Pericardite: O que é?

O Coração possui uma camada que a reveste: O Pericárdio. Ele é composto por duas estruturas: o pericárdio fibroso e o pericárdio seroso, constituído por duas lâminas (parietal e visceral).

Entre o pericárdio fibroso e o seroso e entre essas duas lâminas do pericárdio seroso há a formação de espaços virtuais preenchidos por finas camadas de líquido lubrificante.

O pericárdio tem como função manter o coração em sua posição e impedir que ele se encha de sangue além de sua capacidade.

Esta camada pode ocorrer uma inflamação, onde chamamos de Pericardite.

O que é a Pericardite?

A Pericardite é um processo inflamatório que afeta a membrana que recobre e protege o coração. A doença pode ser aguda ou crônica.

A forma aguda, em geral, é de instalação súbita e se estende por volta de uma a três semanas.

Não raro, depois do primeiro episódio de pericardite aguda, seguido por um período de remissão completa durante quatro ou seis semanas, as crises podem repetir-se de tempos em tempos, o que caracteriza a pericardite aguda recorrente.

Na forma crônica, o processo inflamatório se desenvolve aos poucos e evolui por longos períodos.

Muitas vezes, o quadro permanece assintomático até que surge um acúmulo de líquido no espaço pericárdico ou um espessamento dessa parede, provocado pela formação de tecido fibroso endurecido (cicatrizes) em torno do coração, que tem o seu tamanho reduzido e as funções comprometidas.

O que ocasiona isso?

São muitos os casos em que se torna difícil descobrir a causa da pericardite que passa a ser classificada como idiopática, ou seja, sem motivo aparente. O fato é que aproximadamente 90% das pericardites agudas primárias são idiopáticas e têm quadro clínico semelhante ao de outros episódios virais, cujo agente infeccioso não foi ainda testado.

No caso específico da pericardite aguda, a infecção por vírus de diferentes tipos está entre as causas mais frequentes da enfermidade. Entre eles, destacam-se o vírus influenza da gripe, o Coxsackievirus, o adenovírus, o sincicial respiratórioo Epstein Barr, o Herpesvirus, assim como os vírus da caxumba, da catapora, do sarampo e das hepatites, por exemplo. Todos eles podem ser responsáveis pelo aparecimento da forma primária da doença, que é autolimitada, acomete pessoas de qualquer idade, principalmente os homens entre 16 e 65 anos.

Nessa mesma categoria, estão as pericardites causadas por bactérias (especialmente estreptococos, estafilococos, pneumococos, meningococos e Haemophillus) e, mais raramente, por fungos (a Cândida é um deles) e alguns parasitas (o Toxoplasma gondii). O bacilo de Koch da tuberculose (Mycobacterium tuberculosis) responde por grande parte das infecções bacterianas que alcançam o pericárdio via sistema linfático ou circulatório e podem ter natureza purulenta.

Não se deve descartar a possibilidade de o comprometimento do pericárdio ser secundário a outras condições de saúde, sejam elas relacionadas:

  • Com o sistema imune (lúpus eritematoso sistêmicoartrite reumatoidefebre reumática);
  • Com doenças metabólicas (uremia, insuficiência renal e cetoacidose diabética);
  • Com neoplasias, especialmente câncer de mama, de pulmãolinfomas, e tratamento radioterápico;
  • Com doenças inflamatórias intestinais (retocolite ulcerativadoença de Crohn, gastroenterites);
  • Com traumas no tórax;
  • Com alguns medicamentos (ex: trombolíticos e anticoagulantes).

A pericardite pode ocorrer, ainda, semanas depois de um ataque cardíaco ou cirurgia no coração. Conhecida como síndrome de Dressler ou síndrome pós-injúria cardíaca, parece ter caráter imunológico e afetar também a pleura, membrana que envolve os pulmões.

O que o paciente sente?

