Radiodermite

A radiodermite é uma reação da pele ao tratamento com radiação, como a radioterapia utilizada no tratamento do câncer. Essa reação ocorre devido à sensibilidade das células da pele à radiação, que pode causar danos e inflamação.

Sintomas

Os sintomas da radiodermite podem variar de pessoa para pessoa e dependem da dose de radiação, da área tratada e da sensibilidade individual. Os sintomas mais comuns incluem:

  • Vermelhidão: A pele na área tratada fica avermelhada, semelhante a uma queimadura solar.
  • Coceira: A pele pode coçar intensamente, causando desconforto.
  • Descamação: A pele pode descamar, tanto de forma seca quanto úmida, formando feridas.
  • Inchaço: A área tratada pode ficar inchada.
  • Dor: Em casos mais graves, pode haver dor intensa.
  • Perda de pelos: Os pelos na área tratada podem cair.

Graus da radiodermite

A radiodermite é classificada em graus, que indicam a gravidade da reação:

  • Grau I: Vermelhidão leve ou descamação seca da pele, que podem ser associados a prurido e quedas de pelos ou cabelos.
  • Grau II: Vermelhidão moderada e edema intenso, que pode ocasionar uma descamação úmida limitada às dobras da pele.
  • Grau III: Descamação úmida extensas em outras localizações e inchaço no local.
  • Grau IV: Ulceração, hemorragia e necrose.

Fatores de risco

Alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolver radiodermite, como:

  • Dose de radiação: Quanto maior a dose, maior o risco.
  • Área tratada: Áreas com pele mais fina, como o rosto, são mais suscetíveis.
  • Sensibilidade individual: Algumas pessoas são mais sensíveis à radiação do que outras.
  • Uso de outros medicamentos: Alguns medicamentos podem aumentar a sensibilidade da pele à radiação.

Tratamento

O tratamento da radiodermite varia de acordo com a gravidade dos sintomas e pode incluir:

  • Hidratantes: Para aliviar a pele seca e coceira.
  • Corticosteroides tópicos: Para reduzir a inflamação.
  • Curativos: Para proteger a pele e promover a cicatrização.
  • Antibióticos: Para prevenir infecções.
  • Analgésicos: Para aliviar a dor.

Prevenção

Embora não seja possível evitar completamente a radiodermite, algumas medidas podem ajudar a minimizar o risco, como:

  • Hidratação da pele: Manter a pele bem hidratada antes, durante e após o tratamento.
  • Proteção da pele: Evitar exposição ao sol e a produtos irritantes.
  • Comunicar os sintomas: Informar o médico sobre qualquer sintoma da radiodermite para que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível.

Cuidados de Enfermagem

Avaliação e Monitorização:

  • Histórico: Investigar a história da exposição à radiação, incluindo tipo, dose, data e duração da exposição.
  • Exame físico: Avaliar a pele quanto a vermelhidão, descamação, inchaço, ulcerações, pigmentação anormal, telangiectasias (vasos sanguíneos dilatados) e crescimento de cabelos anormais.
  • Sintomas: Monitorizar a dor, prurido, sensibilidade e outros sintomas.

Intervenções:

  • Proteção da pele:
    • Evitar exposição ao sol: Usar protetor solar com FPS alto, roupas de proteção e permanecer em ambientes com sombra.
    • Hidratação da pele: Usar hidratantes sem perfume e hipoalergênicos para manter a pele hidratada e evitar rachaduras.
    • Limpeza da pele: Limpar a pele com água morna e sabonete suave. Evitar produtos abrasivos ou irritantes.
    • Evitar calor e frio extremos: Banhos muito quentes ou frios podem agravar a radiodermite.
    • Evitar roupas apertadas: Roupas apertadas podem aumentar a irritação e a dor.
  • Alívio dos sintomas:
    • Controle da dor: Usar analgésicos orais ou tópicos para controlar a dor.
    • Controle do prurido: Usar anti-histamínicos ou cremes antipruriginosos.
    • Gerenciamento de infecções: Monitorizar a pele quanto a sinais de infecção, como vermelhidão, inchaço, dor e pus.
    • Prevenção de úlceras: Cuidados com a pele para prevenir o desenvolvimento de úlceras, incluindo proteção contra pressão, controle do atrito e manutenção da pele limpa e hidratada.
    • Promoção da cicatrização: Utilizar curativos apropriados, como compressas úmidas ou curativos hidrocoloides, para promover a cicatrização das úlceras.
  • Educação do paciente:
    • Instruções sobre cuidados com a pele: Explicar os cuidados necessários para proteger a pele e aliviar os sintomas.
    • Orientação sobre os riscos de exposição à radiação: Informar o paciente sobre os riscos de exposição à radiação e a importância de evitar a exposição adicional.
    • Identificação de recursos: Fornecer informações sobre recursos de suporte, como grupos de apoio e serviços de aconselhamento.

