Complicações Circulatórias: Entendendo, Reconhecendo e Cuidando

O sistema circulatório é responsável por transportar oxigênio e nutrientes a todas as partes do corpo, garantindo que órgãos e tecidos funcionem adequadamente. Quando esse sistema apresenta falhas, seja por obstrução, dilatação ou fragilidade dos vasos, surgem as chamadas complicações circulatórias.

Elas variam desde condições comuns, como as varizes, até situações graves, como o acidente vascular cerebral (AVC) ou o aneurisma. Para profissionais e estudantes de enfermagem, compreender essas doenças é essencial para atuar na prevenção, no cuidado e no acompanhamento do paciente.

Varizes: Mais do que um Problema Estético

As varizes são um problema comum, mas que pode ir além da preocupação estética, causando dor e desconforto.

  • O que são: Veias dilatadas e tortuosas que se formam, principalmente, nas pernas. Elas surgem quando as válvulas dentro das veias, que ajudam o sangue a fluir de volta para o coração, se enfraquecem ou falham.
  • Causas: Fatores genéticos, sedentarismo, obesidade, gravidez, longos períodos em pé ou sentado e o envelhecimento.
  • Sintomas: Dor, sensação de peso nas pernas, inchaço, coceira e, em casos mais graves, o desenvolvimento de úlceras venosas.
  • Cuidados de Enfermagem: Acolher o paciente, orientar sobre o uso de meias de compressão, estimular a prática de exercícios físicos (como caminhada), elevar as pernas em repouso e orientar sobre a higiene adequada da pele para prevenir úlceras.

Trombose Venosa Profunda (TVP): O Coágulo Silencioso

A trombose é uma complicação séria que exige atenção imediata para evitar consequências graves.

  • O que é: A formação de um coágulo sanguíneo (trombo) dentro de uma veia profunda, geralmente nas pernas.
  • Causas: Imobilidade prolongada (pós-cirurgia, longas viagens), trauma, uso de anticoncepcionais orais, câncer e predisposição genética.
  • Sintomas: Inchaço, dor, calor e vermelhidão na perna afetada. No entanto, pode ser assintomática, tornando o diagnóstico difícil.
  • Complicação grave: Se o coágulo se solta e viaja até os pulmões, causa uma embolia pulmonar, que é uma emergência médica.
  • Cuidados de Enfermagem: Avaliar os sinais e sintomas (sinal de Homans positivo, por exemplo), estimular a movimentação precoce em pacientes hospitalizados, orientar sobre o uso de anticoagulantes, e educar sobre os riscos e a importância do tratamento.

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS): A Pressão que Prejudica o Coração

A hipertensão é uma das doenças mais comuns e, muitas vezes, é silenciosa.

  • O que é: A pressão do sangue nas paredes das artérias está consistentemente elevada. É conhecida como “assassina silenciosa” porque raramente apresenta sintomas.
  • Causas: Fatores genéticos, obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de sal e álcool, estresse e tabagismo.
  • Complicações: É um dos principais fatores de risco para Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e doença renal crônica.
  • Cuidados de Enfermagem: Aferir a pressão arterial corretamente, educar o paciente sobre dieta (redução de sal), prática de exercícios, controle de peso e adesão ao tratamento medicamentoso.

Acidente Vascular Cerebral (AVC): Quando o Cérebro Pede Socorro

O AVC é uma emergência neurológica, onde o tempo de atendimento faz toda a diferença.

  • O que é: Acontece quando o fluxo sanguíneo para uma parte do cérebro é interrompido.
    • AVC Isquêmico: O mais comum, causado por um coágulo que obstrui uma artéria.
    • AVC Hemorrágico: Causado pelo rompimento de um vaso sanguíneo no cérebro.
  • Sintomas: Perda súbita de força em um lado do corpo (face, braço ou perna), dificuldade para falar ou entender, alterações visuais, tontura e dor de cabeça intensa.
  • Cuidados de Enfermagem: Agir rapidamente! Identificar os sinais e encaminhar para a emergência, monitorar sinais vitais, avaliar o estado neurológico, prestar assistência ao paciente e à família e atuar na reabilitação no pós-AVC.

Aneurisma: O Ponto Fraco da Artéria

O aneurisma é uma condição grave, muitas vezes assintomática, que pode levar a um quadro hemorrágico fatal.

  • O que é: Uma dilatação anormal e permanente em uma artéria. A parede do vaso fica enfraquecida e se expande.
  • Causas: Hipertensão arterial, tabagismo, aterosclerose e fatores genéticos.
  • Onde ocorre: Os mais comuns são o aneurisma da aorta abdominal e o cerebral.
  • Complicação grave: O aneurisma pode se romper, causando uma hemorragia interna grave.
  • Cuidados de Enfermagem: Monitorar a pressão arterial rigorosamente, orientar sobre o controle dos fatores de risco (tabagismo, HAS), e prestar cuidados intensivos em caso de ruptura ou cirurgia reparadora.

Insuficiência Cardíaca (IC): O Coração Fraco

A insuficiência cardíaca é uma síndrome crônica, resultado de outras doenças cardíacas.

  • O que é: O coração não consegue bombear sangue suficiente para atender às necessidades do corpo.
  • Causas: Hipertensão arterial, Doença Arterial Coronariana (DAC), infarto do miocárdio, valvulopatias.
  • Sintomas: Falta de ar (dispneia), inchaço nas pernas e abdômen (edema), tosse, fadiga e dificuldade para realizar atividades simples.
  • Cuidados de Enfermagem: Monitorar os sinais vitais, balanço hídrico, peso diário, administrar medicamentos (diuréticos, anti-hipertensivos), orientar sobre a dieta (redução de sódio e líquidos) e a importância da atividade física moderada.

Doença Arterial Coronariana (DAC): As Artérias do Coração Entupidas

A DAC é uma das principais causas de mortalidade no mundo.

  • O que é: As artérias que fornecem sangue ao coração (artérias coronárias) ficam endurecidas e estreitadas devido ao acúmulo de placas de gordura (aterosclerose).
  • Causas: Tabagismo, hipertensão, diabetes, colesterol alto, sedentarismo e obesidade.
  • Consequência: A redução do fluxo sanguíneo causa dor no peito (angina) e, se a artéria for totalmente obstruída, causa um infarto do miocárdio.
  • Cuidados de Enfermagem: Atuar na prevenção (educação sobre fatores de risco), prestar assistência em casos de angina e infarto, monitorar o paciente, administrar medicamentos e orientar sobre a reabilitação cardíaca.

Doença Arterial Periférica (DAP): O Problema nas Pernas

A DAP é uma aterosclerose que afeta as artérias dos membros, principalmente das pernas.