O principal sintoma da pericardite aguda é uma dor em pontada, repentina e forte, bem no meio do peito, que varia de intensidade com a mudança de posição: aumenta quando a pessoa deita e diminui, quando sentada, inclina o corpo para frente. Tossir, engolir e respirar fundo podem agravar a intensidade da dor própria da pericardite aguda, que nas crianças acomete mais o abdômen.

Na pericardite crônica, geralmente uma evolução da pericardite aguda, a dor no centro do peito, que irradia para as costas, pescoço e ombro esquerdo, aumenta quando a pessoa respira fundo. No entanto, dependendo do tipo e da gravidade do quadro, ela pode vir acompanhada de outros sintomas como:

  • Tosse seca;
  • Dispneia (falta de ar);
  • Sensação de fraqueza;
  • Cansaço;
  • Febre baixa;
  • Palpitações;
  • Inchaço abdominal, nas pernas e nos pés.

Como é diagnosticado?

O diagnóstico da pericardite leva em conta as queixas do paciente, a avaliação clínica e o levantamento do histórico pessoal e familiar da doença.

Exames complementares de imagem – raios x, eletrocardiograma, ecocardiograma, cateterismo, tomografia computadorizada, ressonância magnética – e exames laboratoriais de sangue, como hemograma completo, PCR, creatinina e cultura, podem ser úteis para determinar a causa da doença, quando é possível, e orientar o tratamento.

O exame clínico inclui ainda a ausculta dos batimentos cardíacos, que pode indicar duas diferentes condições:

  • Ruído de fricção característico do “atrito pericárdico”, sinal de que membranas do pericárdio estão inflamadas e roçando umas nas outras;
  • Som abafado provocado pelo acúmulo de líquido no interior do saco pericárdico, que atua como barreira para a propagação dos sons gerados pelo coração.

Dadas as características da dor da pericardite, fica difícil estabelecer o diagnóstico diferencial da doença com o infarto do miocárdio e a embolia pulmonar, provocada pela presença de um coágulo de sangue na artéria pulmonar, uma vez que que os sintomas são muito semelhantes nos três casos.

Há complicações, você sabia?

Sem tratamento, a pericardite pode evoluir para complicações graves que põem em risco a vida dos doentes!

O tamponamento cardíaco é uma delas. A outra é a pericardite constritiva. Na sua maioria, ambas derivam da inflamação das camadas que constituem o pericárdio.

Qual é o tratamento?

O tratamento das pericardites varia de acordo com as características e gravidade da doença. Nos quadros virais leves ou idiopáticos, em geral, o tratamento é sintomático com analgésicos, antitérmicos, anti-inflamatórios ou medicação antifúngica.

Quando a resposta a esse esquema terapêutico não é satisfatória, a indicação de corticosteroides pode ser benéfica para alívio dos sintomas e controle da inflamação.

Nessa fase, se não pertencer aos grupos de risco, o paciente pode permanecer em casa, desde que em repouso.

A prática de exercícios físicos extenuantes é desaconselhada enquanto durar o processo inflamatório. Antibióticos ficam reservados para os episódios de infecção bacteriana. Os diuréticos ajudam a diminuir o líquido acumulado em torno do coração.

Os Tipos de Choque: Entenda de uma maneira mais fácil

tipos de choque

Em termos básicos, referimos o termo “Choque” em ambiente pré-hospitalar como “Perfusão inadequada generalizada de oxigênio nos órgãos e tecidos”.

O estado de choque pode surgir por diversas causas e, para cada caso, o choque tem uma definição específica, como choque anafilático, séptico ou hipovolêmico, por exemplo.

Entendendo os principais grupos de choques

Choque Hipovolêmico: O choque hipovolêmico é causado por uma diminuição no volume intravascular caracterizado por perfusão tecidual ineficaz e hipóxia. O choque hipovolêmico normalmente surge quando existe uma hemorragia que provoca a perda excessiva de sangue, como acontece em casos de:

  • Feridas ou cortes muito profundos;
  • Acidentes de trânsito;
  • Quedas de grande altura;
  • Hemorragia interna;
  • Úlceras ativas, sangrando;
  • Menstruação muito intensa;
  • Desidatração;
  • Queimaduras severas.

