Teste de Filkenstein

A Doença de De Quervain, também conhecida como tenossinovite estenosante dos tendões abdutor longo e extensor curto do polegar, é uma condição dolorosa que afeta o punho, especialmente na região lateral (próxima ao polegar). Essa inflamação atinge a bainha que envolve os tendões responsáveis por movimentar o polegar, dificultando atividades simples como segurar objetos, abrir potes ou até digitar.

Um dos métodos mais utilizados para identificar essa condição é o Teste de Finkelstein, um exame clínico rápido e eficaz que ajuda a diferenciar a dor causada pela Doença de De Quervain de outras patologias que também afetam o punho e o polegar.

O Que É a Doença de Quervain? 

A Doença de Quervain, ou tenossinovite estenosante do extensor curto do polegar e abdutor longo do polegar, é uma inflamação dos tendões e da bainha (a “capa” que envolve os tendões) que ficam no punho, do lado do polegar. Esses tendões são essenciais para o movimento do polegar e, quando inflamados, causam dor, inchaço e dificuldade de movimento.

  • Causas Comuns: A repetição de movimentos de pinça ou preensão, como levantar um bebê, digitar no celular com o polegar, ou atividades de jardinagem, pode sobrecarregar esses tendões e levar à inflamação.

O Teste de Finkelstein: O Diagnóstico Clínico na Prática

O Teste de Finkelstein é um procedimento simples e rápido, que provoca o alongamento dos tendões inflamados para verificar se há dor. Ele é considerado positivo se o paciente sentir uma dor aguda e súbita no punho, na base do polegar.

Como o Teste é Realizado?

    1. Peça ao paciente para fechar a mão, formando um punho, com o polegar para dentro. É importante que o polegar esteja totalmente flexionado e envolvido pelos outros dedos.
    2. Peça ao paciente para desviar o punho para o lado ulnar. Ou seja, inclinar a mão para o lado oposto ao polegar, como se estivesse tentando encostar o dedo mindinho no antebraço.
    3. Avalie a resposta:
      • Teste positivo: Se essa manobra causar uma dor aguda e intensa no punho, na região dos tendões do polegar.
      • Teste negativo: Se o paciente não sentir dor ou apenas um leve desconforto sem características de dor aguda.
  • Mecanismo da Dor: A manobra de desvio ulnar estica os tendões extensor curto do polegar e abdutor longo do polegar, que estão inflamados. O atrito desses tendões inchados contra a bainha apertada provoca a dor característica da Doença de Quervain.

Diagnóstico Diferencial: A Importância de um Olhar Completo

Embora o Teste de Finkelstein seja muito útil, é importante lembrar que ele é apenas uma ferramenta. A dor no punho pode ter outras causas, como a rizartrose (artrose na base do polegar) ou outras tendinites. Por isso, uma anamnese detalhada e um exame físico completo são essenciais para confirmar o diagnóstico. O médico também pode solicitar exames de imagem, como uma ultrassonografia, para visualizar a inflamação dos tendões.

Tratamento e Cuidados de Enfermagem

Após o diagnóstico, o nosso papel na enfermagem é crucial no suporte ao paciente. O tratamento para a Doença de Quervain visa reduzir a inflamação e a dor e, na maioria dos casos, não é cirúrgico.

Repouso e Imobilização:

    • Orientar o paciente: Explicar a importância de evitar os movimentos que causam a dor.
    • Uso de órtese: Orientar sobre o uso de uma órtese (tala) específica para o polegar e o punho, que ajuda a imobilizar a articulação e a diminuir a inflamação.

Manejo da Dor e Inflamação:

    • Compressas frias: Orientar a aplicação de compressas frias (gelo) na área afetada por 15-20 minutos, várias vezes ao dia, para diminuir o inchaço e a dor.
    • Medicamentos: Administrar e orientar sobre o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) orais ou tópicos.

Educação em Saúde e Prevenção:

    • Ergonomia: Ensinar o paciente sobre ergonomia no trabalho e no dia a dia. Por exemplo, a forma correta de segurar um bebê, de usar o celular, ou de segurar objetos.
    • Exercícios de Fisioterapia: Acompanhar o paciente em exercícios de alongamento e fortalecimento, que são essenciais para a recuperação e para prevenir a recorrência da doença.

