgico (ISC) são aquelas decorrentes de uma complicação cirúrgica. Geralmente elas comprometem qualquer tecido, órgão ou cavidade envolvido na cirurgia e causam um grande impacto na recuperação do paciente, podendo comprometer a qualidade da assistência à saúde.
Por isso, é recomendado que elas sejam monitoradas com as ferramentas e diretrizes adequadas.
De acordo com estudos e pesquisas realizadas ao longo dos anos, as ISCs são uma grande causa de morbidade e mortalidade em pacientes que passam por cirurgias.
É estimado que as infecções em sítio cirúrgico são responsáveis por cerca de 38% do total das infecções hospitalares em pacientes cirúrgicos e 16% do total de infecções hospitalares, além de aumentarem em mais sete dias o tempo de internação.
Os Sinais
Entre os principais sinais de infecção em ferida cirúrgica, podemos citar:
- Aumento da dor com o passar dos dias
Logo após a ferida, é normal sentir dor, contudo, ela deve diminuir ao decorrer dos dias. Se a dor aumentar, pode ser um sinal de infecção.
- Vermelhidão e inchaço que não diminuem na ferida ou em torno dela
Após a primeira semana a vermelhidão e inchaço devem diminuir, caso isso não aconteça é provável que um processo infeccioso tenha se iniciado.
- Pele em torno da ferida febril
Uma das primeiras respostas do sistema imunológico de nosso corpo à infecção de microrganismos nocivos é a febre e sensação de calor em torno da ferida.
- Presença de pus
A secreção de uma ferida não infeccionada é clara e não tem odor forte. A presença de secreção amarelada com mau cheiro é um claro sinal de infecção.
- Prurido e sensação de ardor
A coceira pode ser um sinal de cicatrização, contudo, quando em excesso e acompanhada de ardor ela é um sinal de infecção.
Fontes de Infecção
Entre os principais tipos de infecções hospitalares, estão: as respiratórias, as urinárias, a septicemia e as de ferida cirúrgica.
Nesse sentido, vale ressaltar que as infecções cirúrgicas são, geralmente, decorrentes do local cirúrgico, da falha da técnica antisséptica por parte dos profissionais ou, ainda, da falha do reprocessamento de materiais e instrumentais que serão utilizados na cirurgia.
Vale ressaltar ainda que, as infecções pós-operatórias aumentam os números de morbidade e mortalidade, impactando a qualidade de vida de pacientes e aumentando os custos de internação.
Além disso, independente da fonte de infecção, aproximadamente 30% das infecções hospitalares podem ser evitadas com medidas de prevenção, por isso, adotá-las é essencial.
Medidas de Prevenção
Para evitar a ocorrência de infecção de sítio cirúrgico, é necessário seguir recomendações básicas de segurança:
Quanto ao preparo do paciente antes da cirurgia:
- Realizar avaliação pré-operatória
- Procurar reduzir o tempo de internação pré-operatória sempre que possível
- Monitorar previamente qualquer doença pré-existente
Quanto à educação do paciente e seus familiares:
- Ensinar como manejar a ferida cirúrgica, indicando soluções e como utilizá-las corretamente
- Instruir sobre as medidas de prevenção de infecção cirúrgica
- Indicar a dieta adequada, se necessário
Quanto ao banho:
- Antes da realização da cirurgia, realizar o banho com asséptico, conforme a necessidade
- Orientar o paciente quanto ao banho pré-operatório com água e sabão antes da realização do procedimento cirúrgico
- Orientar o paciente e seus familiares quanto aos cuidados com o banho no pós-operatório, de forma a evitar problemas com a ferida cirúrgica
Quanto à antissepsia cirúrgica das mãos:
- Antes de realizar a antissepsia, remover quaisquer acessórios das mãos e antebraços (anéis, relógios, etc.)
- Manter as unhas sempre curtas e, em hipótese alguma, utilizar unhas artificiais
- Com solução adequada e com efeito residual, realizar a antissepsia, eliminado a microbiota transitória e reduzindo a residente
- Se possível, evitar o uso de escovas para realizar fricção, pois elas podem machucar a pele e expor bactérias que residem nas camadas mais profundas da derme
Quanto à paramentação cirúrgica:
- Sempre usar máscara que cubra boca e nariz na sala cirúrgica
- Sempre usar gorros que cubram completamente o cabelo na sala cirúrgica
- Sempre usar capotes e vestimentas cirúrgicas adequadas na sala cirúrgica
- Por último, após estar completamente paramentado e realizar a antissepsia, vestir as luvas estéreis
- Caso as vestimentas estiverem sujas ou contaminadas por fluidos, trocá-las imediatamente.
Quanto aos cuidados com o ambiente da sala cirúrgica:
- Manter a sala cirúrgica organizada antes, durante e após o procedimento
- Realizar a limpeza e desinfecção completa após a finalização do procedimento
- Realizar, diariamente, a limpeza terminal, que deve incluir não apenas pisos, paredes e teto mas, também, todas as demais superfícies, acessórios e objetos presentes na sala.
Quanto aos cuidados com a ferida operatória:
- Em feridas com cicatrização por 1ª intenção: manter o curativo por 24 horas (exceto em casos de drenagem da ferida ou indicação específica da equipe médica)
- Em feridas com cicatrização por 2ª e 3ª intenção: selecionar o curativo e momento de troca de acordo com as características da ferida (exsudato, tamanho, presença de infecção, etc.).
- Caso o curativo se solte, molhe ou fique sujo, realizar a troca.
Evitando infecções
Fica claro que a prevenção de infecção em feridas realizadas em sítio cirúrgico depende de inúmeros fatores, que vão desde o preparo do paciente para o procedimento até os cuidados após a cirurgia, incluindo a educação para o autocuidado. Não podemos esquecer também da relevância da limpeza correta do ambiente hospitalar.
Sendo assim, o esforço para a prevenção de infecções é multidisciplinar e, para facilitá-lo, é essencial contar com soluções de qualidade, que contribuam com um processo de cicatrização mais simples, rápido e indolor para o paciente.
Atualmente, existem inúmeras soluções de limpeza antissépticas, desenvolvidas especialmente para limpeza de feridas, assim como curativos com ativos antimicrobianos, que ajudam a evitar e combater infecções.
Referências:
- Infecção em Sítio Cirúrgico – Secretaria de Estado da Saúde Coordenadoria de Controle de Doenças – CCD
- Infecção Em Cirurgia e Cirurgia das Infecções – Simpósio: Fundamentos em Clínica Cirúrgica, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP
- Prevenção de Infecção Cirúrgica – Universidade Federal do Triângulo Mineiro – Hospital de Clínicas
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