Bloqueio Atrioventricular (BAVT)

Um Bloqueio atrioventricular (BAVT) é um distúrbio elétrico cardíaco definido como condução deficiente (tardia ou ausente) dos átrios para os ventrículos.

A intensidade da anormalidade de condução é descrita em graus: primeiro grau; segundo grau, tipo I (Wenckebach ou Mobitz I) ou tipo II (Mobitz II); e bloqueio AV de terceiro grau (total).

Esse esquema de classificação deve ser aplicado somente durante ritmo sinusal e não durante arritmias atriais rápidas ou em caso de batimentos atriais prematuros.

Principais Fatores

  • presença de fatores de risco;
  • idade >50-60 anos;
  • síncope;
  • frequência cardíaca <40 bpm;
  • sexo masculino;
  • fadiga;
  • dispneia;
  • dor torácica, palpitações e náuseas ou vômitos;
  • alterações degenerativas no sistema de condução relacionadas à idade;
  • tônus vagal elevado;
  • agentes bloqueadores do nó AV;
  • doença arterial coronariana crônica estável.

Como é identificado o BAVT?

O bloqueio atrioventricular (AV) pode ser descrito pelo grau (com base na aparência ao eletrocardiograma [ECG]) ou pelo nível anatômico do bloqueio. O grau do bloqueio AV ou o nível anatômico do bloqueio não se correlaciona, necessariamente, com a gravidade dos sintomas subsequentes.

Os objetivos da terapia são tratar os sintomas e evitar síncope e morte súbita cardíaca decorrentes de frequências ventriculares muito lentas ou ausentes.

Pacientes com bloqueio AV avançado (geralmente bloqueio de segundo grau tipo II, terceiro grau ou AV infranodal) de causa irreversível devem ser submetidos à colocação de um marca-passo permanente.

Classificação

Os bloqueios AV são classificados em três graus, dependendo de sua gravidade.

  • Bloqueio AV de primeiro grau.
  • Bloqueio AV de segundo grau.
    • Bloqueio AV de segundo grau, tipo I, Mobitz I ou Wenckebach.
    • Bloqueio AV de segundo grau, tipo II ou Mobitz II.
  • Bloqueio AV de terceiro grau ou bloqueio AV completo.

Bloqueio atrioventricular de primeiro grau

No bloqueio AV de primeiro grau, há um atraso na passagem do estímulo pelo nó AV ou o sistema de His-Purkinje, retardando o início do complexo QRS.

As alterações características no eletrocardiograma é o prolongamento do intervalo PR (maior que 0,20 segundos), com QRS estreito na ausência de outras anormalidades.

Além disso, no bloqueio AV de primeiro grau, não existe interrupção da condução AV, de modo a que todas as ondas P são seguidas por QRS, ao contrário de outros tipos de bloqueios AV.

Bloqueio atrioventricular de segundo grau

No bloqueio atrioventricular de segundo grau, ocorre uma interrupção descontínua da passagem do estímulo das aurículas para os ventrículos. Observado ondas P não conduzidas (não seguidas de QRS) no eletrocardiograma.

De acordo com suas características no eletrocardiograma, são classificados como de bloqueio AV de segundo grau tipo I (Mobitz I ou Wenckebach) e tipo II (Mobitz II).

Bloqueio AV de 2.º grau tipo I (Mobitz I ou Wenckebach)

No bloqueio AV de segundo grau tipo I, é observado um atraso progressivo da condução AV até a interrupção da passagem do impulso.

No ECG observamos:

  • Prolongamento progressivo do intervalo PR até que uma onda P não é conduzida.
  • O intervalo RR se encurta gradualmente até a onda P bloqueada.
  • Complexo QRS de características normais, se não há outra alteração.
  • O intervalo RR que contém a onda P bloqueada é mais curto do que dois intervalos RR anteriores.

Bloqueio AV de 2.º grau, tipo II (Mobitz II)

O bloqueio AV de segundo grau tipo II, é menos comum do que os anteriores, e geralmente envolve doença cardíaca subjacente 3.

