Intervenções na prevenção do Risco de Quedas

A Queda é o deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial, provocado por circunstâncias multifatoriais, resultando ou não em dano.

Considera-se queda quando o paciente é encontrado no chão ou quando, durante o deslocamento, necessita de amparo, ainda que não chegue ao chão.

A queda pode ocorrer da própria altura, da maca/cama ou de assentos (cadeira de rodas, poltronas, cadeiras, cadeira higiênica, banheira, trocador de fraldas, bebê conforto, berço etc.), incluindo vaso sanitário.

Com relação aos fatores ambientais e organizacionais, podem ser citados: pisos desnivelados, objetos largados no chão, altura inadequada da cadeira, insuficiência e inadequação
dos recursos humanos.

Quedas de pacientes contribuem para aumentar o tempo de permanência hospitalar e os custos assistenciais, geram ansiedade na equipe de saúde, além de produzir repercussões na credibilidade da instituição e repercussões de ordem legal. Pode ter como complicações comuns, contusões ou fraturas, lesões cortantes, sangramento/hematoma, dor, traumatismos, ansiedade, depressão e medo de cair de novo, incapacidade física e óbito.

Compreender a queda enquanto evento adverso e analisá-la atentamente, de modo multidisciplinar, é a melhor forma de prevenir seu acontecimento. A atenção com a segurança dos pacientes consiste ainda em fornecer métodos e instrumentos que subsidiem os profissionais na busca em elucidar a gênese desses eventos, assim como os possíveis fatores que contribuem para a sua ocorrência.

Frente ao exposto, da relevância do tema, justifica-se a importância este protocolo pela necessidade de prevenir a ocorrência da queda em pacientes hospitalizados, por meio de
ferramentas que permitem identificar precocemente as circunstâncias ou ações que influenciam ou poderiam influenciar o acontecimento deste incidente, o qual possibilita o planejamento da assistência ao paciente de acordo com sua necessidade e, assim, o profissional de saúde terá subsídios para definir estratégias adequadas para prevenir a sua ocorrência no ambiente ambulatorial ou hospitalar, tornando estes ambientes mais seguros e livre de danos.

Fatores de Risco

  • Idade avançada (80 anos ou mais);
  • Sexo feminino;
  • História prévia de quedas;
  • Imobilidade;
  • Baixa aptidão física;
  • Fraqueza muscular de membros inferiores;
  • Fraqueza do aperto de mão;
  • Equilíbrio diminuído;
  • Marcha lenta com passos curtos;
  • Dano cognitivo;
  • Doença de Parkinson;
  • Sedativos, hipnóticos, ansiolíticos e polifarmácia.

Atividades e comportamentos de risco e ambientes inseguros aumentam a probabilidade de cair, pois levam as pessoas a escorregar, tropeçar, errar o passo, pisar em falso, trombar, criando, assim, desafios ao equilíbrio.

Os riscos dependem da frequência de exposição ao ambiente inseguro e do estado funcional do idoso. Idosos que usam escada regularmente têm menor risco de cair que idosos que a usam esporadicamente.

Por outro lado, quanto mais vulnerável e mais frágil o idoso, mais suscetível aos riscos ambientais, mesmo mínimos. O grau de risco, aqui, depende muito da capacidade funcional. Como exemplo, pequenas dobras de tapete ou fios no chão de um ambiente são um problema importante para idosos com andar arrastado.

Manobras posturais e ambientais, facilmente realizadas e superadas por idosos saudáveis, associam-se fortemente a quedas naqueles portadores de alterações do equilíbrio e da marcha. Idosos fragilizados caem durante atividades rotineiras, aparentemente sem risco (deambulação, transferência), geralmente dentro de casa, num ambiente familiar e bem conhecido.

Avaliando e Identificando

A avaliação do risco de queda deve ser feita no momento da admissão do paciente, com o emprego da escala de MORSE, diariamente e também sempre que houver
transferências de setor, mudança do quadro clínico e episódio de queda durante a internação, ajustando as medidas preventivas implantadas.

Os pacientes serão classificados em Baixo, Moderado e Elevado Risco para queda, segundo a pontuação na escala de Morse.

Identificar o paciente com o risco para quedas utilizando sinalização visual à beira do leito, e pulseira de identificação de “Risco de Queda” a fim de alertar toda equipe de cuidado.

