Marcha atópica

A marcha atópica é um conceito que descreve a progressão natural das doenças alérgicas ao longo da vida de um indivíduo. Geralmente começando na infância, essa sequência de condições pode incluir dermatite atópica, rinite alérgica e asma.

Nesta publicação, vamos explorar o que é a marcha atópica, suas fases, fatores de risco e estratégias para prevenir ou controlar essas condições.

O Que é a Marcha Atópica?

A marcha atópica refere-se à tendência de doenças alérgicas se desenvolverem em uma sequência previsível, começando na infância e podendo persistir até a idade adulta. Essa progressão é caracterizada por uma resposta imunológica hiperativa a alérgenos comuns, como pólen, ácaros e alimentos.

Fases da Marcha Atópica

Dermatite Atópica (Eczema)

  • Idade de Início: Geralmente nos primeiros meses de vida.
  • Sintomas: Pele seca, coceira intensa e erupções cutâneas.
  • Importância: A dermatite atópica é frequentemente o primeiro sinal da marcha atópica e pode aumentar o risco de desenvolver outras condições alérgicas.

Alergias Alimentares

  • Idade de Início: Nos primeiros anos de vida.
  • Sintomas: Reações alérgicas a alimentos como leite, ovos, amendoim e frutos do mar.
  • Importância: As alergias alimentares podem ser um precursor para o desenvolvimento de asma e rinite alérgica.

Asma

  • Idade de Início: Geralmente entre 3 e 5 anos.
  • Sintomas: Dificuldade para respirar, chiado no peito e tosse.
  • Importância: A asma é uma condição crônica que pode persistir na idade adulta.

Rinite Alérgica

  • Idade de Início: Pode começar na infância ou adolescência.
  • Sintomas: Espirros, coriza, coceira no nariz e olhos lacrimejantes.
  • Importância: A rinite alérgica é comum em indivíduos com histórico de outras condições atópicas.

Fatores de Risco para a Marcha Atópica

Vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento da marcha atópica, incluindo:

Genética

Histórico familiar de doenças alérgicas.

Exposição a Alérgenos

Contato precoce com ácaros, pólen ou alimentos alergênicos.

Poluição e Tabagismo

Ambientes poluídos e exposição ao fumo podem agravar as condições alérgicas.

Alterações na Microbiota Intestinal

Desequilíbrios na flora intestinal podem influenciar o sistema imunológico.

Prevenção e Controle da Marcha Atópica

Embora a marcha atópica tenha um componente genético, algumas estratégias podem ajudar a prevenir ou controlar suas manifestações:

Amamentação

A amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida pode reduzir o risco de dermatite atópica e alergias alimentares.

Introdução de Alimentos Sólidos

A introdução de alimentos potencialmente alergênicos, como amendoim e ovos, deve ser feita de forma gradual e sob orientação médica.

Controle Ambiental

Reduzir a exposição a alérgenos comuns, como ácaros e pólen, pode ajudar a prevenir crises alérgicas.

Tratamento Precoce

O manejo adequado da dermatite atópica e das alergias alimentares pode reduzir o risco de progressão para asma e rinite alérgica.

Imunoterapia

Em alguns casos, a imunoterapia com alérgenos pode ser usada para dessensibilizar o sistema imunológico.

Cuidados de Enfermagem no Manejo da Marcha Atópica

A equipe de enfermagem desempenha um papel crucial no suporte a pacientes com marcha atópica. Aqui estão os principais cuidados:

Educação do Paciente e Familiares

Explique sobre a marcha atópica e a importância do controle ambiental e do tratamento precoce.

Acompanhamento Nutricional

Oriente sobre a introdução de alimentos e o manejo de alergias alimentares.

Monitoramento de Sintomas

Observe e registre os sintomas do paciente para ajustar o tratamento conforme necessário.

Apoio Emocional

Ofereça suporte emocional, especialmente para crianças e famílias que lidam com múltiplas condições alérgicas.

A marcha atópica é uma sequência de condições alérgicas que pode impactar significativamente a qualidade de vida. Compreender suas fases e fatores de risco é essencial para prevenir e controlar essas doenças.

Para a equipe de enfermagem, a educação e o suporte ao paciente são fundamentais para garantir um manejo eficaz.

Referência:

  1. Hill DA, Spergel JM. The atopic march: Critical evidence and clinical relevance. Ann Allergy Asthma Immunol. 2018 Feb;120(2):131-137. doi: 10.1016/j.anai.2017.10.037. Erratum in: Ann Allergy Asthma Immunol. 2018 Apr;120(4):451. doi: 10.1016/j.anai.2018.02.033. PMID: 29413336; PMCID: PMC5806141.

Tipos de Reações de Hipersensibilidade

As reações de hipersensibilidade são respostas imunológicas exageradas a antígenos geralmente inofensivos. Classificadas em quatro tipos principais pelo sistema de Gell e Coombs, essas reações variam desde manifestações alérgicas imediatas até doenças autoimunes.