Este tipo de bloqueio AV é caracterizado por um súbito bloqueio de condução AV, sem prolongamento do intervalo PR prévio.

No ECG observamos:

  • Onda P bloqueada, intervalos PR anteriores e posteriores de duração semelhante.
  • O intervalo RR que inclui a onda P bloqueada é igual à soma de dois intervalos R-R anteriores.
  • Complexo QRS de características normais, se não há outra alteração.

Em certos casos, pode seguir uma determinada sequência (cada três intervalos PR normais, uma onda P bloqueada) ou ser variável. Nos bloqueios de alto grau (avançados) pode ser vista mais de uma onda P consecutiva bloqueada.

Este bloqueio AV pode progredir para bloqueio AV completo inesperadamente e, geralmente, requer implante de marcapasso definitivo.

Bloqueio atrioventricular de terceiro grau (bloqueio AV completo)

O bloqueio atrioventricular completo (ou total) é caracterizado pela interrupção completa da condução AV. Nenhum estímulo gerado nos átrios passa para os ventrículos, de modo que os átrios e os ventrículos são contraídos cada um ao seu próprio ritmo.

O ritmo ventricular dependerá do ponto do sistema de condução onde o ritmo de escape tem origem, no nó AV, feixe de His ou endocárdio ventricular (quanto mais alto o ponto do bloqueio, maior é a frequência cardíaca e os QRS mais estreitos).

Seus características no ECG são as seguintes:

  • Ondas P e complexos QRS sem relação entre eles, sendo maior a frequência das ondas P.
  • Ondas P localizadas perto dos QRS, inscritos no QRS ou na onda T.
  • A morfologia e a frequência dos complexos QRS dependem da origem do ritmo de escape. Se proveniente do nó AV, a frequência será maior e os QRS estreitos. Se proveniente dos ramos distais do feixe de His, haverá marcada bradicardia e QRS semelhantes ao bloqueio de ramo.

Tratamento

Os bloqueios atrioventriculares de primeiro grau e de segundo grau tipo I (fenômeno de Wenckebach) geralmente não requerem tratamento, mas podem progredir para bloqueios de grau superior.

Os bloqueios atrioventriculares de segundo grau tipo II e de terceiro grau, normalmente exigem implante de marcapasso definitivo para o tratamento.

Antes de indicar um marcapasso permanente devem ser descartadas causas reversíveis de bloqueio AV, como a cardiopatia isquêmica ou o tratamento com drogas (beta-bloqueadores ou antiarrítmicos).

Veja também:

Marcapasso Temporário Transvenoso

Marcapasso

Interpretando Arritmias Cardíacas

Eventos do Eletrocardiograma e as Arritmias Cardíacas

Como Interpretar o Eletrocardiograma (ECG) de forma divertida e facilmente

Referências:

  1.  Vogler J, Breithardt G, Eckardt L. Bradiarritmias y bloqueos de la conducció́n. Rev Esp Cardiol. 2012;65(7):656–667.
  2. 2. Goldberger A, Goldberger Z, Schvilkin A. Clinical Electrocardiography: A Simplified Approach, 7th ed. Philadelphia: Mosby Elservier; 2006.
  3. 3. Castellano C, Pérez de Juan MA, Attie F. Electrocardiografía Clínica, 2ª Ed. Madrid: Elservier España S. A. ; 2004.
  4. 4. Brignole M, Auricchio A et al. 2013 ESC Guidelines on cardiac pacing and cardiac resynchronization therapy. Eur Heart J; 2013.

Dispositivo de Assistência Ventricular (VAD)

O Dispositivo de Assistência Ventricular (do inglês “ventricular assist device”, VAD) é um dispositivo para auxiliar a circulação, que assume parcial ou completamente a função de uma câmara defeituosa do coração.

A função dos VADs é diferente da de marca-passos cardíacos artificiais. Alguns são para uso a curto prazo, geralmente para pacientes em recuperação de infarto do miocárdio e para pacientes em recuperação de cirurgia cardíaca.

