Histórias

Começando a trabalhar em uma UTI..!

Logo após a data tão esperada, depois de virar o mês na espectativa de que minha vida iria mudar para melhor, estava todo à vapor trabalhando como auxiliar de enfermagem na enfermaria que passei minha história de início de carreira. Era o último dia meu de estadia lá, e meus colegas e minha chefe fizeram uma festinha de despedida, me desejando o melhor e sorte para minha carreira como técnico de enfermagem.

Estava escalado para começar no dia primeiro do mês seguinte em uma Uti adulta. É um setor relativamente grande, totalizando 32 leitos. Fui bem recepcionado pela minha nova chefia do setor, sendo introduzido todo o setor e os funcionários que estavam de plantão. Vesti a roupa privativa e coloquei uma touca conforme fui solicitado, porque entraremos em uma área fechada e de risco de contaminação alta. Fui orientado sobre a rotina e os deveres no setor, de quantos pacientes iria assumir e que tipos de cuidados iria realizar com o paciente. São cuidados totais, sendo que iria assumir dois pacientes de alto risco, e iria realizar todos os cuidados pertinentes aos dois pacientes. Seja medicações,sinais vitais, banho no leito, enfim. Estava ali preparado para o que der e vier. Confesso que no começo fiquei um pouco assustado com tanta informação, só de olhar os boxes repleto de bombas de infusões, respiradores e monitor, paciente entubado e diversos drenos, achei que não fosse dar conta. Como eu era leigo em quesito básico aos aparelhos ali presentes, minha chefe do setor me deixou com um técnico mais antigo e um enfermeiro para me dar treinamento por um mês. Como eu era esperto, levava comigo uma caderneta para anotar tudo que eu pudesse.

Comecei a tirar minhas dúvidas com o enfermeiro, perguntei as coisas básicas como interpretar o monitor cardíaco (e dai fui cortado pelo mesmo me dizendo que aquilo era um monitor multiparametro), e de que havia uma certa diferença. (Anotado na caderneta para futuras pesquisas 😂)

Ele foi me explicando como seria minha rotina com ele durante esse mês. Estaria assumindo por enquanto um paciente para me adaptar com o funcionamento da unidade. Iria realizar os controles de sinais vitais a cada duas horas, dar banho no leito e fazer as trocas dos curativos, trocar as medicações em bomba de infusão, interpretar e administrar as medicações de horário, e fora as rotinas do setor. Ficaria responsável em encaminhar os exames do meu paciente se necessário. Era bastante coisa para fazer. Fui explicado que cada box tinha uma responsabilidade no setor, e de que a minha seria responsável por fazer a limpeza das bombas de infusão guardadas em um armário.

Recebi pelo enfermeiro uma cópia do protocolo da unidade (pop). Tem bastante informações interessantes, de tudo aquilo que já foi falado pelo mesmo. O melhor ainda é que tinha uma tabela de diluições padronizadas da unidade e tabelas de bandejas de vários procedimentos da unidade. Claro que tive a ideia de levar para casa e fazer uma colinha pessoal para mim. Para levar no bolso!

E então iríamos começar meu primeiro banho um um paciente crítico. Com toda cautela comecei o procedimento, sem desconectar o respirador e sem tracionar o acesso central. Exige atenção o tempo todo! Logo após, fizemos todos os curativos. De acessos, lesões por pressão, e trocar a fixação do cadarço do tubo. Aquilo nunca tinha feito! Tem toda sua técnica, de medir mais ou menos o tamanho da cabeça do paciente, e fazer nós no cadarço, é tão delicado! Colocar duas gazes embaixo de todos os nós para evitar lesionar a boca do paciente… Gostei!

E então fui apresentado às tão faladas drogas usadas em Uti. Dependendo da condição do paciente, eram utilizadas diferentes drogas, como vasoativas, sedativas e analgesia. Não fazia ideia como manusear aquelas bombas. Parecia um bicho de sete cabeça ! Mas tive calma o tempo todo, porque sei que irei aprender. Aos poucos pela necessidade, fomos trocando as drogas. Fui orientado de que nunca deixe que a droga acabe antes do tempo! Se ver que está para acabar, já prepare a solução. Pois a vida de um paciente pode estar dependendo daquilo para viver! É bem tenso, mas é a realidade. E também em questão das validades dos soros e equipos. De que todo soro, droga e solução sendo infundida no paciente tem  a validade de 24 horas, e a de insulina 12 horas. Todos os equipos tem validade de 72 horas (mais uma informação anotado em minha caderneta).

Fui orientado também sobre as vias em que as drogas são infundidas. É de preferência que toda droga vasoativa infunda em uma via exclusiva. Porque o risco é grande de se cristalizar com outras soluções. E de que drogas sedoanalgesicas sejam infundidas exclusivamente em outra via.. Eita coisa complicada! Soros de manutenção, antibióticos, reposições, podem ser infundidas em um acesso venoso. Tenho bastante coisa pra anotar na minha caderneta! 

Também era novidade pra mim sobre as medicações fotosseniveis. Porque onde trabalhava era muito raro ver coisas assim. Ter todo o cuidado em encobrir ao plástico especial do próprio soro, colocar em um equipo próprio, é tudo cauteloso… 

No meu  primeiro dia estava absorvendo todas as informações importantes. São muitos dos detalhes, para se pegar logo de cara. Tenho que ter paciência de que um dia estarei dominando todas as técnicas…

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Christiane Ribeiro
Técnico de Enfermagem Intensivista (há 13 anos), atuante em UTI Adulto: Geral, Cardiológica, COVID-19. Além de ser profissional de saúde, sou ilustradora digital, e nos tempos livres dedico à ilustrações da saúde para estudantes e profissionais, e também sou uma influenciadora digital na enfermagem.
https://enfermagemilustrada.com

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