  • O que é: O acúmulo de placas de gordura nas artérias que levam sangue para os membros inferiores.
  • Causas: Fatores de risco semelhantes aos da DAC (tabagismo, hipertensão, diabetes).
  • Sintomas: Dor nas pernas ao caminhar (claudicação intermitente), que melhora com o repouso. Em casos graves, pode causar dor em repouso, feridas que não cicatrizam e, em último caso, gangrena.
  • Cuidados de Enfermagem: Estimular a caminhada supervisionada (mesmo que com dor), orientar sobre o cuidado com os pés (especialmente em pacientes diabéticos), monitorar pulsos periféricos e avaliar a presença de feridas.

O Nosso Papel Essencial na Saúde Circulatória

Todas essas condições, apesar de distintas, compartilham fatores de risco e a necessidade de um cuidado de enfermagem atento e humanizado. Nosso papel é de:

  1. Avaliação: Identificar os sinais e sintomas precoces.
  2. Educação: Ensinar o paciente a viver melhor, controlando a dieta, o peso, o tabagismo e o sedentarismo.
  3. Monitoramento: Aferir e registrar sinais vitais, balanço hídrico, e a resposta ao tratamento.
  4. Apoio: Oferecer suporte emocional e garantir que o paciente e sua família compreendam a jornada da doença.

A saúde circulatória é um tema vasto, mas com nosso conhecimento e dedicação, podemos ser os verdadeiros guardiões do bem-estar dos nossos pacientes.

Referências:

  1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC). Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. São Paulo: SBC, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abc/a/mP54JpG87X573s99hGzBczq/?lang=pt.
  2. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANGIOLOGIA E CIRURGIA VASCULAR (SBACV). Complicações Circulatórias. Disponível em: https://www.sbacv.org.br/. (O site da SBACV é um excelente recurso para informações detalhadas sobre varizes, trombose, aneurismas e DAP).
  3. POTTER, P. A.; PERRY, A. G.; STOCKERT, P.; HALL, A. Fundamentos de Enfermagem. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. (Consultar capítulos sobre sistema cardiovascular e cuidados de enfermagem).

Classificação da Hipotermia

hipotermia é definida como a queda da temperatura corporal central abaixo de 35°C, podendo levar a complicações graves, incluindo arritmias cardíacas, falência de órgãos e morte. A classificação da hipotermia em leve, moderada e grave é essencial para determinar a abordagem terapêutica adequada.

Este artigo detalha cada estágio, seus sinais clínicos e os cuidados específicos de enfermagem necessários para um manejo eficaz.

Hipotermia Leve (32°C – 35°C)

Sinais e Sintomas

  • Tremores intensos (mecanismo de geração de calor);
  • Pele fria e pálida;
  • Taquicardia e taquipneia compensatórias;
  • Confusão leve e dificuldade de coordenação;
  • Pressão arterial normal ou levemente elevada.

Cuidados de Enfermagem

  • Aquecimento passivo:
    • Remover roupas molhadas e cobrir com cobertores secos.
    • Ambiente aquecido (25°C – 28°C).
  • Monitorar temperatura central (termômetro esofágico ou retal).
  • Oferecer líquidos quentes (se o paciente estiver consciente).
  • Evitar movimentos bruscos (risco de arritmia).

Hipotermia Moderada (28°C – 32°C)

Sinais e Sintomas

  • Tremores cessam (depleção de energia muscular);
  • Bradicardia e bradipneia;
  • Diminuição do nível de consciência (letargia, estupor);
  • Dilatação pupilar (midríase);
  • Hipotensão e diminuição do débito urinário;
  • Risco de fibrilação ventricular.

Cuidados de Enfermagem

  • Aquecimento ativo externo:
    • Manta térmica, compressas aquecidas (evitar queimaduras).
    • Oxigênio umidificado e aquecido (42°C – 46°C).
  • Monitorização cardíaca contínua (risco de arritmias).
  • Acesso venoso para fluidos aquecidos (soro fisiológico a 40°C – 42°C).
  • Preparo para intubação orotraqueal (depressão respiratória).

Hipotermia Grave (<28°C)

Sinais e Sintomas

  • Inconsciência (coma);
  • Arritmias graves (Fibrilação Ventricular, Assistolia);
  • Ausência de reflexos;
  • Pressão arterial indetectável;
  • Edema pulmonar e falência renal aguda;
  • Rigor mortis paradoxal (pode ser confundido com óbito).

Cuidados de Enfermagem

  • Aquecimento ativo interno:
    • Infusão intravenosa de soluções aquecidas.
    • Lavagem peritoneal ou pleural com fluido aquecido.
    • ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) em casos extremos.
  • Suporte avançado de vida (ACLS) com ênfase em:
    • Desfibrilação pode ser ineficaz abaixo de 30°C.
    • CPR prolongado até aquecimento (>30°C).
  • Evitar manipulação excessiva (risco de fibrilação ventricular).

Cuidados Gerais de Enfermagem

Prevenção de Complicações

  • Monitorização contínua: ECG, temperatura central, diurese.
  • Evitar rewarming shock (vasodilatação abrupta → hipotensão).
  • Avaliar lesões associadas (congelamento, trauma).

Educação ao Paciente e Familiares

  • Grupos de risco (idosos, alcoólatras, sem-teto).
  • Roupas adequadas para ambientes frios.
  • Reconhecer sinais precoces de hipotermia.

A classificação da hipotermia em leve, moderada e grave direciona a intervenção terapêutica, desde medidas simples de aquecimento até suporte avançado de vida. A enfermagem desempenha papel crucial no monitoramento, reaquecimento seguro e prevenção de complicações, melhorando o prognóstico dos pacientes.

Referências:

  1. ZAFREN, K. et al. Wilderness Medical Society Practice Guidelines for the Out-of-Hospital Evaluation and Treatment of Accidental Hypothermia. Wilderness & Environmental Medicine, v. 30, n. 4, p. S47-S69, 2019. Disponível em: https://www.wemjournal.org/article/S1080-6032(19)30170-6/fulltext.
  2. RASIL. Ministério da Saúde. Protocolo de Manejo da Hipotermia Acidental. Brasília, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude.
  3. BROWN, D. J. A. et al. Accidental Hypothermia. New England Journal of Medicine, v. 367, n. 20, p. 1930-1938, 2012. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMra1114208.
  4. AMERICAN HEART ASSOCIATION (AHA). Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circulation, v. 142, n. 16, 2020. Disponível em: https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIR.0000000000000916

Entenda sobre a Neuropatia Diabética

Se você está estudando enfermagem ou já atua na área, com certeza já se deparou com pacientes com diabetes. Essa condição crônica exige um cuidado integral, e uma das complicações mais comuns e impactantes é a neuropatia diabética.