Alguns são para uso a longo prazo (meses, anos ou por toda a vida), normalmente para os pacientes que sofrem de insuficiência cardíaca congestiva avançada.

Diferenças entre suas funções

VADs são diferentes de corações artificiais, que são projetados para assumir todas as funções cardíacas, e geralmente requerem a remoção do coração do paciente. Além disso, VADs são projetados para auxiliar o ventrículo direito (do inglês right ventricular assist device, RVAD) ou ventrículo esquerdo (do inglês left ventricular assist device, LVAD), ou para auxiliar ambos (BiVAD).

O tipo de assistência ventricular dispositivo aplicado depende do tipo de male cardíaco. O LVAD é o mais utilizado, visto que o lado direito do coração, muitas vezes, é capaz de exercer suas funções.

No entanto, se a resistência da artéria pulmonar, torna-se necessário também o uso do RVAD. Se ambos os ventrículos demandam auxílio, um BiVAD é normalmente escolhido, em vez do uso conjunto de LVAD e RVAD.

Normalmente, a longo prazo, a VAD é usada como ponte para transplante (do inglês bridge to transplantation, BTT), de modo a manter o paciente vivo durante a espera por um transplante de coração, até mesmo fora do hospital, em alguns casos.

Em alguns casos VAD também são usados como terapia de destinação (DT). Neste caso, o paciente não deve se submeter a um transplante de coração e um VAD será utilizado para o resto de sua vida.

Referências:

  1. Birks, EJ; Tansley, PD; Hardy, J; et al. (2006). «Left Ventricular Assist Device and Drug Therapy for the Reversal of Heart Failure». New England Journal of Medicine. 355 (18): 1873–1884. PMID 17079761. doi:10.1056/NEJMoa053063
  2. First VentrAssist Heart Recovery Featured on National TV”. Ventracor.com. 19 October 2006.

A Progressão de um Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)

Infarto Agudo do Miocárdio

O Infarto Agudo do Miocárdio é uma sequência contínua que estende de um estado normal para um infarto total:

A Isquemia: A falta de oxigenação nos tecidos, representado pelas depressões do segmento S-T, pela inversão da onda T, ou ambos.

A Lesão: Uma oclusão arterial com isquemia, que é representado pela elevação do segmento S-T.

O Infarto: Morte de um tecido, que é representado por uma onda Q patológica.

Uma dica importante: Uma vez que o infarto agudo termina sua sequência, o segmento S-T retorna à linha de base e a onda T torna-se perpendicular, mas a onda Q permanece anormal devido a formação da cicatriz.

La Sístole y la Diástole

La contracción ventricular es conocida como sístole y en ella ocurre el vaciamiento de los ventrículos. La relajación ventricular es conocida como diástole y es en esa fase que los ventrículos reciben sangre de los atrios.

La contracción ventricular fuerza entonces el paso de sangre hacia las arterias pulmonares y aorta, cuyas válvulas semilunares (tres membranas en forma de media luna) se abren para permitir el paso de sangre. Una vez en el interior de estos vasos, el retorno de la sangre (reflujo) a los ventrículos a partir de las arterias aorta y pulmonar es evitado por el súbito cierre de esas mismas válvulas.

El Derivación Ventricular Externo (DVE)

Derivación Ventricular

El drenaje ventricular externo es un procedimiento destinado a drenar hacia el exterior el líquido cefalo-raquídeo (LCR) en situaciones de hipertensión intracraneal, siendo de sistema cerrado de drenaje.

Un drenaje es introducido a través del cráneo hasta uno de los ventrículos cerebrales en ambiente de bloque operatorio. En el exterior este drenaje se conecta a un sistema colector que contiene un dispositivo regulador de la presión de drenaje.

Se utiliza en el tratamiento y acompañamiento de los casos de Hipertensión Intracraneal, además del control del drenaje líquido en pacientes con complicaciones ventriculares y / o tratamientos de hemorragias. Uno de los tratamientos indicados para hidrocefalia.