Choque Cardiogênico: Acontece quando o coração perde sua capacidade para bombear sangue em quantidade adequada para os órgãos, causando diminuição acentuada da pressão arterial, falta de oxigênio nos tecidos e cúmulo de líquidos nos pulmões. As causas incluem:

  • Infarto Agudo do Miocárdio com falência do ventrículo esquerdo;
  • Insuficiência cardíaca coronariana;
  • Fibrilação ventricular;
  • Arritmias;
  • Tamponamento cardíaco (Pericárdico);
  • Valvulopatias;
  • Estenose aórtica;
  • Trauma no Miocárdio;
  • Estágios terminais da Sepse (infecção generalizada);
  • Intoxicação, seja medicamentosa ou não.

Choque Obstrutivo: A compressão do coração por outros órgãos ou corpos leva a que esse órgão não se encha de tanto sangue quanto normalmente. Bombeando menos sangue para o mesmo espaço, há queda da pressão arterial e dilatação da veias que não conseguem escoar o seu conteúdo. É causado por situações traumáticas como:

  • O pneumotórax de tensão ocorre quando há um vazamento de ar do pulmão para a pleura, através de um mecanismo valvular que não permite que o ar retorne para o pulmão. O ar sai do pulmão e fica preso dentro de tórax, causando uma compressão progressiva do pulmão, do coração e dos grandes vasos da base (aorta e veia cava). Necessita de drenagem torácica urgente para evitar a morte do paciente;
  • O tamponamento cardíaco é a hemorragia para o espaço entre o pericárdio fibroso e o coração. O pericárdio é inflexível e a acumulação de líquido comprime o coração;
  • Ruptura do diafragma com herniação das vísceras intestinais para o tórax.

Choque Distributivo: O choque distributivo ou vasogênico ocorre quando o volume sanguíneo é anormalmente deslocado no sistema vascular tal como ocorre quando ele se acumula nos vasos sanguíneos periféricos.

Esse deslocamento de sangue causa uma hipovolemia relativa porque o sangue insuficiente retorna ao coração. O que leva a uma deficiente perfusão tissular subsequente o tônus vascular é regulado tanto por mecanismos reguladores locais, como nas necessidades tissulares de oxigênio e nutrientes.

Portanto, o choque distributivo pode ser causado tanto por perda do tônus simpático quanto pela liberação de mediadores químicos pelas células. Os vários mecanismos que levam à vasodilatação inicial no choque distributivo subdividem em neurogênico, anafilático e séptico.

Cuidados de Enfermagem com os Choques em Geral

  • Controle rigoroso da pressão arterial (PA);
  • Reposição dos volumes dos líquidos perdidos;
  • Sangue total – no choque hemorrágico;
  • Plasma e Albumina Humana – Perda de Proteínas;
  • SF a 0,9% e Ringer Simples ou Lactato – Perda de água e eletrólitos ou para complementação da reprodução volêmica, enquanto se espera líquido mais adequado para o caso;
  • Dextran, Haemaccel e outros expansores plasmáticos – usado em substituição ao plasma, ou albumina, ou mesmo ao SF 0,9% em caso de necessidade de grande volume de reposição;
  • Administração de drogas vasoativas quando a reposição do volume não responda no paciente;
  • Preparo do paciente para cirurgia em caso de hemorragia persistente, ex.: trauma que requer correções cirúrgicas;
  • Administração de anti-hemorrágicas prescrito pelo médico;
  • Controle e vigilância constantes no gotejamento das drogas vasoativas para manutenção da PA em níveis aceitáveis.