Hipersensibilidade Tipo I (Imediata)

Características:

  • Mecanismo: Mediado por IgE
  • Tempo de resposta: Minutos a horas
  • Exemplos clínicos:
    • Anafilaxia (alimentos, venenos, medicamentos)
    • Rinite alérgica
    • Asma alérgica
    • Urticária

Cuidados de Enfermagem:

  • Monitorar sinais vitais e sintomas respiratórios
  • Manter epinefrina (adrenalina) acessível para emergências
  • Orientar sobre evitamento de alérgenos conhecidos
  • Ensinar técnica de autoaplicação de epinefrina
  • Registrar detalhes da reação no prontuário

Hipersensibilidade Tipo II (Citotóxica)

Características:

  • Mecanismo: IgG/IgM contra antígenos de superfície celular
  • Tempo de resposta: Horas a dias
  • Exemplos clínicos:
    • Anemia hemolítica autoimune
    • Pênfigo vulgar
    • Doença hemolítica do recém-nascido
    • Reação transfusional ABO

Cuidados de Enfermagem:

  • Monitorar hemoglobina e bilirrubina em reações hemolíticas
  • Observar sinais de anemia (palidez, taquicardia)
  • Coletar amostras para testes de Coombs quando indicado
  • Registrar histórico detalhado de transfusões

Hipersensibilidade Tipo III (Complexos Imunes)

Características:

  • Mecanismo: Deposição de complexos antígeno-anticorpo
  • Tempo de resposta: 1-3 semanas
  • Exemplos clínicos:
    • Lúpus eritematoso sistêmico
    • Artrite reumatoide
    • Glomerulonefrite pós-estreptocócica
    • Doença do soro

Cuidados de Enfermagem:

  • Avaliar função renal (proteinúria, creatinina)
  • Monitorar articulações quanto a edema e dor
  • Observar lesões cutâneas características
  • Orientar sobre proteção solar no lúpus

Hipersensibilidade Tipo IV (Tardia)

Características:

  • Mecanismo: Mediado por células T
  • Tempo de resposta: 48-72 horas
  • Exemplos clínicos:
    • Dermatite de contato (níquel, látex)
    • Teste tuberculínico (PPD)
    • Rejeição de enxerto
    • Doença celíaca

Cuidados de Enfermagem:

  • Identificar e eliminar agentes causadores
  • Aplicar compressas frias em dermatites
  • Educar sobre evitamento de alérgenos de contato
  • Monitorar área de teste cutâneo (PPD)

O reconhecimento precoce do tipo de hipersensibilidade é crucial para o manejo adequado. A enfermagem desempenha papel fundamental na identificação de sintomas, implementação de medidas terapêuticas e educação do paciente para prevenção de novas reações.

Referências:

  1. ABBAS, A. K. et al. Imunologia Celular e Molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019. Disponível em: https://www.elsevier.com.
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo de Manejo de Anafilaxia. Brasília, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude.
  3. JANEWAY, C. A. et al. Immunobiology: The Immune System in Health and Disease. 9. ed. New York: Garland Science, 2016. Disponível em: https://www.garlandscience.com.
  4. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ALERGIA E IMUNOLOGIA. Diretrizes Brasileiras de Anafilaxia. 2021. Disponível em: https://www.sbai.org.br.

Urticária Aquagênica

Urticária aquagênica é uma condição rara que afeta principalmente mulheres na adolescência e pós-puberdade.

É caracterizada pelo surgimento de manchas vermelhas, coceira e sensação de queimação na pele após o contato com a água, seja do mar, da piscina, da chuva ou do banho.

Classificação

Sua classificação é baseada no tempo de sintomas, sendo considerada crônica quando ocorre por mais de seis semanas consecutivas. As urticárias crônicas podem ser subdivididas em urticária crônica espontânea (UCE) ou urticária crônica induzida (UCInd).

As UCInd são aquelas nas quais as urticas e/ou angioedema surgem após um estímulo específico, que pode ser físico (dermografismo sintomático, urticária de pressão tardia, urticária ao calor ou ao frio, urticária vibratória e urticária solar) ou não físico (urticária aquagênica, urticária de contato e colinérgica).

Sintomas

Os sintomas costumam durar de 30 a 60 minutos após o contato com a água, aparecendo a vermelhidão principalmente no tronco, braços, pernas e pescoço, e desaparecem sozinhos. Em casos mais graves, a ingestão de água pode causar erupções na boca, dificuldade em engolir e até choque anafilático.

Causa

A causa da urticária aquagênica não é bem conhecida, mas não se trata de uma reação alérgica com liberação de histamina, como outras formas de urticária.

Pode haver uma hipersensibilidade a íons presentes na água não-destilada ou uma interação da água com as glândulas sebáceas da pele.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito pelo dermatologista com base no histórico clínico e nos sintomas. Não há um tratamento específico para a cura da urticária aquagênica, mas algumas medidas podem aliviar o desconforto, como a exposição aos raios UV ou o uso de anti-histamínicos.

Referência:

  1. Gehlen B, Guimarães IFAO, Pedreira GC, Kalil J, Motta AA, Agondi RC. Urticária aquagênica: relato de caso e revisão de literatura. Arq Asma Alerg Imunol. 2022;6(1):122-126

Monitor de Frasco de Vacina (MFV/VVM)

Um monitor de frasco de vacina (MFV ou VVM) é um dispositivo que permite verificar a temperatura e a exposição à luz de um frasco de vacina, garantindo assim a sua qualidade e eficácia.

Como funciona?

O monitor consiste em um adesivo que muda de cor conforme as condições do frasco, indicando se ele está adequado para uso ou não.

O monitor de frasco de vacina é especialmente útil em locais onde há dificuldade de acesso à refrigeração ou à eletricidade, pois permite identificar rapidamente as vacinas que podem ter sido comprometidas pelo calor ou pela luz.

O monitor de frasco de vacina contribui para evitar o desperdício de doses e o risco de administrar vacinas ineficazes ou prejudiciais à saúde.

Portanto, qualquer alteração na cor do MFV indica que o frasco de vacina foi exposto a altas temperaturas por um período indeterminado.

Estas diretrizes foram preparadas para oferecer aos profissionais de saúde informações sobre os diferentes tipos de MFV afixados em frascos de vacina e como interpretar a taxa de mudança de cor do MFV.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) não emitiu uma declaração sobre o uso de MFV.

Portanto, todos os programas de imunização e profissionais de saúde devem continuar a seguir as diretrizes/normas nacionais sobre o uso de dispositivos de monitoramento contínuo da temperatura no que se refere aos procedimentos adequados de manuseio, armazenamento e distribuição de vacinas.

