Dominando as 5 Etapas da SAEP (Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória)

A Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória (SAEP) é uma metodologia essencial para garantir segurança, qualidade e continuidade do cuidado ao paciente cirúrgico. Por meio dela, o enfermeiro organiza e direciona suas ações com base em um processo sistemático e individualizado, assegurando que cada etapa do cuidado — do pré ao pós-operatório — seja planejada e executada de forma criteriosa.

A SAEP é composta por cinco etapas fundamentais que se interligam e formam um ciclo contínuo de assistência: visita pré-operatória, planejamento da assistência, implementação, avaliação e reformulação do plano de cuidados. Cada uma dessas fases tem papel essencial na prevenção de complicações, no apoio à equipe cirúrgica e na recuperação do paciente.

A SAEP: Um Processo Contínuo e Dinâmico

A SAEP segue a lógica do Processo de Enfermagem (PE), mas adaptada às exigências rápidas e críticas do ambiente cirúrgico.

Visita Pré-Operatória da Enfermagem (A Coleta de Dados e o Primeiro Vínculo)

Esta é a fase inicial, de avaliação e diagnóstico. É o momento de ouro para o enfermeiro construir o primeiro vínculo com o paciente, que está ansioso e vulnerável.

  • O Que Fazemos: Coletamos dados (histórico, medicações de uso contínuo, alergias, risco de queda, condição da pele, estado emocional) e realizamos o exame físico.
  • Nosso Foco: Identificar Diagnósticos de Enfermagem e riscos cirúrgicos específicos. Por exemplo: risco de hipotermia, risco de infecção, ansiedade e risco de lesão por posicionamento. Também avaliamos a compreensão do paciente sobre o procedimento (o enfermeiro não explica a cirurgia, mas avalia o entendimento do paciente).
  • Cuidados Essenciais: Orientar sobre o jejum, remoção de joias/próteses e, principalmente, reduzir a ansiedade através da informação e escuta ativa.

Planejamento da Assistência Operatória (O Mapa de Ação)

Com os diagnósticos definidos, o enfermeiro traça o plano de cuidados, estabelecendo as metas de segurança e as intervenções para o período dentro da sala de cirurgia e no pós-operatório imediato.

  • O Que Fazemos: Definimos as intervenções específicas para cada risco.
    • Exemplo: Para o diagnóstico “Risco de lesão por posicionamento”, a meta é “Manter a integridade da pele e dos nervos durante o procedimento”. A intervenção é: “Garantir o uso de coxins e suportes adequados, evitar pressão em proeminências ósseas e checar alinhamento corporal.”
  • Nosso Foco: Garantir que o plano seja individualizado. O planejamento envolve a escolha de equipamentos, a organização da sala e a alocação de recursos específicos para as necessidades daquele paciente.

Implementação da Assistência (A Execução do Plano)

Esta é a fase de ação, que ocorre no período intraoperatório e pós-operatório imediato.

  • O Que Fazemos: Colocamos o plano em prática, atuando em três frentes:
    • Circulante da Sala: Garantindo a segurança do ambiente, a contagem de compressas/instrumentos e o monitoramento da assepsia e da temperatura.
    • Instrumentador (Onde aplicável): Garantindo o manejo correto dos materiais estéreis.
    • Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA): Aplicando o plano de cuidados pós-operatórios (controle da dor, monitoramento de sinais vitais, avaliação de sangramento, escala de Aldrete e Kroulik).
  • Cuidados Essenciais: Manter a comunicação constante com a equipe cirúrgica e anestésica e registrar todas as ações e intercorrências.

Avaliação da Assistência (O Feedback Crítico)

Esta etapa ocorre logo após a implementação e é crucial para medir o sucesso das intervenções.

  • O Que Fazemos: Comparamos os resultados obtidos com as metas que foram estabelecidas na Etapa 2.
    • Exemplo: A meta de “Manter a integridade da pele” foi atingida? O paciente desenvolveu alguma lesão ou eritema? O nível de dor na SRPA foi mantido abaixo do esperado?
  • Nosso Foco: Documentar de forma clara se os objetivos foram alcançados, parcialmente alcançados ou não alcançados. Esta avaliação é o que fecha o ciclo de responsabilidade e segurança.

Reformulação da Assistência a Ser Planejada (A Melhoria Contínua)

O processo não termina na alta da SRPA. A reformulação é o princípio da melhoria contínua.

  • O Que Fazemos: Se as metas não foram atingidas (por exemplo, o paciente apresentou hipotermia ou dor intensa), a equipe deve analisar o porquê e reformular o plano.
  • Exemplo: Se a hipotermia ocorreu, a reformulação será: “Aumentar o uso de cobertores térmicos e aquecer soluções intravenosas rotineiramente para todos os pacientes com IMC < 18”.
  • Nosso Foco: Garantir que a informação (o aprendizado) seja transferida para o próximo plantão e para os cuidados pós-operatórios na unidade de internação.

Importância da SAEP para a segurança do paciente

A SAEP é uma ferramenta indispensável para promover a segurança do paciente cirúrgico, assegurando uma assistência sistematizada, humanizada e livre de improvisações.
Além de padronizar o cuidado, ela fortalece a autonomia do enfermeiro e evidencia a importância da enfermagem perioperatória dentro da equipe multiprofissional.

Por meio da SAEP, o enfermeiro atua não apenas na execução técnica, mas também como líder, educador e defensor da segurança e bem-estar do paciente.

Referências:

  1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMEIROS DE SALA DE OPERAÇÃO, RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO (SOBECC). Práticas Recomendadas. 10. ed. São Paulo: SOBECC, 2023. (Consultar os capítulos sobre Processo de Enfermagem Perioperatório). Disponível em: https://www.sobecc.org.br/
  2. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN). Resolução COFEN nº 358/2009: Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e a implementação do Processo de Enfermagem. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html
  3. POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de Enfermagem. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2021.
  4. SILVA, M. C. M.; OLIVEIRA, R. A. Sistematização da assistência de enfermagem no centro cirúrgico: revisão integrativa. Revista SOBECC, v. 26, n. 3, 2021. Disponível em: https://revistasobecc.emnuvens.com.br/sobecc

Escarotomia: O que é?

E aí, pessoal da enfermagem! Hoje a gente vai mergulhar em um procedimento cirúrgico que, apesar de parecer simples, faz uma diferença enorme na vida de pacientes com queimaduras graves: a escarotomia.

Já se depararam com essa situação ou ouviram falar? Se a resposta for não, ou se querem refinar o conhecimento, chega mais que vou desenrolar esse tema de um jeito bem prático e com o olhar atento que a enfermagem sempre tem.

Entendendo a “Armadura” da Queimadura Grave

Pensa numa queimadura daquelas bem profundas, que não pega só a camada superficial da pele, mas atinge tecidos mais internos. Em alguns casos, essa lesão evolui formando uma crosta espessa e rígida, tipo uma “armadura” sobre a área queimada. Essa crosta é a escara.

