Azul de Metileno

A princípio, o Cloreto de metiltionínio, mas popularmente conhecido como Azul de Metileno, foi sintetizado em 1876 por Heinrich Caro, como um corante á base de anilina.

Robert Koch e Paul Ehrlich rapidamente puderam perceber que o azul de metileno poderia ser utilizado em coloração e inativação de micro-organismos, e assim o azul de metileno foi o primeiro composto sintético usado como antisséptico.

Baseando-se nas suas propriedades, os estudos foram aprofundados e foi possível descobrir que em aplicação de dosagens altas, o azul de metileno é capaz de interromper as funções das fibras e terminações nervosas, onde foi introduzido em 1890 como analgésico.

Foi então que Ehrlich, junto ao psiquiatra alemão Arthur Leppmann, obtiveram sucesso em tratamento de doenças reumáticas e neulípticas.

As descobertas não pararam, e em 1891 Ehrlich pôde comprovar sua eficácia no tratamento contra a malária.

Desde então o azul de metileno tem sido muito usado em pesquisas de infecções bacterianas e doenças virais, na medicina humana e veterinária, além de ainda ser usado como corante e agente redox nos experimentos dos laboratórios químicos.

Há também estudos que comprovam a ação antioxidante do azul de metileno contra radicais livres, sendo um marco para a indústria cosmética na melhora e rejuvenescimento da pele.

Em estudos recentes, o azul de metileno tem obtido bons resultados em pacientes com Alzheimer, devido à sua capacidade de aumento nos níveis sinápticos de acetilcolina, que tem um papel importantíssimo na memória e funções cognitivas.

Uso como Antídoto

A substância é tradicionalmente utilizada como antídoto em quadros de metemoglobinemia.

Causas de Metemoglobinemia

Intoxicação por:
  • Derivados da anilina, dapsona, anestésicos locais, nitratos, nitritos, óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos, fenazopiridina, antimaláricos do tipo primaquina, sulfonamidas.

Mecanismo de Ação: A oxidação do ferro da hemoglobina de sua forma ferrosa (Fe2+) para férrica (Fe3+) impede a ligação, o transporte e a captação do oxigênio (metemoglobinemia desvia a curva de dissociação do oxigênio para a esquerda).

Manifestações Clínicas:

  • Sinais e sintomas iniciais: dispneia, taquipneia, náusea e vômitos; associada a quadro de cefaléia, agitação e confusão mental;
  • Evolui rapidamente com rebaixamento do nível de consciência e coma;
  • Manifestações cardiovasculares: arritmias, isquemia cardíaca, hipotensão e síncope;
  • Laboratório: Acidose metabólica grave com aumento do lactato; PaO2 e saturação de oxigênio calculada normais;
  • Hematoscopia: A oxidação da proteína da hemoglobina provoca precipitação e anemia hemolítica (evidenciada por corpúsculos de Heinz e “bite cells” no esfregaço do sangue periférico).

Algumas Curiosidades

  • É um corante de cor azul, antibacteriano que tem seu uso como externo ou interno;
  • Na medicina geralmente utilizado para realizar demarcação dos órgãos e locais a serem operados;
  • Em laboratórios para fazer a coloração de lâminas;
  • É normal o paciente que usou o corante azul de metileno apresentar a urina azul ou verde.

Referências:

  1. MBChB Fbkn. O Papel do Azul de Metileno na Síndrome Serotoninérgica: Uma Revisão Sistemática. ELSIVIER. 2010; 51:194-200. Disponível em:  https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S003331821070685X;
  2. Pebmed
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