Para nós, futuros profissionais de enfermagem, entender essa condição em detalhes é crucial para oferecermos um cuidado eficaz e compassivo. Vamos juntos desmistificar a neuropatia diabética e descobrir como ela afeta nossos pacientes?

O Que Acontece com os Nervos no Diabetes? Uma Explicação Simples

Imagine seus nervos como fios elétricos que transmitem mensagens por todo o seu corpo, permitindo que você sinta, se mova e controle diversas funções. No diabetes, níveis elevados de glicose no sangue ao longo do tempo podem danificar esses “fios”, especialmente os menores e mais distantes, como os dos pés e das pernas. Essa lesão progressiva é o que chamamos de neuropatia diabética.

Existem diferentes tipos de neuropatia diabética, afetando diferentes partes do corpo e causando uma variedade de sintomas. A mais comum é a neuropatia periférica, que afeta os nervos dos membros.

Mas também podemos ter a neuropatia autonômica, que atinge os nervos que controlam funções involuntárias como a digestão, a frequência cardíaca e a pressão arterial; a neuropatia focal ou mononeuropatia, que afeta um único nervo; e a neuropatia proximal, que causa dor e fraqueza nas coxas, quadris e nádegas.

Os Sinais Sutis e os Sintomas Incômodos: Como a Neuropatia se Manifesta

A neuropatia diabética pode se desenvolver de forma lenta e gradual, e os sintomas podem variar bastante de pessoa para pessoa. Em alguns casos, a pessoa pode nem perceber os sinais no início. Mas, com o tempo, os nervos danificados começam a enviar sinais anormais ou a não enviar sinais corretamente, levando a uma série de sintomas:

  • Perda de Sensibilidade: Este é um dos sintomas mais comuns e perigosos. A pessoa pode perder a capacidade de sentir dor, temperatura ou toque nos pés e nas mãos. Isso significa que pequenos ferimentos, cortes, bolhas ou queimaduras podem passar despercebidos, evoluindo para problemas mais sérios como úlceras e infecções.
  • Sensações Anormais: Além da perda de sensibilidade, muitas pessoas com neuropatia periférica experimentam sensações estranhas, como formigamento, dormência, queimação, pontadas ou choques, especialmente à noite. Essas sensações podem ser leves no início, mas podem se tornar intensas e interferir no sono e na qualidade de vida.
  • Dor: A dor neuropática pode ser lancinante, constante ou intermitente, e muitas vezes é descrita como uma queimação profunda. Ela pode piorar à noite e ser difícil de controlar com analgésicos comuns.
  • Fraqueza Muscular: A neuropatia pode afetar os nervos que controlam os músculos, levando à fraqueza, principalmente nas pernas e nos pés. Isso pode causar dificuldade para caminhar, tropeçar com frequência e ter problemas de equilíbrio.
  • Problemas de Coordenação: A perda de sensibilidade e a fraqueza muscular podem afetar a coordenação dos movimentos, tornando atividades simples como abotoar uma camisa ou segurar objetos mais difíceis.
  • Deformidades nos Pés: A fraqueza muscular e a perda de sensibilidade podem levar a alterações na estrutura dos pés, como dedos em garra, joanetes e arcos caídos. Essas deformidades aumentam o risco de pressão em áreas específicas, facilitando o surgimento de úlceras.

Quando a neuropatia afeta o sistema nervoso autônomo, os sintomas podem ser ainda mais diversos:

  • Problemas Digestivos: Náuseas, vômitos, constipação ou diarreia podem ocorrer devido ao comprometimento dos nervos que controlam a motilidade intestinal. A gastroparesia (retardo no esvaziamento do estômago) é uma complicação comum.
  • Problemas Cardiovasculares: A neuropatia autonômica pode afetar a frequência cardíaca e a pressão arterial, levando a tonturas ao levantar (hipotensão ortostática) ou a um ritmo cardíaco anormal.
  • Problemas Urinários: Dificuldade para esvaziar a bexiga, incontinência urinária ou infecções urinárias frequentes podem ser sinais de neuropatia autonômica na bexiga.
  • Disfunção Erétil: Nos homens, a neuropatia autonômica pode afetar os nervos responsáveis pela ereção.
  • Sudorese Anormal: Algumas pessoas podem apresentar aumento ou diminuição da sudorese, especialmente à noite.
  • Dificuldade em Reconhecer a Hipoglicemia: A neuropatia autonômica pode interferir nos sinais de alerta da hipoglicemia, tornando mais difícil para a pessoa perceber quando o açúcar no sangue está baixo.

O Olhar Atento da Enfermagem: Nossos Cuidados Essenciais

Para nós, profissionais de enfermagem, o cuidado ao paciente com neuropatia diabética exige uma abordagem multidisciplinar e atenta a todos os aspectos da vida do paciente.

Nossas ações visam principalmente:

  • Avaliação Detalhada: Realizar uma avaliação completa do paciente, incluindo histórico da diabetes, controle glicêmico, sintomas neurológicos, exame físico focado (sensibilidade tátil, dolorosa, vibratória, reflexos), avaliação dos pés e da marcha.
  • Educação para o Autocuidado: Este é um pilar fundamental. Precisamos educar o paciente sobre a importância do controle glicêmico rigoroso para prevenir a progressão da neuropatia, os cuidados diários com os pés (inspeção, higiene, hidratação, uso de calçados adequados), a importância de evitar traumas e como identificar sinais de alerta (ferimentos, alterações na cor ou temperatura dos pés).
  • Manejo da Dor: A dor neuropática pode ser debilitante. Trabalhamos em conjunto com a equipe médica para implementar estratégias de controle da dor, que podem incluir medicamentos específicos para dor neuropática, terapias não farmacológicas (exercícios, acupuntura, estimulação nervosa elétrica transcutânea – TENS) e orientações sobre técnicas de relaxamento.
  • Prevenção de Lesões nos Pés: A perda de sensibilidade aumenta muito o risco de lesões nos pés. Nossas orientações devem ser enfáticas sobre a inspeção diária dos pés (inclusive entre os dedos), a lavagem cuidadosa e a secagem completa, o uso de meias de algodão sem costuras e sapatos confortáveis e adequados, e a importância de evitar andar descalço. Qualquer ferimento, por menor que seja, deve ser avaliado por um profissional de saúde.
  • Promoção da Mobilidade e Prevenção de Quedas: A fraqueza muscular e os problemas de equilíbrio aumentam o risco de quedas. Devemos orientar sobre exercícios de fortalecimento muscular e equilíbrio, avaliar o ambiente doméstico em busca de fatores de risco para quedas e, se necessário, recomendar o uso de dispositivos de auxílio à marcha.
  • Manejo dos Sintomas Autonômicos: Para pacientes com neuropatia autonômica, os cuidados serão direcionados aos sintomas específicos. Isso pode incluir orientações sobre mudanças posturais para evitar a hipotensão ortostática, manejo da dieta e horários das refeições para problemas digestivos, orientações sobre o controle da bexiga e encaminhamento para avaliação urológica, e discussão sobre o manejo da disfunção erétil.
  • Monitorização e Detecção Precoce de Complicações: Acompanhar regularmente o paciente, observando sinais de progressão da neuropatia ou surgimento de complicações como úlceras nos pés, infecções ou alterações cardiovasculares.
  • Suporte Emocional: Viver com neuropatia diabética pode ser frustrante e impactar a qualidade de vida. Oferecer escuta ativa, empatia e apoio emocional é fundamental para ajudar o paciente a lidar com os desafios da condição.