O problema é que essa escara, por ser tão dura e inflexível, começa a exercer uma pressão enorme sobre os tecidos subjacentes. É como se a pele queimada virasse uma roupa apertada demais, dificultando a circulação sanguínea.

Em queimaduras que circundam um membro inteiro (braço, perna) ou até o tronco, essa compressão pode ser tão severa que compromete a chegada de sangue, oxigênio e nutrientes, além de poder afetar nervos e a respiração.

É nesse cenário que a escarotomia se torna essencial. O procedimento consiste em realizar incisões cirúrgicas através dessa escara para aliviar a pressão. Imagina que são pequenos “cortes de alívio” que permitem que os tecidos se expandam e a circulação seja restabelecida.

O “Porquê” da Escarotomia: Mais que Alívio, Preservação

A indicação principal da escarotomia é justamente essa: descomprimir a área afetada para restaurar o fluxo sanguíneo. Essa restauração é crucial para evitar complicações graves, como:

  • Síndrome compartimental: Sabe quando a pressão dentro de um grupo muscular aumenta a níveis perigosos? Isso pode levar a danos musculares e nervosos irreversíveis. A escara circunferencial é um fator de risco importante para essa síndrome.
  • Comprometimento vascular: A pressão da escara pode esmagar os vasos sanguíneos, impedindo a chegada de sangue oxigenado aos tecidos. A isquemia (falta de oxigênio) prolongada pode levar à necrose (morte do tecido) e, em casos extremos, à necessidade de amputação.
  • Restrição respiratória: Em queimaduras que circundam o tórax, a escara pode impedir a expansão completa da caixa torácica durante a respiração, dificultando a ventilação e a oxigenação do paciente.

Percebem a seriedade da coisa? A escarotomia não é só para o paciente se sentir mais confortável, mas sim para prevenir danos sérios e preservar a vida e a função dos membros.

A Enfermagem em Ação: Antes, Durante e Depois da Escarotomia

A gente, como profissionais de enfermagem, tem um papel vital em todas as etapas desse processo.

Antes do Procedimento:

  • Avaliação Cirúrgica: Nossa avaliação constante é a chave. Precisamos estar atentos aos sinais que indicam a necessidade de uma escarotomia: dor intensa e desproporcional à lesão, palidez ou cianose (pele azulada) da extremidade distal à queimadura, diminuição ou ausência de pulsos periféricos, alteração da sensibilidade (formigamento, dormência) e dificuldade para movimentar os dedos.
  • Comunicação Imediata: Qualquer alteração nesses sinais precisa ser comunicada imediatamente à equipe médica. O tempo é crucial nesses casos.
  • Preparo do Paciente: Explicar o procedimento ao paciente e à família de forma clara e tranquilizadora (dentro do possível, considerando o estado emocional de todos). Preparar a área para o procedimento conforme a orientação médica, geralmente com limpeza e tricotomia (remoção de pelos) se necessário. Garantir que o paciente esteja o mais confortável possível antes do procedimento.
  • Monitorização Constante: Acompanhar de perto os sinais vitais (frequência cardíaca, pressão arterial, frequência respiratória) e a oximetria de pulso.

Durante o Procedimento:

  • Auxílio ao Médico: Preparar todo o material necessário para o procedimento (bisturi, pinças hemostáticas, solução antisséptica, gazes, etc.) e auxiliar o médico durante a realização das incisões. Manter a área limpa e organizada.
  • Monitorização Contínua: Seguir monitorando os sinais vitais e observar a resposta do paciente ao procedimento, como o possível alívio da pressão e a melhora da perfusão periférica.
  • Suporte Emocional: Oferecer apoio emocional ao paciente, que pode estar apreensivo ou sentir dor durante o procedimento, mesmo sob analgesia.

Após o Procedimento:

  • Cuidados com as Incisões: Realizar os curativos conforme a prescrição médica, utilizando técnica asséptica para prevenir infecções. Observar atentamente os sinais de infecção nas áreas das incisões (vermelhidão, calor, edema, secreção purulenta, odor). Documentar as características do curativo e da ferida.
  • Avaliação da Perfuração: Continuar monitorando rigorosamente os pulsos distais, a coloração e a temperatura da pele, a sensibilidade e a motricidade da área afetada. Comparar com o membro contralateral, se houver. Qualquer sinal de piora deve ser comunicado imediatamente.
  • Controle da Dor: Administrar a medicação analgésica prescrita e avaliar a eficácia do tratamento, registrando a intensidade da dor em escalas adequadas. Oferecer medidas não farmacológicas para alívio da dor, como posicionamento adequado e distração.
  • Prevenção de Complicações: Manter o membro elevado (se for o caso) para auxiliar na redução do edema. Incentivar a movimentação dos dedos e do membro (quando possível e indicado pela equipe médica) para melhorar a circulação e prevenir trombose venosa profunda.
  • Educação do Paciente e Família: Orientar o paciente e a família sobre os cuidados com os curativos, os sinais de alerta de infecção, a importância de seguir as orientações médicas para a recuperação e os retornos para acompanhamento.

Cuidando com Atenção: Pontos Chave da Enfermagem na Escarotomia

Para reforçar, nossos cuidados de enfermagem na escarotomia se concentram em:

  • Reconhecimento precoce da necessidade do procedimento através de uma avaliação clínica detalhada e contínua.
  • Comunicação assertiva com a equipe médica sobre qualquer alteração observada.
  • Assistência qualificada e segura durante a realização do procedimento.
  • Monitorização constante e atenta da perfusão periférica e dos sinais vitais no pós-operatório.
  • Prevenção de infecções nas áreas das incisões cirúrgicas.
  • Manejo eficaz da dor do paciente.
  • Orientação e suporte ao paciente e seus familiares.

Lembrem-se que a escarotomia é um procedimento que pode mudar drasticamente o prognóstico de um paciente com queimaduras graves. Nosso olhar clínico e nossos cuidados dedicados são essenciais para garantir que essa intervenção seja realizada no momento certo e que a recuperação ocorra da melhor forma possível.

Referências:

  1. SILVA, M. A.; PEREIRA, A. B. Tratamento de queimaduras: guia prático para enfermagem. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020.
  2. SMELTZER, S. C.; BARE, B. G.; HINKLE, J. L.; CHEEVER, K. H. Brunner & Suddarth’s textbook of medical-surgical nursing. 14. ed. Philadelphia: Wolters Kluwer, 2018.
  3. Sociedade Brasileira de Queimaduras: https://sbqueimaduras.org.br/
  4. Revista Brasileira de Queimaduras: http://www.rbqueimaduras.com.br/

Áreas de Tricotomia para Procedimentos Cirúrgicos Cardíacos

A tricotomia, ou remoção de pelos em áreas específicas do corpo antes de um procedimento cirúrgico, é uma prática comum para reduzir o risco de infecção. Nos procedimentos cardíacos, a área a ser tricotomizada varia de acordo com o tipo de cirurgia e o acesso vascular necessário.

