Anna Nery: A primeira Enfermeira do Brasil

Quando a gente pensa na história da enfermagem no Brasil, um nome brilha com uma força incrível: Anna Nery. Mais do que um busto em praça pública, ela foi uma mulher de fibra, com uma história de vida marcante e uma dedicação aos feridos de guerra que a consagrou como a mãe da enfermagem brasileira.

Pra gente que tá trilhando esse caminho do cuidado, conhecer a saga de Anna Nery é se conectar com as raízes da nossa profissão e se inspirar em sua bravura. Vamos juntos nessa jornada pela vida dessa heroína?

Uma Vida Dedicada à Família, Um Coração Voltado ao Próximo

Anna Justina Ferreira nasceu em Salvador, Bahia, em 1814. Casou-se cedo com o Capitão-de-Fragata Isidoro Antônio Nery e construiu uma vida familiar dedicada aos seus três filhos: Justiniano de Castro Rebêllo (fevereiro de 1839); Isidoro Antônio Néri (24 de março de 1841); e Pedro Antônio Néri (13 de maio de 1842). Era uma mulher culta, falava francês e italiano, e vivia os costumes da sociedade da época. Nada ali parecia indicar a trajetória extraordinária que o destino lhe reservava.

No entanto, a guerra sempre traz consigo reviravoltas inesperadas. Com o início da Guerra do Paraguai (1864-1870), seus filhos foram convocados para lutar. O coração de mãe de Anna Nery não aguentou a distância e a preocupação. Movida por um amor incondicional e um profundo senso de humanidade, ela escreveu ao presidente da província da Bahia, oferecendo seus serviços como enfermeira voluntária nos hospitais de campanha.

O Front como Palco de Coragem e Dedicação

O pedido de Anna Nery foi aceito, e em agosto de 1865, aos 51 anos, ela partiu para o front de batalha. Lá, encontrou um cenário desolador: hospitais improvisados, superlotados, com poucos recursos e muitos feridos precisando de cuidados urgentes. Sem hesitar, Anna Nery colocou a mão na massa.

Ela atuou incansavelmente em diversos hospitais de campanha, como os de Corrientes, Humaitá e Assunção. Cuidava dos soldados brasileiros e também dos prisioneiros paraguaios, demonstrando uma compaixão que transcendia as fronteiras do conflito. Limpava ferimentos, administrava medicamentos (com os poucos recursos disponíveis), confortava os que sofriam e, muitas vezes, era o último rosto que os moribundos viam.

Apesar das condições adversas, da falta de materiais e do cansaço extremo, Anna Nery nunca esmoreceu. Sua presença era um alento para os soldados, que a viam como um anjo da guarda em meio ao caos da guerra. Sua dedicação e seu amor ao próximo eram contagiantes, inspirando outros a ajudar e a manter a esperança em meio ao sofrimento.

Uma Precursora da Enfermagem Moderna no Brasil

Embora a figura de Anna Nery se destaque principalmente por sua atuação humanitária na Guerra do Paraguai, seu legado vai além da bravura nos campos de batalha. Sua iniciativa de se oferecer como voluntária e sua atuação nos hospitais de campanha, mesmo sem formação específica na área, a colocam como uma precursora da enfermagem moderna no Brasil.

Naquela época, o cuidado aos doentes era frequentemente realizado por religiosos ou por pessoas sem treinamento formal. A dedicação, a organização e o empenho de Anna Nery em proporcionar um cuidado mais digno e atencioso aos feridos representaram um marco importante para o reconhecimento da necessidade de pessoas dedicadas e capacitadas para essa função.

É importante ressaltar que Anna Nery não desenvolveu uma teoria de enfermagem formal como Florence Nightingale. Sua atuação foi guiada por um forte senso de humanidade e pela necessidade urgente de cuidar dos que sofriam. No entanto, seus atos e sua dedicação lançaram as sementes para a futura profissionalização da enfermagem no Brasil.

Méritos Reconhecidos: Uma Heroína Nacional

Em homenagem à Anna Nery, em 1926, o governo deu o nome dela à Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde. Hoje essa escola se chama Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) e faz parte da UFRJ. Foi a primeira escola de enfermagem do Brasil!

Mais tarde, em 1938, o presidente Getúlio Vargas criou o Dia do Enfermeiro, comemorado em 12 de maio. Nesse dia, todos os hospitais e escolas de enfermagem do país devem lembrar e homenagear a Anna Nery.

Em 2009, ela foi reconhecida de forma ainda mais especial: virou a primeira mulher a entrar no “Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria”, que fica em Brasília, no Panteão da Liberdade e da Democracia.

Além disso, a Anna Nery já foi homenageada de várias formas:

  •  Em 1967, os Correios lançaram um selo com o rosto dela.
  • A Petrobras colocou o nome dela em uma de suas plataformas de petróleo, a FPSO Anna Nery.
  • E a casa onde ela nasceu, na Bahia, virou patrimônio histórico nacional em 1941, e estadual em 1952.

Referências:

  1. BARRETO, L. F. Anna Nery. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 2015.
  2. BRASIL. Conselho Federal de Enfermagem. História da Enfermagem Brasileira. [S. l.], [2024]. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/historia-da-enfermagem-brasileira/.
  3. NOGUEIRA, O. Anna Nery: Heroína da Enfermagem do Brasil. São Paulo: Editora Paulinas, 2009.
  4. SANTOS, T. C. C. Anna Nery: Ícone da Enfermagem Brasileira. Revista Cogitare Enfermagem, v. 19, n. 4, p. 791-793, 2014. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/37376

Enfermeiras que fizeram história no Brasil

Se você escolheu a enfermagem como sua jornada, prepare-se para caminhar pelos passos de gigantes. O Brasil tem uma história rica em mulheres incríveis que, com coragem, dedicação e visão, transformaram a saúde e elevaram o patamar da nossa profissão.

Conhecer essas pioneiras não é apenas aprender sobre o passado, mas também se inspirar para o futuro. Vamos juntos celebrar algumas das enfermeiras brasileiras que deixaram um legado inestimável?