Cuidando dos “Fios da Vida”: Uma Abordagem Holística

A neuropatia diabética é uma complicação séria que exige um cuidado de enfermagem abrangente e individualizado. Nosso papel vai além de tratar os sintomas; envolve educar, prevenir complicações e promover a melhor qualidade de vida possível para nossos pacientes.

Ao entendermos a complexidade dessa condição e suas diversas manifestações, podemos oferecer um cuidado mais eficaz e compassivo, ajudando nossos pacientes a “cuidar dos seus fios da vida” da melhor maneira possível.

Referências:

  1. AMERICAN DIABETES ASSOCIATION (ADA). Standards of Medical Care in Diabetes—2024. Diabetes Care, v. 47, Supplement 1, p. S1-S263, 2024. (Consultar seção sobre neuropatia). Disponível em: https://diabetesjournals.org/care/article/47/Supplement_1/S1/15386/1-Standards-of-Medical-Care-in-Diabetes-2024.
  2. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES (SBD). Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020. São Paulo: SBD, 2019. (Consultar capítulo sobre neuropatia diabética). Disponível em: https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/DIRETRIZES-SBD-2019.pdf.
  3. DYCK, P. J.; ALBERS, J. W.; ANDREWS, J. L.; et al. Diabetic polyneuropathy: update on research definition, diagnostic criteria, and nosologic principles. Diabetes Care, v. 34, n. 6, p. 1432-1437, 2011. Disponível em: https://diabetesjournals.org/care/article/34/6/1432/37259/Diabetic-Polyneuropathy-Update-on-Research.

Hipertensão arterial sistêmica (HAS)

Hoje vamos conversar sobre um tema super importante e muito prevalente na nossa prática: a Hipertensão Arterial Sistêmica, ou HAS. Tenho certeza que vocês já ouviram falar, mas vamos aprofundar um pouco para entender todos os detalhes e, principalmente, o nosso papel crucial no cuidado desses pacientes.

Preparados?

O Que é, Afinal, Essa Tal de HAS?

De forma bem simples, a Hipertensão Arterial Sistêmica acontece quando a pressão que o sangue exerce nas paredes das nossas artérias se eleva de forma crônica. Imagina as artérias como canos por onde o sangue flui. Quando essa pressão fica muito alta por um longo período, pode danificar esses “canos” e também o “motor” que bombeia o sangue, que é o nosso coração.

A pressão arterial é medida por dois números: a pressão sistólica (o número mais alto), que representa a pressão quando o coração se contrai para bombear o sangue, e a pressão diastólica (o número mais baixo), que representa a pressão quando o coração relaxa entre as batidas. Consideramos hipertensão quando essas medidas ficam iguais ou acima de 140 mmHg (sistólica) e/ou 90 mmHg (diastólica) em diversas medições.

O grande problema da HAS é que, na maioria das vezes, ela é silenciosa. Muitas pessoas convivem com a pressão alta por anos sem sentir nenhum sintoma. É por isso que ela é conhecida como o “assassino silencioso”. E é justamente essa falta de sintomas que torna o diagnóstico tardio e aumenta o risco de complicações graves.

Por Que a Pressão Sobe? Entendendo as Causas

As causas da HAS podem ser divididas em dois grandes grupos:

  • Hipertensão Primária (ou Essencial): Essa é a forma mais comum, representando cerca de 90% dos casos. Nela, não conseguimos identificar uma única causa específica para a elevação da pressão. Ela geralmente se desenvolve ao longo dos anos e está relacionada a diversos fatores como histórico familiar de hipertensão, idade avançada, obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de sal, estresse e tabagismo. É uma combinação de fatores genéticos e de estilo de vida.
  • Hipertensão Secundária: Essa forma é menos comum e geralmente tem uma causa subjacente identificável, como doenças renais, problemas hormonais (como o hiperaldosteronismo), apneia do sono, uso de certos medicamentos (como alguns anticoncepcionais e descongestionantes nasais) e até mesmo a gravidez (pré-eclâmpsia). Nesses casos, o tratamento da causa primária muitas vezes leva à normalização da pressão arterial.

É importante que a equipe médica investigue a possível causa da hipertensão para direcionar o tratamento de forma mais eficaz.

Os Perigos da Pressão Alta Não Controlada

Deixar a hipertensão sem tratamento ou com controle inadequado pode trazer consequências sérias para a saúde, afetando diversos órgãos e sistemas do nosso corpo:

  • Doenças Cardiovasculares: A pressão alta força o coração a trabalhar mais, o que pode levar ao espessamento do músculo cardíaco (hipertrofia ventricular esquerda), angina (dor no peito), infarto agudo do miocárdio (ataque cardíaco) e insuficiência cardíaca (quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para o corpo).
  • Acidente Vascular Cerebral (AVC): A pressão alta pode enfraquecer as paredes dos vasos sanguíneos do cérebro, aumentando o risco de rompimento (AVC hemorrágico) ou obstrução por coágulos (AVC isquêmico).
  • Doença Renal Crônica: A hipertensão danifica os pequenos vasos sanguíneos dos rins, prejudicando sua capacidade de filtrar o sangue, o que pode levar à insuficiência renal e à necessidade de diálise.
  • Problemas de Visão: A pressão alta pode afetar os vasos sanguíneos da retina, causando a retinopatia hipertensiva, que pode levar à perda da visão.
  • Outras Complicações: A HAS também pode contribuir para o desenvolvimento de demência vascular, disfunção erétil e doença arterial periférica.

Por isso, a detecção precoce e o controle adequado da hipertensão são fundamentais para prevenir essas complicações e garantir uma melhor qualidade de vida para o paciente.

O Papel Essencial da Enfermagem no Cuidado ao Paciente Hipertenso

Nós, profissionais de enfermagem, desempenhamos um papel crucial em todas as fases do cuidado ao paciente com HAS. Nossa atuação vai desde a detecção precoce até o acompanhamento contínuo e a educação para a saúde.