Intervenções

Cuidados relacionados ao ambiente

  • Não deixar o ambiente totalmente escuro (orientar usuário e familiares a utilizarem a luz auxiliar da enfermaria durante a noite);
  • Assegurar que os itens pessoais do usuário, assim como urinóis e comadres, estejam ao seu alcance;
  • Dispor de escada de dois degraus próximo ao leito, se a cama não for eletrônica;
  • Manter a unidade do usuário limpa e organizada, sem acúmulo de materiais e equipamentos desnecessários;
  • Manter o trajeto no quarto/enfermaria livre;
  • Manter grades das camas elevadas, independente do risco;
  • Manter camas baixas;
  • Solicitar ao acompanhante, caso este necessite se ausentar, que informe a equipe de enfermagem o período em que o usuário permanecerá sozinho;
  • Manter avisos para que não se permaneça atrás das portas quando as mesmas estiverem fechadas.

Cuidados relacionados à mobilidade

  • Toda a saída do leito deve ser orientada pela enfermagem ou com acompanhamento de membro da equipe multiprofissional;
  • Exercícios de marcha devem ser realizados apenas com acompanhamento do fisioterapeuta, com prescrição médica de fisioterapia motora;
  • Agendar os cuidados de higiene pessoal, troca de fraldas frequentes e programar horários regulares para levar o usuário ao banheiro;
  • Atentar para os calçados utilizados pelos usuários;
  • Utilizar barras de apoio nos banheiros e corrimão nas escadas;
  • Supervisão periódica para avaliação do conforto e segurança do usuário;
  • Avaliar o nível de dependência após instalação de dispositivos ou equipamentos;
  • Manter a grade distal ao profissional elevada no momento de mobilizações no leito;
  • Comunicar a equipe multiprofissional do risco de queda e as mudanças de classificações;
  • As equipes de diagnósticos devem ficar atentas aos usuários com pulseira amarela;
  • Evitar a locomoção do usuário em trajetos tumultuados, quando possível;
  • Utilizar muleta, andador e bengala, se for necessário, conforme orientação da fisioterapia;
  • Orientar os acompanhantes que as crianças não podem correr pelas dependências do quarto e do hospital;
  • Orientar o usuário/ou acompanhante sobre mudanças na prescrição medicamentosa que possam causar vertigens, tonturas, hipoglicemias e etc.

Cuidados relacionados à higiene e conforto

  • Orientar os usuários a utilizarem chinelos antiderrapantes durante o banho de aspersão, com ou sem auxílio da enfermagem;
  • Acomodar os usuários com necessidades especiais, no que se refere às eliminações, próximos ao banheiro;
  • Auxiliar ou dar banho de aspersão na cadeira de rodas no usuário com risco para queda, desde que não haja indicação de banho no leito;
  • Instruir usuários homens com risco para queda, quando forem utilizar o vaso sanitário, a sentarem.

Cuidados relacionados ao repouso

  • Assegurar que as camas permaneçam em posição mais baixa, com as rodas travadas e as grades elevadas;