Anna Nery: A Mãe dos Enfermeiros na Guerra e na Paz

Impossível falar de enfermagem no Brasil sem reverenciar Anna Nery (1814-1880). Essa baiana extraordinária é considerada a pioneira da enfermagem em nosso país. Durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), Anna Nery não hesitou em seguir seus filhos para o front. Lá, com recursos escassos e em meio ao caos da batalha, organizou serviços de enfermagem nos hospitais militares, cuidando dos feridos com dedicação e humanidade. Sua atuação abnegada e sua liderança inspiradora a consagraram como um símbolo da profissão, sendo sua data de falecimento, 20 de maio, celebrado como o Dia Nacional dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem. Após a guerra, dedicou-se a cuidar dos órfãos e inválidos, mostrando que sua vocação ia muito além dos campos de batalha.

Edith de Magalhães Fraenkel: A Cientista que Impulsionou a Enfermagem Moderna

Edith de Magalhães Fraenkel (1896-1988) foi uma figura crucial na profissionalização da enfermagem no Brasil. Formada pela Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública, Edith dedicou sua vida à educação e à organização da enfermagem. Foi uma das fundadoras da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) e lutou incansavelmente pelo reconhecimento da profissão, pela criação de currículos padronizados e pela valorização do trabalho das enfermeiras. Sua visão científica e sua paixão pela educação pavimentaram o caminho para a enfermagem moderna em nosso país.

Rachel Haddock Lobo: A Educadora que Formou Gerações de Enfermeiras

Rachel Haddock Lobo (1895-1984) foi outra gigante da enfermagem brasileira, com uma trajetória dedicada à educação. Formada pela Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública, assim como Edith Fraenkel, Rachel dedicou grande parte de sua carreira à Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Como professora e diretora, moldou gerações de enfermeiras, transmitindo conhecimento, ética e a importância do cuidado humanizado. Sua liderança e seu compromisso com a excelência no ensino foram fundamentais para o desenvolvimento da enfermagem como ciência e profissão no Brasil.

Lais Moura Netto dos Reys: A Visionária da Saúde Pública e da Enfermagem

Lais Moura Netto dos Reys (1902-1998) deixou sua marca na história da enfermagem brasileira com sua atuação na área da saúde pública. Enfermeira sanitarista, dedicou-se ao controle de endemias e à melhoria das condições de saúde da população. Foi uma das pioneiras na implementação de programas de saúde pública no Brasil e também teve uma importante atuação na formação de enfermeiras para essa área. Sua visão abrangente da saúde e seu compromisso social inspiraram muitas profissionais a seguirem o caminho da saúde coletiva.

Izaura Barbosa Lima: A Defensora dos Direitos da Enfermagem

Izaura Barbosa Lima (1905-1989) foi uma figura emblemática na luta pelos direitos e pela valorização da enfermagem brasileira. Enfermeira dedicada e líder nata, atuou intensamente na Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), defendendo melhores condições de trabalho, salários justos e o reconhecimento da importância da profissão para a sociedade. Sua voz firme e sua persistência foram cruciais para a conquista de avanços significativos para a categoria.

Zaira Cintra Vidal: A Pioneira da Enfermagem Psiquiátrica

Zaira Cintra Vidal (1922-2006) desbravou o campo da enfermagem psiquiátrica no Brasil. Com uma visão humanizada e inovadora, dedicou sua carreira a transformar o cuidado em saúde mental, lutando por abordagens mais dignas e pela desinstitucionalização de pacientes psiquiátricos. Sua atuação foi fundamental para a evolução da enfermagem nesse campo, influenciando a formação de profissionais e a implementação de novas práticas de cuidado.

Hilda Anna Krisch: A Dedicação ao Ensino e à Pesquisa

Hilda Anna Krisch (1925-2017) teve uma trajetória marcante na enfermagem brasileira, especialmente nas áreas de ensino e pesquisa. Com uma sólida formação acadêmica, contribuiu significativamente para o desenvolvimento científico da profissão, incentivando a produção de conhecimento e a formação de novos pesquisadores. Sua dedicação à academia e sua paixão pela enfermagem deixaram um legado importante para as futuras gerações de enfermeiros.

Madre Domineuc: A Caridade e o Cuidado como Missão

Madre Domineuc (1896-1978), cujo nome de batismo era Eugénie Joubert, foi uma religiosa francesa que dedicou sua vida à assistência à saúde no Brasil. Fundadora da Congregação das Irmãs Marcelinas de São José, estabeleceu diversas instituições de saúde e educação no país, oferecendo cuidado e acolhimento aos mais necessitados. Sua fé e sua dedicação ao próximo a tornaram uma figura inspiradora na história da enfermagem brasileira, mostrando a força da caridade e da compaixão no cuidado.

Haydee Guanais Dourado: A Luta pela Regulamentação Profissional

Haydee Guanais Dourado (1928-2018) foi uma líder incansável na luta pela regulamentação da profissão de enfermagem no Brasil. Sua atuação na Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) foi fundamental para a conquista de leis e decretos que garantiram o reconhecimento legal e a autonomia da enfermagem. Sua persistência e sua visão estratégica foram essenciais para consolidar a profissão como uma área essencial para a saúde da população.

Waleska Paixão: A Inovadora na Gestão e no Cuidado

Waleska Paixão é uma enfermeira contemporânea com uma atuação destacada na área de gestão e inovação em saúde. Com uma visão vanguardista, tem implementado modelos de cuidado centrados no paciente e tecnologias que otimizam o trabalho da enfermagem. Sua liderança e sua capacidade de integrar diferentes áreas do conhecimento a tornam uma referência para as novas gerações de enfermeiros.

Maria Rosa de Sousa Pinheiro: A Dedicação à Saúde da Família

Maria Rosa de Sousa Pinheiro dedicou sua carreira à saúde da família e à atenção primária, áreas cruciais para a promoção da saúde e a prevenção de doenças. Sua atuação junto às comunidades, sua escuta atenta às necessidades da população e seu compromisso com a equidade no acesso à saúde a tornaram uma figura importante na história da enfermagem brasileira, mostrando a relevância do cuidado de proximidade.

Glete de Alcântara: A Pioneira na Enfermagem de Saúde Pública em São Paulo

Glete de Alcântara (1906-1990) foi uma figura fundamental no desenvolvimento da enfermagem de saúde pública no estado de São Paulo. Com sua dedicação e visão, implementou programas inovadores e contribuiu para a formação de inúmeros profissionais nessa área. Seu trabalho deixou um legado duradouro na organização dos serviços de saúde e na melhoria da qualidade de vida da população paulista.