O MFV pode informar se os frascos de vacina sofreram exposição ao calor quando não houver nenhum dispositivo de monitoramento de temperatura.

Heatmarker VVM

Desde 1996, os monitores de frascos de vacina (VVM) HEATmarker®, manufaturados pela Temptime®, foram usados para monitorar a exposição de vacinas a temperatura, como recomendado pela OMS e pela UNICEF.

Em 2012, a OMS determinou que o VVM é uma “característica crítica”, um elemento exigido de todas as propostas de vacinas apresentadas à UNICEF.

Os Tipos de MFV/VVM

ESTABILIDADE MUITO ALTA

HEATmarker VVM 250

O HEATmarker VVM 250 é ideal para uso com vacinas de estabilidade muito alta, como definido pelo WHO/PQS/E006/IN05.3. Apresenta um tempo máximo até o vencimento de 250 dias a 37°C. A vida na prateleira é de 5 anos.

ALTA ESTABILIDADE

HEATmarker VVM 30

O HEATmarker VVM 30 é ideal para uso com vacinas de estabilidade alta, como definido pelo WHO/PQS/E006/IN05.3. Apresenta um tempo máximo até o vencimento de 30 dias a 37°C. A vida na prateleira é de 5 anos.

ESTABILIDADE MÉDIA

HEATmarker VVM 14

O HEATmarker VVM 14 é ideal para uso com vacinas de estabilidade média, como definido pelo WHO/PQS/E006/IN05.3. Apresenta um tempo máximo até o vencimento de 14 dias a 37°C. A vida na prateleira é de 5 anos.

ESTABILIDADE INTERMEDIÁRIA

HEATmarker VVM 11

O HEATmarker VVM 11 é ideal para uso com vacinas de estabilidade intermediária, como definido pelo WHO/PQS/E006/IN05.3. Apresenta um tempo máximo até o vencimento de 11 dias a 37°C. A vida na prateleira é de 4 anos.

ESTABILIDADE MODERADA

HEATmarker VVM 7

O HEATmarker VVM 7 é ideal para uso com vacinas de estabilidade moderada, como definido pelo WHO/PQS/E006/IN05.3. Apresenta um tempo máximo até o vencimento de 7 dias a 37°C. A vida na prateleira é de 4 anos.

POUCA ESTABILIDADE

HEATmarker VVM 2

Calendário de Vacinação da Gestante 2023

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) lançou recentemente a cartilha contendo as vacinas disponibilizadas para Gestante pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Vacinas Esquemas e recomendações                                                                                                    Comentários DISPONIBILIZAÇÃO DAS VACINAS
Gratuitas Clínicas

privadas de nas UBS*vacinação

ROTINA  
Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche) – dTpa ou dTpa-VIP

Dupla adulto (difteria  e tétano) – dT

Histórico vacinal Conduta na gestação •   A dTpa está recomendada em todas as gestações, pois além de proteger a gestante e evitar que ela transmita a Bordetella pertussis ao recém-nascido, permite a transferência de anticorpos ao feto protegendo-o nos primeiros meses de vida até que possa ser imunizado.

•   Mulheres não vacinadas na gestação devem ser vacinadas no puerpério, o mais precocemente possível.

•   Na indisponibilidade de dTpa, pode-se substituí-la pela dTpa-VIP, ficando a critério médico a prescrição.

SIM, dT e dTpa SIM, dTpa e dTpa-VIP
Previamente vacinada, com pelo menos três doses de vacina contendo o componente tetânico. Uma dose de dTpa a partir da 20ª semana de gestação.
Em gestantes com vacinação incompleta tendo recebido uma dose de vacina contendo  o componente tetânico. Uma dose de dT e uma dose de dTpa, sendo que a dTpa deve ser aplicada a partir da 20ª semana de gestação. Respeitar intervalo mínimo de um mês entre elas.
Em gestantes com vacinação incompleta tendo recebido duas doses de vacina contendo  o componente tetânico. Uma dose de dTpa a partir da 20ª semana de gestação.
Em gestantes não vacinadas e/ou histórico vacinal desconhecido. Duas doses de dT e uma dose de dTpa, sendo que a dTpa deve ser aplicada a partir da 20ª semana de gestação. Respeitar intervalo mínimo de um mês entre elas.
Hepatite B Três doses, no esquema 0 – 1 – 6 meses. A vacina hepatite B deve ser aplicada em gestantes não anteriormente vacinadas e suscetíveis à infecção. SIM NÃO
Influenza (gripe) Dose única anual. Em situação epidemiológica de risco, especialmente para gestantes imunodeprimidas, pode ser considerada uma segunda dose a partir de 3 meses após a dose anual. •   A gestante é grupo de risco para as complicações da infecção pelo vírus influenza. A vacina está recomendada nos meses da sazonalidade do vírus, mesmo no primeiro trimestre de gestação. Desde que disponível, a vacina influenza 4V é preferível à vacina influenza 3V, por conferir maior cobertura das cepas circulantes.  Na impossibilidade de uso da vacina 4V, utilizar a vacina 3V.

•   Se a composição da vacina disponível for concordante com os vírus circulantes, poderá ser recomendada  aos viajantes internacionais para o hemisfério norte e/ou brasileiros residentes nos estados do norte do país no período pré-temporada de influenza.