Na Detecção e Diagnóstico:

  • Aferição da Pressão Arterial: Realizar a aferição da pressão arterial de forma correta, seguindo as técnicas padronizadas e utilizando equipamentos calibrados. Registrar os valores de forma clara e precisa no prontuário do paciente.
  • Identificação de Fatores de Risco: Durante a anamnese, identificar os fatores de risco para HAS presentes no paciente (histórico familiar, hábitos de vida, comorbidades).
  • Orientação sobre a Medição Domiciliar da Pressão Arterial (MAPA e MRPA): Explicar ao paciente a importância e a forma correta de realizar a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) e a Medida Residencial da Pressão Arterial (MRPA), quando indicadas, e orientar sobre o registro dos resultados.

No Tratamento e Acompanhamento:

  • Administração de Medicamentos: Garantir a administração correta da medicação anti-hipertensiva prescrita, observando a dose, a via e o horário. Orientar o paciente sobre a importância da adesão ao tratamento, os possíveis efeitos colaterais e como lidar com eles.
  • Monitorização dos Sinais Vitais: Acompanhar regularmente os sinais vitais, especialmente a pressão arterial, e observar a resposta ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso.
  • Identificação de Sinais de Alerta: Estar atento a sinais e sintomas que possam indicar descontrole da pressão ou complicações, como dor de cabeça intensa, tontura, alterações visuais, dor no peito, falta de ar e edema (inchaço). Comunicar imediatamente qualquer alteração à equipe médica.
  • Promoção de um Estilo de Vida Saudável: Essa é uma das nossas principais frentes de atuação. Precisamos orientar o paciente sobre a importância de:
    • Alimentação saudável: Redução do consumo de sal, gorduras saturadas e alimentos processados, e aumento da ingestão de frutas, verduras, legumes e fibras.
    • Prática regular de atividade física: Incentivar a realização de exercícios aeróbicos (caminhada, corrida, natação) por pelo menos 30 minutos na maioria dos dias da semana.
    • Controle do peso: Orientar sobre estratégias para alcançar e manter um peso saudável.
    • Abandono do tabagismo: Informar sobre os malefícios do cigarro e oferecer apoio para a cessação.
    • Moderação no consumo de álcool: Orientar sobre os limites seguros de consumo de bebidas alcoólicas.
    • Gerenciamento do estresse: Ensinar técnicas de relaxamento e estratégias para lidar com o estresse do dia a dia.

Na Educação em Saúde:

  • Esclarecimento sobre a HAS: Explicar de forma clara e acessível o que é a hipertensão, suas causas, os riscos de não tratamento e a importância do controle.
  • Reforço da Adesão ao Tratamento: Motivar o paciente a seguir as orientações médicas e a manter a medicação, mesmo quando se sentir bem.
  • Empoderamento do Paciente: Ensinar o paciente a monitorar sua pressão arterial em casa, a reconhecer sinais de alerta e a participar ativamente do seu tratamento.
  • Suporte Emocional: Oferecer apoio emocional e escuta qualificada, pois o diagnóstico de uma doença crônica como a HAS pode gerar ansiedade e medo.

Nosso trabalho como profissionais de enfermagem são fundamentais para o sucesso do tratamento da HAS. Através da nossa avaliação, da administração de cuidados, da educação e do apoio, podemos contribuir significativamente para a prevenção de complicações e para a melhora da qualidade de vida dos nossos pacientes.

Referências:

  1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 1 v. 116, n. 3, p. 516-658, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abc/a/mprRj48g27P86q7mG7nKkYt/?format=pdf.
  2. MALACHIAS, M. V. B. et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 107, n. 3 supl. 3, p. 1-83, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abc/a/mprRj48g27P86q7mG7nKkYt/?format=pdf.
  3. SMELTZER, S. C.; BARE, B. G.; HINKLE, J. L.; CHEEVER, K. H. Brunner & Suddarth’s textbook of medical-surgical nursing. 14. ed. Philadelphia: Wolters Kluwer, 2018.

O Linfedema e seus Estágios

O linfedema é uma condição crônica caracterizada pelo inchaço de um membro (geralmente braço ou perna) devido ao acúmulo de líquido linfático nos tecidos. Esse acúmulo ocorre quando o sistema linfático, responsável por drenar o líquido dos tecidos, está obstruído ou danificado.

Estágios do Linfedema

Estágio 0 (Latente)

Neste estágio, o inchaço ainda não é visível, mas o sistema linfático já está comprometido. O indivíduo pode apresentar sintomas como sensação de peso no membro afetado, fadiga e rigidez.

  • Tratamento: O tratamento precoce é crucial para prevenir a progressão da doença. Geralmente, envolve exercícios leves, cuidados com a pele e medidas para evitar infecções.

Estágio I (Leve)

O inchaço é leve e reversível, ou seja, diminui com a elevação do membro. A pele pode apresentar uma textura um pouco mais espessa.

  • Tratamento: O tratamento nesse estágio inclui terapia de compressão, drenagem linfática manual e exercícios específicos.

Estágio II (Moderado)

O inchaço é mais evidente e persistente, mesmo com a elevação do membro. A pele pode apresentar fibrose (endurecimento) e alterações na coloração.

  • Tratamento: O tratamento é mais complexo e pode incluir terapia de compressão mais intensa, drenagem linfática manual regular, cuidados avançados com a pele e, em alguns casos, cirurgia.

Estágio III (Severo ou Avançado)

O inchaço é irreversível e causa deformidades no membro afetado. A pele pode apresentar verrugas, fissuras e infecções frequentes.

  • Tratamento: O tratamento nesse estágio visa controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente, pois a reversão do inchaço é difícil. As opções incluem cuidados avançados com a pele, terapia de compressão, drenagem linfática manual e, em alguns casos, cirurgia reconstrutiva.

Causas do Linfedema: As causas do linfedema podem ser divididas em primárias e secundárias:

  • Primário: Causado por um defeito congênito no sistema linfático.
  • Secundário: Decorrente de outras condições, como:
    • Câncer e seus tratamentos (radioterapia, cirurgia)
    • Infecções
    • Obesidade
    • Varizes
    • Traumatismos

Sintomas

Além do inchaço, outros sintomas comuns do linfedema incluem:

  • Sensação de peso no membro afetado
  • Dor
  • Rigidez
  • Fadiga
  • Alterações na pele (verrugas, fissuras, infecções)
  • Dificuldade para movimentar o membro

Diagnóstico

O diagnóstico do linfedema é feito por um médico especialista, que pode solicitar exames como:

  • Ultrassonografia
  • Ressonância magnética
  • Cintilografia linfática
  • Linfografia

Tratamento

 O tratamento do linfedema é individualizado e depende do estágio da doença, da causa e das características de cada paciente. As principais opções de tratamento incluem:

  • Terapia de compressão: Uso de meias ou mangas de compressão para reduzir o inchaço.
  • Drenagem linfática manual: Massagem especial que estimula o fluxo da linfa.
  • Exercícios: Exercícios específicos para fortalecer os músculos e melhorar a circulação linfática.
  • Cuidados com a pele: Hidratação e proteção da pele para prevenir infecções.
  • Cirurgia: Em alguns casos, pode ser indicada a cirurgia para remover tecido linfático obstruído ou para reconstruir o sistema linfático.