Marina Andrade Resende: A Educadora e Pesquisadora Dedicada à Saúde da Criança

Marina Andrade Resende teve uma importante atuação na área da saúde da criança e do adolescente. Como educadora e pesquisadora, contribuiu significativamente para a formação de enfermeiros especializados nesse campo e para o desenvolvimento de práticas de cuidado baseadas em evidências. Sua dedicação à saúde infantil deixou uma marca importante na enfermagem pediátrica brasileira.

Olga Verderese: A Luta pela Ética e pela Qualidade do Cuidado

Olga Verderese dedicou sua carreira à defesa da ética e da qualidade do cuidado na enfermagem. Sua atuação em conselhos profissionais e em organizações da categoria foi fundamental para a implementação de normas e diretrizes que visam garantir uma prática profissional responsável e segura para os pacientes. Sua voz firme em defesa dos princípios éticos da enfermagem é uma inspiração para todos nós.

Wanda de Aguiar Horta: A Teórica que Transformou a Prática do Cuidado

Wanda de Aguiar Horta (1926-1981) foi uma das maiores teóricas da enfermagem no Brasil. Sua Teoria das Necessidades Humanas Básicas, inspirada em Maslow, revolucionou a forma como o cuidado era concebido e praticado, colocando o paciente no centro da atenção e considerando suas necessidades biopsicossociais e espirituais. Sua teoria é um marco fundamental na história da enfermagem brasileira e continua a influenciar a prática clínica e o ensino da profissão.

Maria Ivete Ribeiro de Oliveira: A Dedicação à Enfermagem Obstétrica

Maria Ivete Ribeiro de Oliveira dedicou sua carreira à enfermagem obstétrica, uma área fundamental para a saúde da mulher e do recém-nascido. Sua atuação na assistência ao parto e no cuidado pós-parto, aliada à sua paixão pelo ensino, contribuiu para a formação de inúmeros enfermeiros obstetras e para a melhoria da qualidade da assistência nesse campo.

Roseni de Sena: A Pesquisadora que Desafia Paradigmas

Roseni de Sena é uma pesquisadora contemporânea com uma produção científica relevante na área da enfermagem. Suas pesquisas desafiam paradigmas e contribuem para o avanço do conhecimento na profissão, abordando temas como cuidado, tecnologia e inovação. Sua atuação inspira novas gerações de enfermeiros a trilharem o caminho da pesquisa e da produção de conhecimento.

Dona Ivone Lara: A Enfermeira que Encantou o Brasil com sua Música

Embora mais conhecida por sua brilhante carreira na música, Dona Ivone Lara (1921-2018) também foi uma dedicada enfermeira e assistente social. Formada na Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, dedicou anos de sua vida ao cuidado em hospitais psiquiátricos, mostrando que a sensibilidade e o acolhimento são fundamentais em todas as áreas da saúde. Sua trajetória única demonstra a diversidade de talentos e a humanidade que podem coexistir em um profissional de enfermagem.

Essas são apenas algumas das muitas enfermeiras brasileiras que fizeram história e cujas contribuições continuam a inspirar e a guiar a nossa profissão. Conhecer suas trajetórias é um lembrete constante da força, da dedicação e da importância da enfermagem para a saúde e o bem-estar da sociedade brasileira. Que possamos honrar seus legados e seguir construindo uma história ainda mais grandiosa para a enfermagem no Brasil.

Referências:

  1. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN). Anna Nery: Pioneira da Enfermagem no Brasil. [S. l.], [2024]. Disponível em: https://www.google.com/search?q=https://www.cofen.gov.br/anna-nery-pioneira-da-enfermagem-no-brasil_4345.html.
  2. ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY (EEAN/UFRJ). Histórico. Rio de Janeiro: EEAN/UFRJ, [s.d.]. Disponível em: https://www.google.com/search?q=http://www.eean.ufrj.br/historico/.
  3. NÓBREGA-THERRIEN, S. M.; THERRIEN, J. Wanda de Aguiar Horta: sua vida e sua obra. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 57, n. 5, p. 628-631, set./out. 2004. Disponível em: https://www.google.com/search?q=https://www.google.com/search?q=https://www.scielo.br/j/reben/a/v57n5/.
  4. SANTOS, T. C. F.; BARRETO, J. A. E. Edith de Magalhães Fraenkel e a construção da identidade profissional da enfermeira brasileira. Revista Enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, v. 20, n. 1, p. 121-126, jan./fev. 2012. Disponível em: https://www.google.com/search?q=https://www.google.com/search?q=https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/3592
  5. Furukawa, P. de O.. (2009). Comparativo de personagens da história da enfermagem brasileira. Escola Anna Nery, 13(2), 402–405. https://doi.org/10.1590/S1414-81452009000200023

Florence Nightingale: A Dama da Lâmpada

Sabe aquelas figuras históricas que a gente ouve falar e pensa “uau”? Pra mim, Florence Nightingale é uma dessas. Mais do que a imagem clássica da mulher com a lamparina, ela foi uma força da natureza que revolucionou a enfermagem e deixou um legado que a gente sente até hoje, na forma como cuidamos dos pacientes e na própria profissão.

Vamos embarcar nessa história fascinante?

Nascida em Berço de Ouro, Alma de Cuidadora

Florence nasceu em 1820, numa família rica e com boas conexões na Inglaterra. Imagina só, uma vida de bailes e viagens pela Europa! Mas, desde cedo, ela sentia um chamado diferente, uma vontade forte de ajudar os outros, especialmente os doentes. Naquela época, a enfermagem não era vista como uma profissão respeitável, muito menos para uma dama da alta sociedade. Era mais associada a mulheres pobres e sem instrução. Mas Florence não se importou com os julgamentos e seguiu seu coração.

Contra a vontade da família, que esperava um casamento vantajoso para ela, Florence persistiu em seu desejo de cuidar. Ela estudou, buscou conhecimento sobre saúde e assistência, visitou hospitais e instituições de caridade, absorvendo tudo o que podia sobre o cuidado com os enfermos. Essa paixão e essa determinação já mostravam a mulher extraordinária que ela viria a ser.

O Chamado da Guerra: A “Dama da Lâmpada” em Ação

O grande divisor de águas na história de Florence foi a Guerra da Crimeia (1853-1856). As notícias que chegavam da frente de batalha eram aterrorizantes: um número enorme de soldados britânicos morrendo não por ferimentos de combate, mas por doenças infecciosas e condições sanitárias precárias nos hospitais militares.