SIM,

3V

SIM,

3V e 4V

Covid-19 Acesse os dados atualizados sobre a disponibilidade       de vacinas e os grupos contemplados pelo PNI em: sbim.org.br/covid-19  
RECOMENDADAS EM SITUAÇÕES ESPECIAIS  
Hepatite A Duas doses, no esquema 0 – 6 meses. É vacina inativada, portanto sem risco teórico para a gestante e o feto. Já que no Brasil as situações  de risco de exposição ao VHA são frequentes, a vacinação deve ser considerada. NÃO SIM
Hepatite A e B Para menores de 16 anos: duas doses, aos 0 – 6 meses. A partir de 16 anos: três doses, aos 0 – 1 – 6 meses. A vacina combinada é uma opção e pode substituir a vacinação isolada das hepatites A e B. NÃO SIM
Pneumocócicas Esquema sequencial de VPC13 e VPP23 pode ser feito em gestantes de risco para doença pneumocócica invasiva (DPI) (consulte os Calendários de vacinação SBIm pacientes especiais). • VPC13 e VPP23 são vacinas inativadas, portanto sem riscos teóricos para a gestante e o feto. NÃO SIM
Meningocócicas conjugadas ACWY ou C Uma dose. Considerar seu uso avaliando a situação epidemiológica e/ou a presença de comorbidades consideradas de risco para a doença meningocócica (consulte os Calendários de vacinação SBIm pacientes especiais). •   As vacinas meningocócicas conjugadas são inativadas, portanto sem risco teórico para a gestante e o feto.

•   Na indisponibilidade da vacina meningocócica conjugada ACWY, substituir pela vacina meningocócica C conjugada.

NÃO SIM
Meningocócica B •   Considerar seu uso avaliando a situação epidemiológica e/ou a presença de comorbidades consideradas de alto risco para a doença meningocócica invasiva (DMI). Consulte os Calendários de vacinação SBIm pacientes especiais.

•   Duas doses com intervalo mínimo de 1 mês (Bexsero®) ou 6 meses (Trumenba®).

•   As vacinas meningocócicas B são inativadas, portanto sem risco teórico para a gestante e o feto.

•   Bexsero® licenciada até os 50 anos de idade. Trumenba® licenciada até os 25 anos.

As duas vacinas não são intercambiáveis.

NÃO SIM
Febre amarela •   Normalmente contraindicada em gestantes. Porém, em situações em que o risco da infecção supera os riscos potenciais da vacinação, pode ser feita durante a gravidez.

•   Recomendação do PNI: se recebeu a primeira dose antes dos 5 anos, indicada uma segunda dose. Se aplicada a partir dos 5 anos de idade em dose única.

•   Recomendação da SBIm: como não há consenso sobre a duração da proteção conferida pela vacina; de acordo com o risco epidemiológico, uma segunda dose em outras idades pode ser considerada pela possibilidade de falha vacinal.

•   Gestantes que viajam para países que exigem o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP) devem ser isentadas da vacinação pelo médico assistente, se não houver risco de contrair a infecção.

•   É contraindicada em nutrizes até que o bebê complete 6 meses; se a vacinação não puder ser evitada, suspender o aleitamento materno por dez dias.

SIM SIM
CONTRAINDICADAS  
Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) Não vacinar na gestação. • Pode ser aplicada no puerpério e durante a amamentação. SIM, para puérperas de até 59 anos SIM, para puérperas e lactantes
HPV Não vacinar na gestação. Se a mulher tiver iniciado esquema antes da gestação, suspendê-lo até puerpério. • Pode ser aplicada no puerpério e durante a amamentação. NÃO SIM, para puérperas e lactantes
Varicela (catapora) Não vacinar na gestação. • Pode ser aplicada no puerpério e durante a amamentação. NÃO SIM,  para puérperas e lactantes
Dengue Não vacinar na gestação. • A vacina é contraindicada em mulheres soronegativas para dengue; que estejam amamentando  e imunodeprimidas. NÃO NÃO

Fonte: Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)

Teste de Mantoux: Prova Tuberculínica

A prova tuberculínica (PT) é o exame mais importante para o diagnóstico da infecção latente da tuberculose (ILTB) no Brasil.

Entretanto, devido às dificuldades inerentes ao processo de treinamento nas técnicas de aplicação e de leitura da PT, em determinadas regiões do País, este exame ainda encontra-se restrito aos serviços de referência para tuberculose (TB), hospitais e clínicas especializadas, quando deveria ser ofertada na rotina dos diferentes tipos de unidades de saúde, próximo à residência das pessoas, especialmente, naqueles em que contatos de casos de TB e pessoas vivendo com HIV/ aids são atendidas.

Tuberculose ativa e infecção latente da tuberculose

O indivíduo, ao entrar em contato com o Mycobacterium tuberculosis, conta com diferentes mecanismos de defesa inespecíficos contrários à instalação do bacilo, entre eles os pelos nasais, a angulação das vias respiratórias, o turbilhonamento aéreo, a secreção traqueobrônquica e, o mais importante, a limpeza mucociliar.

Vencidas essas barreiras, o bacilo instala-se no pulmão, onde são fagocitados por macrófagos alveolares que, eventualmente, os transportam aos gânglios linfáticos e hilares. Os bacilos podem se multiplicar livremente dentro dos macrófagos e chegar a destruí-los, passando ao espaço extracelular. Alguns bacilos podem ser transportados por via linfo-hematogênica disseminando-se, nesse caso, por todo o organismo.

Cerca de 5% dos infectados não conseguem impedir a multiplicação inicial do bacilo e desenvolvem tuberculose ativa na sequência da primoinfecção (tuberculose primária).

Outros 5%, apesar de bloquearem a infecção nesta fase, adoecem posteriormente (tuberculose pós-primária ou secundária) por reativação desses bacilos (reativação endógena) ou por exposição à nova fonte de infecção (reinfecção exógena).

Entre os infectados, a maioria (cerca de 90%) resiste ao adoecimento após a infecção e desenvolve imunidade parcial à doença. Nesses casos, os bacilos ficam encapsulados, em estado latente, em pequenos focos quiescentes, chamado de infecção latente da tuberculose.