Suporte em Procedimentos:

    • Infiltrações: Em casos mais persistentes, o médico pode optar por uma infiltração com corticoides. Nosso papel é de preparar o paciente, acalmá-lo, auxiliar no procedimento e orientar sobre os cuidados pós-procedimento.
    • Cirurgia: Se o tratamento conservador falhar, a cirurgia pode ser necessária. Nosso cuidado se estende ao pré e pós-operatório, com monitoramento da ferida, controle da dor e estímulo à reabilitação.

O Teste de Finkelstein é mais do que um nome na literatura médica; é uma ferramenta prática que nos ajuda a dar um nome à dor do paciente. Com nosso conhecimento, podemos não apenas diagnosticar, mas também oferecer o suporte e a educação necessários para que o paciente se recupere e retome suas atividades com mais conforto e segurança.

Referências:

  1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA DA MÃO (SBCM). Doença de Quervain. Disponível em: https://www.cirurgiadamao.org.br/doencas-da-mao/doenca-de-quervain/.
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual de Reabilitação da Mão. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2011. (Consultar os capítulos sobre tendinopatias e reabilitação da mão). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_reabilitacao_mao.pdf.
  3. BICKLEY, L. S.; SZILAGYI, P. G.; HOFFMAN, R. M. Bates: Guia de Bolso para Exame Físico e História Clínica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. (Consultar capítulo sobre exame físico do sistema musculoesquelético).

Mobilização Precoce

A mobilização precoce hospitalar é uma estratégia que visa minimizar os efeitos deletérios da imobilidade prolongada nos pacientes internados, especialmente nos críticos.

O que é a mobilização precoce?

A mobilização precoce consiste na realização de exercícios físicos adequados ao nível de funcionalidade do paciente, desde a movimentação passiva no leito até a deambulação, com ou sem auxílio de dispositivos.

Traz benefícios como a prevenção e o tratamento da fraqueza muscular adquirida na UTI, a melhora da função respiratória, a redução do tempo de ventilação mecânica e de internação, a melhora da qualidade de vida e da independência funcional após a alta hospitalar.

Protocolos

Para realizar a mobilização precoce hospitalar, é necessário seguir alguns protocolos que orientam a avaliação, a indicação, a contraindicação, a segurança e a progressão dos exercícios.

Alguns protocolos utilizados são o ABCDEF, o ICU Mobility Scale, o ICU Rehabilitative Care Algorithm e o Early Activity and Mobility Protocol.

Esses protocolos levam em conta fatores como o nível de consciência, a estabilidade hemodinâmica, a presença de dispositivos invasivos, o risco de sangramento, a dor e o conforto do paciente.

A mobilização precoce deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e outros profissionais envolvidos no cuidado do paciente.

A mobilização precoce hospitalar é uma prática baseada em evidências que pode melhorar os desfechos clínicos e funcionais dos pacientes internados.

No entanto, ainda existem barreiras para sua implementação, como a falta de recursos humanos e materiais, a resistência da equipe e dos familiares, o medo de complicações e a ausência de protocolos padronizados.

Por isso, é importante que os profissionais de saúde sejam capacitados e motivados para realizar a mobilização precoce hospitalar de forma segura e efetiva.

Referências:

  1. Ministério da Educação
  2. Governo da Paraíba
  3. Aquim, E. E., Bernardo, W. M., Buzzini, R. F., Azeredo, N. S. G. de ., Cunha, L. S. da ., Damasceno, M. C. P., Deucher, R. A. de O., Duarte, A. C. M., Librelato, J. T., Melo-Silva, C. A., Nemer, S. N., Silva, S. D. F. da ., & Verona, C.. (2019). Diretrizes Brasileiras de Mobilização Precoce em Unidade de Terapia Intensiva. Revista Brasileira De Terapia Intensiva, 31(4), 434–443. https://doi.org/10.5935/0103-507X.20190084

Sedestação: O que é?

A Sedestação beira leito é uma técnica de reabilitação que consiste em colocar o paciente sentado na beira da cama, com os pés apoiados no chão ou em um banquinho. Essa posição ajuda a melhorar a circulação sanguínea, a respiração, a postura e o equilíbrio.