Foi então que Florence, com uma equipe de 38 enfermeiras voluntárias, incluindo freiras e leigas, partiu para Scutari (atual Üsküdar, na Turquia), onde ficava o principal hospital britânico. O que elas encontraram lá era chocante: superlotação, sujeira, falta de higiene básica, esgoto a céu aberto, ratos e baratas por toda parte. Os soldados morriam mais de tifo, cólera e disenteria do que dos próprios ferimentos de guerra.

Com uma energia incansável e uma visão inovadora, Florence implementou mudanças drásticas. Ela organizou a limpeza do hospital, melhorou a ventilação, a alimentação, o banho dos pacientes e a higiene pessoal. Ela também passava horas percorrendo as enfermarias à noite, com sua famosa lamparina na mão, oferecendo conforto e cuidado aos soldados. Foi aí que ela ganhou o apelido que a imortalizou: “A Dama da Lâmpada”.

Os resultados foram impressionantes. A taxa de mortalidade no hospital de Scutari caiu de mais de 40% para cerca de 2% em poucos meses. Florence não apenas cuidava dos corpos, mas também oferecia apoio emocional, escrevia cartas para as famílias e se preocupava com o bem-estar geral dos pacientes.

A Estatística como Ferramenta de Mudança: A Teoria Ambiental em Números

Florence era uma mulher de ciência, muito além do cuidado intuitivo. Ela coletava dados meticulosamente sobre as causas das mortes e doenças nos hospitais. Ao retornar à Inglaterra, ela usou essas estatísticas de forma brilhante para apresentar evidências concretas da importância das condições ambientais na saúde dos pacientes. Seus diagramas circulares, chamados “diagramas de área polar”, eram inovadores e visualmente impactantes, mostrando como a maioria das mortes era evitável com melhorias sanitárias.

Essa análise rigorosa dos dados formou a base de sua Teoria Ambiental. Florence acreditava que um ambiente saudável era essencial para a recuperação dos pacientes e para a prevenção de doenças. Ela identificou cinco pontos cruciais para um ambiente terapêutico:

  • Ar puro: Ventilação adequada para remover ar viciado e odores.
  • Água pura: Fornecimento de água limpa e segura.
  • Esgoto eficiente: Sistema adequado para eliminação de resíduos.
  • Limpeza: Higiene rigorosa de roupas de cama, feridas e do ambiente.
  • Luz: Exposição à luz solar direta.

Para Florence, a enfermeira tinha um papel fundamental na manipulação desses elementos ambientais para colocar o paciente nas melhores condições possíveis para a natureza agir e promover a cura.

Uma Visão Holística do Cuidado: Além do Corpo Físico

Embora sua Teoria Ambiental seja a mais conhecida, o pensamento de Florence ia além das condições físicas. Ela reconhecia a importância de cuidar da pessoa como um todo, integrando corpo, mente e espírito. Em seus escritos, ela enfatizava a necessidade de a enfermeira usar seu intelecto, seu coração e suas habilidades manuais para criar um ambiente de cura completo. Essa visão holística do cuidado já apontava para conceitos que seriam mais desenvolvidos na enfermagem moderna.

Ela acreditava na importância da observação atenta do paciente, da compreensão de suas necessidades individuais e da criação de uma relação de cuidado terapêutica. Para Florence, a enfermagem era uma arte e uma ciência, exigindo conhecimento técnico, habilidades práticas e uma profunda compaixão pelo ser humano.

Méritos que Ecoam até Hoje: O Legado de uma Visionária

Os méritos de Florence Nightingale são vastos e duradouros:

  • Revolucionou a Enfermagem: Elevou a enfermagem de uma ocupação desorganizada e pouco respeitada a uma profissão baseada em conhecimento, treinamento e princípios éticos.
  • Fundou a Primeira Escola de Enfermagem Secular: Em 1860, ela estabeleceu a Escola de Treinamento Nightingale para Enfermeiras no Hospital St. Thomas, em Londres. Essa escola estabeleceu um novo padrão para a formação de enfermeiras, com um currículo estruturado e foco na prática baseada em evidências.
  • Pioneira no Uso de Estatísticas na Saúde: Sua habilidade em coletar, analisar e apresentar dados estatísticos convenceu líderes políticos e militares da necessidade de reformas sanitárias.
  • Defensora da Saúde Pública: Suas ideias e trabalhos influenciaram a criação de sistemas de saúde pública mais eficientes e a melhoria das condições sanitárias em diversas áreas.
  • Inspiração para a Enfermagem Mundial: Seu legado inspirou a criação de escolas de enfermagem e organizações profissionais em todo o mundo, moldando a profissão como a conhecemos hoje.
  • Ordem de Mérito Britânico: Em 1907, Florence Nightingale se tornou a primeira mulher a receber a Ordem do Mérito do Reino Unido, uma das maiores honrarias britânicas. Esse reconhecimento foi concedido por sua contribuição extraordinária à saúde pública e à enfermagem — um marco histórico que reforça sua importância e legado mundial.

Florence Nightingale faleceu em 1910, aos 90 anos, deixando um impacto indelével na história da saúde e da enfermagem. Sua paixão, sua inteligência e sua dedicação continuam a inspirar gerações de enfermeiros a buscar a excelência no cuidado e a lutar por um mundo mais saudável.

Referências:

  1. DOSSEY, B. M. Florence Nightingale: Mystic, Visionary, Reformer, Healer. Springhouse: Springhouse Corporation, 2000.
  2. NIGHTINGALE, F. Notas sobre Enfermagem: O que é e o que não é. [S. l.]: Cortez Editora, 1989. (Tradução da obra original “Notes on Nursing: What It Is, and What It Is Not”).
  3. WOODHAM-SMITH, C. Florence Nightingale. New York: McGraw-Hill Book Company, 1951.
  4. INTERNATIONAL COUNCIL OF NURSES (ICN). Florence Nightingale. [S. l.], [2024]. Disponível em: https://www.icn.ch/what-we-do/policy-and-advocacy/florence-nightingale.
  5. BRITANNICA. Florence Nightingale. [S. l.], [2024]. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/Florence-Nightingale

Teoria de Watson

A teoria de Watson defende o cuidado como uma ciência humana desenvolvida a partir de fundamentos filosóficos e sistemas de valores humanistas.

Quem é a Teorista?