Conheça as áreas para a tricotomia para procedimentos cirúrgicos cardíacos

Cateterismo Cardíaco

  • Acesso vascular: Geralmente, o acesso vascular para o cateterismo cardíaco é feito através da artéria femoral ou radial.
  • Área de tricotomia: A região inguinal (para acesso femoral) ou o punho (para acesso radial) são as áreas primárias de tricotomia.
  • Objetivo: A remoção dos pelos nessas áreas facilita a punção arterial e minimiza o risco de infecção no local de acesso.

Cirurgia Cardíaca

  • Acesso cirúrgico: A cirurgia cardíaca pode envolver diferentes incisões, como esternotomia mediana, toracotomia lateral ou mini-esternotomia.
  • Área de tricotomia: A área tricotomizada dependerá da incisão escolhida. Por exemplo:
    • Esternotomia mediana: Toda a região torácica anterior, desde o pescoço até o abdome superior.
    • Toracotomia lateral: A região lateral do tórax, incluindo a axila.
    • Mini-esternotomia: Uma área menor na região esternal.

Pericardiocentese

  • Acesso: A pericardiocentese é um procedimento que envolve a inserção de uma agulha no pericárdio para drenar o líquido acumulado.
  • Área de tricotomia: A região torácica incluindo a paraesternal esquerda, próxima ao apêndice xifóide.
  • Objetivo: A remoção dos pelos nessa área facilita a visualização do local da punção e reduz o risco de infecção.

Observações importantes:

  • Extensão da tricotomia: A extensão da área tricotomizada deve ser determinada pelo cirurgião ou pelo médico responsável pelo procedimento.
  • Método de tricotomia: A tricotomia pode ser realizada com tesoura, máquina de cortar cabelo ou creme depilatório. O método escolhido dependerá da preferência do profissional e das características dos pelos do paciente.
  • Tempo da tricotomia: A tricotomia deve ser realizada logo antes do procedimento, para evitar a recontaminação da área.
  • Cuidados pós-tricotomia: Após a tricotomia, a área deve ser limpa com solução antisséptica para reduzir o risco de infecção.

É fundamental ressaltar que a extensão da tricotomia pode variar de acordo com cada caso.

Referência:

  1. Lima Gebrim, Cyanéa Ferreira; Melchior, Lorena Morena Rosa; Menezes Amaral, Neyuska; Soares Barreto, Regiane Aparecida Santos; Prado Palos, Marinésia Aparecida. Tricotomia pré-operatória: aspectos relacionados à segurança do paciente. Enfermería Global, v. 13, n. 34, p. 264-275, 2014.  

OMS: Novas recomendações para Cirurgia Segura

No intuito de garantir a segurança do paciente no ato cirúrgico, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou a primeira edição do manual “WHO Guidelines for Safe Surgery” (Diretrizes da OMS para Cirurgia Segura) em 2008.

Em 2016, a organização lançou as Diretrizes Globais para a Prevenção da Infecção do Sitio Cirúrgico. Os fatores de risco para a infecção cirúrgica são multifatoriais e a prevenção destas é complexa e requer a integração de uma série de medidas preventivas nos períodos antes, durante e após a cirurgia.

As principais diretrizes da OMS

A meta da OMS é que tais medidas forneçam uma gama de recomendações para intervenções que reduzam o risco de infecção do sítio cirúrgico durante os períodos pré, intra e pós-operatório.

Confira a seguir as orientações da instituição para manter o paciente seguro no pré, peri e pós-operatório:

Pré-operatório

  • o paciente deve tomar banho antes da cirurgia. A sugestão é ele utilize um sabão simples ou antimicrobiano;
  • recomenda-se o uso de pomada de mupirocina a 2% com ou sem a combinação de lavagem corporal com clorexidina aos pacientes que serão submetidos a cirurgia cardiotorácica ou ortopédica;
  • de acordo com o tipo de cirurgia, a administração de profilaxia antibiótica antes da cirurgia ajuda a evitar infecção do sítio cirúrgico;
  • não se deve fazer tricotomia nas salas de cirurgia em pacientes submetidos a qualquer procedimento cirúrgico. Quando absolutamente necessário, pelos e cabelos devem ser removidos apenas com máquinas de cortar;
  • recomenda-se o uso de soluções antissépticas alcoólicas — baseadas em gluconato de clorexidina — para a preparação da pele do sítio cirúrgico de todos os pacientes que serão submetidos a cirurgias;
  • não se deve utilizar selantes antimicrobianos após a preparação da pele nos pacientes do sítio cirúrgico;
  • a preparação das mãos para a cirurgia é essencial: recomenda-se sabonete antimicrobiano apropriado e água ou lavagem com escova adequada à base de álcool antes de colocar luvas estéreis.

Intra-operatório

  • recomenda-se a administração de fórmulas nutricionais orais ou entéricas reforçadas com múltiplos nutrientes em pacientes com baixo peso que passarão por grandes cirurgias;
  • a OMS sugere não interromper medicações imunossupressoras antes da cirurgia com a finalidade de prevenir infecção do sítio cirúrgico;
  • recomenda-se o uso de dispositivos de aquecimento na sala de cirurgia e durante o procedimento cirúrgico para o aquecimento do corpo do paciente;
  • para prevenir infecção, podem ser usados tanto campos estéreis de tecido reutilizáveis quanto campos estéreis descartáveis que não sejam de tecido, assim como aventais cirúrgicos;
  • o uso de campos fenestrados adesivos de plástico com ou sem propriedades antimicrobianas não são recomendados;
  • recomenda-se o uso de dispositivos de proteção de feridas em cirurgias abdominais potencialmente contaminadas, contaminadas e infectadas a fim de prevenir infecção do sítio cirúrgico;
  • a OMS sugere o uso de terapia profilática com pressão negativa em pacientes adultos em incisões cirúrgicas com fechamento primário, desde que sejam feridas de alto risco;
  • não é recomendado o uso de sistemas de ventilação com fluxo de ar laminar para a procedimentos de cirurgia de artroplastia total.

Pós-operatório

  • não é recomendado o prolongamento da administração de profilaxia antibiótica cirúrgica após a conclusão do procedimento;
  • não se deve usar qualquer tipo de curativo avançado ao invés de um curativo padrão sobre feridas cirúrgicas com fechamento primário;
  • a profilaxia antibiótica perioperatória não deve ser continuada na presença de um dreno na ferida;
  • quando clinicamente indicado, recomenda-se a remoção do dreno da ferida.

Em vias gerais, a cultura da segurança do paciente envolve diferentes critérios atrelados a valores, atitudes, normas, estratégias, práticas, políticas e comportamentos.

Portanto, as diretrizes da OMS objetivam não apenas a redução dos danos nos eventos cirúrgicos, mas a reflexão sobre a importância da adequação às propostas do órgão.