Além disso, estimula a independência e a autoestima do paciente, que pode realizar atividades simples como escovar os dentes, pentear o cabelo ou se alimentar e também ajuda a melhorar a circulação sanguínea, a respiração, a postura e o equilíbrio, além de prevenir complicações como úlceras de pressão, trombose e pneumonia.

Indicação

A sedestação beira leito pode ser realizada com pacientes acamados por longos períodos, que apresentam fraqueza muscular, dificuldade de movimentação ou risco de quedas.

O tempo e a frequência da sedestação dependem da condição clínica e da tolerância de cada paciente, mas geralmente varia entre 10 e 30 minutos, uma ou duas vezes ao dia.

A sedestação beira leito deve ser feita com o acompanhamento de um profissional de fisioterapia, que orienta o paciente sobre a forma correta de se sentar, respirar e relaxar, além de monitorar os sinais vitais e possíveis desconfortos.

Dispositivos para o auxílio

As estratégias atuais para sedestação à beira do leito em UTI incluem, comumente, a utilização de mais do que um profissional para garantir a segurança da mobilização, além de uma equipe preparada para o auxílio no momento dos exercícios durante a sedestação.

A utilização de dispositivos como cadeira confeccionada de tubos de PVC para ser colocada beira leito para auxiliar o paciente a se acomodar confortavelmente.

E o uso de poltronas em alguns casos onde o paciente consegue ajudar no momento da mobilização.

O desenvolvimento de dispositivos que permitam a mobilização precoce na beira do leito em UTI e que proporcione segurança aos profissionais e ao paciente, poderá aumentar a adesão da equipe multiprofissional a esse tratamento e reduzir o risco de eventos adversos associados à mobilização, contribuindo para a redução do tempo de internação e beneficiando a saúde do paciente na prevenção e no tratamento dos efeitos deletérios da imobilidade no leito, dentre eles a fraqueza muscular adquirida em UTI.

Referências:

  1. Dispositivo Para Posicionamento Seguro Em Sedestação a Beira Leito De Pacientes Adultos Internados Em Unidade De Terapia Intensiva Para Mobilidade Precoce. 2019.
  2. https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/hulw-ufpb/acesso-a-informacao/gestao-documental/pop-procedimento-operacional-padrao/2019-1/urft-unidade-de-reabilitacao-de-fisioterapia-1/pop-urft-075-sedestacao-no-leito.pdf/@@download/file
  3. https://lume.ufrgs.br/handle/10183/202542
  4. da Rocha, F. O., da Costa, K. D. P., de Sousa, L. P., Lins, A., & de Souza, D. P. (2023). O impacto da sedestação beira leito no desmame ventilatório em pacientes em uso de ventilação mecânica invasiva. Brazilian Journal of Development, 9(9), 27316–27327. https://doi.org/10.34117/bjdv9n9-115

Medidas de Trocas Gasosas

As trocas gasosas são medidas por vários meios, como por exemplo a oximetria de pulso e a amostra de gasometria arterial. São medidas de parâmetros importantes para diagnosticar Insuficiência Respiratória e entre outras patologias respiratórias.

FiO2 (Fração Inspirada de Oxigênio)

A fração inspirada de oxigênio (FiO2) é um parâmetro de ventilação mecânica frequentemente utilizado para otimizar a oxigenação tecidual. Entretanto, um ajuste inadequado da FiO2 pode causar hipoxia ou hiperoxia e, consequentemente, efeitos nocivos ao organismo.

Por exemplo, ar atmosférico possui FIO2 de 21%.

PaO2 (Pressão Parcial de Oxigênio)

A pressão parcial de oxigênio indica o percentual de oxigênio que está livre no sangue, o que reflete a hematose: a troca de oxigênio alvéolo-capilar. Se encontra em valores normais entre 80 mmHg a 100 mmHg.

SaO2 (Quantidade de Oxigênio ligado à Hemoglobina)

A SaO2 é a porcentagem de oxigênio que seu sangue está transportando, comparada com o máximo da sua capacidade de transporte. Idealmente, mais de 89% das suas células vermelhas devem estar transportando oxigênio. Idealmente, mais de 89% das suas células vermelhas devem estar transportando oxigênio.

