
Em pacientes com câncer, a dor é um sintoma comum e que pode ser intensamente debilitante. Para controlá-la, são utilizados medicamentos analgésicos, como os opioides. A dose de resgate é uma quantidade extra de analgésico administrada quando a dor se intensifica, mesmo que o paciente esteja tomando um medicamento de base para controle contínuo da dor.
Por que a dose de resgate é importante?
Prevenção de crises de dor
Ao ter uma dose de resgate disponível, o paciente pode agir rapidamente quando a dor aumenta, evitando que ela se torne intensa e difícil de controlar.
Melhora da qualidade de vida
O controle eficaz da dor permite que o paciente tenha mais qualidade de vida, podendo realizar suas atividades diárias e interagir com seus familiares e amigos.
Como funciona a dose de resgate?
A dose de resgate é geralmente um medicamento de ação rápida, como a morfina ou o fentanil, que podem ser administrado por via oral, transdérmico, sublingual ou injetável. A dose e a frequência de uso devem ser individualizadas e prescritas por um médico.
Fatores que influenciam a dose de resgate
- Intensidade da dor: A dose de resgate deve ser suficiente para aliviar a dor, mas sem causar efeitos colaterais excessivos.
- Tipo de câncer: Diferentes tipos de câncer podem causar diferentes tipos de dor, o que pode exigir diferentes abordagens para o controle da dor.
- Outros medicamentos: O uso de outros medicamentos pode interagir com os analgésicos, afetando sua eficácia e segurança.
- Condições médicas: Condições médicas como doença renal ou hepática podem afetar a forma como o organismo metaboliza os medicamentos.
É importante ressaltar que a dose de resgate deve ser utilizada apenas quando a dor não estiver controlada pela medicação de base. O uso inadequado de analgésicos pode levar à dependência e a outros problemas de saúde.
Quais são os efeitos colaterais da dose de resgate?
Os efeitos colaterais mais comuns dos opioides incluem:
- Sonolência
- Náuseas
- Vômitos
- Constipação
- Prurido
Cuidados de Enfermagem
A dose de resgate é uma ferramenta fundamental no manejo da dor em pacientes oncológicos, mas exige cuidados específicos por parte da equipe de enfermagem. Acompanhe as principais ações e considerações:
Antes da Administração
- Verificar a prescrição médica: Confirmar a dose, a via de administração, o intervalo entre as doses e o medicamento prescrito.
- Avaliar a dor do paciente: Utilizar escalas de dor adequadas para avaliar a intensidade e características da dor antes e após a administração do medicamento.
- Monitorar sinais vitais: Verificar pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória, especialmente em pacientes que utilizam opioides pela primeira vez ou em doses elevadas.
- Orientar o paciente: Explicar ao paciente a importância da dose de resgate, como utilizá-la corretamente e quais os possíveis efeitos colaterais.
Durante a Administração
- Preparar o medicamento: Seguir rigorosamente as normas de preparo de medicamentos, garantindo a dose correta e a via de administração indicada.
- Administrar o medicamento: Administrar a dose de resgate conforme a prescrição médica, observando as precauções de segurança.
- Monitorar o paciente: Observar o paciente durante a administração e nos minutos seguintes, verificando se há reações adversas.
Após a Administração
- Avaliar a efetividade: Reavaliar a dor do paciente após 30 minutos a 1 hora da administração da dose de resgate.
- Registrar: Registrar a hora da administração, a dose utilizada, a via de administração e a resposta do paciente.
- Monitorar efeitos colaterais: Observar o paciente quanto ao aparecimento de efeitos colaterais como sonolência, náuseas, vômitos, constipação e prurido.
- Comunicar ao médico: Informar ao médico sobre qualquer alteração no quadro clínico do paciente, como aumento da intensidade da dor, piora dos efeitos colaterais ou dificuldade respiratória.
Cuidados Especiais
- Educação do paciente e familiar: É fundamental que o paciente e seus familiares sejam orientados sobre a importância de utilizar a dose de resgate de acordo com a prescrição médica, como identificar os sinais de superdosagem e a importância de comunicar qualquer alteração ao profissional de saúde.
- Monitoramento da função respiratória: Pacientes que utilizam opioides devem ser monitorados quanto à depressão respiratória, especialmente aqueles com doenças pulmonares pré-existentes ou que utilizam outras medicações que podem deprimir a respiração.
- Prevenção da constipação: É importante orientar o paciente sobre a importância de ingerir líquidos e fibras, praticar atividades físicas e utilizar laxantes, se necessário.
Outros cuidados importantes:
- Avaliação da resposta ao tratamento: A dose de resgate deve ser ajustada regularmente, de acordo com a resposta do paciente.
- Considerar outras terapias: Além da medicação, outras terapias podem ser utilizadas para auxiliar no controle da dor, como a fisioterapia, a terapia ocupacional e a acupuntura.
- Abordagem multidisciplinar: O manejo da dor em pacientes oncológicos deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, que inclui médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais.
Ao seguir esses cuidados, a equipe de enfermagem contribui para um melhor controle da dor e uma maior qualidade de vida para os pacientes oncológicos.
Referências:
- SILVA, A. B.; SANTOS, C. D. Manejo da dor em pacientes oncológicos: um guia prático. Revista da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, São Paulo, v. 38, n. 2, p. 105-112, 2023.
- LIGA CONTRA O CÂNCER. Protocolo da dor. Disponível em: https://ligacontraocancer.com.br/wp-content/uploads/2019/03/Protocolo-da-Dor-Liga-site.pdf.
- PEDRO, A.; RIBEIRO DA SILVA, M.P. Manual de Rotação de Opióides. 3. ed. Portugal: Associação Portuguesa para o Estudo da Dor, 2017.
- SILVA, A. B. Como utilizar opioides em cuidados paliativos? Artmed. Disponível em: https://artmed.com.br/artigos/como-utilizar-opioide-em-cuidados-paliativos.