Prevenção

Embora não seja possível prevenir completamente o linfedema, algumas medidas podem ajudar a reduzir o risco, como:

  • Manter um peso saudável
  • Praticar atividade física regular
  • Cuidar da pele
  • Controlar infecções

Cuidados de Enfermagem

O tratamento do linfedema é individualizado e visa reduzir o inchaço, melhorar a função do membro afetado e prevenir complicações. O enfermeiro atua em diversas modalidades de tratamento:

  • Terapia de compressão: Auxiliar na escolha e aplicação de meias ou mangas de compressão, orientando sobre a importância do uso contínuo.
  • Drenagem linfática manual: Realizar ou supervisionar a técnica de drenagem linfática manual, que estimula o fluxo da linfa.
  • Exercícios terapêuticos: Ensinar e acompanhar os pacientes na realização de exercícios específicos para o linfedema, como os exercícios de bombeamento muscular.
  • Cuidados com a pele: Avaliar regularmente a pele do membro afetado, identificar e tratar lesões, e orientar sobre a importância da higiene.
  • Educação em saúde: Oferecer informações sobre o linfedema, suas causas, sintomas e tratamentos, para que o paciente possa participar ativamente de seu cuidado.

Acompanhamento do Paciente

O acompanhamento regular do paciente com linfedema é essencial para avaliar a evolução do tratamento, identificar e tratar complicações, e ajustar as intervenções conforme necessário. O enfermeiro deve:

  • Monitorar o inchaço: Realizar medidas periódicas do membro afetado para avaliar a efetividade do tratamento.
  • Avaliar a pele: Observar a presença de vermelhidão, calor, dor ou outras alterações na pele que possam indicar infecção.
  • Identificar e tratar complicações: Estar atento a complicações como celulite e linfangite, e orientar o paciente sobre os sinais e sintomas.
  • Oferecer suporte emocional: Acompanhar o paciente em suas dificuldades e oferecer suporte emocional, pois o linfedema pode afetar significativamente a qualidade de vida.

Outros Cuidados

Além das atividades já mencionadas, o enfermeiro pode realizar outras ações importantes, como:

  • Orientar sobre a importância de manter um peso saudável: A obesidade é um fator de risco para o linfedema, por isso é importante orientar o paciente sobre a importância de uma alimentação equilibrada e a prática de atividade física regular.
  • Ensinar técnicas de bandagem: Em alguns casos, o enfermeiro pode ensinar o paciente a realizar bandagens compressivas para auxiliar no controle do inchaço.
  • Promover a autocuidado: Incentivar o paciente a participar ativamente de seu tratamento, realizando os cuidados em casa conforme orientação do profissional de saúde.

Referências:

  1. Mariana França Bandeira de Melo, Eduardo Carvalho Horta Barbosa, Conrado Carvalho Horta Barbosa, Janine Silva Pires Horta Barbosa, Patricia de Melo Faria Horta Barbosa. Fisiopatologia, diagnóstico e tratamento do linfedema: revisão narrativa. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 5, n. 4 ,p. 12464-12478, jul./aug., 2022.
  2. Paiva, A. do C. P. C., Elias, E. A., Souza, Í. E. de O., Moreira, M. C., Melo, M. C. S. C. de ., & Amorim, T. V.. (2020). Cuidado de enfermagem na perspectiva do mundo da vida da mulher-que-vivencia-linfedema-decorrente-do-tratamento-de-câncer-de-mama. Escola Anna Nery, 24(2), e20190176. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2019-0176
  3. Marchito, L. de O., Fabro, E. A. N., Macedo, F. O., Costa, R. M., & Lou, M. B. de A. (2019). Prevenção e Cuidado do Linfedema após Câncer de Mama: Entendimento e Adesão às Orientações Fisioterapêuticas. Revista Brasileira de Cancerologia, 65(1), e-03273. https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2019v65n1.273

Púrpura de Henoch-Schönlein (PHS)

A Púrpura de Henoch-Schonlein é uma vasculite (inflamação de vasos sanguíneos de pequeno calibre) e normalmente afeta a pele, os intestinos e os rins.

Esses vasos inflamados podem sangrar para o interior da pele causando uma erupção vermelha chamada de púrpura, ou também podem sangrar nos intestinos e rins causando fezes e urinas coradas de sangue. Esta doença não é hereditária, nem contagiosa e também não pode ser prevenida, sendo a idade de início dos sintomas antes dos 20 anos.

Sua causa é desconhecida, porém sabe-se que a Púrpura de Henoch-Schonlein pode ser desencadeada por agentes infecciosos (vírus e bactérias), sendo que muitas vezes aparece após uma infecção do trato respiratório superior.

Sintomas

  • Púrpura palpável (lesões de pele elevadas, que podem ser sentidas através do tato). É frequente nas pernas, coxas, pés e nádegas, embora possam também aparecer algumas lesões nos braços e no tronco;
  • Artralgia (dor articular) e Artrite (edemas, limitação de movimento, calor e vermelhidão nas articulações). Esses sintomas são temporários e desaparecem após alguns dias a semanas;
  • Dor abdominal (60% dos casos). Normalmente intermitente e localizada em volta do umbigo, podendo ser acompanhada por hemorragia gastrointestinal moderada ou grave.

Tratamento

A maioria dos doentes com Púrpura de Henoch-Schonlein não precisa de tratamento, evoluindo bem.

Pode ser necessário repouso e a utilização de analgésicos e anti-inflamatórios não-esteroides quando as queixas articulares são mais significativas. Em casos mais graves, o médico poderá tomar outras condutas de acordo com sua avaliação sobre o caso.

Referência:

  1. SILVA, Clovis Artur Almeida. **Púrpura de Henoch-Schönlein**. Sociedade  Brasileira de Pediatria , 14 nov. 2014. Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/purpura-de-henoch- schoenlein/

Doença e Síndrome de Moyamoya

A Doença de Moyamoya é uma condição cerebrovascular rara e progressiva que se caracteriza pelo estreitamento das artérias carótidas internas e seus ramos.

Este estreitamento leva à formação de uma rede de vasos sanguíneos colaterais na base do cérebro, que tentam compensar a redução do fluxo sanguíneo.