Referências:

  1. https://sbpt.org.br/portal/publico-geral/
  2. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/exames-de-fun%C3%A7%C3%A3o-pulmonar/medi%C3%A7%C3%A3o-da-troca-gasosa

Pillow Splinting: A Imobilização do Diafragma

O “Pillow Splinting” ou imobilização do diafragma, é uma simples técnica de imobilização em pacientes cirúrgicos, muito comum em casos de cirurgia cardíaca.

Essa técnica consiste em auxiliar o paciente a manter o conforto e a diminuição de dor quando tossir, utilizando um travesseiro ou almofada apoiado sob sua incisão no tórax, sendo uma forma de prevenção quanto à pneumonia.

Muitos pacientes evitam tossir porque é muito doloroso, mas é vital tossir o suficiente para evitar complicações pulmonares. A tosse limpa os pulmões de secreções normais, material infeccioso como pus e objetos estranhos, mantendo os pulmões abertos e expandidos.

A almofada não apenas diminui a dor da tosse, mas também pode impedir que a ferida se abra.

Para pacientes que evitam tossir ou estão fracos demais para tossir, pode ser necessário o auxílio de aspiração pulmonar para limpar os pulmões no hospital. A tosse é preferível e mais eficaz do que a sucção.

Indicações da Imobilização

  • Para minimizar a dor ao se mover e tossir;
  • Tosse: Incentivar a expectoração de muco e secreções que se acumulam nas vias aéreas após anestesia geral e imobilidade.

Avaliação

  • Avalie os fatores de risco do cliente para o desenvolvimento de complicações respiratórias (por exemplo, anestesia geral, história de doença pulmonar ou tabagismo, trauma na parede torácica, resfriado ou infecção respiratória na última semana);
  • Avalie a qualidade, frequência e profundidade da respiração;
  • Auscultar sons respiratórios;
  • Inspecione o posicionamento da incisão e avalie se ela interfere ou não na expansão torácica;
  • Avalie a capacidade física do cliente para cooperar e realizar exercícios pulmonares:
    • Nível de consciência;
    • Barreiras de linguagem ou comunicação;
    • Capacidade de assumir a posição de Fowler;
    • Nível de dor (medicar conforme prescrito).

Procedimento

  1. Auxilie o cliente para a posição de Fowler ou sentada.
    Justificativa: A posição ereta permite aumento da excursão diafragmática secundária ao deslocamento para baixo dos órgãos internos devido à gravidade.
  2. Se houver ruídos respiratórios adventícios ou expectoração, peça ao cliente que respire fundo, segure por 3 segundos e tussa profundamente duas ou três vezes. Fique ao lado do cliente para garantir que a tosse não seja direcionada a você. O cliente deve tossir profundamente, não apenas limpar a garganta.
    Justificativa: Várias tosses consecutivas são mais eficazes do que uma única tosse para mover o muco para cima e para fora do trato respiratório.
  3. Se o cliente tiver uma incisão abdominal ou torácica que cause dor durante a tosse, instrua-o a segurar um travesseiro firmemente sobre a incisão (fixação) ao tossir.
    Justificativa: A tosse usa os músculos respiratórios acessórios e abdominais, que podem ter sido cortados durante a cirurgia. A tala suporta a incisão e os tecidos circundantes e reduz a dor durante a tosse.
  4. Instruir, reforçar e supervisionar exercícios de respiração profunda e tosse a cada 2 a 3 horas após a cirurgia.
    Justificativa: A realização desses exercícios a cada 2 a 3 horas facilitará a ventilação pulmonar e promoverá a desobstrução das vias aéreas sem sobrecarregar o cliente.
  5. Documentar o procedimento realizado.
    Justificativa: Mantém registro legal e se comunica com a equipe de saúde.

Bebês e Crianças

  • Os bebês não podem cooperar com exercícios de tosse e respiração profunda, mas acredita-se que o choro hiperinsufle os pulmões.
  • As crianças pequenas aprendem por meio de jogos e imitações. Um jogo pré-operatório de “O mestre mandou” é uma maneira de ensiná-los exercícios pulmonares: “O mestre mandou dizer para tocar seu nariz”, “O mestre mandou dizer para colocar a língua para fora”, “O mestre mandou dizer para tossir”.