Referências:

  1. Maria Teresa Silva Souza, MTSS; Glenda Agra, GA. Universidade Federal de Campina Grande-Cuité/CES. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À PESSOA COM RADIODERMITES: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 69, n. 1, p. 105-111, jan./fev. 2016.
  2. Cardozo, A. dos S., Simões, F. V., Santos, V. O., Portela, L. F., & Silva, R. C. da .. (2020). SEVERE RADIODERMATITIS AND RISK FACTORS ASSOCIATED IN HEAD AND NECK CANCER PATIENTS. Texto & Contexto – Enfermagem, 29, e20180343. https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2018-0343

Hipertermo Quimioterapia Intraperitoneal (Hipec)

A Hipertermo Quimioterapia Intraperitoneal  (Hipec), um tratamento de quimioterapia altamente concentrada e aquecida, aplicada diretamente no abdome durante a cirurgia citorredutora – procedimento de alta complexidade para combater um tipo raro de câncer localizado no peritônio, membrana que recobre a região do abdome.

Diferentemente da quimioterapia convencional, cujo medicamento circula por todo o organismo, no Hipec o quimioterápico é administrado diretamente nas células tumorais do abdome, com baixa absorção sistêmica, o que permite o uso de doses mais concentradas da medicação.

O aquecimento da solução (40 a 42 graus celsius) aumenta a absorção da droga pelo tumor e destrói as células que restaram após a cirurgia. É um método que reduzir os mecanismos de defesa do tumor à quimioterapia convencional e induz a uma resposta imunológica eficaz.

O tempo de aplicação da Hipec peritoneal pode durar de 30 a 90 minutos, a depender da dose e do quimioterápico utilizado.

Local do procedimento

Esse procedimento é realizado em Centro Cirúrgico e envolve uma grande equipe interdisciplinar, com monitoramento e acompanhamento constante do quadro clínico do paciente.

Indicação

A cirurgia de citorredução com Hipec está indicada em tumores primários de peritoneal, casos selecionados de tumores intestinais e tumores de ovário com disseminação peritoneal.

A cavidade peritoneal fica localizada dentro da cavidade abdominal, sendo seu limite inferior à cavidade pélvica.

Após a Hipec, o paciente fica internado até sua recuperação, que pode durar de 7 a 14 dias, sob assistência do oncologista clínico, do cirurgião oncológico, do médico intensivista e demais profissionais que participaram do procedimento no Centro Cirúrgico.

Cuidados de Enfermagem

Pacientes submetidos à QHITO costumam passar o período pós-operatório imediato em unidades de terapia intensiva, onde a vigilância é contínua.

Portanto, enfermeiros atuantes nessas unidades devem conhecer os sinais e os sintomas decorrentes das complicações potenciais da QHITO, de modo que cuidados preventivos sejam planejados e os resultados pós-operatórios, por consequência, otimizados.

Como algumas complicações da QHITO estão relacionadas à passagem de drogas antineoplásicas para a circulação sistêmica, o enfermeiro deve considerar a potencial ocorrência de toxicidade hematológica e, por isso, avaliar os resultados laboratoriais dos exames de sangue a cada quatro horas durante as primeiras 24 horas pós-operatórias.

Especialmente quando a Oxaliplatina for utilizada, pois essa droga aumenta o risco de hemorragia, bem como o risco de insuficiência renal aguda.

Além disso, os níveis de eletrólitos devem ser monitorados a cada quatro ou seis horas e a administração/perda de líquidos deve ser registrada a cada hora. Logo, recomenda-se a instituição de balanço hídrico.

A função renal deve ser rigorosamente avaliada com mensuração horária da diurese, apreciação da ureia e creatinina séricas a cada 12 horas e aferição diária do peso corporal.

Pacientes submetidos à cirurgia citorredutora combinada à QHITO costumam permanecer sob ventilação mecânica por, pelo menos, 12 horas devido à resposta inflamatória secundária a essa terapia.

Após a extubação, eles são encorajados a tossir e a realizar exercícios de respiração profunda. Mudanças de decúbito a cada duas horas também são cuidados de enfermagem instituídos para promover ventilação adequada.

Contudo, essas mudanças podem ser um desafio devido à presença de drenos abdominais, da própria incisão cirúrgica e dor.

Referências:

  1. JOMAR, Rafael Tavares et al. Quimioterapia hipertérmica intraperitoneal transoperatória: o que a enfermagem precisa saber [Intraoperative hyperthermic intraperitoneal chemotherapy: what nurses should know]. Revista Enfermagem UERJ, [S.l.], v. 25, p. e29326, jun. 2017. ISSN 0104-3552. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/29326>. Acesso em: 31 maio 2021. doi:https://doi.org/10.12957/reuerj.2017.29326.