A UTI é setor obrigatório em todo hospital, devendo ter uma área distinta com capacidade de leitos de 6% a 10 % do total de leitos existentes no hospital, sendo sua planta física composta de 9 a 10 m2 por leito, ter uma iluminação adequada com um gerador próprio, um ambiente climatizado, paredes laváveis, a unidades deve possuir uma visualização permanente dos pacientes e duas pias por unidade.
A Estrutura Física (Planta)
A Resolução – RDC 50, DE 21 de Fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.
A localização deve ter uma área geográfica distinta dentro do hospital, permitir o fácil acesso aos elevadores de serviço e de emergência, centro cirúrgico, sala de recuperação pós-anestésica, unidade de emergência, unidades de intermediarias (semi-intensivas) e serviços de laboratório e radiologia.
Os números de leitos de uma UTI devem existir com no mínimo cinco leitos, com capacidade para cem ou mais leitos. Estabelecimentos especializados em cardiologia, cirurgia e emergência devem fazer calculo específicos.
Do ponto de vista funcional são oito a doze leitos por unidade. As disposições dos leitos podem ser em área comum ou em quarto fechados. No entanto ambas devem permitir uma observação continua do paciente.
Na área comum é indicada a separação dos leitos por divisórias laváveis de modo a proporcionar uma relativa privacidade aos pacientes.
Na unidade de quarto fechado devem ser dotadas de painéis de vidro para facilitar a observação. Nessa área é proporcionada uma maior privacidade, redução de ruídos e possibilidade de isolamento de pacientes infectados ou imunossuprimidos.
A despeito do projeto arquitetônico das UTI os problemas com o ruído e a iluminação brilhante tem se mantido um desafio. O ruído é risco ambiental que gera desconforto para o paciente.
As fontes de ruídos incluem equipamentos, alarmes, telefones, televisões e conversas da equipe, podendo haver uma diferença individual na percepção do ruído; portanto uma avaliação objetiva do ambiente deve ser realizada pela equipe.
De acordo com o Conselho Internacional de Ruído recomenda que os níveis de ruídos nas áreas de terapia intensiva dos hospitais não ultrapassem 45DB (A) durante o dia, 40DB (A) durante a noite e 20DB (A) durante a madrugada. No entanto na maioria dos hospitais esta entre 50 e 70 DB (A).
No ambiente hospitalar além da iluminação natural, usam-se luzes artificiais fluorescentes que criam um tipo de iluminação desconfortável e provoca fadiga visual e cefaleia, se desprotegido17. A luz brilhante pode permanecer por muitas horas na UTI, mesmo quando não há nenhum cuidado direto ao paciente.
A iluminação ideal não deve exceder 30 pévala (fc) durante o dia, durante a noite não deve exceder 6,5 fc e 19 fc para períodos escuros. A iluminação específica para procedimentos e atendimentos de urgência deve ser posicionada diretamente acima do paciente com pelo menos 150 fc.
O estresse criado pelo ruído e iluminação desnecessários será reduzido para o bem estar dos pacientes, já que no futuro o ambiente ideal de UTI terá janelas com vista natural.
As Unidades de Terapia Intensiva dispõe de equipamentos eletrônicos essenciais na manutenção da vida dos pacientes, utilizados na monitoração dos parâmetros fisiológicos ou como opção terapêuticas integrados ao sistema de gases.
Essas instalações devem ser integradas com a fonte de emergência que rapidamente assumem alimentação garantindo o suprimento ininterrupto. O número de tomadas sugerido é no mínimo 11 e no máximo 16 por leito, com voltagem de 110 e 220 volts e adequadamente aterradas.
As tomadas de cabeceira devem ser localizadas aproximadamente 90 com acima do piso, a unidade de dispor de tomadas para aparelhos de transportáveis distantes no máximo de 15 metros de cada leito.
O suprimento de gases e vácuo deve ser mantido por 24 horas, sendo recomendadas duas saídas de oxigênio por leito e uma de ar comprimido. As saídas devem ser apropriadas para cada gás evitando troca acidental. É preconizado dois pontos de vácuo por leito, porem recomenda-se três. O sistema de vácuo deve manter o mínimo de 290 mmHg e não deve fica abaixo de 194 mmHg. Também deve ser instalado um sistema de alarme para pressões altas e baixas de gases.
A fonte de água deve ser certificada, especialmente se forem realizadas hemodiálise. As instalações de pias e lavatórios devem estar próximas a entrada dos módulos dos pacientes ou entre cada dois leitos da UTI.
Os lavatórios devem ser largos e profundos para evitar respingos, com torneiras que dispensem o contato com as mãos. Em cada lavatório deve haver dispensador para sabão liquido também acionado sem o contato com as mãos e toalheiros para papeis descartáveis.
A renovação de ar em áreas critica é exigida no mínimo seis trocas de ar por hora, sendo duas com ar externo. As entradas de ar devem ser localizadas mais alto possíveis em relação ao piso e possuir filtros de grande eficiência.
O sistema de ar condicionado e aquecimento devem passar por filtragens apropriadas. A tomada de ara deve respeitar uma distancia mínima de oito metros de locais onde haja emanação de agentes infecciosos ou gases nocivos.
Nos quartos privativos das Unidades de Terapia Intensivas, a temperatura deve ser ajustada individualmente com variação entre 24 e 26 graus e umidade relativa do ar de 40% a 60%.
