Dúvidas Frequentes quanto a Aplicação de Vacinas

Com a recente notícia sobre a liberação das Vacinas contra o COVID-19 e a demonstração ao vivo da primeira pessoa a ser vacinada, surgiu-se tantas dúvidas de pessoas comuns, e até de profissionais de saúde e estudantes.

1-É CORRETO ASPIRAR VACINAS ANTES DE SUA APLICAÇÃO?

Alguns órgãos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde – WHO, recomendam a não aspiração como técnica importante no manejo da dor. Diversos países, como Canadá, Austrália, Inglaterra e outros da União Europeia, não recomendam mais a aspiração de rotina

A aspiração antes das injeções, ou injeção lenta são práticas que não foram avaliadas cientificamente, por isso em alguns países não é mais necessária. Embora a aspiração seja defendida por alguns especialistas e, a maioria dos profissionais são ensinados a aspirar antes da injeção, não há evidências de que este procedimento seja necessário.

não aspiração tem sido indicada, pois ela diminui o tempo de aplicação e, consequentemente, a percepção da dor. Embora a dor das imunizações seja, até certo ponto, inevitável, há algumas coisas que os pais e os profissionais de saúde podem fazer para ajudar quando crianças, adolescentes e adultos que precisam de vacinas, como estratégias baseadas em evidências para aliviar a dor associada ao processo de injeção, tais como o uso de soluções de glicose, ordem de aplicação das injeções, estimulação tátil, distração, anestésicos tópicos e a técnica de injeção que envolve a não aspiração antes de injetar a vacina  (CDC, 2016).

Um ensaio clínico randomizado, realizado no Canadá em 2007, comparou a resposta à dor de bebês com injeção lenta, aspiração e retirada lenta com outro grupo usando injeção rápida, sem aspiração e retirada rápida. Com base em escalas de dor comportamental e visual, o grupo que recebeu a vacina rapidamente sem aspiração experimentou menos dor. Não foram relatados efeitos adversos com qualquer das técnicas de injeção. (Ipp M, Taddio A, Sam J, et al., 2007).

Por isso, diminuir a dor associada às imunizações durante a infância pode ajudar a evitar esta angústia e futuros comportamentos prejudiciais à prevenção em saúde.

2- E AS LUVAS? É RECOMENDADO O SEU USO DURANTE A VACINAÇÃO?

Manual de Procedimentos para Vacinação da FUNASA não descreve a utilização de luvas no preparo e administração de vacinas:

[…]
5.1. Higiene das mãos
Um dos mais importantes procedimentos que antecedem à administração de vacinas
e soros é a higiene das mãos.
O ato de lavar as mãos, quando praticado por todo o pessoal dos
serviços de saúde, é essencial para a prevenção e controle de infecções. Na sala de
vacinação, quando este procedimento é rigorosamente obedecido, evita a
contaminação tanto no preparo como na administração dos imunobiológicos.
A higiene das mãos é realizada:
• antes e depois da administração de cada vacina ou soro;
• antes e depois do manuseio dos materiais, das vacinas e dos soros; e
• antes e depois de qualquer atividade executada na sala de vacinação.
[…] (BRASIL, 2001, p. 81)

Recomenda-se o uso de luvas por duas razões fundamentais:

  • Para reduzir o risco de contaminação das mãos de profissionais da saúde com sangue e outros fluidos corporais;
  • Para reduzir o risco de disseminação de micro-organismos no ambiente e de transmissão do profissional da saúde para o paciente e vice-versa, bem como de um paciente para outro.

De acordo com os manuais do Ministério da Saúde vigentes, não há recomendação de utilização de luvas de procedimentos como equipamento de proteção individual, desde que sejam seguidas corretamente as técnicas para administração de medicamentos por via parenteral.

3- É NECESSÁRIO REALIZAR A ANTISSEPSIA NA PELE ANTES DE REALIZAR A ADMINISTRAÇÃO DA VACINA?

Ainda que a pele esteja visivelmente suja e deva ser limpa, a antissepsia da pele antes de aplicar uma injeção é desnecessária. Estudos sugerem que não existe o risco aumentado de infecção quando injeções são aplicadas sem preparo prévio.

As bactérias da flora da pele podem ser introduzidas por punção, no entanto, a maioria destas bactérias não são patogênicas e o número de organismos introduzidos é insuficiente para a formação de abcesso. Os protocolos tradicionais de preparo da pele, inclusivo o uso do álcool 70% podem ser insuficientes para eliminar a flora da pele devido ao tempo curto de exposição.

Enquanto que os benefícios do preparo prévio da pele não são evidentes, o preparo inadequado pode ser perigoso.

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Referências:

  1. Ministério da Saúde- Manual de Procedimentos para a  Vacinação
  2. Parecer COREN-SP 042/2014
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