Por sua vez, o portador da infecção latente da tuberculose, a depender dos fatores de risco, pode ter indicação para realizar o tratamento da ILTB.

A tuberculina

A tuberculina é um produto obtido de um filtrado de cultivo de sete cepas selecionadas do M. tuberculosis esterilizado e concentrado.

Trata-se de um líquido injetável límpido, incolor ou levemente amarelado. No Brasil, a tuberculina usada é o PPD RT-23 (PPD – Purified Protein Derivatite, RT: Reset Tuberculin, 23: número da partida) de procedência dinamarquesa (Statens Serum institut de Copenhague/Dinamarca).

O diluente contido no PPD RT 23 é chamado Tween 80 (polissorbato 80), que é detergente, não iônico e usado para impedir o fenômeno físico da adsorção das proteínas às paredes do frasco e do plástico da seringa.

Fundamentos da prova tuberculínica

A prova tuberculínica é um teste diagnóstico de ILTB que se baseia em uma reação de hipersensibilidade cutânea após a aplicação do PPD por via intradérmica, em que a leitura é realizada 48 a 72 horas após a aplicação, podendo ser estendido até 96 horas.

A PT evidencia uma reação de hipersensibilidade do organismo diante das proteínas do bacilo da tuberculose, após contato com o M. tuberculosis. O teste sofre interferência da vacinação BCG e de micobactérias não tuberculosas (MNT), mas não sensibiliza não infectados, mesmo que repetido várias vezes.

A inoculação do antígeno desencadeia uma reação do tipo antígeno-anticorpo, seguida de uma resposta dependente da reatividade celular de linfócitos T sensibilizados, que, após a reexposição às estruturas antigênicas do bacilo, tornam-se ativados e, consequentemente, expressam-se no local de aplicação da PT.

Isso significa que, ao inocular as proteínas do M. tuberculosis na pele do infectado, observam-se no infiltrado algumas células-chaves tais como linfócitos e monócitos, e polimorfos nucleares e granulócitos com predomínio de células T CD4.

Ocorre um aumento da permeabilidade vascular, com exsudação de fluídos, acarretando eritema e edema local na derme, com pico entre 48 a 72 horas após a administração do PPD. A reação evidenciada é chamada de hipersensibilidade tardia.

Esse acúmulo de células mononucleares representa o quadro histológico típico da reação tuberculínica manifestada macroscopicamente nessa reação. Os fatores citotóxicos provocam a citólise, com liberação do conteúdo celular, especialmente enzimas lisossômicas que, além de potencializarem a resposta inflamatória, podem participar da reação de necrose.

Conversão tuberculínica

Os indivíduos infectados pelo bacilo de Koch (BK) podem ter sua capacidade de reação à PT diminuída com o tempo, devido à perda da resposta dos linfócitos T de memória.

Esse fato levaria algumas pessoas à resposta negativa da PT mesmo infectado pelo Mycobacterium tuberculosis. A avaliação do efeito booster busca uma reativação  a resposta imunológica à tuberculina pelas células de memória, por meio de reforço do estímulo com nova aplicação de tuberculina após uma a três semanas da primeira PT.

Define-se como efeito booster, quando a segunda PT (realizada uma a três semana após a primeira) for ≥ a 10 mm, com incremento de pelo menos 6 mm em relação a primeira PT.

Atualmente, a indicação de testar o efeito booster está bastante restrita, sendo recomendado somente na avaliação inicial de profissionais de saúde ou de trabalhadores de outros serviços com alto risco de transmissão do M. tuberculosis, como instituições prisionais, asilos e albergues) que foram negativos à primeira prova tuberculínica (resultado < 10 mm) para posterior acompanhamento anual de conversão tuberculínica.

Ou seja, a segunda aplicação da tuberculina em uma a três semanas após a primeira é utilizada apenas para excluir uma falsa conversão tuberculínica no futuro.

Quando se evidencia o efeito booster, considera-se válido o resultado da primeira PT (com booster) e não se deve repetir mais o teste. Nesses indivíduos não há indicação de tratar a ILTB, uma vez que o risco de adoecimento é muito baixo.

Caso na segunda PT não se caracterize o efeito booster, mas o resultado seja ≥ 10 mm (sem o incremento mínimo de 6 mm) também não se indica a realização de novas provas tuberculínicas.

Indicações da prova tuberculínica

A prova está indicada na investigação da infecção latente pelo M. tuberculosis (ILTB) no adulto e na investigação da infecção latente e de TB doença em crianças. Também, pode ser utilizada em estudos epidemiológicos.

Indicação do tratamento da ILTB de acordo com o resultado da prova tuberculínica

Sem PT realizada*
1. Recém-nascidos coabitante de caso índice bacilífero
2. Pessoa vivendo com HIV/aids com cicatriz radiológica sem tratamento prévio
3. Pessoa vivendo com HIV/aids contato de TB pulmonar

PT ≥ 5 mm

4. Contatos crianças menores de 10 anos, não vacinadas com BCG
5. Contatos crianças menores de 10 anos, vacinadas com BCG há mais de 2 anos
6. Contatos crianças menores de 10 anos de povos indígenas (independente da BCG)
7. Contatos adultos e adolescentes maiores de 10 anos
8. Pessoas vivendo com HIV/aids
9. Indivíduos em uso de inibidores do TNF-α
10. Alterações radiológicas fibróticas sugestivas de sequela de TB
11. Transplantados em terapia imunossupressora
12. Indivíduos menores de 65 anos em uso de corticosteroides (>15 mg de prednisona por mais de um mês)

PT ≥ 10 mm
13. Contatos crianças menores de 10 anos, vacinadas com BCG há menos de 2 anos
14. Silicose
15. Neoplasia de cabeça e pescoço
16. Neoplasias hematológicas
17. Insuficiência renal em diálise
18. Indivíduos menores de 65 anos com diabetes mellitus
19. Indivíduos menores de 50 anos com baixo peso (< 85% do peso ideal)
20. Indivíduos menores de 50 anos tabagistas (> 1 maço/dia)
21. Indivíduos menores de 50 anos com calcificação isolada (sem fibrose) na radiografia

Conversão tuberculínica**
22. Indivíduos contatos de TB bacilífera
23. Profissional de saúde
24. Profissional de laboratório de micobactéria
25. Trabalhador do sistema prisional
26. Trabalhadores de instituições de longa permanência

*Casos em que não é necessário realizar a prova tuberculínica, mas em que é fundamental excluir a doença ativa antes de tratar a infecção latente de tuberculose.