A origem do nome

O nome “Moyamoya” vem do japonês e significa “nuvem de fumaça”, uma alusão à aparência nebulosa desses vasos colaterais em exames de imagem.

Causas e Fisiopatologia

Embora a etiologia exata da Doença de Moyamoya seja desconhecida, acredita-se que fatores genéticos possam desempenhar um papel importante, especialmente em indivíduos de origem japonesa.

A doença pode estar associada a outras condições, como neurofibromatose, anemia falciforme e síndrome de Down.

Na Doença de Moyamoya, ocorre um estreitamento crônico das artérias carótidas internas, levando a um suprimento sanguíneo insuficiente ao cérebro e, consequentemente, a uma carência de oxigênio.

Para compensar, o cérebro desenvolve uma rede de vasos colaterais. No entanto, esses vasos são mais frágeis e podem romper, causando hemorragias cerebrais.

Sintomas e Diagnóstico

Os sintomas da Doença de Moyamoya variam, mas frequentemente incluem ataques isquêmicos transitórios, acidentes vasculares cerebrais e, em alguns casos, hemorragias cerebrais.

Em crianças, pode ocorrer declínio intelectual, convulsões e movimentos involuntários.

O diagnóstico é feito através de exames de imagem, como angiografia por ressonância magnética (RM) ou tomografia computadorizada, que revelam o estreitamento das artérias e a presença da rede vascular anormal.

Tratamento e Prognóstico

O tratamento da Doença de Moyamoya é principalmente cirúrgico, visando restaurar o fluxo sanguíneo adequado ao cérebro.

As opções incluem procedimentos como a anastomose direta e a encefaloduroarteriossinangiose indireta.

O prognóstico da doença varia. Sem tratamento, pode levar a complicações graves e até fatais. No entanto, com intervenção cirúrgica adequada e acompanhamento médico, muitos pacientes conseguem levar uma vida relativamente normal.

Alguns Cuidados

  • Monitoramento Neurológico: Observar sinais de déficits neurológicos, como fraqueza, alterações na fala ou convulsões.
  • Prevenção de AVC: Acompanhar sinais vitais e realizar exames periódicos para detectar sinais precoces de acidente vascular cerebral.
  • Cuidados Pós-Operatórios: Após a cirurgia de revascularização, é importante monitorar sinais de infecção, garantir a administração adequada de medicamentos e avaliar a cicatrização.
  • Educação do Paciente e Família: Informar sobre a doença, o tratamento e as medidas preventivas para evitar lesões que possam levar a sangramentos.

Estes são aspectos gerais e cada paciente pode necessitar de cuidados específicos. É importante seguir as orientações da equipe médica e manter uma comunicação efetiva com todos os envolvidos no tratamento.

Referências:
  1. https://www.scielo.br/j/anp/a/73Y3WPvVXtwT77hZHgZSM4f/?format=pdf
  2. https://victorbarboza.com.br/doenca-de-moyamoya/

Claudicação Intermitente: O que é?

A claudicação intermitente é um sintoma de doenças vasculares que causa dores intensas nas pernas, similares às câimbras e fisgadas, ao caminhar e realizar atividades físicas. Geralmente, a dor melhora quando o paciente fica em repouso.

Causas

A claudicação intermitente costuma ser um sintoma de outras condições que podem estar afetando a circulação sanguínea nos membros inferiores do paciente.

É o caso, por exemplo, da arterioesclerose, que acontece quando há a formação de placas de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, dificultando a passagem do sangue.

A claudicação intermitente pode ser também um sintoma de doença arterial periférica.

Sinais e Sintomas

Os principais sinais de claudicação intermitente são:

  • Dores nas pernas que são similares às câimbras ou fisgadas durante uma caminhada ou corrida, que passa ao ficar de repouso;
  • Dores que “sobem” até às coxas e as nádegas ao caminhar ou correr, que melhora ao ficar em repouso;
  • Desconforto nos pés e nas panturrilhas;
  • Dedos dos pés mais arroxeados e gelados;
  • Paciente que não consegue andar ou correr por muito tempo.

É importante ressaltar que, quando o paciente já apresenta um certo comprometimento da circulação sanguínea nos membros inferiores, mesmo em repouso e parado, ele pode sentir as dores que são características da claudicação intermitente. Por isso, é importante observar este sintoma com atenção.

A claudicação intermitente pode acontecer também nos membros superiores, com o paciente sentindo dores ao realizar exercícios que envolvem a movimentação dos braços, por exemplo.

Há também a claudicação intestinal, quando o paciente sente dores abdominais logo após realizar sua alimentação e isso acontece porque o sangue não consegue circular corretamente nas artérias e veias que fazem parte do sistema digestivo. Esses tipos de claudicação intermitente acontecem de forma mais rara do que a que afeta os membros inferiores.

Exames como o ecodoppler, que permite observar fluxos sanguíneos, podem ser feitos para diagnosticar a claudicação intermitente.

Tratamento

O tratamento da claudicação intermitente pode envolver o uso de medicamentos para facilitar a circulação e até mesmo de procedimentos cirúrgicos, a depender do quadro de saúde do paciente.

De modo geral, o tratamento deste sintoma de doença vascular envolve uma mudança no estilo de vida do paciente, com a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis e a remoção de atos prejudiciais, como o tabagismo.

Referência:

  1. Silva, Rita de Cassia Gengo e e Consolim-Colombo, Fernanda MarcianoAspectos relevantes para identificação da claudicação intermitente. Acta Paulista de Enfermagem [online]. 2011, v. 24, n. 3 [Acessado 21 Outubro 2022] , pp. 426-429. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-21002011000300019&gt;. Epub 01 Ago 2011. ISSN 1982-0194. https://doi.org/10.1590/S0103-21002011000300019.

Insuficiência venosa crônica: Classificação de CEAP

A insuficiência venosa crônica é uma doença que afeta o retorno do sangue das pernas para o coração, causando sintomas como inchaço, dor, sensação de peso e alterações na pele.

Essa condição pode ser provocada por defeitos nas válvulas das veias, que impedem o refluxo do sangue, ou por obstruções no fluxo venoso, como coágulos ou varizes.

Classificação de CEAP

A classificação de CEAP é um sistema que avalia a gravidade da insuficiência venosa crônica de acordo com os seguintes critérios: clínico, etiológico, anatômico e fisiopatológico. Essa classificação ajuda a definir o melhor tratamento para cada caso, que pode incluir medicamentos, meias de compressão ou cirurgia.

CEAP significa:

  • “C” significa clínica, ou seja, o que é visível das veias.
  • “E” de etiologia, ou seja, se o problema é herdado ou não.
  • “A” de anatomia, ou seja, quais veias estão envolvidas.
  • “P” de fisiopatologia, em inglês, significa qual a direção o sangue está fluindo, se existe refluxo, ou se o fluxo está bloqueado.