Por fim, ao implementar as recomendações para prevenir infecção do sítio cirúrgico, os profissionais da saúde têm a oportunidade de melhorar o cuidado assistencial e a qualidade dos serviços.

Além disso, a adoção dessas medidas possibilita a substituição do sentimento de culpa quanto aos erros eventualmente cometidos pela oportunidade de um aprendizado constante.

Referências:

  1. World Health Organization
  2. PebMed
  3. Orientações da OMS para a Cirurgia Segura 2009

Endarterectomia de Carótida

A endarterectomia carotídea ou de carótida é um tratamento cirúrgico para a doença da artéria carótida.

As artérias carótidas são os vasos sanguíneos principais que transportam sangue e oxigênio para o cérebro.

Na doença aterosclerótica da artéria carótida, estas artérias tornam-se estreitadas por formação de placas de gordura e cálcio no seu interior. Isso reduz o fluxo de sangue para o cérebro e pode causar um acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI) ou um ataque isquêmico transitório(AIT).

Principais Causas

O estreitamento das artérias carótidas é mais frequentemente causado pela aterosclerose. Esta decorre de um acúmulo de placas na parte interna da artéria. As placas são compostas por diversas substâncias como: gordura, colesterol, resíduos celulares, cálcio e fibrina.

A aterosclerose, ou “endurecimento das artérias” com formação de placas, pode afetar as artérias em vários locais do corpo, como as carótidas as artérias coronárias do coração e etc. A doença da artéria carótida tem como sua principal consequência os acidentes vasculares cerebrais (derrame).

O cérebro precisa de um suprimento constante de oxigênio e nutrientes para funcionar. Mesmo uma pequena interrupção transitória no fornecimento de sangue pode causar problemas graves.

As células do cérebro começam a morrer após apenas alguns minutos sem sangue ou oxigênio.

Se o estreitamento das artérias carótidas se tornar suficientemente grave para bloquear o fluxo sanguíneo, ou caso um pedaço dessa placa se quebre e migre para um ramo arterial distal e bloqueie o fluxo sanguíneo, pode ocorrer um acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI) ou um ataque isquêmico transitório (AIT).

Realização do procedimento

Durante uma endarterectomia de carótida, o médico irá remover cirurgicamente a placa que obstrui a passagem do sangue na artéria carótida. O cirurgião fará uma incisão no lado do pescoço sobre a artéria carótida afetada. A artéria é aberta e a placa é removida. Após retirada da placa a artéria é fechada restaurando o fluxo de sangue normal para o cérebro.

Este procedimento pode ser feito com o paciente acordado, sob anestesia local, ou dormindo, sob anestesia geral.

Indicações para o procedimento

A indicação da endarterectomia tem o objetivo de prevenir a ocorrência ou a recorrência de um acidente vascular cerebral ou um ataque isquêmico transitório, nos pacientes com alto risco de AVC apesar do tratamento clínico otimizado que inclui: medicações para o colesterol, medicações que afinam o sangue conhecidas como antiagregante plaquetários, medicações para controlar a pressão arterial, cessação de tabagismo, prática de exercício físico.

Não cabe citar todas as indicações de endarterectomia, mas podemos citar aquilo que é menos controverso na literatura médica.

1- Os pacientes com placas com grau de obstrução inferior a 50%, não devem ser tratados por procedimentos nem cirúrgico nem por cateter (angioplastia com stent). Devem permanecer no tratamento clínico otimizado e serem acompanhados clinicamente.

2- Os pacientes sintomáticos, que apresentaram  AVC ou AIT nos últimos 6 meses, com grau de obstrução maior que 70 % da luz da artéria, possuem um risco maior de recorrência de AVC e AIT.

3- O grau de estenose deve ser preferencialmente confirmado por pelo menos dois métodos diagnósticos não invasivos (Ultrasom doppler, angio tomografia, angio ressonância magnética). Uma vez confirmado o grau de obstrução esses pacientes se beneficiam da redução de risco da realização da endarterectomia com pouca controvérsia na literatura médica sobre esse grupo de pacientes.

A definição de quem são os pacientes de alto risco para AVC, nos pacientes assintomáticos, e que se beneficiariam da endarterectomia, deve ser individualizada e considerar várias variáveis incluindo: o grau de obstrução causado pela placa, que deve ser preferencialmente maior que 70%, características da placa que aumentam o risco de AVC (como úlceras, hemorragia, composição da placa), presença ou não de lesões assintomáticas no cérebro do mesmo lado da doença carotídea, uso adequado e regular do tratamento clínico, preferencia do paciente após os devidos esclarecimentos, idade, gênero, expectativa de vida, estado neurológico antes do procedimento.

A indicação de uma endarterectomia de carótida tem o objetivo de diminuir significativamente a chance de ocorrência ou recorrência de um AVCI (derrame) no futuro, quando comparado a manutenção do tratamento clínico. O procedimento só deve ser realizada com baixas taxas de complicações no perioperatório.

Considera-se na literatura médica, baixa taxa de complicações do procedimento, taxas inferiores a 6% nos pacientes sintomáticos, e inferior a 3% nos pacientes assintomáticos. As complicações avaliadas na literatura são complicações graves como: AVC, morte ou infarto do miocárdio. Os procedimentos de endarterectomia só são considerados efetivos em pacientes com alto risco de AVC, procedimentos feitos em hospitais e por médicos com baixas taxas de complicações.

O sucesso do procedimento depende, da experiência do médico, da seleção adequada de pacientes para o procedimento, da adesão dos hospitais a procedimentos de segurança realizados no pré e no pós operatório.

A endarterectomia não tem o objetivo de recuperar déficits neurológicos causados por um AVC ocorrido antes do procedimento.

É muito importante que o médico explique os prós e os contras de outras possibilidades de tratamento da obstrução carotídea como: as angioplastias com stent ou a manutenção do tratamento clínico. Você deve receber informações para poder refletir e decidir junto ao seu médico as diferentes opções de tratamento.

Sintomas

Quando assintomática, a doença geralmente é descoberta por exames de imagem solicitados como “check up”. Nos pacientes assintomáticos o acúmulo de placas  não bloqueia o fluxo sanguíneo o suficiente para causar um acidente vascular cerebral ou um ataque isquêmico transitório, que são as principais manifestações da doença carotídea aterosclerótica.