A ideia de cuidado transpessoal surgiu com a enfermeira Drª Jean Watson em 1985, quando fez a primeira reformulação em sua Teoria do Cuidado Humano, lançada por ela entre 1975 e 1979.

Esta teoria, ao longo do tempo, vem sendo aprimorada. Hoje a Teoria do Cuidado Transpessoal, que foi proposta mediante o Processo Clinical Caritas, reúne cuidado e amor para o cuidar pleno e maduro.

Atualmente, a teoria de Watson é adotada em diversas instituições de saúde, como hospitais, centros médicos e universidades com cursos na área da saúde, nos EUA e no México.

Watson Caring Science Institute foi criado pela própria autora para divulgação dos princípios da teoria e auxílio na implantação e manutenção dos pressupostos nos serviços de saúde, além de oferecer treinamentos profissionais, promover pesquisas e eventos científicos e formar doutores em cuidado que considerem a dimensão sagrada humana.

A Teoria

Clinical Caritas é a denominação atual do processo por ela desenvolvido e aprimorado. Inicialmente, era formado por Fatores de Cuidado, dez preceitos que objetivavam a ampliação do cuidado unicamente biológico, coerentes com sua teoria inicial.

Em 2007, então, ela construiu o Clinical Caritas, constituído por dez elementos que consideram o ser cuidado como sagrado (integrante do universo e do divino) e, por isso, merece ser reconhecido com delicadeza, sensibilidade e amor.

Os dez elementos deste cuidado são:

  1. Praticar bondade e equanimidade, inclusive para si;
  2. Estar presente e valorizar o sistema de crenças do ser cuidado;
  3. Cultivar práticas espirituais próprias, aprofundando o conhecimento individual;
  4. Manter o cuidar autêntico por meio de um relacionamento de ajuda-confiança;
  5. Apoiar expressão de sentimentos positivos e negativos;
  6. Utilizar conhecimento e intuição de forma criativa na resolução de problemas;
  7. Vincular-se verdadeiramente na experiência de ensino-aprendizagem;
  8. Proporcionar um ambiente de restauração física, emocional e espiritual;
  9. Promover alinhamento de corpo, mente e espírito a fim de atender às necessidades do indivíduo;
  10. Considerar os aspectos espirituais e de vida e morte.

Diversos desses elementos guardam relação com a empatia. Praticar bondade consigo (elemento 1), previamente à oferta de cuidado ao outro, está atrelado ao reconhecimento da humanidade existente no profissional, que também possui emoções em suas relações.

Para Watson, todos os envolvidos no processo de cuidado devem expressar seus sentimentos, de forma que a relação empática se construa mutuamente. Desta forma, cria-se um espaço para relações horizontais de cuidado que favorecem o respeito mútuo.

Estar presente nas relações (elemento 2) representa o fundamento da empatia. É a partir do foco e da atenção dispensada ao outro que o processo empático se inicia e que torna possível a compreensão da experiência alheia.

Estamos presentes onde está nossa atenção. Se ao cuidarmos estivermos preocupados com outras questões e ou situações não relacionadas ao outro que está a nossa frente, dificilmente conseguiremos desenvolver e demonstrar empatia.

O terceiro elemento do cuidado diz respeito ao cultivo de práticas que melhorem o autoconhecimento. A manutenção de atividades que desenvolvam o autoconhecimento é incentivada por teoristas da empatia, pois ele é fundamental para o movimento interno que proporciona a capacidade de se colocar no lugar do outro.

Temos no quinto elemento do Clinical Caritas, o incentivo à exposição de sentimentos, sejam positivos ou negativos. Isso permite, inicialmente, que o paciente consiga reconhecer suas emoções para, então, aceitá-las ou confrontá-las.

Quando isso ocorre, o enfermeiro é capaz de conhecer as sensações reais do paciente e colocar-se em seu lugar. Para isso, a escuta sensível é necessária, além do tempo que ela implica nas interações entre o enfermeiro e o paciente.

Muitos podem dizer que ela é praticamente impossível a depender das condições estruturais e de organização do trabalho. Sem dúvidas, são aspectos que têm seu peso, mas, por outro lado, sabemos que se trata também de uma escolha pessoal na forma de conduzir a assistência. Ouvir o outro é algo que requer treino, inclusive para além das situações assistenciais.

Envolver-se em uma interação educativa com o paciente (elemento 7) representa a possibilidade de conexão verdadeira entre os envolvidos, visto que o enfermeiro que incentiva e favorece a participação do paciente nas tomadas de decisões, respeitando, inclusive, preceitos éticos da profissão, ressalta o processo de autonomia dos envolvidos.

O reconhecimento do outro como capaz de fazer escolhas é um aspecto fundamental da relação empática, pois é a partir desta consideração que se originam os fatores cognitivo e emocional da empatia.

Os elementos oito e nove estão relacionados à promoção do equilíbrio do ambiente e dos indivíduos, respectivamente. A postura empática, que acolhe e aceita o outro, é capaz de influenciar fortemente tais aspectos.

O comportamento empático pode tanto provocar uma mudança em um ambiente desfavorável quanto atender às necessidades físicas, mentais e emocionais dos indivíduos.

Reconhecer o que em um ambiente é hostil para o outro, colocar-se no seu lugar e optar não só por intervenções técnico-procedimentais, mas por uma postura que o modifique, está no cerne da restauração e atendimento das necessidades previstas nesses elementos.

Quanto ao elemento dez, cabe-nos a reflexão de como a empatia auxilia nos aspectos relacionados à espiritualidade, à vida e à morte. Como colocar-se no lugar do outro que está em processo de morte, se é uma experiência ainda não vivenciada?

Há algum tempo, o atendimento às necessidades espirituais dos pacientes nessas situações praticamente se restringiam a promover a visita de um líder religioso. Contudo, os avanços na área de cuidados paliativos possibilitam que o profissional ultrapasse atitudes mais distanciadas de reais necessidades dos pacientes e o pensamento atribuído a Cicely Saunders pode resumir o que é ser empático diante deste cenário:

“eu me importo pelo fato de você ser você, me importo até o último momento da sua vida, e faremos tudo que estiver ao seu alcance, não somente para ajudar você a morrer em paz, mas também para você viver até o dia da sua morte”

Percebe-se que esses pressupostos consideram uma visão humanística do ser humano, seja ele profissional ou paciente, de maneira que ambos possam ter respeitados seus princípios, fortalecida sua autonomia e sejam participantes de uma estrutura de cuidado mais sensível e acolhedora.