**PT com incremento de 10 mm em relação à PT anterior. Para avaliar conversão, é necessário realizar a PT, pelo menos, oito semanas após a primeira aplicação da PT.
Fonte: (BRASIL, 2011).

Importante

Nos casos de diagnóstico da infecção latente da tuberculose (ILTB) o profissional no serviço de saúde, deve encaminhar o paciente ao médico para que seja afastado o diagnóstico de tuberculose ativa e avaliada a indicação do tratamento da ILTB.

Materiais necessários para a aplicação da prova tuberculínica

Os materiais necessários para a aplicação da prova tuberculínica incluem:

  • Seringas descartáveis tipo tuberculínica (1 ml), com graduação em milímetros ou similares.
  • Agulha 13 x 3,8 mm; ou similares.
  • Caixa térmica.
  • Gelo reciclável.
  • Termômetro para o controle da temperatura.
  • Caixa coletora para materiais perfurocortantes.
  • Frascos de PPD Rt 23 2UT.
  • Toalha de papel e recipiente com algodão.
  • Saco de lixo.
  • Algodão hidrófilo.
  • Óculos protetores e luvas de procedimento.
  • Fichas de prova tuberculínica para anotação do resultado

Passo a passo para a aplicação da tuberculina

  1. Lavar as mãos.
  2. Calçar as luvas e colocar os óculos.
  3. Retirar da caixa térmica o frasco de tuberculina.
  4. Verificar no frasco de tuberculina o prazo de validade e o aspecto do produto.
  5. Aspirar 0,1 ml de PPD RT-23, somente no momento da aplicação. Caso seja aspirada maior quantidade de líquido, não retornar o excesso ao frasco e sim, desprezar o excesso sobre o pedaço de algodão disposto na mesa para essa finalidade.
  6. Não é necessário realizar antissepsia com álcool no local de aplicação antes do procedimento. Se houver sujidade aparente no local de aplicação, deve-se lavar com água e sabão.
  7. Selecionar o local de aplicação na face anterior do antebraço esquerdo.
  8. Segurar com firmeza o antebraço esquerdo do paciente, utilizando os dedos médio e indicador da mão direita para distender a pele com o polegar.
  9. Posicionar a seringa entre os dedos indicador e médio, mantendo o polegar sobre o indicador ou a aba da seringa, que deve ficar paralela à pele, evitando que o bisel saia da sua posição.
  10. Deslizar a seringa paralelamente à pele e introduzir o bisel.
  11. Introduzir o bisel voltado para cima, de forma visível ao aplicador, observando que a seringa fique paralela à pele, evitando que o bisel saia da sua posição.
  12. Pressionar o êmbolo com o polegar, injetando 0,1 ml de PPD RT-23 lentamente, e manter a pele distendida, certificando-se de que houve formação de pápula.
  13. Desprezar imediatamente a seringa e a agulha na caixa de perfurocortante.

A leitura da prova tuberculínica

Antes de proceder com a leitura da prova tuberculínica, deve-se identificar o paciente, observar na ficha se os dados estão corretamente preenchidos com data de aplicação da PT, dados pessoais, irregularidades durante a aplicação da PT, entre outros. Observar a iluminação local, ela deve estar adequada de modo a facilitar a leitura.

Na leitura, utiliza-se uma régua milimetrada específica, medindo-se o maior diâmetro transverso da enduração perpendicularmente ao antebraço.

Não se deve delimitar a enduração com caneta sobre a pele da pessoa, isso pode trazer imprecisão da leitura.

A medida correta do diâmetro da enduração da prova da tuberculina é fundamental, uma vez que sua quantificação servirá de base para a tomada de decisão do tratamento da infecção latente da TB. Os profissionais de saúde deverão anotar os resultados da PT em milímetros, inclusive quando não houver enduração (anotar zero mm).

Material necessário para a leitura da prova tuberculínica

  • Régua milimetrada de plástico flexível específica e transparente com 10 cm de comprimento e com escala de cor negra.
  • Formulário para registro das respostas da PT.
  • Livro de registro para o controle na unidade de saúde.

Passo a passo para a leitura da prova tuberculínica

  1. Manter o antebraço do indivíduo relaxado e levemente fletido (procedimento com o paciente em pé ou sentado).
  2. Identificar o local de aplicação.
  3. Palpar cuidadosamente contornando todo o endurado e delimitar as bordas da enduração com o indicador.
  4. Segurar a régua e medir o maior diâmetro transverso da enduração, sem considerar eritema ou edema.
  5. Colocar a régua sobre a área de enduração no sentido transversal em relação ao eixo longitudinal do antebraço.
  6. Medir a área endurada com uma régua após a palpação. Não esticar a pele e nem pressionar a régua no local do endurado.
  7. Registrar a enduração em mm, na Ficha de Prova Tuberculínica, e no Livro de Registro de PT da Unidade de Saúde.
  8. Ministrar orientações necessárias, explicar o resultado da PT ao indivíduo testado e encaminhá-lo.