Colaboração e Delegação

  • A equipe de enfermagem pode lembrar e ajudar os clientes a respirar fundo e tossir. Oriente claramente para esse pessoal aqueles clientes que precisam de tosse agressiva para promover um estado pulmonar ideal.

Exercícios para Tosse e Respiração

Tosse e respiração profunda (CDB) é uma técnica usada para ajudar a manter os pulmões limpos durante os primeiros dias ou semanas após a cirurgia. Os exercícios são uma ferramenta eficaz para prevenir pneumonia e atelectasia, uma condição pulmonar em que os pulmões não se expandem da maneira que deveriam.

A técnica varia um pouco de lugar para lugar, mas a ideia geral é a mesma. Para realizar um exercício de CDB:

  1. Orientar a respirar fundo, e segurar por alguns segundos e expirar lentamente;
  2. Orientar a repetir por cinco vezes;
  3. Orientar a Preparar sua incisão e tentar a tossir profundamente;
  4. Orientar a repetir todo o procedimento a cada uma ou duas horas.

Referências:

  1. Ahmed AM. Fundamentos da fisioterapia após cirurgia torácica: o que os fisioterapeutas precisam saber. Uma revisão narrativa . Coreano J Thorac Cardiovasc Surg . 2018;51(5):293-307. doi:10.5090/kjtcs.2018.51.5.293
  2. Chughtai M, Gwam CU, Mohamed N, et al. A epidemiologia e os fatores de risco para pneumonia pós-operatória . J Clin Med Res . 2017;9(6):466-475. doi:10.14740/jocmr3002w
  3. van Ramshorst GH, Nieuwenhuizen J, Hop WCJ, et al. Deiscência de ferida abdominal em adultos: desenvolvimento e validação de um modelo de risco . Mundo J Surg . 2010;34(1):20-27. doi:10.1007/s00268-009-0277-y
  4. Kelkar KV. Complicações pulmonares pós-operatórias após cirurgia não cardiotorácica . Indiano J Anaesth . 2015;59(9):599-605. doi:10.4103/0019-5049.165857
  5. Medicina Penn. Respiração após a cirurgia .
  6. Medicina Johns Hopkins. Após a cirurgia: Desconfortos e complicações 

Complacência Pulmonar: O que é?

A complacência dos pulmões ou complacência pulmonar é o grau de extensão dos pulmões para cada aumento da pressão transpulmonar (diferença entre pressão intra-alveolar e a pressão pleural).

Em um adulto a complacência total é cerca de 200 mililitros de ar para cada centímetro de pressão de água.

Associações à Complacência Pulmonar

  • fibrose está associada com uma diminuição da complacência pulmonar.
  • enfisema/DPOC estão associados com um aumento da complacência pulmonar.

A complacência é maxima em volumes pulmonares moderados, e muito baixa em volumes que são muito baixos ou muito altos.

Como é feito o Cálculo?

Para calcular a complacência estática, necessitamos de três variáveis: volume corrente expiratório (aferido no ventilador mecânico), pressão de platô e a pressão positiva ao final da expiração (carinhosamente chamada de PEEP e ajustada pelo operador).

A complacência pulmonar é calculada usando a seguinte equação, onde ΔV é a mudança no volume e ΔP é a mudança na pressão:

► C= Volume / (Palv- PEEP) L/cmH2O

Exemplo: PEEP= 5 cm H2O Vt= 0,50L

PP= 15 cm H2O
Csr= 0,50L/(15 – 5) cm H2O = 0,05 L/cm
H2O-(50ml/cm H2O)
Nl= 60 a 100ml/cmH2O

Em pacientes submetidos à ventilação mecânica, os valores entre 70-80 mL/cmH2 são considerados normais e os valores inferiores a < 50 mL/cmH2 são considerados baixos.

A redução da complacência pulmonar pode ser encontrada em inúmeras patologias, sendo um exemplo típico a SDRA (síndrome do desconforto respiratório do adulto).

Nessa patologia, observamos o preenchimento alveolar por infiltrado inflamatório (plasma, hemácias, leucócitos e plaquetas).

