Fixadores Externos: Tipos e Indicações

A Fixação Externa ou Fixadores Externos podem ser entendida como um método de estabilização óssea através de implantes no osso, que atravessam os tecidos moles e são fixadas externamente através de uma armação que pode ter várias configurações.

Segundo Colton (2007) é uma técnica utilizada em estabilização de fraturas e osteotomias, alongamentos ósseos, correção de más uniões ou de não uniões e em procedimentos de fusão de articulações (artrodese).

Os fixadores externos são classificados como lineares, circulares ou híbridos e podem ter várias configurações: unilaterais monoplanares, bilaterais monoplanares, biplanares ou ainda multiplanares (Caja, Kim, Larsson, & Chao, 1995) & (Roseiro et al., 2014).

Quais são as indicações para um Fixador Externo?

– Fraturas cominutivas severas;
– Fraturas associadas a perda óssea;
– Fraturas expostas;
– Fraturas associadas a lesão de partes moles;
– Fraturas associadas a lesão neurovascular;
– Fraturas associadas a queimaduras;
– Tratamento das não consolidações;
– Estabilização das osteotomias;
– Artrodeses;
– Alongamento de membro inferior.

 

Fixadores de Membros Superiores

Metacarpo

Indicado para o tratamento de fraturas metacarpo e falange cominutivas, perda óssea segmentada, fraturas intra-articulares e fraturas abertas onde a fixação interna estável não é possível.

Fixador de Colles

Indicado para estabilização de fraturas do punho, com possibilidade de compressão, distração e articulação plataformas.

Fixador de Ulson

Indicado para redução, alinhamento, estabilização e fixação de fraturas ou deformidades ósseas do punho.

Fixador de Cotovelo

Indicado para o tratamento da rigidez pós-traumática do cotovelo, bem como alguns traumas agudos do cotovelo.

Fixador de Rádio-Ulna

Indicado para estabilização de fraturas do rádio distal ou diáfise, com possibilidade de compressão e distração.

Fixador de Úmero

Indicado para fraturas do úmero ou deformidades ósseas como redução, alinhamento, estabilização, alongamento e fixação.

Fixadores de Membros Inferiores

Fixador Ilíaco

Fixador para tratamento de fraturas trocantéricas, também usado em caso de infecção ou em ocasiões em que não é possível a síntese interna.

Fixador de Fêmur

Indicado para o tratamento de fraturas pertrocantéricas, em casos de infecção ou em ocasiões em que não é possível a síntese interna.

Fixadores Circulares

Os fixadores circulares ocupam todos os lados do membro, envolvendo-o totalmente, e são popularmente chamados de “gaiolas”.

Usualmente, consiste em anéis circulares e semi-circulares externos que são instalados de forma centralizada no membro do paciente e fixados nos ossos por meio fios tencionados e pinos de Schanz. 

Existem alguns modelos, como a Truelock que é destinado ao uso corretivo durante o processo normal de consolidação, e a Ilizarov, que anula todas as forças que tendem a desviar os fragmentos ósseos, sendo extremamente estáveis.

Fixador de Pé/Tornozelo

Indicado para fixação de fraturas abertas e fechadas, pseudoartrose ou pseudartrose de ossos longos, alongamento de membros por epifisiodeal ou distração metafisária, correção de deformidades ósseas ou de tecidos moles, e correção de defeitos ósseos segmentares ou não segmentares ou de tecidos moles.

Fixadores Híbridos

São usados no tratamento de fraturas complexas, de alta energia, periarticulares da tíbia. Os fixadores híbridos combinam as vantagens dos pinos de Schanz com o sistema de fixação com fios tensionados.

Alguns Cuidados de Enfermagem

– Realizar o curativo no sítio de inserção dos fixadores externos a cada 24 horas, desde que esteja limpo e seco, com técnica asséptica, após o banho. Utilizar soro fisiológico 0,9% para a limpeza; álcool 70% para a antissepsia, gazes ou compressas esterilizadas para a oclusão e atadura ou fita adesiva para fixação;
– Realizar a limpeza diária dos fixadores com álcool 70%;
– Rotular o frasco de álcool e ficar atento ao prazo de validade./ Após aberto, o álcool tem uma validade de 7 dias, por isso a importância de identificar a data de abertura, e desprezar o conteúdo depois deste prazo;
– Iniciar os curativos pela ferida mais limpa, quando o cliente apresentar múltiplas suturas e outros tipos de lesões. Realizar os curativos de modo independente (procedimento e registro);
Observar se há presença de sinais flogísticos ao redor da inserção dos pinos dos fixadores. Se houver, relatar ao enfermeiro e registrar no prontuário do cliente.(A presença de infecção não tratada adequadamente poderá resultar na soltura dos pinos, instabilidade no aparelho e até mesmo osteíte);
– Manter o membro com fixador externo elevado, para prevenir ou reduzir o edema;
– Observar regularmente a perfusão periférica, pulso, sensibilidade e edema. (Em algumas feridas pode ocorrer lesão neurovascular);
– Incentivar a realização de exercícios ativos e passivos para a estimulação da circulação e manutenção do tônus muscular.
– Orientar o cliente quanto aos cuidados com o fixador, esclarecer suas dúvidas e aliviar a ansiedade do mesmo;
– Orientar o cliente sobre os cuidados domiciliares com o membro e o fixador externo.(A higiene do membro e dos sítios de inserção dos fixadores poderá ser feita com água e sabão durante o banho);
– Realizar esse procedimento após a cicatrização do sítio de inserção dos fixadores.

Referências:

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