Observações na leitura da prova tuberculínica

  • Caso se observe eritema, edema ou linfangite, não se deve considerá-los na mensuração, restringindo-se aos limites da enduração;
  • A área a ser medida é a do endurecimento e não a do eritema circundante;
  • A enduração pode variar desde uma zona de densidade firme, bem circunscrita na pele, até um aumento de volume brando e maldefinido.

Interpretação do resultado da prova tuberculínica

A leitura da PT pode ser realizada 48h após a aplicação, podendo se estender até 96 horas. Nos serviços de saúde, a leitura da PT está recomendada para ser realizada 72h após a aplicação.

O resultado da PT deve ser descrito em milímetros. É considerado como infectado pelo M. tuberculosis o paciente que tiver enduração igual ou superior a 5 mm. A seguir, apresentam-se os algoritmos diagnósticos para avaliação da PT e do tratamento da ILTB em diferentes situações clínicas.

Referências:

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  3. BRASIL. Ministério da Saúde et al. Controle da tuberculose: uma proposta de integração ensino-serviço. 5. ed. Rio de Janeiro: FUNASA/CRPHF/SBPT, 2002b.
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  5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Vigilância em saúde: dengue, esquistossomose, hanseníase, malária, tracoma e tuberculose. 2. ed., rev. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. p. 200.
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  7. ______. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Programa Nacional de Controle da Tuberculose. Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2011a.
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Hipertermia Maligna (HM)

A Hipertermia maligna é uma síndrome de origem genética, onde os indivíduos susceptíveis, quando expostos a determinados anestésicos (especialmente inalatórios) desenvolvem um quadro hipermetabólico, que caso não seja tratado imediatamente pode evoluir para óbito.

Foi descrita inicialmente na Austrália, no ano de 1960, por Denborough e Lowell, posteriormente outros casos foram descritos por em Wisconsin e Toronto.

A síndrome recebe esse nome, porque os indivíduos acometidos apresentam quadro de hipertermia e, na época em que foi descrito, a taxa de mortalidade era muito elevada. A incidência no mundo todo varia de 1:3000 a 1:250000 anestesias.

Como ocorre?

A hipertermia maligna ocorre, na maioria dos casos, devido à mutação de um canal de cálcio da musculatura esquelética. Essa mutação pode resultar na liberação exacerbada de cálcio no músculo, quando na presença de alguns anestésicos.

Isso pode resultar na destruição da fibra muscular esquelética. Como há um elevado consumo de energia, aumento de produção de CO2 e rápido aumento da temperatura corporal, com consequências bioquímicas e hematológicas, também pode haver a evolução para choque irreversível e colapso cardiovascular.

Tipos

Pode apresentar-se sob duas formas: início agudo e fulminante ou instalar-se insidiosamente. Pode ocorrer quando o indivíduo recebe a sua primeira anestesia, mas em um terço dos casos ocorre nas anestesias subsequentes.

Sintomas

Os sintomas apresentados por portadores da síndrome são: taquipneia, taquicardia, rigidez muscular, cianose e outros sinais hipermetabólicos.

Diagnósticos

Como os indivíduos susceptíveis só desenvolvem o quadro clínico quando são expostos aos agentes desencadeante, o diagnóstico é difícil.

O método utilizado até hoje como padrão, é o teste de contratura in vitro, onde uma amostra da musculatura do indivíduo mandada para análise apresenta resposta contrátil aumentada na presença do anestésico halotano e cafeína. Como esse teste e muito invasivo, o diagnóstico torna-se prejudicado pela reduzida adesão.

Antagonista

Existe apenas uma única droga capaz de reverter a crise, que é o dantrolene sódico, droga bloqueadora do canal de cálcio.

Os indivíduos susceptíveis podem levar uma vida normal. Apenas necessitam portar algum tipo de identificação da susceptibilidade a hipertermia maligna. Existem anestésicos que são considerados seguros para essa parcela da população, sendo assim, esses indivíduos podem ser submetidos a qualquer procedimento cirúrgico.

O que fazer na hipótese de Hipertermia Maligna

Uma vez estabelecida a hipótese diagnóstica de Hipertermia Maligna, a equipe deve:

  • Suspender os agentes desencadeadores imediatamente
  • Hiperventilar o paciente, com alto fluxo de oxigênio (100%)– para atender a demanda metabólica
  • Retirar os vaporizadores do circuito do equipamento de anestesia – Não é necessário trocar o equipamento de anestesia, pois isso acarretaria perda de tempo valioso para realizar outras medidas
  • Administrar o Dantrolene – o prognóstico é influenciado significativamente pelo tempo entre o início dos sintomas e a administração do fármaco
  • A anestesia será mantida com hipnóticos, opióides e bloqueadores neuromusculares adespolarizantes, conforme a necessidade do paciente
  • Resfriar o paciente. Utilizar resfriamento externo (aplicação de bolsas de gelo, colchão térmico) e interno (infusão de soluções geladas intravenosas, retais, vesicais– resfriamento ativo), se necessário, até atingir 38ºC – para evitar hipotermia
  • Monitorar a temperatura corporal
  • Corrigir a acidose metabólica e reduzir a hipercalemia
  • Tratar as arritmias cardíacas – geralmente são controladas com a correção da acidose de da hipercalemia
  • Manter diurese acima de 2ml/kg/h – com hidratação ou diuréticos
  • Concluir a cirurgia o mais rápido possível

Referências:

  1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipertermia_maligna
  2. http://www.saj.med.br/hipertermia_maligna.htm
  3. http://medicalsuite.einstein.br/diretrizes/anestesia/hipertermia-maligna.pdf
  4. http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=119&id=18660
  5. http://www.centrodeestudos.org.br/pdfs/hipertermia.pdf
  6. http://www.rbaonline.com.br/files/rba/jul96302.pdf

A Imunidade e seus tipos

A Imunidade e seus tipos

Entenda sobre a Imunidade e seus tipos

Imunidade é um estado em que o corpo está protegido contra a doença infecciosa.