Riscos

  • Risco de morte;
  • Acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI) ou ataque isquêmico transitório (AIT)( conhecido popularmente como derrame). Essas complicações podem causar incapacidades temporárias ou permanentes como: alterações da consciência, estado de coma ou de consciência mínima, paralisias de um ou ambos os lados do corpo, alterações da sensibilidade de um ou ambos os lados do corpo, dificuldade ou incapacidade para falar, alterações visuais de um ou ambos os olhos;
  • Acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH)( também conhecido popularmente como derrame). Essas complicações podem causar incapacidades temporárias ou permanentes como: coma, alterações da consciência, paralisias de um ou ambos os lados do corpo, alterações da sensibilidade de um ou ambos os lados do corpo, dificuldade ou incapacidade para falar, alterações visuais de um ou ambos os olhos;
  • Convulsões e dor de cabeça podem ocorrer em casos de síndrome da hiperperfusão que ocorre com o restabelecimento do fluxo de sangue para o cérebro e o cérebro não tolera o fluxo intenso no pós operatório levando a essa complicação;
  • Lesões de nervos cranianos que passam pelo local da incisão cirúrgica. Esses nervos controlam várias funções como: a movimentação da face, movimentação da língua, a capacidade de engolir, a sensibilidade da face, a movimentação das cordas vocais. Essas lesões podendo levar a disfunções transitórias ou permanentes como: paralisia da língua evoluindo com desvio da língua para um dos lados, dificuldade para engolir com engasgos as vezes necessitando de sonda para se alimentar, boca torta, rouquidão, dormência no pescoço e na face do lado da incisão cirúrgica. Haverá dormência no pescoço na região da cicatriz. Isso pode ser permanente. Essas complicações são frequentes na literatura mundial, mas geralmente são transitórias não deixando sequelas de longo prazo;
  • Ataque cardíaco (infarto agudo do miocárdio). Um ataque cardíaco pode ocorrer devido à sobrecarga no procedimento sobre o coração. Os exames pré-operatórios e a avaliação cardiológica no pré operatório devem ser realizados com objetivo de diminuir a chance deste tipo de evento acontecer;
  • Arritmias cardíacas. Os exames pré-operatórios e a avaliação cardiológica no pré operatório devem ser realizados com objetivo de diminuir a chance deste tipo de evento acontecer;
  • Hematomas no pescoço, causados por sangramento no local da incisão cirúrgica, causando inchaço, podendo levar a situações extremas como: bloqueio agudo das vias aéreas com necessidade de intubação de urgência ou procedimentos cirúrgicos para garantir a passagem de ar nas vias aéreas(cricotireoidostomia ou traqueostomia) e em alguns casos é necessário a reoperação de urgência. Pode ser necessário a transfusão de sangue;
  • A cicatrização da ferida operatória pode ocorrer de forma anormal gerando uma cicatriz espessa e vermelha (quelóide), além disso a cicatriz pode ser dolorosa por períodos prolongados;
  • Infecções de ferida operatória podendo requerer o uso de antibióticos e tratamentos adicionais;
  • Infecções do remendo operatório, as vezes utilizado para fechar o corte feito na artéria carótida, podendo requerer o uso de antibióticos e tratamentos adicionais;
  • Infecções pulmonares após intubação, as vezes agravada pela presença de doença pulmonar antes do procedimento, como: enfisema, bronquite, etc, além de ficar acamado no pós operatório. Isso pode requerer o uso de antibióticos e tratamentos adicionais;
  • Infecções urinárias devido a sonda vesical utilizada na cirurgia, podendo requerer o uso de antibióticos e tratamentos adicionais;
  • Pode ocorrer a formação de coágulos de sangue nas veias das pernas, denominado de trombose venosa profunda (TVP) levando a dor e inchaço na perna. Em alguns casos de TVP, parte dos coágulos podem se soltar e migrar para os pulmões conhecido como tromboembolismo pulmonar (TEP). Essa complicação muitas vezes pode ser grave com risco de morte;
  • Pode ocorrer alterações na função do rim conhecida como insuficiência renal aguda que geralmente são leves e transitórias, podendo ser grave em alguns casos necessitando de hemodiálise;
  • Alergias (se você é alérgico ou sensível a medicamentos, contraste iodado ou látex, informe ao seu médico);
  • Pode haver outros riscos com base na sua condição clínica;
  • Você pode e deve discutir com o seu médico quaisquer preocupações que lhe aflijam antes do procedimento.

O preparo

A equipe médica é quem deve explicar o procedimento para você e você pode e deve fazer perguntas que lhe pareçam pertinentes.

O seu médico irá rever o seu histórico de saúde e fazer um exame clínico para se certificar que você está em bom estado clínico para realizar o procedimento. Você pode necessitar de exames de sangue ou outros testes diagnósticos.

1- Informe o seu médico se você é sensível ou é alérgico a quaisquer medicamentos, látex, contraste, anestesia etc.Informe ao seu médico todos os medicamentos, suplementos e fitoterápicos que você está tomando.

2- Informe ao seu médico se você tiver distúrbios que causem hemorragias ou se estiver tomando quaisquer medicamentos anticoagulantes ou que afinem o sangue.

Pode ser necessário parar alguns desses medicamentos 5 a 7 dias antes do procedimento.

3- Se você está grávida ou acha que pode estar grávida, informe ao seu médico.

4- Você deverá estar em jejum de 6 a 8 horas para o procedimento, conforme orientação da equipe médica.

5- Seu médico poderá solicitar um exame de sangue antes do procedimento para avaliar a sua capacidade de coagulação.

6- Informe ao seu médico se você tem marcapasso.

7- Se você fumar pare o mais rápido possível antes do procedimento. Isso pode melhorar sua recuperação e seu estado geral de saúde. O tabagismo aumenta a formação de coágulos no sangue.

Com base na sua condição, o seu médico pode pedir outra preparação.

Outros cuidados

1. Você será solicitado a remover jóias ou outros objetos que possam interferir no momento do procedimento.

2. Você removerá sua roupa e colocará uma roupa de centro cirúrgico.

3. Você será solicitado a esvaziar sua bexiga antes do procedimento.

4. Um acesso venoso será puncionado em seu braço ou mão. Outro cateter será colocado em seu pulso para monitorar sua pressão arterial e para tirar amostras de sangue. Um ou mais cateteres adicionais podem ser colocados em seu pescoço, oposto ao local da cirurgia, para monitorar seu coração. Outros locais para o cateter incluem a área da clavícula e a virilha.

5. Se houver muitos pelos no local da cirurgia, pode ser necessária a remoção dos pelos do local.

6. Você será posicionado na mesa de operação, deitado de costas, com a cabeça levemente levantada e afastada do lado a ser operado.

7. Se necessário, poderá ser colocado uma sonda na sua bexiga para drenar a urina.

8. O anestesista verificará continuamente sua frequência cardíaca, pressão arterial, respiração e nível de oxigênio no sangue durante a cirurgia.

9. A endarterectomia pode ser feita sob anestesia local. Você terá sono, mas não sentirá dor na área operada. Você receberá um sedativo venoso antes do procedimento para ajudá-lo a relaxar. A cirurgia com anestesia local permite o controle do estado neurológico durante o procedimento permitindo que o exame clínico seja feito.

10. Se a endarterectomia for feita sob anestesia local, o anestesista irá fornecer suporte constante e mantê-lo confortável durante o procedimento. Você receberá medicamentos para dor de acordo com a necessidade.

