
A Doença de De Quervain, também conhecida como tenossinovite estenosante dos tendões abdutor longo e extensor curto do polegar, é uma condição dolorosa que afeta o punho, especialmente na região lateral (próxima ao polegar). Essa inflamação atinge a bainha que envolve os tendões responsáveis por movimentar o polegar, dificultando atividades simples como segurar objetos, abrir potes ou até digitar.
Um dos métodos mais utilizados para identificar essa condição é o Teste de Finkelstein, um exame clínico rápido e eficaz que ajuda a diferenciar a dor causada pela Doença de De Quervain de outras patologias que também afetam o punho e o polegar.
O Que É a Doença de Quervain?
A Doença de Quervain, ou tenossinovite estenosante do extensor curto do polegar e abdutor longo do polegar, é uma inflamação dos tendões e da bainha (a “capa” que envolve os tendões) que ficam no punho, do lado do polegar. Esses tendões são essenciais para o movimento do polegar e, quando inflamados, causam dor, inchaço e dificuldade de movimento.
- Causas Comuns: A repetição de movimentos de pinça ou preensão, como levantar um bebê, digitar no celular com o polegar, ou atividades de jardinagem, pode sobrecarregar esses tendões e levar à inflamação.
O Teste de Finkelstein: O Diagnóstico Clínico na Prática
O Teste de Finkelstein é um procedimento simples e rápido, que provoca o alongamento dos tendões inflamados para verificar se há dor. Ele é considerado positivo se o paciente sentir uma dor aguda e súbita no punho, na base do polegar.
Como o Teste é Realizado?
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- Peça ao paciente para fechar a mão, formando um punho, com o polegar para dentro. É importante que o polegar esteja totalmente flexionado e envolvido pelos outros dedos.
- Peça ao paciente para desviar o punho para o lado ulnar. Ou seja, inclinar a mão para o lado oposto ao polegar, como se estivesse tentando encostar o dedo mindinho no antebraço.
- Avalie a resposta:
- Teste positivo: Se essa manobra causar uma dor aguda e intensa no punho, na região dos tendões do polegar.
- Teste negativo: Se o paciente não sentir dor ou apenas um leve desconforto sem características de dor aguda.
- Mecanismo da Dor: A manobra de desvio ulnar estica os tendões extensor curto do polegar e abdutor longo do polegar, que estão inflamados. O atrito desses tendões inchados contra a bainha apertada provoca a dor característica da Doença de Quervain.
Diagnóstico Diferencial: A Importância de um Olhar Completo
Embora o Teste de Finkelstein seja muito útil, é importante lembrar que ele é apenas uma ferramenta. A dor no punho pode ter outras causas, como a rizartrose (artrose na base do polegar) ou outras tendinites. Por isso, uma anamnese detalhada e um exame físico completo são essenciais para confirmar o diagnóstico. O médico também pode solicitar exames de imagem, como uma ultrassonografia, para visualizar a inflamação dos tendões.
Tratamento e Cuidados de Enfermagem
Após o diagnóstico, o nosso papel na enfermagem é crucial no suporte ao paciente. O tratamento para a Doença de Quervain visa reduzir a inflamação e a dor e, na maioria dos casos, não é cirúrgico.
Repouso e Imobilização:
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- Orientar o paciente: Explicar a importância de evitar os movimentos que causam a dor.
- Uso de órtese: Orientar sobre o uso de uma órtese (tala) específica para o polegar e o punho, que ajuda a imobilizar a articulação e a diminuir a inflamação.
Manejo da Dor e Inflamação:
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- Compressas frias: Orientar a aplicação de compressas frias (gelo) na área afetada por 15-20 minutos, várias vezes ao dia, para diminuir o inchaço e a dor.
- Medicamentos: Administrar e orientar sobre o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) orais ou tópicos.
Educação em Saúde e Prevenção:
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- Ergonomia: Ensinar o paciente sobre ergonomia no trabalho e no dia a dia. Por exemplo, a forma correta de segurar um bebê, de usar o celular, ou de segurar objetos.
- Exercícios de Fisioterapia: Acompanhar o paciente em exercícios de alongamento e fortalecimento, que são essenciais para a recuperação e para prevenir a recorrência da doença.
Suporte em Procedimentos:
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- Infiltrações: Em casos mais persistentes, o médico pode optar por uma infiltração com corticoides. Nosso papel é de preparar o paciente, acalmá-lo, auxiliar no procedimento e orientar sobre os cuidados pós-procedimento.
- Cirurgia: Se o tratamento conservador falhar, a cirurgia pode ser necessária. Nosso cuidado se estende ao pré e pós-operatório, com monitoramento da ferida, controle da dor e estímulo à reabilitação.
O Teste de Finkelstein é mais do que um nome na literatura médica; é uma ferramenta prática que nos ajuda a dar um nome à dor do paciente. Com nosso conhecimento, podemos não apenas diagnosticar, mas também oferecer o suporte e a educação necessários para que o paciente se recupere e retome suas atividades com mais conforto e segurança.
Referências:
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA DA MÃO (SBCM). Doença de Quervain. Disponível em: https://www.cirurgiadamao.org.br/doencas-da-mao/doenca-de-quervain/.
- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual de Reabilitação da Mão. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2011. (Consultar os capítulos sobre tendinopatias e reabilitação da mão). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_reabilitacao_mao.pdf.
- BICKLEY, L. S.; SZILAGYI, P. G.; HOFFMAN, R. M. Bates: Guia de Bolso para Exame Físico e História Clínica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. (Consultar capítulo sobre exame físico do sistema musculoesquelético).