Cuidados relacionados a cirurgias/procedimentos/Sedação/Anestesia

  • Informar o usuário e/ou família/responsável sobre o risco de queda relacionado ao efeito do sedativo e/ou anestésico;
  • Orientar o usuário e/ou acompanhante a levantar progressivamente (elevar a cabeceira 30°, sentar-se no leito com os pés apoiados no chão por 5 a 10 minutos, antes de sair da cama;
  • Sair do leito acompanhado pela enfermagem;
  • Se o usuário estiver no leito, permanecer com as 4 grades elevadas (pré-cirúrgico e POI);
  • O jejum por longo período deve ser levado em consideração, por exemplo, logo ao acordar ou em pré e pós-operatório;
  • Permanecer ao lado do usuário cirúrgico durante todo o momento de indução e reversão anestésica;
  • Permanecer ao lado da parturiente durante todo o período expulsivo;
  • Monitorar a reposição e os recursos de tração, em mesa cirúrgica, sempre que necessário;
  • Dispor um número adequado de profissionais para transferir o usuário da mesa cirúrgica para a cama, conforme avaliação do enfermeiro;
  • Manter as grades da cama elevadas durante a recuperação do processo anestésico.
OBSERVAÇÃO: Todas as medidas adotadas para previr queda devem ser registradas no prontuário do usuário.
Referências:
  1. ALMEIDA, R.A.R.; ABREU C.C.F, MENDES, A.M.O.C. Quedas em doentes hospitalizados: contributos para uma prática baseada na prevenção. Rev. Enf. Ref.; v.3, n. 2, p. 2163 -72, 2010.
  2. ABREU C; MENDES A; MONTEIRO J; SANTOS F.R. Falls in hospital settings: a longitudinal study. Rev. Lat. Am Enfermagem [online]; v. 20, n.3. p. 597-603, 2012
  3. BARBOSA P; CARVALHO L; SANDRA C. Escala de quedas de Morse. Manual de utilização. Escola Superior de Enfermagem do Porto. V.1, 2015. Disponível em: http://www.esenf.pt/fotos/editor2/i_d/publicacoes/978-989-98443-8-4.pdf. 
  4. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 2.095, de 24 de setembro de 2013. Aprova os Protocolos Básicos de Segurança do Paciente. 2013. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2095_24_09_2013.html.&gt;
  5. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Fiocruz. Programa Nacional de Segurança do Paciente. Protocolo Prevenção de Quedas [Internet]. Rio de Janeiro: ANVISA; 2013
  6. CORREA A.D.; MARQUES I.A.B, MARTINEZ, M.C.; LAURINO, P.S.; LEÃO E.R.; CHIMENTÃO, D.M.N. Implantação de um protocolo para gerenciamento de quedas em hospital: resultados de quatro anos de seguimento. Rev Esc Enferm USP. v. 46, n. 1, p. 67-74, 2012.
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FCecon realiza curso de prevenção e tratamento de lesões de pele

A equipe de Enfermagem da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), unidade vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), recebeu um curso de prevenção e tratamento de lesões de pele, nesta sexta-feira (24/06), com o intuito de aumentar a qualidade dos atendimentos. O curso foi promovido pela Comissão de […]

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Dispositivo que auxilia na prevenção de quedas e úlceras por pressão será lançado na próxima quarta (18/05)

Na próxima quarta-feira, 18 de maio, o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, com apoio da Fundatec, lançará o projeto Stakecare. O dispositivo é uma solução tecnológica que se propõe a auxiliar na prevenção de quedas e lesões por pressão em pacientes acamados. O evento de lançamento ocorrerá a partir das 18h, no Instituto […]

Qual é a Diferença entre HIGIENE e PROFILAXIA?

A Higiene e a Profilaxia tem como principal objetivo a conservação da Saúde e prevenção de Doenças, e você sempre irá escutar ambos os termos juntos, pois simplesmente uma sempre complementa a outra.

E Qual é a diferença entre elas?

Temos que entender que a Higiene consiste na prática do uso constante de elementos ou atos que causem benefícios para os seres humanos, como por exemplo, banho, limpeza, sanitização, hábitos higiênicos.

A sanitização advém de sanidade, que, em amplo sentido, significa ordem perfeita de funcionamento. A higiene compreende hábitos que visam a preservar o estado original do ser, que é o bem-estar e a saúde perfeita.

Já a Profilaxia é o termo utilizado para denominar as medidas utilizadas na prevenção ou atenuação de doenças, como uso de equipamentos de proteção, hábitos corriqueiros de higiene, como lavar as mãos e refrigerar os alimentos, aplicações de vacinas, medicamentos profiláticos para evitar disseminação de infecções e doenças, são algumas das profilaxias mais comuns.

Concluindo, a diferença comum entre ambos os termos é que:

A higiene são medidas educativas e preventivas que visam tornar um indivíduo da comunidade esclarecido para:

  • Prevenir Doenças;
  • Prolongas a vida;
  • Promover a saúde física;
  • Promover a saúde mental.

Ou seja, a arte de conservar a saúde, limpeza, asseio.

Já a profilaxia são conjunto de técnicas ou métodos PREVENTIVOS:

  • Evitar a doença ou a incapacidade;
  • Prolongar a vida.

Ou seja, o emprego de meios para evitar doenças (prevenção).

Referências:

  1. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 895.
Dicas

Previna a Superbactéria: Use Racionalmente os Antibióticos!

A resistência das bactérias aos antibióticos tem aumentado muito nos últimos anos. Ela pode surgir nas bactérias devido à alterações genéticas, mas quando se toma o antibiótico, as que possuem resistência podem sobreviver enquanto as que são sensíveis morrem, gerando uma seleção das bactérias resistentes. Por isso é muito importante evitar o uso desnecessário de […]