Pelo exposto, é possível compreender, também, que a empatia permeia todo o processo de cuidado de Jean Watson, uma vez que a aplicação dos elementos do Clinical Caritas é possibilitada pelo comportamento empático.

Por outro lado, ao se experienciar a assistência transpessoal, a empatia é oportunizada, visto que para atingir os objetivos deste cuidado é primordial que se reconheça o paciente como participante do processo, detentor de anseios e expectativas, com história pregressa de vida.

Referências:

1 Mathias JJS, Zagonel IPS, Lacerda MR. Processo clinical caritas: novos rumos para o cuidado de enfermagem transpessoal. Acta Paul. Enferm. 2006 maio/jun; 19(3): 332-7. 
2 Sales LVT, Paixão MG, Castro O. Teoria do cuidado transpessoal – Jean Watson. In: Braga CG, Silva JV. Teorias de Enfermagem. São Paulo, Iátria, 2011. p 225-47.
Silva CMC, Valente GSC, Bitencourt GR, Brito LN. A teoria do cuidado transpessoal na Enfermagem: Análise segundo Meleis. Cogitare enferm. 2010 jul/set; 15(3): 548-51.
Favero L, Pagliuca LMF, Lacerda MR. Cuidado transpessoal em enfermagem: uma análise pautada em modelo conceitual. Rev. Esc. Enferm. USP 2013 mar/abr; 47(2): 500-5
5 Davison N, Williams K. Compassion in nursing 1: defining, identifying and measuring this essential quality. Nurs. Times 2009 set; 105 (36): 16-8. 
6 Ak M, Cinar O, Sutcigil L, Congologlu ED, Haciomeroglu B, Canbaz H, et al. Communication skills training for emergency nursing. Int. J. Med. Sci. 2011 maio; 8(5): 397-401. 
7 Bos N, Sizmur S, Graham C, van Stel HF. The accident and emergency department questionnaire: a measure for patients’ experiences in the accident and emergency department. BMJ Qual Saf. 2013 Feb; 22: 139-46. 
8 Cypress BS. The emergency department: experiences of patients, families and their nurses. Adv. Emerg. Nurs. 2014 Apr/Jun; 636 (2): 164-76. 
9 Moss C, Nelson K, Connor M, Wensley C, McKinlay E, Boulton A. Patient experience in the emergency department: inconsistencies in the ethic and duty of care. J. Clin. Nurs. 2014 Jan; 24(1-2):275-88. 
10 Pytel C, Fielden MSN, Meyer KH, Albert N. Nurse-patient/visitor communication in the emergency department. J. Emerg. Nurs. 2009 Set; 35(5): 406-11. 
11 Burley D. Better communication in the emergency department. Emerg. Nurse. 2011 Mai; 19(2): 32-6. 
12 Formiga NS. Os estudos sobre empatia: reflexões sobre um construto psicológico em diversas áreas científicas. [Internet]. Porto (Portugal): O portal dos psicólogos; 2012. Disponível em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0639.pdf
13 Paro HBMS, Silveira PSP, Perotta B, Gannam S, Enns SC, Giaxa RRB et al. Empathy among medical students: Is there a relation with quality of life and burnout? PLOSOne [on line] 2014 Apr; ; 9(4): Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3976378/
14 Scarpellini GR, Capellato G, Rizzatti FG, Silva GA, Baddini-Martinez JA. Escala CARE de empatia: tradução para o português falado no Brasil e resultados iniciais de validação. Medicina (Ribeirão Preto), 2014 jan/mar; 47(1): 51-8. 
15 Severino AJ. Metodologia do trabalho científico. 22ª ed. São Paulo: Cortez; 2002.
16 Watsoncaringscience.org [página da internet]. Boulder: Watson Caring Science Institute & International Caritas Consortium; 2014. Disponível em: http://watsoncaringscience.org/
17  Watson J. Caritas Nursing: Taking time/Making time [gravação de video]. John C Lincoln North Mountain Hospital, Phoenix, EUA; 2012. 70 min.
18 Portaria n. 881 de 19 de junho de 2001. Dispõe sobre o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH). Diário Oficial da União, 21 jun 2001; Seção 1:1.
19 Silva MJP. Comunicação tem remédio. São Paulo: Loyola, 2011.
20 Pessini L. A filosofia dos cuidados paliativos: uma resposta diante da obstinação terapêutica. In: Pessini L; Bertachini L. Humanização e cuidados paliativos. 2ª ed. São Paulo: Loyola ; 2004. p. 181-208.
21 Schauric D, Crossetti MGO. Produção do conhecimento sobre teorias de Enfermagem: análise de periódicos da área, 1998-2007. Esc. Anna Nery. 2010 jan/mar; 14(1): 182-8. 
22 Favero L, Meier MJ, Lacerda MR, Mazza VA, Kalinowski LC. Aplicação da Teoria do Cuidado Transpessoal de Jean Watson: uma década de produção brasileira. Acta Paul. Enferm. 2009 fev/mar; 22(2): 213-8. 
23 Gordon J, Sheppard LA, Anaf S. The patient experience in the emergency department: a systematic synthesis of qualitative research. Intern. Emerg. Nurs. 2010 Apr; 18(2): 80-8. 
24 Baggio MA, Callegaro GD, Erdmann AL. Compreendendo as dimensões do cuidado em uma unidade de emergência hospitalar. Rev. Bras. Enferm. 2009 maio/jun; 62(3): 381-6. 

Teoria de Madeleine Leininger

A Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural de Madeleine Leininger é uma teoria de enfermagem que busca compreender e respeitar as diferenças e semelhanças culturais entre os indivíduos, grupos e comunidades.

Segundo Leininger, o cuidado cultural é a essência e o objetivo central da enfermagem, pois é através dele que se pode promover a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas.

A teoria propõe que o enfermeiro deve conhecer os valores, crenças, práticas e modos de vida dos seus clientes, bem como as suas necessidades, expectativas e percepções sobre o cuidado. Assim, o enfermeiro pode planejar e implementar intervenções de cuidado culturalmente congruentes, que respeitem a diversidade e a universalidade do cuidado cultural.

A teoria também enfatiza a importância da pesquisa transcultural para o desenvolvimento do conhecimento de enfermagem e a melhoria da prática profissional.

