O cloridrato de metoclopramida, mais conhecido pelo nome comercial Plasil® ou Primperan®, é um fármaco que age estimulando o esvaziamento do estômago, o que o torna útil nos casos de refluxo gastroesofágico, nos paciente com quadro de náuseas e vômitos e nos diabéticos com gastroparesia (esvaziamento lento do estômago).
Como Funciona?
A ação da metoclopramida está relacionada ao bloqueio dos receptores da dopamina no sistema nervoso central e no trato gastrointestinal, de forma semelhante ao que faz a bromoprida (Digesan®). De fato, a bromoprida e a metoclopramida são substâncias quase idênticas, partilhando o mesmo mecanismo de ação e os efeitos colaterais.
O bloqueio dos receptores da dopamina aumenta a força e a amplitude das contrações do estômago e do intestino delgado, além de relaxar o esfíncter pilórico, facilitando o esvaziamento gástrico e o acelerando o trânsito intestinal, combatendo, assim, as náuseas e vômitos.
A metoclopramida é, portanto, um medicamento antiemético (que impede os vômitos) e um procinético (que acelera o esvaziamento do estômago).
Os Efeitos Colaterais
Em geral, a incidência de reações adversas está relacionada com a dose e a duração do uso da metoclopramida. Os dois efeitos colaterais mais relevantes da metoclopramida são a depressão do sistema nervoso central e os sintomas extrapiramidais.
Depressão do sistema nervoso
Sonolência, fadiga, sensação de esgotamento, tontura e confusão mental podem ocorrer com a dosagem terapêutica ou supraterapêutica. Esses efeitos são autolimitados e geralmente desaparecem dentro de 24 horas após a descontinuação do medicamento.
Os sintomas da depressão do sistema nervoso central normalmente surgem nos primeiros 5 dias de uso, mas podem aparecer logo no primeiro dia.
Fatores de risco:
- Idade acima de 65 anos.
- Uso simultâneo de outro medicamento com ação depressora do SNC.
- Insuficiência renal crônica.
Sintomas extrapiramidais
Sintomas extrapiramidais são reações de distonia dos músculos que surgem nas primeiras 24 a 48 horas de uso do medicamento. O risco dessas reações é mais elevado em doses a partir de 30 a 40 mg por dia e em pacientes com menos de 30 anos de idade.
Cerca de 0,2% (1 em 500) dos pacientes apresentam sintomas extrapiramidais com o uso da metoclopramida.
Os sintomas podem incluir movimentos involuntários dos membros, contrações dos músculos da face, torcicolo, protrusão da língua, alterações da fala e trismo (contratura dolorosa da musculatura da mandíbula). O quadro tende a ter reversão completa após suspensão do medicamento.
Outra manifestação neurológica possível é a acatisia (inquietação motora), que se manifesta como sentimentos de ansiedade, agitação, insônia e incapacidade de ficar quieto ou parado. A acatisia é geralmente reversível com a descontinuação do medicamento ou redução da dose.
Sintomas de parkinsonismo, como bradicinesia (lentificação de reflexos e movimentos do corpo), tremores, rigidez muscular e perda da expressão facial, podem surgir após cursos mais longos de tratamento, principalmente em idosos. Os sintomas parkinsonianos geralmente remitem dentro de 2 a 3 meses após a descontinuação da metoclopramida.
Fatores de risco para sintomas extrapiramidais com uso da metoclopramida incluem:
- Uso de doses superiores às recomendadas.
- Uso prolongado (maior que 12 semanas).
- Idade abaixo de 30 anos ou acima de 60.
- Mulheres.
- Insuficiência renal.
- Diabetes mellitus.
- Uso concomitante de outros medicamentos que podem causar sintomas extrapiramidais (por exemplo, antipsicóticos).
- Uso concomitante de inibidores fortes do CYP2D6 (por exemplo, fluoxetina, paroxetina, bupropiona).
Outros sintomas adversos
- Dor de cabeça.
- Tontura.
- Galactorreia (secreção de leite pelas mamas).
- Ginecomastia (aumento do volume das mamas em homens).
- Retenção de líquido.
- Erupções cutâneas, incluindo urticária.
- Diarreia.
- Incontinência urinária.
- Hipertensão arterial.
- Depressão.
- Síndrome Neuroléptica Maligna.
- Atraso menstrual.
- Impotência.
Quando é Contraindicado?
A metoclopramida não deve ser utilizada nos seguintes casos:
- Sempre que a estimulação da motilidade gastrointestinal possa ser perigosa, como por exemplo, na presença de hemorragia gastrointestinal, obstrução mecânica ou perfuração intestinal.
- Pacientes com feocromocitoma, pois o medicamento pode causar crise hipertensiva, provavelmente devido à liberação de catecolaminas do tumor.
- Pacientes com antecedentes de alergia aos componentes da fórmula.
- Pacientes epilépticos ou que estejam recebendo outros medicamentos que possam causar reações extrapiramidais.
- Pacientes com história de discinesia tardia ou reação distônica à bromoprida ou metoclopramida.
- Crianças menores de 1 ano de idade, devido ao risco aumentado da ocorrência de agitação, irritabilidade e convulsões.
Uso durante a gravidez e lactação
A bromoprida é um medicamento que apresenta graduação B na categoria de risco na gravidez. Isso significa que os estudos em animais não conseguiram demonstrar um risco para o feto, mas que não existem estudos adequados e bem controlados em humanos.
Como os estudos em animais nem sempre são preditivos da resposta humana, a metoclopramida deve ser usada durante a gravidez apenas se for claramente necessário e não houver outra opção disponível.
A metoclopramida é excretada pelo leite materno, não devendo, portanto, ser administrada em mulheres que estejam amamentando.
Os Cuidados de Enfermagem
- Atentar para a forma de apresentação, a dosagem e a via de administração prescritas pelo médico.
- Atentar para sinais e sintomas dos efeitos colaterais.
- Atentar para infusão lenta da droga, visando a diminuir o risco de aparecimento de efeitos colaterais.
- Deve-se administrar a medicação com um intervalo de pelo menos 6 horas, mesmo que ocorra vômito e rejeição da dose, para evitar a superdose.
- Monitorar pacientes diabéticos pois com o uso desse medicamento juntamente com a insulina, a mesma pode começar a agir antes que os alimentos tenham saído do estômago e levar o paciente a uma hipoglicemia.
- Seu uso é contraindicado para crianças menores de 1 ano.
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