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Série Sob Pressão: Cadê a Enfermagem?

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A Série médica da TV Globo, Sob Pressão, já mexe com o púbico e gera diversas reações, positivas e negativas. Vale destacar a reação de profissionais da Enfermagem, que em grande parte se indignou com o papel secundário ou praticamente inexistente, retratado pelo drama, na assistência em centros cirúrgicos.

Dito isso, pergunto: vocês já viram familiares de artistas, pessoas públicas, Políticos, Empresários, após se submeterem a cuidados hospitalares, agradecerem a equipe de Enfermagem, pelos cuidados prestados, naquelas famosas notas públicas, de agradecimento?

Infelizmente não. E a coisa é cultural. A mobilização que estamos propondo aqui, passa por isso. Tirar a Enfermagem, começando pelas técnicas e técnicos de enfermagem,que compõe a maioria dos profissionais de saúde, desse ostracismo cultural, enraizado na sociedade Brasileira.

Hoje O COREN-SP dispôs de uma nota oficial (ou carta aberta) sobre o manifesto de desapontamento em relação ao que é abordado na série, “Devemos destacar a atuação da enfermagem, que constitui uma grande força na luta diária para o atendimento digno à população.”

Na nota, o COREN-SP ressalta:

“O Coren-SP vem, por meio desta Carta Aberta, manifestar seu desapontamento em relação à abordagem que a série “Sob Pressão”, da Rede Globo, faz do cotidiano dos profissionais que atuam na rede pública de saúde. Ao centralizar todo o protagonismo da assistência na figura dos médicos, a emissora transmite uma imagem equivocada sobre a dinâmica das equipes de atendimento, menosprezando profissionais elementares no cuidado prestado à população.

Ressaltamos a grande importância da classe médica e seus esforços para otimizar os recursos do SUS, porém não podemos deixar de destacar a atuação dos profissionais de enfermagem, que constituem uma grande força na luta diária para a garantia de atendimento digno à população. Enfermeiros, técnicos, auxiliares de enfermagem e obstetrizes protagonizam a assistência em todas as suas etapas: desde o acolhimento do paciente e sua família, até procedimentos mais complexos, como o atendimento de urgência, emergência e pré-hospitalar.

A enfermagem está 24 horas por dia ao lado do paciente, ouvindo suas angústias e dores, esforçando-se para atender prontamente o soar da campainha nas longas madrugadas e se dedicando ao cuidado científico, para oferecer uma assistência segura aos usuários do SUS.

A categoria enfrenta uma dura realidade de desvalorização e de falta de reconhecimento e a série da Rede Globo reforça essa tendência, ao não revelar a importância de seus profissionais no dia a dia de uma instituição. São exaustivas jornadas de trabalho e baixos salários, pois não há jornada e pisos regulamentados; subdimensionamento de profissionais em relação à demanda de pacientes e atendimento; falta de insumos, estrutura e de condições dignas de trabalho e também uma epidemia de violência. Pesquisa realizada pelo Coren-SP, em parceria com o Cremesp, revelou que mais de 70% da categoria já sofreu algum tipo de agressão no ambiente de trabalho.

O Coren-SP não mede esforços para transformar essa realidade, incentivando o empoderamento da categoria e a conscientização da sociedade sobre a importância do profissional de enfermagem na assistência em saúde. Porém, a mídia tem uma grande responsabilidade nesse contexto e deve cumprir devidamente o seu papel de informar a sociedade seguindo os preceitos da veracidade e objetividade. Uma emissora de TV do porte da Rede Globo, ao abordar o cotidiano de uma instituição de saúde e dos profissionais que nela atuam a partir de uma ótica equivocada, promove a desinformação e reforça estereótipos que devem ser desmistificados.

Esperamos que a emissora e os produtores da série “Sob Pressão” reavaliem a ótica adotada na formulação da trama, retratando fielmente o papel e a importância de cada profissional nas equipes de saúde e atribuindo à enfermagem a devida valorização e reconhecimento.”

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Carta Aberta do COREN-SP à Rede Globo de Televisão

Não compreendi. Não existe enfermagem no local em que a série é e rodada, pelo visto. Zero de limpeza, zero de organização.

Sob pressão estão todos os profissionais que atuam aí nas emergências públicas. A equipe de enfermagem sofre muito, mas MUITO com a pressão na realidade desses locais. Quantas vezes não têm material para trabalhar e têm que improvisar sem ferir a ética e os princípios científicos?

Quantas vezes o colega médico é inexperiente e os enfermeiros que salvam suas vidas, orientando o que é correto e urgente a ser feito (papagaio come o milho e periquito leva a fama)?

Quantas vezes têm que sair para a remoção 5 minutos antes de trocar a equipe para uma base bem distante como forma de “punição” de um colega geralmente médico, mal humorado e que vê em profissionais competentes uma ameaça e não somente força de trabalho que almeja o dever bem cumprido (ouvi essa história de vários profissionais de enfermagem).

A lista é longa da pressão que sofrem os colegas. A pior é a pressão que sofrem diante da fragilidade dos pacientes que não sabem se defender e que tanto necessitam de profissionais competentes e que não percam tempo com vaidades pessoais. Laboriosos TODOS, merecem uma homenagem a seu esforço no árduo trabalho diário de salvar vidas. Que este trabalho seja divulgado.

Precisamos ir para a galera! Mostrar para a população nossa importância e, assim, seremos melhor reconhecidos no lindo e indispensável trabalho que fazemos como orgulhosos profissionais de enfermagem, como auxiliares, técnicos e enfermeiros.

Seres humanos iguais e dignos, com graus de conhecimento diferentes que merecem respeito por terem sido alcançados. Enfermagem vale a vida (e salva vidas; muitas).

Comentários
Christiane Ribeiro
Técnico de Enfermagem Intensivista (há 14 anos), atuante em UTI Adulto: Geral, Cardiológica, COVID-19. Além de ser profissional de enfermagem, sou ilustradora digital, e nos tempos livres dedico à ilustrações da saúde para estudantes e profissionais, e também sou uma influenciadora digital na enfermagem.
https://enfermagemilustrada.com

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