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Nova Diretriz sobre Hipertensão da AHA (2017): o que é preciso saber?

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Foi lançado a diretriz 2017 de hipertensão da Sociedade Americana de Cardiologia, e quais são as principais novidades ?

1 – Nova classificação da hipertensão:

A pressão arterial passa a ser classificada como

  • Normal : quando PAS < 120mmHg + PAD < 80mmHg;
  • Elevada quando PAS estiver entre 120 e 129mmHg + PAD entre 80 e 89mmHg
  • Hipertensão Estágio 1 – Quando PAS estiver entre 130 e 139mmHg ou PAD entre 80-89mmHg
  • Hipertensão Estágio 2 – Quando PAS estiver acima ou igual a 140mmHg ou PAD acima ou igual a 90mmHg

2 – Nova rotina para diagnóstico da hipertensão

Para fins diagnósticos, a PA deve ser medida 2 a 3 vezes, em 2 a 3 ocasiões distintas. Se for utilizada a auto-medida ou a medida de outros profissionais, um check-list com 6 passos deve ser seguido, além de ser utilizado equipamento validado. Entretanto o método ideal e que melhor se correlaciona com eventos é a MAPA de 24 horas (infelizmente a diretriz não enfatiza tanto seu uso).

3 – E afinal quando usar MAPA e MRPA ?

Não há nenhuma recomendação formal (classe I) para uso de MAPA ou MRPA para diagnóstico de HAS do avental branco e hipertensão mascarada. As principais indicações (classe IIa) são :

– Para diagnóstico inicial de HAS com PA entre 130x80mmHg e 160x100mmHg

– Monitorização periódica de adultos já diagnosticados com HAS do avental branco

– Usar a MAPA em pacientes com MRPA ou auto-medida sugestivos de HAS do avental branco

– PA consistentemente entre 120x75mmHg e 129x79mmHg em pacientes não-tratados para diagnóstico de HAS mascarada.

Apesar disso, no texto há ênfase para as possibilidades de diagnóstico usando esses métodos, inclusive em casos de pseudo-hipertensão resistente e presença de lesão em órgão-alvo em indivíduos aparentemente não-hipertensos.

4- Rastreio de HAS secundária

Pacientes com HAS súbita, com lesão desproporcional de órgãos-alvos ou hipertensão diastólica iniciada após os 65 anos devem fazer rastreio para HAS secundária. Além obviamente das indicações tradicionais (HAS antes dos 30 anos e hipocalemia não-induzida por exemplo)

5 – CPAP é bom para HAS com apneia do sono ? Resposta: nem tanto !

Apesar de estar muito associada a HAS, o uso de CPAP para tratar a apneia do sono não é uma recomendação totalmente aceita (indicação classe IIB).

6 – E dieta ? alguma mudança ?

A tradicional dieta DASH continua sendo encorajada, além da restrição do sódio e aumento da ingesta de potássio (uso de potássio incorporado na dieta com Classe I e Nivel de evidência A).

7 – E os exames básicos para todos os pacientes hipertensos ?

Os exames essenciais continuam praticamente iguais: glicemia, perfil lipídico, hemograma, creatinina, sódio, potássio, cálcio, TSH, sumário de urina e ECG. São opcionais: ecocardiograma, ácido úrico e relação albumina / creatinina. (A PCR-us foi retirada dos exames iniciais).

8 – E quando medicar o hipertenso ?

HAS estágio 1 só deve ser medicada 1) Na prevenção secundária (após evento cardiovascular) ou 2) Quando o risco cardiovascular estimado em 10 anos for maior que 10% (utilizando a calculadora americana ASCVD Risk Estimator).

A HAS estágio 2 deve ser sempre medicada após confirmada em uma reavaliação após 1 mês, exceto se PA inicialmente já superior ou igual a 180x110mmHg (deve ser prontamente medicada)

9 – E as drogas de primeira escolha são as mesmas ?

Sim: diuréticos tiazídicos, bloqueadores de cálcio, IECA ou BRA. A associação de 2 classes já poderia ser iniciada na HAS estágio 2 quando o alvo de redução for maior que 20 / 10mmHg.

Obviamente, a escolha das drogas devem levar sempre em consideração a presença de co-morbidades, raça e idade.

10 – Já se pode tratar hipertensão com monitorização a distância e redes sociais ?

Para controle e possível ajuste da terapia, além da auto-medida da PA, há a recomendação de usar estratégias através da  tele-medicina com abertura para utilizar redes sociais, dispositivos Wi-Fi e outras tecnologias de monitorização a distância (será que só eu pensei em grupos do WhatsApp aqui ?)

11 – E betabloqueador ? pode ?

Pode sim, quando o perfil for favorável ao mesmo ou em múltiplas associações, se for escolhido um beta-bloqueador (DAC co-existente por exemplo), o atenolol não deve ser usado.

12 – E a pressão-alvo da terapia ainda depende da categoria de risco ?

Não, ou muito pouco ! A PA alvo com a terapia para a grande maioria dos pacientes, mesmo idosos, diabéticos, nefropatas foi 130x80mmHg.

13 – E as novidades na estratificação como VOP e pressão central ?

Quase nada foi comentado na diretriz, e pelo que parece ainda distante da recomendação oficial.

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Fontes e Referências: 

https://cardiopapers.com.br/

American Heart Association

 

 

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Christiane Ribeiro
Técnico de Enfermagem Intensivista (há 13 anos), atuante em UTI Adulto: Geral, Cardiológica, COVID-19. Além de ser profissional de saúde, sou ilustradora digital, e nos tempos livres dedico à ilustrações da saúde para estudantes e profissionais, e também sou uma influenciadora digital na enfermagem.
https://enfermagemilustrada.com

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