O parênquima pulmonar fica pesado e perde a elasticidade, tornando-se duro ou pouco complacente. Exemplos de redução da complacência pulmonar: pneumotórax, edema pulmonar, derrame pleural volumoso, fibrose pulmonar, dentre outros.

Nos exemplos de redução da complacência pulmonar, observamos que em geral o pulmão é uma estrutura elástica, capaz de acomodar o volume de ar.

Referências:

  1. Diretrizes Brasileiras de Ventilação Mecânica – AMIB – 2013.
  2. Morato, J. B.; Sandri, P.; Guimarães, H. P. Emergências de Bolso – Volume 2 – ABC da Ventilação Mecânica – 2015.

Luxação, Entorse, Estiramento, Contusão: As Diferenças

Ao praticar exercícios físicos, quando estamos no trabalho ou, mesmo, cumprindo tarefas rotineiras, estamos sujeitos a sofrer uma lesão como entorse, contusão, estiramento e luxação. Todas essas condições precisam ser diagnosticadas corretamente para receber o cuidado adequado.

No entanto, esses problemas são comumente confundidos, seja em função dos seus sintomas ou porque o conceito é aplicado de forma errada. Foi pensando nisso que preparamos este artigo para explicar quais são as diferenças entre eles.

O que é Luxação?

A luxação ocorre somente nas articulações. Essa lesão faz com que os ossos que se encontram desloquem, ficando posicionados do modo errado. É muito comum que a luxação aconteça nos tornozelos, ombros, cotovelos, joelhos, quadris, dedos e mandíbula.

A pessoa que sofre uma luxação não consegue realizar movimentos, uma vez que os ossos não estão se encontrando adequadamente na articulação. Por isso, ela precisa receber tratamento profissional, pois o cuidado inadequado pode causar danos aos nervos e tendões.

Essa lesão pode acontecer em função de um movimento malfeito, uma pancada, acidente, queda ou qualquer outra situação que venha forçar a articulação e faça com que os ossos se movimentem e se desencontrem.

Sintomas

A luxação provoca uma dor muito intensa na articulação afetada e pode irradiar pelo membro ou região do corpo, em função de dano ao nervo. Outros sintomas que se manifestam são o inchaço, hematoma, limitação ou impossibilidade de movimentos e deformidade.

O que é um Entorse?

A entorse, popularmente conhecida como torção, é um tipo de lesão que afeta os tecidos fibrosos que fazem a conexão de dois ossos na articulação. É comumente provocada por um movimento atípico, em geral, rotacional. Por isso, costumamos dizer que torcemos o tornozelo ou o pulso, por exemplo.

Quando ocorre essa movimentação inadequada, os ligamentos podem sofrer um estiramento, que ocorre quando o tecido se estica além da sua capacidade. Como consequência, pode acontecer a ruptura parcial ou total deles.

A entorse resulta de movimentos inadequados ou exagerados de uma articulação. Também pode ser o resultado da falta de aquecimento antes da prática de exercícios, ou um preparo físico deficiente para aquela atividade.

Sintomas

A pessoa que sofre uma entorse sente uma dor intensa no local lesionado, bem como pode perceber a formação de edema, inchaço e vermelhidão na pele. O local fica sensível, existe a possibilidade de inflamar e, muitas vezes, há dificuldade para realizar movimentos. Em casos mais graves também pode ser notada uma deformidade e hematoma.

O que é um Estiramento?

O estiramento muscular é a lesão que acontece quando existe ruptura das fibras musculares, sendo mais comum após um esforço físico excessivo que acabe esticando demasiado o músculo.

Assim que acontece o estiramento, a pessoa pode sentir uma dor intensa no local da lesão, além de também poder notar diminuição da força muscular e da flexibilidade.

Sintomas

Os principais sintomas de estiramento muscular são:

  • Dor intensa no local do estiramento;
  • Perda de força muscular;
  • Diminuição da amplitude do movimento;
  • Diminuição da flexibilidade.

O estiramento muscular acontece com mais frequência na musculatura da coxa e nas panturrilhas, mas também pode acontecer nas costas e nos braços.

É importante que assim que surgirem sintomas sugestivos de estiramento se consulte um ortopedista ou fisioterapeuta, para que seja avaliada a gravidade da lesão e indicado o tratamento mais adequado.

