A síndrome de disfunção de múltiplos órgãos, também chamada síndrome da falência de múltiplos órgãos (SFMO), é caracterizada pela deterioração aguda de dois ou mais órgãos, resultando em perda da função dos órgãos acometidos. Uma das causas mais comuns SFMO é a sepse (choque séptico).
A SFMO pode ser definida como uma complexa manifestação patológica subaguda, desencadeada por trauma inespecífico e grave. Desenvolve-se após um hiato variável de tempo em que há aparente estabilidade do paciente.
Como exemplos de traumas indutores, podem ser mencionados: politraumatismos acidentais, queimaduras extensas, circulação extracorpórea, contusões pulmonares, múltiplas transfusões, pancreatite aguda, aspiração pulmonar,infecções difusas, entre outros. Em geral, o trauma primário não está anatomicamente associado às futuras lesões multiorgânicas.
A SFMO está sempre vinculada a elevada morbidade e mortalidade devido à gravidade da deterioração multiorgânica, que é progressiva e universal, secundária ao desenvolvimento de lesões difusas do tipo isquemia/reperfusão.
A deterioração de múltiplos órgãos é evidenciada clinicamente e ocorre de maneira progressiva. A degradação sistêmica, ou seja, o comprometimento fisiológico gradativo dos diversos sistemas ocorre à medida que os vários órgãos entram em desequilíbrio funcional.
Entre os órgãos mais atingidos por lesões múltiplas progressivas, estão os pulmões (síndrome da angústia respiratória do adulto, SARA); os rins (síndrome da insuficiência renal pós-traumática); o estômago (úlceras de estresse); fígado (insuficiência hepática pós-traumática); além de lesões cardíacas pós-traumáticas, lesões cerebrais pós-traumáticas, lesões multiglandulares, lesões intestinais, alterações do perfil de coagulação e imunitário, entre muitas outras alterações.
Sintomas
Os principais sintomas dessa condição são:
- Febre alta;
- Diarreias;
- Tremores;
- Calafrios;
- Náuseas;
- Redução da produção de urina;
- Queda da pressão sanguínea;
- Aumento da contagem de leucócitos e redução do número de plaquetas, nos exames de sangue.
Diagnóstico
O diagnóstico de falência múltipla de órgãos é feito por meio dos sintomas clínicos e do resultado de certos exames físicos e laboratoriais. Os principais dados em que o médico deve basear-se são:
- Temperatura corporal acima de 38ºC ou menor que 36ºC.
- Frequência respiratória maior que 20 incursões respiratórias por minuto.
- Pressão parcial de CO2 no sangue arterial menor que 32 mmHg.
- Frequência cardíaca maior de 90 batimentos por minuto.
- Aumento ou redução significativos do número de leucócitos (células brancas) no sangue.
- Presença de mais 10% de bastões (leucócitos jovens).
Como é evoluído?
A síndrome de falência de múltiplos órgãos está sempre vinculada à elevada morbidade e mortalidade, devido à gravidade da deterioração multiorgânica, que é progressiva e universal. Se dois órgãos são comprometidos, a mortalidade é de 60%. Se a falência é de três órgãos, a taxa sobe para 85% e no caso de quatro órgãos ou mais é de 100%.
Referência:
- Oliveira, G.G. Síndrome da Falência de Múltiplos Orgãos. Rio de Janeiro, MEDSI Editora Médica e Científica LTDA. 1997.
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