A teoria de Leininger

A teoria de Leininger, é focada em fornecer cuidados que estejam em harmonia com as crenças, práticas e valores culturais de um paciente. Na década de 1960, ela cunhou a frase “cuidado culturalmente congruente”, que é o objetivo principal da enfermagem transcultural. Alguns dos princípios básicos da enfermagem transcultural incluem uma compreensão do seguinte:

Diversidade e universalidade do cuidado cultural, que se refere às diferenças e semelhanças entre diferentes culturas.

Dimensões da estrutura cultural e social, que inclui fatores que incluem religião, estruturas sociais e economia que diferenciam as culturas.

Preservação ou manutenção do cuidado cultural, que se relaciona com atividades de cuidado de enfermagem que auxiliam culturas específicas a reterem os valores culturais centrais relacionados à saúde.

APLICAÇÃO INTERDISCIPLINAR DA TDUCC

Ao longo dos anos, a teorista tem revelado à comunidade científica que a TDUCC pode e deve ser aplicada nas diversas disciplinas da enfermagem. Tal fato, é notório quando evidenciamos a aplicação da teoria na administração de enfermagem, educação, pesquisa e saúde mental.

A Proposta

1. usar de forma mais explícita os conhecimentos da enfermagem cultural em todas as áreas clínicas de enfermagem;
2. desenvolver mais estudos e avaliar os benefícios do cuidado culturalmente competente;
3. promover e usar as políticas, princípios, paradigmas e perspectivas teóricas da enfermagem transcultural para guiar as decisões e ações da enfermagem;
4. a necessidade de especialistas em enfermagem transcultural impactar o conhecimento da enfermagem transcultural na mídia, nas agências governamentais, dentre outros;
5. conduzir pesquisas criativas para descobrir outras culturas ainda pouco conhecidas;
6. abordar questões éticas, morais e legais relacionadas à diversas culturas;
7. estabelecer colaboração de educação, pesquisa e prática multi e interdisciplinares mantendo o foco distinto de cada disciplina;
8. disseminar o conhecimento da enfermagem cultural em publicações internacionais;
9. a necessidade de estabelecer fundos para a educação e pesquisa transcultural e
10. a necessidade de estabelecer uma rede global de enfermagem transcultural.

Referência:

  1. https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-413295

20 de Maio: Dia Nacional do Técnico e Auxiliar de Enfermagem

20 de Maio, esta data homenageia todos os profissionais que se dedicam a cuidar da saúde das pessoas, auxiliando os demais profissionais do ramo, como os médicos e enfermeiros.

O Dia Nacional do Técnico e Auxiliar de Enfermagem foi instituído a partir da resolução nº 294, de 15 de outubro de 2004, e definido pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN).

No Brasil, o Dia do Técnico em Enfermagem fecha a “Semana da Enfermagem”, que começa em 12 de maio, com a celebração do Dia Internacional da Enfermagem.

Durante esta data, os profissionais de enfermagem participam de palestras, cursos e workshops que ajudam a discutir os principais assuntos relacionados aos seus trabalhos.

A diferença entre um técnico de enfermagem e um enfermeiro é que este último precisa fazer um curso de ensino superior em Enfermagem, enquanto que o técnico está apto a exercer o seu trabalho a partir de um curso técnico de enfermagem.

Homenagem ao Dia do Técnico em Enfermagem

Dedicação, empenho e amor… Essas três características são essenciais para moldar um excelente profissional! Obrigado por ser um exemplo de profissional para todos nós.

Não são enfermeiros, mas sim anjos da guarda! Obrigado por todo o carinho e esforço em salvar vidas diariamente! Feliz Dia do Técnico em Enfermagem!

 

👩🏻‍⚕️ 👨🏻‍⚕️ “O Branco, o Macacão, a Roupa Privativa, são os uniformes, que nós, profissionais auxiliares e técnicos de enfermagem, vestimos para ir a “luta”.

A luta pelos fracos, pelos oprimidos, pelos enfermos, pelos que estão incapacitados de lutar e que precisam que alguém lute por eles.

Lutar para enfrentar um sistema injusto, escala de trabalho pesado, salários baixos e fazer o máximo para dar uma boa assistência aos pacientes.

Devemos ser lembrados não somente por um dia do ano, mas sim todos os outros 364 dias que ali estamos à disposição da população.”

🎉Parabéns à todos os profissionais de nível médio na Enfermagem, que são os verdadeiros heróis na base da assistência!🎉

E uma curiosidade!

Para fechar a semana da Enfermagem, o dia 20 de maio foi instituído também devido ao falecimento de Anna Néri, pioneira da profissão no Brasil.

12 de Maio – Dia Internacional da ENFERMAGEM

A Semana da enfermagem inicia-se em 12 de maio, Nascimento de Florence Nightingale, e encerra-se no dia 20 de maio com o falecimento de Ana Nery. Neste ano, curiosamente é o bicentenário de Florence.

Não é ao acaso que a semana da enfermagem inicia com a data do nascimento, uma vida nova, folha em branco a ser escrita diariamente e se encerra com a data de falecimento, da irmã morte.

Afinal o que sempre ficará marcado será a vida que tivemos, nosso legado, as nossas histórias e experiências, fixando nossa existência na memória de quem deixamos.

Celebrar a Semana da Enfermagem este ano, é celebrar a Vida de mulheres inovadoras, científicas, despojadas e acima de tudo humanas.

A história da enfermagem é encarnada na vida e na história de cada mulher com maestria e leveza de quem quer cuidar do outro, cuidar com atenção, carinho, empatia, ciência e sabedoria.

Celebrar a Semana da Enfermagem com o caos desses dias sombrios é acreditar na esperança que dias melhores virão.

Celebrar a Semana da Enfermagem no Ano Internacional da Enfermagem, diante de um inimigo sem precedentes, é cunhar nossa jornada na Grande História da Humanidade.

A cada dia, a cada plantão, hoje com a maioria de mulheres, fazemos história, a minha, a sua, a nossa, a da Enfermagem.

Alicerçamos nosso saber e nossa técnica naquelas que estão dispostas a ultrapassar os limites do conhecimento, do aprendizado, da tecnologia e até mesmo da geografia que nos separa.

Estarmos nessa Semana da Enfermagem longe uns dos outros é para mostrar que podemos ser a enfermagem mais comprometida de todos os tempos, pois estamos pelo e por quem amamos.

