A Irrigação Vesical Contínua é um procedimento comum quando o paciente passa por um procedimento cirúrgico como por exemplo, a ressecção endoscópica da próstata ou RTU da próstata, para tratamento da hiperplasia benigna da próstata (HBP), e também outros fatores que podem levar o paciente a ter resíduos no sistema urinário que demandam a lavagem contínua.
Portanto, para que este procedimento seja eficaz, deve ser controlado através de um impresso de balanço (controle de entrada e saída para a irrigação e diurese), que geralmente é uma folha a parte que deve permanecer juntamente com o prontuário do paciente.
São infundido bolsas de Soro Fisiológico 0,9% (geralmente de 1000ml) através do cateter vesical Folley de 3 vias, em um horário pré-estabelecido pelo impresso, e drenado no mesmo instante através do sistema fechado de coleta de urina, que é acoplado na sonda.
A Infusão do Soro
Dependendo de como é realizado através de Protocolos Operacionais Padrão (POP) estabelecido em cada Instituição, a irrigação pode ser feita com equipo gravitacional ou em bomba de infusão. Em desvantagem do equipo gravitacional, o controle é ineficaz do gotejamento para uma infusão mais precisa dos horários.
A irrigação vesical com soro fisiológico deve entrar e sair da bexiga livremente e sem dor. Todavia, se isto não ocorrer, algo está errado, por isso o controle rigoroso de entrada e saída deve ser feito, para que caso haja obstruções, deve ser tomado conduta o quanto antes.
O Tempo de Infusão para o Controle
Tudo dependerá de como é estabelecido em sua instituição. Algumas instituições estabelecem critérios de controle de 1/1 hora, outras em 2/2 horas.
Como eu contabilizo essa irrigação?
Vamos a um Exemplo:
Sr. João está em P.O.I de RTU de Próstata, e precisa receber a irrigação vesical contínua. Você assume essa admissão às 7:30 da manhã, e a bolsa coletora do mesmo ainda está limpa, sem débito nenhum, mas já com a sonda de 3 vias instalada, pronta para começar a irrigação.
Você inicia o protocolo de irrigação contínua às 8 horas da manhã, e deve contabilizar a partir daí, a entrada da quantidade de soro neste horário e a saída, de 2 em 2 horas. A irrigação foi instalada com controle pela Bomba de Infusão Contínua.
Às 19 horas você passa o plantão com a Irrigação Vesical Contínua ainda sendo realizada, sendo assumida pelo colega do plantão noturno.
Veja a tabela abaixo, de como o controle da irrigação foi realizada durante o plantão de 24 horas:
Horário | Instalado (ml) | Desprezado (ml) de 2 em 2 horas | Diurese | Aspecto |
08h | 1000 | 1100 | + 100 | HE |
10h | 1000 | 1300 | + 300 | HE |
12h | 1000 | 1150 | + 150 | HE |
14h | 1000 | 1450 | + 450 | AE |
16h | 1000 | 800 | – 200 | |
18h | 1000 | 1000 | 0 | |
20h | 1000 | 1100 | + 100 | AE |
22h | 1000 | 1400 | + 400 | AC |
24h | 1000 | 750 | – 250 | |
TOTAL 24 HORAS | 1.500 ml |
* Legenda da tabela: HE (Hematúrico), AE (Amarelo Escuro), AC (Amarelo Claro) / Podendo também acrescentar como aspecto: PI (Piúria), presença de sedimentos ou grumos.
Lembrando que:
Valores considerados negativos como no exemplo, significam que o paciente reteu a quantidade de soro infundido, e por algum motivo (coágulos, grumos), assim impedindo a contabilização eficaz.
Valores considerados zerados como no exemplo, pode significar ausência de diurese, ou retenção pelos mesmos motivos citados acima.
Portanto, ambas situações não são calculadas no controle final das 24 horas.
Valores considerados positivos significam diurese presente, além do volume que foi infundido (1000ml), obteve mais o débito da diurese do paciente, o que deve ser separado o valor aproximado da diurese do paciente.
E assim somam-se os valores da diurese, contabilizando o total dentro das 24 horas que o paciente obteve através da irrigação vesical contínua.
Deve Considerar:
O controle da irrigação deve ser feita criteriosamente desde o começo, pois havendo erros de cálculos como a infusão precoce ou atrasada de um soro pode atrapalhar o andamento do controle. Deve-se considerar a margem de erros, durante o processo da irrigação, o que pode acontecer é obter valores não fidedignos.
Anotar sempre o aspecto da diurese quando desprezado, ou no impresso próprio ou através de relatórios de enfermagem.
A troca do frasco de SF 0,9 deve ser feita antes do término do frasco anterior, para evitar obstrução de sonda.
A diurese deve ser desprezada da bolsa coletora quando o volume estiver com 2/3 da capacidade total e ao término de frasco de SF 0,9%, considerando a necessidade de fazer o balanço entre o volume infundido e drenado.
Deve-se atentar para sinais de obstrução como distensão abdominal, dor, e não drenagem na bolsa coletora. Comunicar ao médico, realizar medidas para desobstrução e registrar o ocorrido.
Em prescrição médica de retirada da irrigação (caso não haja mais necessidade clínica para a continuação do procedimento), o procedimento deve ser estéril, e após a assepsia da conexão deve ser colocada uma tampa para oclusão da terceira via da sonda (urostop).
O equipo de soro deve ser trocado de acordo com as recomendações do CCIH, a cada 72h.
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Referências:
- PARECER COREN/GO Nº 012/CTAP/2019
- PRADO, Marta Lenise do et al (Org.). Fundamentos para o cuidado profissional de enfermagem. 3. ed. Florianópolis: Ufsc, 2013. 548 p. Revisada e ampliada.
- UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO. Hospital São Paulo. Procedimento operacional padrão: Irrigação vesical contínua. Disponível em: https://www.hospitalsaopaulo.org.br/sites/manuais/arquivos/2014/POP_irrigacao_vesical_continua.pdf
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