11. Sob anestesia local, você receberá oxigênio através de um cateter que se encaixa no nariz.

12. As endarterectomias também podem ser feitas sob anestesia geral. Isso significa que você estará dormindo. Uma vez que você está sedado, um tubo de respiração será inserido em sua garganta para fornecer fluxo de ar para seus pulmões. Você estará conectado a um ventilador, que irá respirar por você durante o procedimento. Não há diferença significativa de complicações quando comparamos anestesia local com anestesia geral. A preferência do seu cirurgião é o que conta nessa decisão.

13. Você receberá uma dose de antibiótico profilático através do acesso venoso para ajudar a prevenir infecções.

14. A pele sobre o local cirúrgico será limpa com uma solução anti-séptica.

15. O cirurgião fará uma incisão na pele do pescoço no local próximo da artéria doente. Uma vez exposta a artéria será feito uma incisão na artéria para abri-la.

16. Será retirada a placa aterosclerótica que obstrui o fluxo do sangue e posteriormente a artéria será fechada, podendo ou não usar um remendo para auxiliar o fechamento da parede da artéria. O uso ou não de remendo depende da técnica cirúrgica utilizada e da preferência do cirurgião.

17. Um dreno deve ser colocado no seu pescoço antes de fechar a pele. O dreno é um pequeno tubo que é colocado no pescoço, na área operada, para drenar eventuais sangramentos que possam ocorrer no pós operatório. Geralmente, é removido em 24 a 48h após o procedimento.

18. Nas primeiras 24h após o procedimento a pressão arterial pode variar muito e você pode necessitar de medicações venosas para controle da pressão arterial dentro da meta estabelecida pelas diretrizes de segurança.

19. Se você realizou anestesia geral, o anestesista poderá acordá-lo no centro cirúrgico para avaliar o estado neurológico antes de transferí-lo para a UTI.

20. Será realizado um curativo estéril na incisão cirúrgica.

Cuidados Pós Cirúrgico

No hospital:

Uma vez que a pressão arterial, o pulso e a respiração estiverem estáveis e você estiver alerta, sem alterações neurológicas você será  encaminhado para a unidade de terapia intensiva (UTI).

As primeiras 24 h horas, são aonde ocorrem alterações mais frequentes da pressão arterial, nesse período você deve permanecer na UTI para controle da pressão arterial dentro da meta de segurança e para vigilância do estado neurológico.

Assim que o quadro estiver mais estável você deve ser transferido para uma unidade de menor complexidade, semi intensiva ou quarto de enfermaria, aonde começará a sair da cama e caminhar com auxílio dos fisioterapeutas.

O dreno colocado na incisão durante o procedimento, para drenagem de possíveis hematomas locais, deve ser retirado em 24 a 48h, caso não haja sangramento significativo.

Você receberá a dieta conforme orientação do seu médico e conforme a sua capacidade de engolir.

Certifique-se de tomar apenas os medicamentos recomendados pelo seu médico. A incisão cirúrgica pode ser um pouco dolorida o seu médico deixará medicações analgésicas que podem ser solicitadas a enfermagem.

O seu médico pode ou não realizar exames de controle no pós operatório essas condutas são individualizadas por médico.
Geralmente a alta ocorre  após 3 dias da cirurgia de endarterectomia de carótida.

Ao chegar em casa:

Em casa, é importante manter a área da incisão limpa e seca. O seu médico lhe dará instruções específicas para tomar banho.

Se forem usados pontos, eles serão removidos durante visita no consultório do seu médico. Questione o seu médico quando deverá retirar os pontos.

Você pode retornar à sua dieta normal, a menos que seu médico lhe oriente outra conduta.

Mantenha todas as medicações orientadas na alta e não introduza nem suspenda nenhum remédio sem conhecimento do seu médico.

Em geral, é aconselhável seguir uma dieta com baixo teor de gorduras. Você deve comer legumes, frutas, produtos lácteos com baixo teor de gordura, carnes magras. Evite alimentos processados ou embutidos.

Se você fumava antes do procedimento, solicite ajuda para cessação de tabagismo. O tabagismo contribui para o estreitamento e endurecimento de suas artérias.

Entre em contato com o seu médico imediatamente na presença de um ou mais dos seguintes sintomas:

  • Febre ou calafrios.
  • Inchaço, secreção ou sangramento no local da incisão cirúrgica
  • Aumento da dor ao redor do local da incisão cirúrgica

Acione imediatamente o serviço de ambulância ou vá imediatamente para o Pronto socorro do hospital na presença dos seguintes sintomas de acidente vascular cerebral:

  • Fraqueza;
  • Formigamento ou perda de sensibilidade de um lado do seu rosto ou corpo;
  • Visão dupla repentina ou dificuldade para enxergar em um ou ambos os olhos;
  • Problemas repentinos da fala com dificuldade para compreender ou se expressar;
  • Dores de cabeça intensa e de início súbito;
  • Convulsões.

Referência:

  1. Hosp. Albert Einstein

Centro Cirúrgico: Divisão de Zonas

Quando se fala em centro cirúrgico, é fundamental compreender que existem áreas com diferentes níveis de restrição de acesso, variando de acordo com o tipo de procedimento realizado e o grau de contaminação do ambiente.

Essas áreas são classificadas em restrita, semi-restrita e não restrita.

Área Restrita (Área Estéril)

    • A área restrita é a parte mais crítica do centro cirúrgico. Nela, são realizados procedimentos invasivos que envolvem acesso a áreas estéreis do corpo do paciente, como cirurgias abdominais, cardíacas e neurológicas.
    • Essa área é rigorosamente controlada e monitorada, com acesso restrito a profissionais devidamente capacitados e paramentados.
    • Para entrar na área restrita, é necessário passar por uma sala de transição, onde os profissionais trocam de roupa e equipamentos de proteção individual (EPIs), como gorros, máscaras, aventais, luvas e sapatilhas.
    • Dentro da área restrita, não é permitida a circulação de pessoas não essenciais ao procedimento, como familiares, estudantes ou curiosos.
    • Também é proibido o uso de celulares, câmeras fotográficas ou quaisquer outros equipamentos que possam comprometer a assepsia do ambiente.

Área Semi-Restrita (Área Limpa)

    • A área semi-restrita é a parte intermediária do centro cirúrgico, onde são realizados procedimentos menos invasivos, como cirurgias ortopédicas, oftalmológicas e otorrinolaringológicas.
    • O grau de contaminação é menor do que na área restrita, mas ainda assim é necessário manter um controle rígido de acesso.
    • Assim como na área restrita, é obrigatório o uso de EPIs e a higienização das mãos antes de entrar na área semi-restrita.
    • É permitida a circulação de pessoas não essenciais ao procedimento, desde que estejam devidamente paramentadas e autorizadas pelo responsável técnico.
    • Também é permitido o uso de celulares e outros equipamentos eletrônicos na área semi-restrita, desde que não interfiram na assepsia do ambiente.

