Callista Roy, enfermeira formada em 1963, com Doutorado em Sociologia em 1977, desenvolveu um modelo de adaptação que foi a base de seu trabalho de graduação, sob orientação de Dorothy E. Johnson, pioneira da proposição da enfermagem como ciência e arte e que desenvolveu o modelo de sistemas comportamentais.
A Adaptação de Roy
O Modelo de Adaptação de Roy (MAR) consiste na formulação do processo de enfermagem, onde o profissional poderá guiar-se durante a observação, para a identificação de reações emocionais, interpretação comportamental, elaboração do plano assistencial e intervenções de enfermagem.
Ela é formada dentro do modelo adaptativo, no qual há conceitos que estão interrelacionados, como os conceitos de Enfermagem, saúde/doença, ambiente e pessoa.
Sob esta influência, apresenta determinadas áreas de fundamental importância para a prática da enfermagem, quais sejam:
- A pessoa que é receptora do atendimento de enfermagem;
- O conceito de ambiente;
- O conceito de saúde;
- A enfermagem.
Os objetivos dos quatro modos adaptativos são fazer com que o indivíduo alcance a integridade fisiológica, psicológica e social. Eles relacionam-se quando ocorrem estímulos internos ou externos que afetam mais do que um modo.
A utilização do modelo proporciona muitos benefícios, tanto para o paciente como para os enfermeiros, mas sua aplicação exige disponibilidade, vontade e empenho. O profissional precisa ter a capacidade de observação e análise da realidade vivenciada, adquirindo assim, um olhar mais humanístico do indivíduo.
Roy apresenta uma proposta de Processo de Enfermagem que inclui as seguintes etapas: avaliação do comportamento, avaliação de estímulos, diagnóstico de enfermagem, estabelecimento de metas, intervenção e avaliação.
Seus pressupostos teóricos tratam a dignidade dos seres humanos e o papel do enfermeiro na promoção da integridade na vida e na morte. Ela mostra o cliente como participante na formulação das ações de Enfermagem, porém isto aparece mais filosoficamente do que operacionalizado na prática.
Eles condizem com as formulações sobre adaptação e indicam que o enfermeiro e o cliente devem procurar entender o que dificulta a adaptação e buscar meios e ações que possibilitem a concretização da prática. Já os metaparadigmas da teoria são:
- A pessoa que é receptora do atendimento de enfermagem;
- O conceito de ambiente;
- O conceito de saúde;
- A meta da enfermagem.
A adaptação a esses estímulos constitui a resposta do indivíduo e promove o equilíbrio e integridade do sistema e, por consequência, da própria pessoa.
As respostas do indivíduo na forma de controle do processo constituem-se no mecanismo de enfrentamento defendido por Roy, que podem ter natureza genética ou de herança (sistema imunológico), ou de aprendizagem (por exemplo, uso de antissépticos para ferimentos).
A regulação na busca do equilíbrio é identificada e pode ter origem externa ou interna, tendo como resposta mecanismos reguladores como, por exemplo, os de natureza química, neural ou endócrina.
Ela considera, por exemplo, a existência de subsistemas reguladores que respondem aos estímulos. Entre os muitos existentes está àquele que promove a retroalimentação respiratória, em que o aumento do dióxido de carbono estimula os quimiorreceptores na medula a aumentar a frequência respiratória como compensação.
Outro subsistema identificado por Roy é o subsistema cognato, relacionado com as funções cerebrais superiores de percepção, processamento de informações, julgamento e da emoção. A dor é reconhecida como estímulo interno de entrada que leva o indivíduo a perceber, avaliar, julgar e decidir.
Roy identificou quatro modos de adaptação, quais sejam:
- O fisiológico, resposta física aos estímulos ambientais, como a oxigenação, a nutrição, a eliminação, a atividade, o repouso e a proteção;
- O autoconceito, relacionado com a necessidade de integridade psíquica, em que o foco é o ser pessoa e o ser físico, onde predominam os aspectos psicológicos e espirituais da pessoa;
- Modo de função do papel, na qual a principal necessidade preenchida é a integridade social, aonde são identificados os papéis primário, secundário e terciário. O papel primário determina a maioria dos comportamentos e é definido pelo sexo, idade e estágio de desenvolvimento da pessoa, determinando as realizações pelo papel secundário. O papel terciário é temporário, escolhido com liberdade (por exemplo, os hobbies que temos);
- Modo de interdependência, onde as necessidades afetivas são preenchidas, incluindo os valores humanos que são por ele identificados, como a afeição, o amor e a afirmação.
O modelo de adaptação de Roy, enfim, é um excelente parâmetro para as ações do enfermeiro, quando estão presentes as investigações do comportamento, do estímulo, o diagnóstico de enfermagem, o estabelecimento de metas, a intervenção e a avaliação.
Referências:
- Idarlanasousasilva et al.. Aplicabilidade da teoria da adaptação de sister calista roy na prática de enfermagem. Anais III JOIN / Edição Brasil… Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/49537>. Acesso em: 28/01/2022 11:52
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