O que é uma Contusão?

A contusão é um tipo de lesão menos grave do que a entorse porque ela não provoca grandes danos, uma vez que não afeta os ossos nem os ligamentos. É um problema que acontece de forma superficial, afetando somente tecidos moles, como a pele, a camada de gordura, a musculatura e vasos sanguíneos ou linfáticos.

Um tombo ou pancada podem desencadear uma contusão. Sendo assim, quando você bate a perna ou o braço, por exemplo, e o local fica dolorido por um tempo, você sofreu uma lesão desse tipo. Assim que os sintomas cessam, é possível retornar às atividades sem limitações.

Sintomas

É muito difícil encontrar uma pessoa que nunca tenha sofrido uma contusão, e provavelmente isso também já aconteceu com você. Ela provoca sintomas como dor, inchaço, hematoma, vermelhidão e sensação de calor na região afetada. Esses incômodos podem passar em menos ou mais tempo, dependendo da intensidade da pancada sofrida.

Cuidados após sofrer estes tipos de lesões

Se você sofrer uma lesão que apresente sintomas característicos de entorse ou luxação é muito importante manter o local imobilizado e procurar ajuda médica, pois esses dois problemas podem trazer danos mais significativos que exigem atendimento especializado.

No caso da contusão, como ela é uma lesão mais superficial, dificilmente haverá necessidade de procurar um médico. Você mesmo pode se tratar em casa aplicando uma compressa fria no local para aliviar a dor e reduzir o inchaço. De toda forma, se os sintomas persistirem, é importante procurar um especialista.

Para qualquer uma dessas lesões não é recomendado fazer a automedicação. A única medida segura é a aplicação de compressas frias ou usar uma bolsa de gelo no local até que o especialista seja consultado, se preciso.

Também evite tocar o local, massagear ou tentar por conta própria reposicionar os ossos em caso de uma luxação. Isso porque também existe a possibilidade de ter ocorrido uma fratura, condição que somente pode ser tratada por um médico.

Para não sofrer uma entorse, luxação ou contusão é muito importante aquecer corretamente antes da prática de exercícios, respeitar os limites do organismo e usar equipamentos como tornozeleiras e joelheiras. Prevenir uma lesão é fundamental para que você não comprometa nenhuma estrutura do seu corpo, tenha mais saúde e qualidade de vida.

Referências:

  1. Clínica Mayo
  2. Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
  3. Fundação AO

Veja também:

Tipos de Fraturas Ósseas

Classificação de Fraturas Salter-Harris

Sinal de Tinel

A síndrome do túnel do carpo (STC) é a neuropatia mais comum da extremidade superior. O diagnóstico é clínico e determinado pela história e pelo exame físico, que inclui os testes de Tinel, Phalen e Durkan.

O sinal de Tinel, consiste na percussão leve sobre o punho, transmite uma sensação de parestesia na região de distribuição do nervo mediano.

O sinal de Tinel recebe este nome em homenagem ao médico francês Jules Tinel (1879-1952).

Como é feito?

O médico aplica pequenos golpes sobre o nervo mediano, no nível do punho. Isso pode fazer com que a dor dispare, desde o punho até a mão.

A percussão do nervo mediano ao nível do canal do carpo ou imediatamente proximal a ele pode provocar choques ou hiperestesia no território inervado pelo nervo mediano na Síndrome do túnel do carpo.

Referência:

  1. Arnaldo Gonçalves de Jesus Filho, Bruno Fajardo do Nascimento, Marcelo de Carvalho Amorim, Ronald Alan Sauaia Naus, Elmano de Araújo Loures, Lucas Moratelli Estudo comparativo entre o exame físico, a eletroneuromiografia e a ultrassonografia no diagnóstico da síndrome do túnel do carpo Revista Brasileira de Ortopedia, Volume 49, Issue 5, September–October 2014, Pages 446-451

Manobra de Phalen

A Manobra de Phalen é um exame diagnóstico para a Síndrome do Túnel do Carpo (STC).

Como é feito o teste?

Solicita-se ao paciente que mantenha seus punhos em flexão completa e forçada (empurrando as superfícies dorsais de ambas mãos juntas) por 30-60 segundos.