O atendimento as necessidades do paciente pela monitoração continua e estrutura adequada, é o selo de qualidade de todo cuidado crítico.
Quanto mais acolhedora a UTI para pacientes e familiares, mais aberto será o ambiente para uma cultura de cuidados e suporte favorável a recuperação. Um bom exemplo de como uma estrutura física e a função da UTI mudou em relação à ênfase de atender as necessidades dos pacientes e a família como unidade é a criação de um ambiente com o design mais acolhedor que encoraja a presença de membros das famílias, que deixam de ser apenas visitantes para ser peças importantes no bem estar do paciente.
Referências:
1- BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 3432 de 12 de agosto de 1998. – DOU Nº 154. Estabelece critérios de classificação para as Unidades de Tratamento Intensivo – UTI.
2 – Saraiva CAS. Fatores físicos-ambientais e organizacionais em uma unidade de terapia intensiva neonatal: implicações para a saúde do recém-nascido. – Trabalho de conclusão do curso de mestrado profissionalizante em Engenharia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2004.
3 – Knobel E.Terapia Intensiva: Enfermagem. São Paulo: Editora Atheneu, 2010.
4 – Paladini EP. Avaliação estratégica da qualidade. São Paulo: Atlas, 2002
5 – http://www.proarq.fau.ufrj.br/site/cadernos_proarq/cadernosproarq11.pdf
6- Madureira CR, Veiga K, Sant’ana AFM. Gerenciamento de tecnologia em terapia intensiva. Rev.latino-am.enfermagem, Ribeirão Preto, v. 8, n. 6, p. 68-75, dezembro 2000.
7 – BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC N 50, de 21 de Fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.
8 – BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Assistência à Saúde. Departamento de Normas Técnicas. Normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasília, 1994. p.11-26.
9 – Knobel E, Kuhl SD. Organização e funcionamento das UTIs. In: Condutas no paciente grave. Knobel E. São Paulo, Atheneu, PP. 1315-32, 1998.
10 – Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Departamento de Normas e Técnicas: Normas para Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, p 140, 1995.
11 – Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Organização e Desenvolvimento de Serviços de Saúde. Normas e Padrões de Construções e Instalações de Serviços de Saúde, p 25-87, 1987.
12- Toledo LC. Feitos para Curar – Arquitetura Hospitalar e Processo Projetual no Brasil. Editora ABDEH. 1edição.Rio de Janeiro, 2006.
13 – Fairman J, Lynaugh J. Critical Care Nursing: A History. Philadelphia, University of Pennsylvania Press, 1998.
14- Stchler JF: Creating healing environments in critical care units. Crit Care Nurs Q 24(3): 1-20, 2001.
15 – Fontaine DK, Prinkey Briggs L, et al: Designing humanistic critical care environments. Crit Care Nurs Q 24(3): 21-34, 2001.
16- GOMES, W. SOUZA, M. L. Evidência e interpretação em pesquisa: as relações entre qualidades e quantidades. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8, n. 2, p. 313,2003.
17 – Morton P.G., Fontaine DK. Cuidados críticos de enfermagem: uma abordagem holística; [revisão técnica Ivone Evangelista Cabral; tradução Aline Vecchi… et al.] – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
18 – Jastremski CA: ICU bedside environment: A nursing perspective. Crit Care Clin 16 (4): 723-734, 2000.
19 – Azevedo AC. Avaliação de desempenho de serviços de Saúde Publica. 25 (1): 64-71, 1991.
20 – Cecílio LCDO. A modernização gerencial dos hospitais públicos: o difícil exercício da mudança. Rev Admin Publ 1997 maio-jun; 31(3) : 36-47.
21 – Gaidzinski RR. Dimensionamento de pessoal de enfermagem em instituições hospitalares [tese] São Paulo: Escola de Enfermagem USP, 1998.
22- Gallo H. Efeitos da unidade de terapia intensiva sobre o enfermeiro. Cuidados Intensivos de Enfermagem – Uma Abordagem Holística. Guanabara Koogan 6 edição. Cap 10 p.99-109, 1997.
23- Castelli M, Lacerda DPD, Carvalho MHR. Enfermagem no CTPI. Pessoal e treinamento de Isabel Cristina Kowal/Olm Cunha & Rita de Cassia Pires Coli; cap 7 p. 67-73. São Paulo. Roca, 1998.
24 – Laselva CR, Moura Jr DF, Reis EAA. No alvo, o melhor profissional – seleção e treinamento. In: Bork: Enfermagem de excelência: da visão a ação. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, PP 151-66, 2003.
25 – NICOLA, Anair Lazzari and ANSELMI, Maria Luiza. Dimensionamento de pessoal de enfermagem em um hospital universitário. Rev. bras. enferm. [online]. 2005, vol.58, n.2, pp. 186-190. ISSN 0034-7167.
26 – Knobel E, Novaes MAFP, Bork AM. Humanização dos CTIs. In: Manual de condutas de pacientes graves. Atheneu, São Paulo, 1998.
27 – Knobel E, Novaes MAFP, Karam CH. Humanização do CTI: uma questão de qualidade. Experiência do CTI do Hospital Israelita Albert Einstein. In: Âmbito Hospitalar 118(2) : 19-27, 1999.
Você precisa fazer login para comentar.