¿CUÁLES SON LOS CUIDADOS INTENSIVOS DE ENFERMERÍA CON EL DVE?

  • Mantener decúbito de 30º (o según orientación de equipo de neurocirugía);
  • En el conducto auditivo externo (que es el referencial anatómico para el forámen de Monro , y por lo tanto, representando gradientes presóricos negativos), debe ser zerado en la admisión y cada vez que se cambie el nivel de la cabecera. (MUY CUIDADO CON CAMAS ELÉCTRICAS, DEBIDO SER MUY FÁCIL MOVER SU ALTURA.) LA BOLSA COLECTIVA DEL SISTEMA DE DRENAJE ES POSICIONADA A UNA CERCA ALTURA ARRIBA DEL FORÁMEN MONRO (ESTÁ ALTURA REPRESENTA GRADIENTE HIDROSTÁTICO A SER VENCIDO POR LA PRESIÓN INTRAVENTRICULAR PARA QUE OCURRA DRENAJE LIQUÓRICO).
  • Cerrar el catéter de DVE durante el transporte o al bajar la cabecera a cero grado, evitando el riesgo de drenaje excesivo del líquido cefalorraquídeo. Nunca olvidar abrir después de los procedimientos. Solicitar del equipo clínico, cuál es el límite de drenaje.
  • Despreciar la bolsa colectora cuando alcance 2/3 de su capacidad. Al manipular la vía de salida de la bolsa, mantener técnica aséptica.
  • Registrar el tiempo de permanencia del catéter, comunicar al equipo después de 10 días (PUEDE VARIAR DE UN SERVICIO PARA OTRO).
  • Realizar curativo en la región peri-catéter una vez al día y, si es necesario. Observar si hay extravasación de líquido o signos flogísticos.
  • Inspeccionar la región de inserción del catéter en la admisión y una vez por turno, anotando el aspecto de la herida operatoria.
  • Nunca aspirar o inyectar solución en el catéter. En caso de obstrucción, notificar al equipo de neurocirugía.
  • Anotar débito, aspecto y color del drenaje de liquor, cada dos horas o cada hora, cuando inestabilidad. Notificar cuando los cambios en el rendimiento.
  • Manipular con cuidado al paciente para evitar el trazado del catéter. Si hay tracción, nunca reposicionar y comunicar inmediatamente al equipo de neurocirugía.
  • Observar signos y síntomas de infección: cambio en la coloración normal (incoloro, límpido), escalofríos, fiebre, confusión mental, descenso del nivel de conciencia, alteración pupilar o leucocitosis, déficit motores, cefalea, rigidez de nuca, vómitos.
  • Zerar el catéter de DVE en el conducto auditivo externo (que es el referencial anatómico para el forámen de Monro por lo tanto, representando gradientes presóricos negativos).
  • Monitorear al paciente en caso de PIC (Presión Intracraneal), observando que los valores normales para el mismo son:

PIC < 10mmHg – valor normal

PIC entre 11 e 20 mmHg – ligeramente elevada

PIC > 41mmHg – gravemente elevada

Obs.: mm Hg = milímetros de mercurio.

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A Sístole e a Diástole

Sístole e Diástole

A contração ventricular é conhecida como sístole e nela ocorre o esvaziamento dos ventrículos. O relaxamento ventricular é conhecido como diástole e é nessa fase que os ventrículos recebem sangue dos átrios.

A contração ventricular força, então, a passagem de sangue para as artérias pulmonar e aorta, cujas válvulas semilunares (três membranas em forma de meia lua) se abrem para permitir a passagem de sangue. Uma vez no interior desses vasos, o retorno do sangue (refluxo) para os ventrículos a partir das artérias aorta e pulmonar é evitado pelo súbito fechamento dessas mesmas válvulas.