Ser Enfermagem nessa semana é acreditar no Cuidar, aquele que hoje necessita distância, porém com o coração unido nessa grande ciência e arte chamada ENFERMAGEM.

Uma Semana da Enfermagem com muitas experiências para quem está na linha de frente, e para quem tem a oportunidade de observar, pois não cometerão os mesmos erros quando acontecer novamente esse caos.

E lembrem-se, a Enfermagem não recua e não se intimida, ela é a nossa VIDA.

Parabéns Enfermagem!!

Se cuidem.

Christiane Ribeiro,

CEO da
Enfermagem Ilustrada/Experiências de um Técnico de Enfermagem

Fatos que talvez não saiba sobre a Florence Nightingale

Pouca gente se lembra de seu nome fora da área que está ligada intimamente a ela, mas o fato é que todo mundo já teve a vida em algum momento entregue aos cuidados de um profissional da enfermagem.

Hoje nós vamos conhecer um pouco mais sobre Florence Nightingale, a mulher que é considerada por muitos como sendo a verdadeira mãe da chamada enfermagem moderna.

De Origem Rica

Nascida no Grão-ducado da Toscana, em 12 de maio de 1820, Florence Nightingale recebeu seu nome em homenagem à cidade em que nasceu: a bela e histórica Florença.

Rebelde e brilhante, Florence rapidamente se voltou contra os moldes da sociedade em que vivia, que dizia que mulheres de seu status social deveriam ser apenas esposas dedicadas e nada mais.

Pois ela logo jogou tudo para o alto para buscar na caridade, mais precisamente na enfermagem, a sua verdadeira vocação, que fez dela uma das mulheres mais fortes e icônicas de todos os tempos.

A decisão difícil

Depois de perceber que o trabalho de enfermeira era feito por mulheres ajudantes, em sua maioria cozinheiras sem preparou ou até mesmo prostitutas que recebiam a tarefa como punição, Florence decidiu-se por se tornar ela própria uma enfermeira.

Ela se mostrou muito preocupada com a situação do tratamento médico que era dispensado às pessoas mais pobres, que quase sempre ficavam em segundo plano dentro dos hospitais.

Com isto, ela comunicou sua família que iria se tornar enfermeira, o que causou extrema raiva e também muito ressentimento, especialmente por parte de sua mãe, que não entendeu a decisão nobre de sua filha.

Trabalho importante

Foi em dezembro de 1846, em virtude da morte de um mendigo dentro de uma enfermaria de Londres, que Florence se tornou defensora pública dos pobres e das melhorias nas condições de tratamento médico para eles.

Com isto, ela conseguiu o apoio do ilustre presidente do Comitê de Lei para os Pobres (Poor Law Board), Charles Villiers, conseguindo mudar a legislação, que culminou na chamada Reforma das Leis dos Pobres.

Guerra da Criméia

No entanto, foi durante a Guerra da Criméia, que Florence Nightingale teve seu papel mais decisivo e que a tornou mais famosa.

Neste conflito, as notícias sobre as más condições de tratamento para os feridos chegaram até a Inglaterra, e Florence rapidamente formou uma equipe de 38 voluntárias para ir até o front.

Rapidamente, ela se tornou a figura mais importante e famosa da Era Vitoriana, retornando à Inglaterra como heroína, e entrando para a História como a mãe da enfermagem moderna.

Livro

Para explicar a eficácia e eficiência de seus métodos de uma forma clara aos que não entendiam as percentagens, foi pioneira utilizando um gráfico – Diagrama Polar de Área – , o precursor do que hoje conhecemos como gráfico na forma de  pizza.  Em 1858, usando a sua experiência na guerra da Criméia publica “Notas sobre Enfermagem (Notes on Nursing)”, um livro que lança as bases definitivas da enfermagem moderna, abordando a recuperação dos pacientes e introduzindo novos conceitos. Dois anos depois, fundou a primeira escola de enfermagem do mundo no Hospital St.Thomas, em Londres, que funciona até hoje, atualmente como parte do King’s College.

Cruz Vermelha

Foi uma pessoa muito à frente de seu tempo e virou um exemplo para outras mulheres, se impondo numa sociedade preconceituosa. Somente quando ficou totalmente cega, já no fim da vida, é que parou de trabalhar. O texto do juramento da profissão da enfermagem é de sua autoria e o Dia Internacional da Enfermagem é comemorado no mundo inteiro no seu aniversário. O francês Henry Dunant reconheceu que sofreu influência das ideias e do trabalho de Florence para a criação da Cruz Vermelha, entidade que presta serviços humanitários em todo o mundo, principalmente em áreas de conflito.

Em 1912, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha instituiu a medalha Florence Nightingale concedida a cada dois anos para enfermeiros, técnicos de enfermagem ou auxiliares de enfermagem que se destacam na profissão.  Em 1859, Florence foi eleita o primeiro membro feminino da Royal Statistical Society e,  logo depois, ela se tornou um membro honorário da  Associação Americana de Estatística. Em 1883, a Rainha Vitória concedeu-lhe a Cruz Vermelha Real, e em 1907, foi a  primeira mulher a receber a Ordem do Mérito.

Florence Nightingale morreu em 13 de agosto de 1910, aos noventa anos de idade. A família recusou o jazigo na famosa Abadia de Westminster, onde estão enterrados reis, rainhas e celebridades ingleses, e Florence foi enterrada no cemitério da Igreja de St. Margaret em Hampshire. Em frente ao Hospital St.Thomas,em Londres existe o Museu Florence Nightingale, criado em 2010, ano do centenário de sua morte . Nele há  objetos pessoais, livros e  réplicas de roupas, filmes, fotos da famosa enfermeira e de sua obra.

Ordem de Mérito e a Cruz Vermelha Real

Para esclarecer a opinião pública, e mobilizá-la em seu favor, em 1858, Florence escreveu dois livros: “Administração Hospitalar do Exército” e “Comentários sobre Questões Relativas à Saúde”. Com as contribuições necessárias, as reformas foram realizadas e um hospital foi construído. Com o trabalho reconhecido, em 1883, Florence recebeu da rainha Vitória, a Cruz Vermelha Real, e em 1901, se tornou a primeira mulher a receber a Ordem do Mérito.

Saiba mais sobre a Semana da Enfermagem em nosso canal YouTube:

Anna Nery: Madrinha da Enfermagem no Brasil

Anna Nery