Essa manobra aumenta moderadamente a pressão no túnel do carpo e possui o efeito de prensar o nervo mediano entre a borda proximal do ligamento transverso do carpo e a borda anterior da porção distal do rádio.

Ao comprimir o nervo mediano no interior do túnel do carpo, sintomas característicos (como queimação, pontada ou formigamento no polegar, indicador, dedo médio e dedo anelar) são considerados sinais positivos e sugerem uma síndrome do túnel do carpo.

A Síndrome do Túnel do Carpo

É uma condição médica causada pela compressão do nervo mediano no ponto em que passa pelo túnel cárpico do pulso.

Os sintomas mais comuns são dor, falta de sensibilidade, formigueiro nos dedos polegar, indicador, e do lado do polegar do dedo anelar. Os sintomas geralmente começam-se a manifestar de forma gradual e durante a noite.

Em alguns casos a dor pode-se espalhar para o braço. Após um longo período de tempo, o desgaste dos músculos na base do polegar pode causar diminuição da força necessária para agarrar objetos. Em mais da metade dos casos, ambos lados são afetados.

Fatores de Risco

–  Obesidade;

– Trabalho repetitivo com o pulso;

– Gravidez;

– Artrite reumatoide.

Existem alguns indícios de que o hipotireoidismo aumenta o risco, e existe também uma associação ligeira da diabetes com a STC.

A utilização da pílula contraceptiva não influencia o risco.

Referência:

1. American Academy of Orthopaedic Surgeons. Management of Carpal Tunnel Syndrome Evidence-Based Clinical Practice Guideline. http://www.aaos.org/ctsguideline. Published February 29, 2016.

A Importância da Fisioterapia em Unidades de Terapia Intensiva (UTI)

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A fisioterapia aplicada na UTI tem uma visão geral do paciente, pois atua de maneira complexa no amplo gerenciamento do funcionamento do sistema respiratório e de todas as atividades correlacionadas com a otimização da função ventilatória. É fundamental que as vias aéreas estejam sem secreção e os músculos respiratórios funcionem adequadamente. A fisioterapia auxilia na manutenção das funções vitais de diversos sistemas corporais, pois atua na prevenção e/ou no tratamento das doenças cardiopulmonares, circulatórias e musculares, reduzindo assim a chance de possíveis complicações clínicas. Ela também atua na otimização (melhora) do suporte ventilatório, através da monitorização contínua dos gases que entram e saem dos pulmões e dos aparelhos que são utilizados para que os pacientes respirem melhor.

O fisioterapeuta também possui o objetivo de trabalhar a força dos músculos, diminuir a retração de tendões e evitar os vícios posturais que podem provocar contraturas e lesões por pressão.

Quais recursos o fisioterapeuta utiliza nas UTIs?

O fisioterapeuta utiliza técnicas, recursos e exercícios terapêuticos em diferentes fases do tratamento, sendo necessário para alcançar uma melhor efetividade a aplicação do conhecimento e das condições clínicas do paciente. Assim, um plano de tratamento condizente é organizado e aplicado de acordo com as necessidades atuais dos pacientes, como o posicionamento no leito, técnicas de facilitação da remoção de secreções pulmonares, técnicas de reexpansão pulmonar,técnicas de treinamento muscular, aplicação de métodos de ventilação não invasiva, exercícios respiratórios e músculo-esqueléticos.

Qual vantagem de ter o fisioterapeuta dentro da equipe multidisciplinar?

A presença do especialista em fisioterapia cardiorrespiratória é uma das recomendações básicas de todas as UTIs. O trabalho intensivo dos fisioterapeutas diminui o risco de complicações do quadro respiratório, reduz o sofrimento dos pacientes e permite a liberação mais rápida e segura das vagas dos leitos hospitalares. A atuação profissional também diminuiu os riscos de infecção hospitalar e das vias respiratórias, proporcionando uma economia nos recursos financeiros que seriam usados na compra de antibióticos e outros medicamentos de alto custo. Diante disso, a atuação do fisioterapeuta especialista nas UTIs implica em benefícios principalmente para os pacientes, mas também para o custo com a saúde num geral.