Pielonefrite

Pielonefrite

A pielonefrite designa uma infecção do trato urinário, que atinge a “pielo” (pelve) do rim. Afeta quase todas as estruturas do rim e existe sob duas formas: pielonefrite aguda (causada por uma infecção bacteriana) e pielonefrite crônica (infecções bacterianas repetidas, associadas a um sistema imunitário debilitado).

Pielonefrite Aguda

É causada por uma infecção bacteriana aguda, nomeadamente por bactérias Gram-negativas, que fazem parte da flora normal do intestino. Estas bactérias, a título de exemplo, podem ser: Escherichia coli, Enterobacter, Proteus Mirabillis ou Klebsiella).

A infecção bacteriana acontece a nível da uretra, bexiga e/ou ureteres. Desta forma, é comum designar-se como uma infecção ascendente.

Os ureteres transportam a urina, proveniente do rim, para ser armazenada na bexiga, antes de ser expelida pela uretra. Existem mecanismos anti-refluxo que não permitem que a urina passe da uretra/bexiga para os ureteres/rins (ou seja, que faça o percurso inverso). No entanto, se estes mecanismos, devido a anomalias congênitas ou a inflamação, não forem eficazes, a urina volta para trás e pode transportar bactérias que infectam a bexiga, a uretra e até mesmo o rim.

A obstrução de um ureter também pode conduzir a uma pielonefrite. Esta obstrução pode ser devida a litíase renal (pedras nos rins) ou a uma hiperplasia benigna da próstata (presente nas pessoas do genero masculino e muito frequente a partir dos 70 anos). Nestas situações de obstrução, a estase da urina acima da obstrução permite o crescimento bacteriano.

Um catéter urinário também é um fator de risco, bem como a gravidez ou um traumatismo do aparelho urinário.

Pielonefrite Crônica

A pielonefrite crônica deriva de infecções bacterianas constantes (pielonefrites agudas de repetição) que podem ser mais ou menos graves, e que ocorrem, frequentemente, durante um período alargado.

Existe uma destruição generalizada de nefrônios (unidade básica e funcional do rim), que são substituídos por tecido de cicatrização. Isto pode levar a uma insuficiência renal crônica terminal (IRCT).

As causas mais reiteradas são a insuficiência dos mecanismos anti-refluxo e a litíase renal.

Pode ser considerado internar uma pessoa com pielonefrite, numa unidade de saúde, se a pessoa:

  • Estiver grávida;
  • Tiver outras co morbilidades pertinentes;
  • Tiver obstrução das vias urinárias;
  • Em casos graves de sépsis (infecção generalizada).

Epidemiologia

A Pielonefrite acontece mais frequentemente em bebés com idade inferior a um ano (devido às dejecções frequentes e à prematuridade do sistema imunitário); na população feminina (provavelmente devido à maior proximidade do ânus em relação à uretra) e em homens com hiperplasia benigna da próstata (fazem retenção urinária).

Sinais/Sintomas e Diagnóstico

Normalmente, o início da Pielonefrite aguda acontece de forma abrupta. Já a Pielonefrite Crônica acontece de forma mais gradual, sendo que os sintomas podem ser mais suaves.

Os sinais e sintomas desta doença são:

  • Dor ao urinar (disúria);
  • Urgência em urinar;
  • Urinar várias vezes (polaciúria);
  • Febre;
  • Calafrios;
  • Suores;
  • Mal-estar;
  • Dor lombar;
  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Pus na urina (piúria)

O diagnóstico é, normalmente, realizado tendo por base os sinais e sintomas e a análise laboratorial, através de colheita de sangue/urina. Em casos de necessidade, para eventual estudo, por exemplo, a tomografia computadorizada (TAC) com contraste intravenoso é o exame recomendado, em virtude da sua elevada sensibilidade e especificidade.

Prognóstico e Tratamento

O tratamento da Pielonefrite Aguda passa pelo uso de antibióticos (como o Ceftriaxona, Levofloxacino) e a recomendação de uma maior ingestão de líquidos (se não houver contra-indicações). Após alguns dias de toma de antibiótico, começa a haver a remissão de sinais e sintomas.

Em casos de Pielonefrite Crónica (em que as pessoas têm as defesas imunitárias comprometidas) podem ocorrer complicações, nomeadamente sepse (infecção generalizada, de prognóstico reservado, podendo ser mortal e que necessita de hospitalização) ou necrose da pelve renal, que conduz, por sua vez, a insuficiência renal crônica. Frequentemente, esta insuficiência renal crônica evolui, exigindo o tratamento de diálise.

Os Cuidados de enfermagem:

  • Promover conforto ao paciente;
  • Estimular os mecanismos de defesa do organismo;
  • Encorajar o paciente a urinar a cada 3 horas esvaziar a bexiga completamente;
  • Ofertar líquidos com frequência para estimular o fluxo urinário;
  • Repouso no leito em fase aguda.

 

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