Derivação Ventrículo-Peritoneal (DVP)

derivação ventrículo peritoneal

A derivação ventrículo-peritoneal (DVP) é um dispositivo usado para aliviar a pressão do cérebro causada pelo acúmulo de líquido. A DVP é um procedimento cirúrgico usado primariamente para tratar uma condição chamada hidrocefalia, que ocorre quando o excesso de líquido cefalorraquidiano (LCR) é acumulado nos ventrículos do cérebro.

O LCR atua como um amortecedor para o cérebro e o protege contra lesões no interior do crânio. O líquido age como um sistema de distribuição de nutrientes necessários para o cérebro e também coleta os resíduos para descarte. Geralmente, o LCR flui através desses ventrículos até a base do cérebro.

O fluido então banha o cérebro e a medula espinhal antes de ser reabsorvido no sangue. Quando esse fluxo normal é interrompido, o acúmulo excessivo do fluido pode criar uma pressão perigosa nos tecidos cerebrais, que pode danificar o cérebro. A DVP é colocada cirurgicamente dentro dos ventrículos do cérebro para desviar o fluido para fora do cérebro e restaurar o fluxo e absorção normal do LCR.

Causas

Pessoas de qualquer idade podem desenvolver hidrocefalia e assim precisar de uma derivação ventrículo-peritoneal. No entanto é mais provável a ocorrência de hidrocefalia em bebês e idosos.  O Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e Infartos Cerebrais (NINDS – National Institute for Neurological Disorders and Stroke) dos EUA estima que uma em cada 500 crianças sofre de hidrocefalia.

O excesso de líquido pode acumular-se em volta do cérebro por diversos motivos, entre eles:

  • superprodução de LCR
  • absorção deficiente de LCR pelos vasos sanguíneos
  • bloqueios que impedem que o líquido flua pelo cérebro todo

PODE SER REALIZADA POR:

1. Cateter intraventricular
2. Transdutores Intraparenquimatosos
3. Monitorização Subaracnóide

VANTAGENS:

  1. Reproduzir melhor a pressão da caixa craniana;
  2. Drenagem terapêutica do LCR;
  3. Obtém registros contínuos da PIC;
  4. Acesso para administração intraventricular de medicamentos, instilação de ar ou controle da ventriculografia;
  5. Drena o sangue do ventrículo.


DESVANTAGENS:

  1. Dificuldades na canulização do ventrículo;
  2. Risco de infecção é máximo;
  3. Hemorragia;
  4. Obstrução dos sistemas por sangue ou tecidos cerebrais;
  5. Risco de HIC iatrogência, pela conexão inadequada de um equipo de soro no sistema;
  6. Risco de mobilidade inavertida do paciente que pode modificar os níveis de drenagem.

Procedimento

A colocação da derivação ventrículo-peritoneal é realizada sob anestesia geral. O paciente estará dormindo durante a cirurgia e não sentirá nenhuma dor. O procedimento completo leva cerca de 90 minutos.

O cabelo atrás da orelha será raspado em preparo para a derivação, já que essa é a região onde serão inseridos os cateteres. Cateteres são tubos finos e flexíveis que serão usados para drenar o excesso de líquido. O cirurgião fará uma pequena incisão atrás da orelha e também perfurará um pequeno orifício no crânio. Um cateter será inserido no cérebro através dessa abertura. O outro cateter é subcutâneo, isto é, ele é colocado sob a pele, atrás da orelha. Esse tubo descerá até o peito e abdômen, permitindo que o excesso de LCR seja drenado na cavidade abdominal, onde será absorvido. O cirurgião colocará uma pequena bomba em ambos os cateteres e a colocará sob a pele, atrás da orelha. A bomba será ativada automaticamente para retirar o líquido quando a pressão no crânio aumenta. A bomba, também chamada de válvula, pode ser programada para ser ativada quando o líquido aumenta até um volume predeterminado.

