Narrativa enviada pela Eliane Souto:
Sou técnica de enfermagem e trabalho no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e numa UBS na Zona Sul de São Paulo.Aprendi em minha prática diária que a Enfermagem não é apenas cuidar fazendo curativos,dando medicamentos, preenchendo papéis e mais papéis.Enfermagem vai muito mais além:
É dar carinho,atenção,uma palavra amiga,um ombro para chorar,é rir junto,é contar e ouvir histórias fazendo com que o paciente perceba que além de cuidar,também posso ser uma amiga confidente e confiável. Por tantas vezes ouvi um ou outro paciente dizer: “Nunca tive coragem de me abrir,contando isso para alguém…em você senti confiança…”
Não dá para eu me sentir uma pessoa comum. Creio que não… Tenho sentimentos comuns como frustrações, medo, alegrias, ressentimentos, solidão, tristeza, e dor… Minhas atitudes não são comuns.Perseverança, prudência, um certo “heroísmo”, coragem em enfrentar certos descontroles ao me deparar com alguns desafios que me apresentam na Enfermagem me obriga a me tornar até uma heroína sim. Preciso agir o tempo todo com eficiência,ter um jogo de cintura pra desbravar problemas que encontro nessa profissão que é tudo para mim.
Enfermagem me mostra o tempo todo o verdadeiro valor da entrega sem limites.
Falo do amor que me eleva, me transcende. Quando uso esse pensamento em minha prática diária,sinto que meu carinho acalenta, meu sorriso acalma, meu entusiasmo alegra, meu vigor encoraja, minha palavra conforta. Há momentos em que nós da Enfermagem somos considerados carrascos, maus, cruéis, impiedosos, mas logo se reconhece que alguns procedimentos precisam ser feitos para o seu bem. Nós cuidamos, apoiamos e acolhemos. Choramos, sorrimos e sofremos com o sofrimento do outro.Não somos um iceberg,uma máquina,ser sem sangue correndo nas veis,sem um coração que ama e que também necessita de amor… Estudamos, pesquisamos, buscamos soluções.
Não me conformo,não aceito em estacionar no tempo. Luto,para me atualizar em meu aprendizado e essa batalha é árdua. Nós da Enfermagem,perdemos noites de sono, horas de almoço, momentos de lazer, sem nenhum pesar, pois sabemos que o que vale é a satisfação do dever cumprido, isso sim, é recompensa de todas as nossas perdas.
Conheço a imperfeição humana,mas acabo relevando certas atitudes de rispidez e intolerância de muitos,apenas porque amo o que faço.. intensamente…sem cobranças.
Não espero, ajo, estendo a mão antes que a peçam, pois sei que de algumas ações minhas é que depende o bem-estar dos meus pacientes. Reconheço a importância do cuidar, que é meu maior dom. Sei da importância do fruto que colherei…E quando nada mais posso fazer, quando sinto que minha última cartada do cuidar já lancei e que não mais me sobram chances para solucionar,então seguro a mão e, apenas sorrio,agradecendo à DEUS por ter me dado energia para chegar até meu último limite.
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Meu bisavô começou a apresentar várias complicações de saúde nos últimos meses, minha tia é técnica de enfermagem. Eu sempre admirei esse ato de cuidar das pessoas e estar lá como um suporte multidimensional, que além de ter o senso de autoridade e respeito, transmite uma segurança incrível. Quando ela vai lá na casa dele, todas as manhãs e tarde, entra no ritmo das reclamações do senhorzinho e dança com ele como mais ninguém consegue. É impressionante como ela faz todas as checagens com uma naturalidade incrível, enquanto pergunta como foi a noite e, posteriormente, o dia. Não tenho vocação para essa área, mas repito, pessoas como vocês e minha tia, que realmente gostam e veem aquilo como mais do que um trabalho, me inspiram em minha vida acadêmica e de blogueiro.
Obrigado pela crônica, pelos posts, pela temática que nunca tinha visto tão bem abordada na atmosfera dos blogs. Desculpa pelo comentário longo.
Jô obrigado! Quem sabe você pede pra sua tia fazer uma narrativa e mandar para mim? Gostaria de ouvir muito sobre o que ela faz. Abraços!
Vou fazer a sugestão.