Área Não Restrita (Área de Proteção)

    • A área não restrita é a parte mais periférica do centro cirúrgico, onde ficam os vestiários, a sala de espera, o posto de enfermagem e outras áreas de apoio.
    • Nessa área, não há a necessidade de paramentação ou higienização das mãos, mas é importante manter uma conduta adequada de higiene e segurança.
    • Na área não restrita, é permitida a circulação de pessoas devidamente identificadas e autorizadas, como acompanhantes de pacientes, funcionários administrativos e fornecedores.
    • No entanto, é proibido o acesso de pessoas com sintomas de infecção ou doenças contagiosas.

Referências:

  1. Strattner

Degermação Cirúrgica

A degermação cirúrgica é um procedimento que visa reduzir o risco de infecções nos sítios cirúrgicos, removendo a flora bacteriana e outros resíduos da pele.

Para isso, utiliza-se uma solução antisséptica degermante, como a clorexidina a 2%, e uma escovação mecânica das mãos e dos antebraços.

A degermação cirúrgica é uma medida importante de prevenção e controle de infecções hospitalares.

Executor

A atividade pode ser realizada pelo enfermeiro, técnico de enfermagem, auxiliar de enfermagem, médicos, residentes, todos aqueles que forem participar do procedimento.

Materiais Necessários

  • Água corrente;
  • Clorexidina degermante a 2%;
  • Escova descartável (esponja) ou a escova descartável já impregnada com a clorexidina degermante a 2%;
  • Compressas cirúrgicas.

Passo a Passo

  • Retirar os adornos (anéis, pulseiras, relógios, etc.);
  • Abrir a torneira e molhar as mãos, antebraços e cotovelos;
  • Molhar as mãos e antebraços até os cotovelos, manter as mãos em altura superior aos cotovelos, a água deve fluir da área menos contaminada para a mais contaminada;
  • Friccionar a esponja da escova, contendo solução degermante antisséptica para uso individual por 5 (cinco) minutos para a primeira cirurgia do dia e por 3 (três) minutos para as cirurgias subsequentes, se realizadas dentro de 1 (uma) hora após a primeira escovação;
  • Escovar as mãos e antebraços, iniciando pela ponta dos dedos (cerda), seguindo com a esponja para os espaços interdigitais, face palmar, face dorsal das mãos, face anterior e posterior do antebraço e cotovelo, mantendo as mãos sempre em nível acima dos cotovelos;
  • Enxaguar as mãos e antebraços em água corrente, no sentindo das mãos para os cotovelos, retirando todo o resíduo do produto;
  • Fechar a torneira com o cotovelo;
  • Secar as mãos com compressas estéreis, realizando movimentos compressivos, iniciando pelas mãos e seguindo pelos antebraços e cotovelos, atentando para utilizar as diferentes dobras de compressas para regiões distintas;

Recomendações

  • Realizar a degermação no pré-operatório antes de qualquer procedimento cirúrgico;
  • Realizar a degermação antes da realização de procedimentos invasivos (inserção de cateter venoso central, punções, drenagens de cavidades, pequenas suturas, instalação de diálise, entre outros);
  • Manter as unhas naturais, limpas e curtas;
  • As cerdas da escova são utilizadas somente para limpeza das unhas. A parte macia da esponja é utilizada para todo restante do procedimento;
  • A escoriação das mãos por escovas de cerdas duras ou por reação alérgica a antissépticos pode facilitar o crescimento de bactérias gram negativas.

Ações em caso de não conformidade

  • Refazer o procedimento se contaminar as mãos.

Referências:

  1. ANVISA. AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Higienização das Mãos. 2009.
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 42 de 26 de outubro de 2010. Dispõe sobre a obrigatoriedade de disponibilização de preparação alcoólica para fricção antisséptica das mãos, pelos serviços de saúde do País, e dá outras providências. Disponível em: http://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/legislacao/item/rdc42-de-25-de-outubro-de-2010. 
  3. RITZMAN, L; KRAJEWSKI, L. J.. Administração da produção e operações. São Paulo: Prentice Hall, 2004. 

Tricotomia: Novas Recomendações da OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou em 2016 novas recomendações para prevenir e combater infecções no ambiente cirúrgico. Essas diretrizes foram elaboradas por especialistas com base nas evidências científicas mais recentes e abordam os cuidados de saúde relacionados a infecções em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos.

A Importância da Prevenção de Infecções Cirúrgicas

Atualmente, em países de baixa e média renda, 11% dos pacientes que passam por cirurgias são infectados durante o procedimento.

No entanto, a magnitude das Infecções de Sítio Cirúrgico (ISC) ainda é desconhecida em muitos lugares devido à falta de um sistema nacional de notificação.

A subnotificação ocorre quando não há vigilância das infecções após a alta hospitalar dos pacientes. Por exemplo, a identificação das ISC pós-alta pode ser em torno de 74% do total das ISC.

Recomendação sobre Tricotomia

Uma das recomendações importantes diz respeito à tricotomia, ou seja, a remoção dos pelos da área cirúrgica. De acordo com a OMS, em pacientes submetidos a qualquer procedimento cirúrgico:

  • Cabelos/pelos não devem ser removidos ou, se absolutamente necessário, devem ser removidos apenas com máquinas de cortar.
  • A depilação é fortemente desencorajada, seja no pré-operatório ou na sala de cirurgia.

Essa recomendação visa reduzir o risco de infecção no sítio cirúrgico. A tricotomia realizada com aparelhos elétricos é menos lesiva à pele e tem taxas de ISC inferiores em comparação com a lâmina de barbear. Portanto, é importante seguir essas orientações para garantir a segurança do paciente durante procedimentos cirúrgicos.

Conclusão

As diretrizes da OMS para cirurgia segura são fundamentais para melhorar os resultados cirúrgicos e reduzir as infecções. A tricotomia adequada é uma parte essencial dessas medidas preventivas, contribuindo para a segurança e bem-estar dos pacientes.

Referências:

  1. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
  2. APCD
  3. 3M
  4. EBSERH

Orquiectomia

A orquiectomia consiste numa cirurgia em que é removido um ou os dois testículos.

Geralmente, esta cirurgia é realizada de forma a tratar ou a prevenir a propagação do câncer de próstata ou para tratar ou prevenir o câncer testicular e câncer de mama no homem, já que são os testículos que produzem maior parte da testosterona, que é um hormônio que faz com que estes tipos de câncer cresçam mais rapidamente.

Além disso, este procedimento também pode ser usado para pessoas que pretendem mudar do sexo masculino para o sexo feminino, de forma a reduzir a quantidade de testosterona no corpo.

Tipos de orquiectomia

Existem vários tipos de orquiectomia, dependendo do objetivo do procedimento:

1. Orquiectomia simples

Neste tipo de cirurgia é removido um ou os dois testículos a partir de um pequeno corte no escroto, o que pode ser feito para tratar câncer da mama ou da próstata, de forma a reduzir a quantidade de testosterona que o organismo produz.