Recuperação

A recuperação de um procedimento de DVP leva de três a quatro dias. A maioria dos pacientes consegue deixar o hospital em sete dias depois do procedimento. De acordo com os Institutos Nacionais de Saúde (NIH – National Institutes of Health) dos EUA, crianças que recebem a DVP precisam permanecer deitadas por 24 horas depois da colocação inicial da DVP. Depois das primeiras 24 horas, elas podem sentar-se e movimentar-se cuidadosamente.

Durante a hospitalização, a frequência cardíaca e a pressão arterial serão monitoradas frequentemente, e o médico administrará antibióticos preventivamente. O médico se certificará que a DVP está funcionando corretamente antes de dar alta.

Tratamento

Requer procedimento cirúrgico, que consiste na implantação de um sistema valvular que drena o líquor dos ventrículos cerebrais para um local alternativo do corpo.

O Sistema de Derivação Peritoneal apresenta três partes:
1. Um cateter ventricular
2. Um reservatório e uma válvula para controlar o fluxo do LDR,
3. Um cateter distal que será introduzido por via subcutânea na região peritoneal.

POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES

 – APÓS COLOCAÇÃO DA DVP

1. Extrusão do cateter pela pele;
2. Fístulas liquóricas e Perfuração de vísceras;
3. Subdrenagem:
3.1. Desconexão, rotura ou obstrução do sistema de derivação;
4. Sobre drenagem:
4.1. Resultante do efeito-sifão, gerado pelas mudanças de posição do paciente, levando ao colapso ventricular e à formação de hematomas IC.
5. Ascite;
6. Peritonite causada por infecção;
7. Migração da ponta do cateter para o escroto causando hidrocele.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM USO DE DVP (e em casos específicos pediátricos):

– Cuidados de Enfermagem no Pré-Operatório:

(Prescrição de enfermagem e resultado esperado)

    1. Observar e registrar sinais de irritabilidade, letargia ou atividade convulsiva.
      * Indica Patologia avançada.
    2. Palpar as fontanelas e linhas de sutura quanto ao tamanho, sinais de abaulamento, tensão e separação.
      * Avaliar a evolução da hidrocefalia.
    3. Medir diariamente o perímetro cefálico e pesar a criança.
      * Avaliar a evolução da hidrocefalia.
    4. Verificar e registrar sinais vitais
      * Ver a evolução e estabilidade do quadro.
    5. Evitar alimentação antes ou após manipulação da criança.
      * Pode precipitar episódios de vômitos.
    6. Observar e registrar aceitação da dieta alimentar.
      * Evitar desnutrição.
    7. Orientar jejum de 6h antes da cirurgia.
      * Evitar complicações durante a cirurgia.
    8. Apoiar a cabeça da criança ao movimentá-lo.
      * Evitar tensão extra sobre o pescoço.
    9. Promover mudança de decúbito a cada 2 horas.
      * Evitar pneumopatia hipostática e úlcera de decúbito.
    10. Observar e registrar entrada e saída de líquidos.
      * Avaliar retenção líquida.
    11. Observar e registrar características das eliminações intestinais.
      * Evitar possível obstipação e/ou distensão abdominal.
    12. Instituir medidas de higiene geral e cuidados à pele.
      * Prevenir úlceras por pressão.
    13. Encorajar a participação dos pais nos cuidados.
      * Integração afetiva entre pais e filhos.
    14. Oferecer apoio emocional e explicar os procedimentos aos pais. demonstrar vontade e disposição de ouvir as preocupações dos pais.
      * Amenizar a ansiedade.
    15. Identificar sinais e sintomas da subdrenagem (são os mesmos do aumento da PIC):
      *Náuseas, vômito;*Apneia, bradicardia e irritabilidade;
      *Convulsões;
      *Fontanela tensa e protuberante, ingurgitamento das veias do couro cabeludo;
      *Edema no trajeto dos cateteres, devido desconexão e extravasamento de LCR do sistema de derivação;
      *Sensibilidade a luz e outros distúrbios visuais

16. Medir e avaliar perímetro encefálico diariamente;
17. Realizar curativo diário no sítio de inserção do cateter;
18. Orientar aos pais sobre como lidar com a criança hidrocéfala ou a criança
com o cateter implantado funcionante.