Tipos de Exsudato Inflamatório

Exsudato Inflamatório

O Exsudato Inflamatório é composto de proteínas plasmáticas e leucócitos que extravasam dos vasos e se acumulam no local inflamado. Tem a função de destruir o agente agressor, degradar (liquefazer) e remover o tecido necrosado. A drenagem linfática fica aumentada, levando mais facilmente antígenos aos linfonodos regionais. Dependendo do local, da intensidade da reação e do agente injuriante, o exsudato pode ter diferentes características. Segundo o tipo de exsudato a inflamação será classificada em:

1- SEROSA: O líquido extravasado tem alto teor aquoso, apresentando pouca quantidade de moléculas protéicas. Este líquido pobre em proteínas além da origem vascular, pode ser produzido também pelas células mesoteliais que recobrem a cavidade pleural, peritoneal e pericárdica. Devido ao seu baixo conteúdo protéico, o exsudato seroso não é detectado histologicamente deixando apenas espaços entre os elementos tissulares. O caso mais comum de inflamação serosa é a queimadura da pele com formação de “bolhas”. Ocorre nas doenças vesículo-bolhosas (pênfigo, herpes).

2- FIBRINOSA: Quando a lesão vascular é mais intensa permitindo a saída de moléculas grandes, o líquido extravasado será rico em proteínas, especialmente fibrinogênio, formando uma rede de fibrina no território inflamado e é chamado de exsudato fibrinoso. Pode ocorrer na cavidade pericárdica em certas doenças reumáticas ficando o espaço pericárdico preenchido por uma massa de fibrina. Nos pulmões em casos de pneumonia pneumocócica, os alvéolos podem estar ocupados por uma rede de fibrina com grande quantidade de leucócitos. O exsudato fibrinoso é mais comum nas membranas serosas do pericárdio, pulmão e peritônio. A rede de fibrina pode ser invadida por fibroblastos, substituindo o exsudato fibrinoso por tecido fibroso, que pode interferir nas funções do pulmão e coração.

3- CATARRAL: Quando a inflamação ocorre nas superfícies mucosas, há a formação de grande quantidade de muco sendo então chamada de catarral. É encontrada, portanto, apenas quando o tecido inflamado é capaz de secretar muco como a nasofaringe, pulmões, trato intestinal, útero e glândulas secretoras de muco. Exemplos comuns de inflamação catarral são a gripe e o resfriado.

4- HEMORRÁGICA: Quando há o rompimento da parede vascular, grandes quantidades de hemácias estão presentes no território inflamado. É uma classificação pouco usada.

5- PSEUDOMEMBRANOSA: Se caracteriza pela formação de uma falsa membrana composta de fibrina, epitélio necrosado e leucócitos. Resulta da descamação do epitélio juntamente com um exsudato fibrinopurulento. Ocorre apenas nas superfícies mucosas, mais comumente na faringe, laringe, trato respiratório e intestinal. Na difteria ocorre este tipo de inflamação.

6- PURULENTO: O exsudato purulento é formado pelo acúmulo de grande quantidade de neutrófilos, que interagem com o agente agressor, geralmente bactérias, provocando a destruição tecidual. A viscosidade do pus é devida em grande parte ao conteúdo de DNA, oriundo dos próprios neutrófilos. Exemplos de bactérias piogênicas são os Stafilococos, bacilos gram negativos (Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, cepas de Proteus e Pseudomonas aeruginosa), meningococos, gonococos e pneumococos. Abscesso periapical, furúnculo e apendicite são bons exemplos de inflamação supurativa. Devido a viscosidade, o abscesso é difícil de ser reabsorvido, devendo quando possível ser drenado naturalmente ou cirurgicamente. O pus pode ser formado por agentes químicos, como terebentina e nitrato de prata, mostrando que não é dependente de bactérias.

Lembrando que a celulite ou flegmão é uma infecção supurativa disseminada causada pelos estreptococos hemolíticos do grupo A de Lancefield!

Deve-se ressaltar que nem sempre há a predominância de um tipo de exsudato, existindo então os tipos mistos que poderão ser chamados de serofibrinosos, fibrinopurulentos, mucopurulentos e assim por diante.