2. Orquiectomia radical inguinal

A orquiectomia radical inguinal é realizada fazendo um corte na região abdominal e não no escroto. Geralmente, a orquiectomia é realizada desta forma, quando é encontrado um nódulo num testículo, por exemplo, de forma a poder testar este tecido e perceber se tem câncer, já que uma biopsia regular pode fazer com que este se espalhe pelo corpo.

Este procedimento também é normalmente usado para pessoas que desejam mudar de sexo.

3. Orquiectomia subcapsular

Neste procedimento, o tecido que está no interior dos testículos, ou seja, a região que produz espermatozoides e testosterona, é removido, preservando a cápsula testicular, o epidídimo e o cordão espermático.

4. Orquiectomia bilateral

A orquiectomia bilateral é uma cirurgia em que ambos os testículos são removidos, o que pode acontecer em caso de câncer da próstata, câncer da mama ou em pessoas que pretendem mudar de sexo.

Como é a recuperação pós-operatório

Geralmente, a pessoa tem alta logo a seguir à cirurgia, no entanto, é necessário que volte ao hospital no dia seguinte para confirmar se está tudo bem. A recuperação pode demorar entre 2 semanas a 2 meses.

Na semana seguinte à cirurgia, o médico pode recomendar a aplicação de gelo no local, para aliviar o inchaço, lavar a região com um sabão suave, manter a região seca e coberta com gaze, usar apenas os cremes e as pomadas que forem recomendados pelo médico e tomar analgésicos e anti-inflamatórios que reduzem a dor e a inflamação.

Deve-se ainda evitar fazer grandes esforços, levantar pesos ou ter relações sexuais enquanto a incisão não estiver sarada. Caso a pessoa tenha dificuldade em evacuar, pode experimentar tomar um laxante leve, para evitar fazer muito esforço.

O médico pode ainda recomendar o uso de um suporte para o escroto, que deve ser usado por cerca de 2 dias.

Quais as consequências da orquiectomia

Depois da remoção dos testículos, devido à redução de testosterona, é provável que ocorram efeitos colaterais como osteoporose, infertilidade, ondas de calor, depressão e disfunção erétil.

Referência:

  1. Silva, Benedito Martins e, Silva Neto, José Ademir Bezerra da e Lima, Roberta Lins deAnálise de complicações em pacientes portadores de câncer de próstata metastático submetidos à orquiectomia bilateral. Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões [online]. 2010, v. 37, n. 4 [Acessado 1 Outubro 2022] , pp. 269-273. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0100-69912010000400006&gt;. Epub 29 Out 2010. ISSN 1809-4546. https://doi.org/10.1590/S0100-69912010000400006.

Medicamentos utilizados na Sala de Parto

Para dispensar um atendimento adequado às necessidades da gestante e do bebê é necessário que os profissionais de saúde detenham o conhecimento básico sobre a classificação de risco que determinados medicamentos se enquadram.

Os medicamentos utilizados na sala de parto podem ter diferentes finalidades, como aliviar a dor, acelerar o trabalho de parto, prevenir hemorragias, tratar infecções ou reanimar o recém-nascido.

Fármacos utilizados em Sala de Parto

  • Ocitocina: é um hormônio que estimula as contrações uterinas e ajuda na descida do bebê. Também é usada após o parto para evitar sangramentos excessivos e facilitar a saída da placenta.
  • Analgésicos: são medicamentos que reduzem a sensação de dor, mas não a eliminam completamente. Podem ser administrados por via oral, intravenosa ou intramuscular. Alguns exemplos são dipirona, paracetamol e opioides (como fentanilo ou morfina).
  • Anestésicos: são medicamentos que bloqueiam a transmissão dos impulsos nervosos e causam perda de sensibilidade em uma parte do corpo ou em todo ele. Podem ser aplicados por via inalatória, epidural ou raquidiana. Alguns exemplos são óxido nitroso, lidocaína e bupivacaína.
  • Antibióticos: são medicamentos que combatem as infecções causadas por bactérias. Podem ser necessários em casos de ruptura prematura das membranas, corioamnionite, infecção urinária ou puerperal, entre outras situações. Alguns exemplos são amoxicilina, cefalosporinas, clindamicina e eritromicina.
  • Expansores de volume: são soluções que aumentam o volume sanguíneo e melhoram a circulação. Podem ser usados em casos de hipotensão, hemorragia ou choque. Alguns exemplos são soro fisiológico, ringer lactato e albumina.
  • Adrenalina: é um hormônio que atua sobre o coração e os vasos sanguíneos, aumentando a frequência cardíaca, a pressão arterial e o fluxo de oxigênio. É usada na reanimação do recém-nascido quando há bradicardia ou asfixia.
  • Sulfato de Magnésio: é um eletrólito usado para prevenir e tratar convulsões em mulheres com pré-eclâmpsia ou eclâmpsia, condições que podem causar pressão alta e problemas nos rins, fígado e cérebro durante a gravidez. Também pode reduzir o risco de danos cerebrais nos bebês prematuros. Pode causar efeitos colaterais como sonolência, fraqueza, náusea, dor de cabeça e rubor. Em casos raros, pode causar problemas respiratórios, cardíacos ou neurológicos graves. Por isso, é importante monitorar a paciente e o bebê durante o uso do sulfato de magnésio na sala de parto.
  • Ergometrina: é um medicamento que atua sobre o útero, causando contrações e diminuindo o sangramento após o parto. No entanto, seu uso rotineiro na sala de parto não é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pois pode ter efeitos colaterais indesejáveis, como aumento da pressão arterial, náuseas, vômitos e dor de cabeça. Além disso, a ergometrina oral não é eficaz para prevenir ou controlar hemorragias, e a ergometrina parenteral só deve ser usada em casos de alto risco ou emergência. A OMS sugere que a ocitocina seja usada como profilaxia no terceiro estágio do trabalho de parto, pois é mais segura e efetiva do que a ergometrina. Portanto, a ergometrina na sala de parto deve ser evitada, a menos que haja uma indicação clara e específica para seu uso.

Os medicamentos utilizados na sala de parto devem ser prescritos pelo médico responsável e administrados pelo enfermeiro obstetra ou pelo anestesista, conforme o caso.

É importante que a parturiente seja informada sobre os benefícios e os riscos de cada fármaco, bem como sobre as possíveis alternativas não farmacológicas para o alívio da dor e o manejo do trabalho de parto.

Referências:

  1. https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60137/tde-02102009-131223/publico/Mestrado.pdf
  2. Recomendações da OMS na Assistência ao Parto Normal – Bahia
  3. Boas práticas de atenção ao parto e ao nascimento
  4. CLASSIFICAÇÃO DE PRÁTICAS NO PARTO NORMAL – Moodle USP: e-Disciplinas
  5. https://www.unasus.gov.br/noticia/voce-conhece-recomendacoes-da-oms-para-o-parto-normal