Derivação Ventricular Externa (DVE)

drenagem ventricular externa

A drenagem ventricular externa é um procedimento destinado a drenar para o exterior o líquido cefalorraquidiano (LCR) em situações de hipertensão intracraniana, sendo de sistema fechado de drenagem.

Um dreno é introduzido através do crânio até um dos ventrículos cerebrais em ambiente de bloco operatório. No exterior este dreno é ligado a um sistema coletor que comporta um dispositivo regulador da pressão de drenagem.

Comumente é utilizada no tratamento e acompanhamento dos casos de Hipertensão Intracraniana, além do controle da drenagem liquórica em pacientes com complicações ventriculares e/ou tratamentos de hemorragias. Um dos tratamentos indicados para hidrocefalia.

QUAIS SÃO OS CUIDADOS INTENSIVOS DE ENFERMAGEM COM O DVE?

  • Manter decúbito de 30º (ou conforme orientação equipe de neurocirurgia);
  • Zerar o cateter de DVE no conduto auditivo externo (Que é o referencial anatômico para o forâmen de Monroe, portanto, representando gradientes pressóricos negativos), devendo ser zerado na admissão e toda vez que for alterado o nível da cabeceira. (MUITO CUIDADO COM CAMAS ELÉTRICAS, DEVIDO SER MUITO FÁCIL MOVER SUA ALTURA). A BOLSA COLETORA DO SISTEMA DE DRENAGEM É POSICIONADA Á UMA CERTA ALTURA ACIMA DO FORAME MONRO (ESTÁ ALTURA REPRESENTA GRADIENTE HIDROSTÁTICO A SER VENCIDO PELA PRESSÃO INTRAVENTRICULAR PARA QUE OCORRA DRENAGEM LIQUÓRICA);
  • Fechar o cateter de DVE durante o transporte ou quando abaixar a cabeceira a zero grau, evitando o risco de drenagem excessiva do líquor. Nunca esquecer de abrir depois dos procedimentos. Solicitar da equipe clínica, qual o limite de drenagem;
  • Desprezar a bolsa coletora quando atingir 2/3 de sua capacidade. Ao manipular a via de saída da bolsa, manter técnica asséptica;
  • Registrar o tempo de permanência do cateter, comunicar à equipe após 10 dias. (PODE VARIAR DE UM SERVIÇO PARA OUTRO);
  • Realizar curativo na região peri-cateter uma vez por dia e, se necessário. Observar se há extravasamento de líquor ou sinais flogísticos;
  • Inspecionar a região de inserção do cateter na admissão e uma vez por plantão, anotando o aspecto da ferida operatória;
  • Nunca aspirar ou injetar solução no cateter. Em caso de obstrução, notificar a equipe de neurocirurgia;
  • Anotar débito, aspecto e cor da drenagem de líquor, a cada duas horas ou a cada uma hora, quando instabilidade. Notificar quando alterações no débito;
  • Manipular com cuidado o paciente para evitar o tracionamento do cateter. Se houver tração, nunca reposicionar e comunicar imediatamente a equipe de neurocirurgia;
  • Observar sinais e sintomas de infecção: mudança na coloração normal (incolor, límpido), calafrios, febre, confusão mental, rebaixamento do nível de consciência, alteração pupilar ou leucocitose, déficits motores, cefaleia, rigidez
    de nuca, vômitos;
  • Zerar o cateter de DVE no conduto auditivo externo (Que é o referencial anatômico para o forâmen de Monroe, portanto, representando gradientes pressóricos negativos);
  • Monitorar o paciente em caso de PIC (Pressão Intracraniana), observando que os valores normais para o mesmo são:

PIC < 10mmHg – valor normal

PIC entre 11 e 20 mmHg – levemente elevada

PIC > 41mmHg – gravemente elevada

Obs.: mm Hg = milímetros de mercúrio