É conferido pelo sistema imunológico, uma complexa rede de células, tecidos e substâncias químicas que combatem infecções e matam organismos quando invadem o corpo.

A Célula T e a Imunidade Mediada por Células

As células T, também denominada de Linfócitos T, são um grupo de glóbulos brancos(leucócitos) responsáveis pela defesa do organismo contra agentes desconhecidos (antígenos). Seu papel principal é como imunidade específica e imunidade celular, induzindo a Apoptose(autodestruição) de células invadidas por vírus, bactérias intracelulares, danificadas ou cancerígenas. Se diferenciam de acordo com sua função em: citotóxicas (CD8), auxiliares (CD4), natural killer (NKT), memória(CD45), reguladoras (FOXP3) ou gama-delta (γδ). Amadurecem no timo, por isso se chamam linfócitos T.

Os Tipos de Imunidade

Imunidade inata

A imunidade inata é a primeira linha de defesa do organismo, com a qual ele já nasce. É uma resposta rápida, não específica e limitada aos estímulos estranhos ao corpo. É representada por barreiras físicas, químicas e biológicas, células e moléculas, presentes em todos os indivíduos.

Os principais componentes da imunidade inata são:

  1. Barreiras físicas e mecânicas: Retardam/impedem a entrada de moléculas e agentes infecciosos (pele, trato respiratório, membranas, mucosas, fluidos corporais, tosse, espirro).
  2. Barreiras fisiológicas: Inibem/eliminam o crescimento de microrganismos patogênicos devido à temperatura corporal e à acidez do trato gastrointestinal; rompem as paredes celulares e lisam (rompem) células patogênicas através de mediadores químicos (lisozimas, interferon, sistema complemento);
  3. Barreiras celulares: Endocitam/fagocitam as partículas e microrganismos estranhos, eliminando-os (linfócitos natural killer e leucócitos fagocíticos – neutrófilos, monócitos e macrófagos);
  4. Barreira inflamatória: Reação a infecções com danos tecidulares; induzem células fagocitárias para a área afetada.

A resposta imune inata é capaz de prevenir e controlar diversas infecções, e ainda pode otimizar as respostas imunes adaptativas contra diferentes tipos de microrganismos.

É a imunidade inata que avisa sobre a presença de uma infecção, acionando assim os mecanismos de imunidade adaptativa contra os microrganismos causadores de doenças que conseguem ultrapassar as defesas imunitárias inatas.

Imunidade adquirida

A imunidade adquirida ou adaptativa é ativada pelo contato com agentes infecciosos e sua resposta à infecção aumenta em magnitude a cada exposição sucessiva ao mesmo invasor.

Existem dois tipos de imunidade adquirida: a imunidade humoral e a imunidade celular.

A imunidade humoral gera uma resposta mediada por moléculas no sangue e nas secreções da mucosa, chamadas de anticorpos, produzidos pelos linfócitos B, sendo o principal mecanismo de defesa contra microrganismos extracelulares e suas toxinas.

Os anticorpos reconhecem os antígenos (qualquer partícula estranha ao corpo), neutralizam a infecção e eliminam estes antígenos por variados mecanismos efetores. Por sua vez, a imunidade celular gera resposta mediada pelos linfócitos T.

Quando microrganismos intracelulares, como os vírus e algumas bactérias, sobrevivem e proliferam dentro das células hospedeiras, estando inacessíveis para os anticorpos circulantes, as células T promovem a destruição do microrganismo ou a morte das células infectadas, para eliminar a infecção.

A imunidade adquirida ainda pode ser classificada em imunidade ativa e imunidade passiva. A imunidade ativa é aquela que é induzida pela exposição a um antígeno.

Assim, o indivíduo imunizado tem um papel ativo na resposta ao antígeno. A imunidade ativa pode ser natural, quando adquirida através de doença, ou passiva, quando adquirida por meio de vacinas.

A imunidade passiva é a imunização por meio da transferência de anticorpos específicos de um indivíduo imunizado para um não-imunizado.

A imunidade passiva é chamada de natural, quando acontece, por exemplo, através da transferência de anticorpos maternais para o feto; é artificial quando há a passagem de anticorpos prontos, como num soro anti-ofídico (contra veneno de serpentes).

A resposta imune adquirida, mediada pelos linfócitos B e T, apresenta uma série de propriedades que administram a resposta destes. São elas:

  • Especificidade: o sistema imunológico reconhece os diversos antígenos e produz uma resposta imunológica específica para cada um deles.
  • Diversidade: o sistema imune é capaz de reconhecer milhares de antígenos diferentes e produzir uma resposta adequada para cada um deles.
  • Memória imunológica: a exposição do sistema imunológico a antígenos faz aumentar sua habilidade em responder a esse mesmo antígeno novamente. As respostas subsequentes ao mesmo antígeno são normalmente mais rápidas, maiores e qualitativamente diferentes da primeira. Uma vez produzidas, as células de memória têm vida longa e são capazes de reconhecer esse antígeno por anos.
  • Especialização: o sistema imune responde por vias distintas a diferentes antígenos, maximizando a eficiência dos mecanismos de defesa. Assim, os linfócitos B e T se especializam entre as diferentes classes de microrganismos ou pelos diferentes estágios da infecção do mesmo microrganismo.
  • Discriminação ou Auto-tolerância: capacidade de reagir que os linfócitos B e T apresentam contra moléculas estranhas, mas não apresentam contra suas próprias moléculas.
  • Auto-limitação da resposta: as células B e T ativadas produzem moléculas que auxiliam o término da resposta imune. Para B são as imunoglobulinas G4 (IgG4) e para T são as interleucinas 4 e 10 (IL-4 e IL-10).