Em outras palavras esse sistema de classificação descreve o que o médico vê no exame físico, a causa do problema a localização na perna e o mecanismo responsável para a manifestação do problema.

A classificação de CEAP é usada no mundo inteiro e representa uma linguagem comum entre os médicos cirurgiões vasculares que tratam doença venosa. Ela funciona ajudando na pesquisa científica e na comunicação entre os médicos, que, como retorno para o paciente, melhora a qualidade do tratamento e os avanços tecnológicos.

A parte mais usada da classificação de CEAP é o C, ou seja, o “clínico”, que tem sete categorias, de 0 a 6.

  • O C0 é o paciente que tem a menor gravidade, ou seja, não tem nenhum sinal visível de doença ao examinar a perna, mas pode ter sintomas venosos.
  • C1 significa que a pessoa possui os famosos vasinhos, ou seja, teleangiectasias e veias reticulares
  • C2 indica que veias varicosas maiores já estão presentes.
  • C3 indica a presença de edema, ou seja, inchaço na perna.
  • C4 já inclui alteração de pele e subcutâneo como a pigmentação (dermatite ocre), ou seja, a pele mais escura, o eczema, que seria a pele vermelha, coceira. A lipodermatoesclerose, que seria a pele e subcutâneo endurecido, e atrofia alba, que são pequenas áreas esbranquiçadas na pele.
  • C5 é quando o paciente já teve úlcera e essa úlcera cicatrizou.
  • E C6, que é a classe mais grave, significa que existe uma úlcera aberta e ativa na perna.

Em geral, o termo doença venosa refere todo o espectro de C1 a C6. A insuficiência venosa é restrita a graus mais graves, como C3 a C6.

A classificação de CEAP ajuda muito a descrever a situação das veias do paciente, mas ela não classifica em nada os sintomas que os pacientes sentem ou como a doença venosa está afetando a sua vida.

Para isso existe outro sistema de classificação, que é o Venous Clinical Severity Score, ou Escore de Gravidade de Clínica Venosa, que considera o quanto a doença venosa está interferindo na vida do paciente, na sua habilidade de trabalho e nas suas atividades diárias, ou seja, o quanto impacta na sua vida.

Esse escore ajuda o médico a melhor entender os pacientes que sofrem de doença venosa e ajuda a determinar se o tratamento está sendo efetivo ou não.

Referências:

  1. Seidel, A. C., Campos, M. B., Campos, R. B., Harada, D. S., Rossi, R. M., Cavalari, P., & Miranda, F.. (2017). Associação entre sintomas, veias varicosas e refluxo na veia safena magna ao eco-Doppler. Jornal Vascular Brasileiro, 16(1), 4–10. https://doi.org/10.1590/1677-5449.005216

Ateroesclerose

A aterosclerose é uma inflamação, com a formação de placas de gordura, cálcio e outros elementos na parede das artérias do coração e de outras localidades do corpo humano, como por exemplo cérebro, membros inferiores, entre outros, de forma difusa ou localizada. Ela se caracteriza pelo estreitamento e enrijecimento das artérias devido ao acúmulo de gordura em suas paredes, conhecido como ateroma.

Com o passar dos anos, há o crescimento das placas, com estreitamento do vaso, podendo chegar à obstrução completa, restringindo o fluxo sanguíneo na região.

Com isso, o território afetado recebe uma quantidade menor de oxigênio e nutrientes, tendo suas funções comprometidas. Essa complicação é a causa de diversas doenças cardiovasculares, como infarto, morte súbita e acidentes vasculares cerebrais, representando a principal causa de morte no mundo todo.

Causas e fatores de risco

Na maioria das vezes, a aterosclerose está relacionada aos fatores de risco tradicionais, como sedentarismo, alimentação inapropriada, pressão alta, diabetes, colesterol elevado, tabagismo e obesidade.

Pequena parte é de causa hereditária, como por exemplo em portadores de hipercolesterolemia familiar, em que indivíduos da mesma família têm o colesterol muito elevado desde criança.

Sintomas

A aterosclerose é uma doença perigosa, pois muitas vezes a evolução é silenciosa. Algumas pessoas só descobrem a formação de placas de gordura quando uma artéria é obstruída completamente e o paciente precisa ser atendido imediatamente. São as situações de infartos, derrames e até morte súbita.

Quando apresenta sintomas, estes vão depender principalmente da localização de acometimento. Quando afeta o coração, os mais frequentes são dores no peito (peso, aperto, queimação ou até pontadas), falta de ar e sudorese.

Diagnóstico

Em muitos casos o diagnóstico ocorre em uma situação de emergência, como por exemplo após um infarto ou derrame. Idealmente todos as pessoas deveriam procuar um médico para realizacção de exames periódios para rastreamento e tratamento dos fatores de risco para o desenvolvimento da aterosclerose.

A partir da identificação dos fatores de risco é possível determinar o risco ou probabilidade de desenvolvimento da doença. Pacientes com alta probabilidade de aterosclerose ou com sintomas compatíveis podem necessitar de avaliação através de exames mais específicos, como teste ergométrico, cintilografia, tomografia ou cateterismo.

Tratamento

O melhor tratamento para aterosclerose ainda é a prevenção, instituindo-se estilo de vida saudável e tratamento dos fatores de risco. Uma vez estabelecida, o tratamento da aterosclerose de forma geral se resume a restabelecer o fluxo sanguíneo na região afeta, sendo normalmente necessários tratamento medicamentoso, procedimentos invasivos e/ou cirurgias de revascularização.

Quando afeta o coração e seus vasos, por exemplo, é fundamental o tratamento medicamentoso com uso de antiagregantes plaquetários (como a aspirina), estatinas, vasodilatadores, entre outras medicações. Podemos também lançar mão de angioplastia e cirurgia de ponte de safena, quando bem indicado.

Prevenção

Assim como a maioria das doenças cardiovasculares, a melhor forma de prevenção é manter uma rotina que inclua exercícios físicos regulares, alimentação balanceada, cessação do tabagismo e com baixo consumo de gorduras e sal, além do controle dos fatores de risco para doenças como obesidade, diabetes, hipertensão e colesterol.

Cuidados de Enfermagem

  • avaliar e aliviar as dores do paciente;
  • observar sinais vitais, principalmente pressão arterial e freqüência cardíaca;
  • ter atenção no nível de consciência e saturação;
  • monitorar cuidadosamente o débito cardíaco e manter estável;
  • instruir o paciente e a família sobre a da doença arterial coronariana;
  • instruir sobre o uso apropriado dos medicamentos e seus possíveis efeitos adversos;
  • aconselhar sobre os fatores de risco e estímulo para mudança no estilo de vida.

Referências:

  1. Ministério da Saúde