Sangue oculto nas fezes: Como é feito o teste?

O exame de sangue oculto nas fezes, como o próprio nome diz, analisa a presença de sangue nas fezes que não podem ser vistos a olho nu. Um resultado positivo para esse exame indica que o paciente está sofrendo algum sangramento no intestino grosso, que pode ser consequência de uma inflamação, trauma ou câncer colorretal.

O paciente faz a coleta das fezes frescas em casa ou no hospital e leva a amostra para ser analisada em laboratório.

Como é pedido?

A pesquisa de sangue oculto nas fezes deve ser realizada por homens e mulheres a partir dos 40 anos ou que possuem histórico familiar de câncer colorretal. Ele também pode ajudar a identificar pólipos no cólon e reto ou doenças inflamatórias intestinais, como doença de Chron ou colite.

O exame também pode ser usado no controle de doenças inflamatórias intestinais, na possibilidade de alergia à proteína do leite de vaca ou outras causas de inflamação no intestino grosso. Ele não é usado para diagnóstico de doenças que acometem a parte alta do intestino ou estômago.

Quando é contra indicado?

Não há contraindicações para a pesquisa de sangue oculto nas fezes, uma vez que basta a pessoa evacuar e levar sua amostra para o laboratório. Entretanto, o exame não dever ser colhido durante e após três dias do período menstrual ou se o paciente estiver apresentando sangramento hemorroidário ou presença de sangue na urina.

O preparo

  • Não usar medicamentos irritantes da mucosa gástrica (ácido acetilsalicílico, anti-inflamatórios, corticoides, etc).
  • Evitar sangramento gengival (com escova de dentes, palito, etc).
  • Alguns médicos ou laboratórios podem pedir uma dieta específica de três dias e no dia da coleta do material. A dieta deve ser com exclusão de:
    • Carne (vermelha e branca)
    • Vegetais (rabanete, nabo, couve-flor, brócolis e beterraba).
    • Leguminosas (soja, feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico e milho).
    • Azeitona, amendoim, nozes, avelã e castanha.

No geral, a dieta é solicitada por conta do método usado para identificação do sangue oculto nas fezes. Dependendo do laboratório, o método usado não consegue fazer distinção entre sangue humano e sangue de outros animais, sendo contraindicada a ingestão de carnes.

Outras restrições podem acontecer para não correr o risco desses alimentos presentes nas fezes reagirem com os componentes químicos usados para análise da coleta.

Como é feito?

O laboratório irá fornecer os frascos próprios para você fazer a coleta. A evacuação deve ser feita diretamente no frasco ou então em vaso limpo e seco, para não correr o risco de a amostra ser contaminada com outros micro-organismos. O ideal é que sejam feitas coletas de todas as evacuações do dia, para que você tenha ali o material que passou por todo o intestino.

O frasco deve ser bem fechado e identificado (contendo nome do paciente, idade e data da coleta), para então ser encaminhado ao laboratório – o ideal que a entrega seja feita no mesmo dia da coleta.

Se não há possibilidade de encaminhar a amostra fresca ao laboratório, esta deve ser mantida a baixas temperaturas (5º a 10º C) e encaminhada ao laboratório assim que possível, mantendo refrigerado por no máximo 14 horas.

A análise das fezes pode ser feita com base nesses princípios:

Reação de Benzidina

Consiste em espalhar uma pequena quantidade de fezes sobre um papel de filtro, gotejando duas a três gotas de água oxigenada sobre o material. Em seguida, deve-se adicionar igual volume de solução de benzidina, observando o desenvolvimento de cor. Caso o resultado dê positivo, as fezes ganham uma coloração esverdeada ou azul.

Reação de Meyer-Johannesen

Nesse caso, as fezes são colocadas em uma lâmina de laboratório junto de um líquido, e depois transferir 5 ml dessa mistura para um tubo de ensaio e adicionar 1 ml de reativo de Meyer-Johannesen (uma mistura de fenolftaleína, hidróxido de potássio anidro, agua destilada e zinco em pó). Depois são acrescentadas de três a quatro gotas de água oxigenada. A positividade da reação é considerada quando uma coloração vermelha é desenvolvida.

Reativo de Guáiaco

As fezes são esfregadas em um papel de filtro, e são gotejadas de duas a três gotas de ácido acético glacial e duas a três gotas de uma solução de álcool etílico saturado com goma guáiaco em pó. Depois é adicionada igual quantidade de peróxido de hidrogênio a 3%. Tudo é misturado com um bastão de vidro e a mudança de coloração é observada nos cinco minutos seguintes. A positividade da reação é considerada quando uma coloração azulada é desenvolvida. Uma coloração esverdeada é indicativa de reação negativa.

Imunocromatografia

O teste de imunocromatografia utiliza a combinação de anticorpos monoclonais conjugados e anticorpos policlonais anti-hemoglobina humana de fase sólida, com elevada especificidade e sensibilidade. Em virtude da utilização de anticorpos específicos para a hemoglobina, não há necessidade de realização de dietas, já que os anticorpos reconhecem somente a molécula de hemoglobina (sangue).

Caso haja sangue nas fezes, a hemoglobina se liga ao anticorpo monoclonal, surgindo uma coloração rosa-clara. Na ausência da hemoglobina, não haverá o desenvolvimento de coloração, indicando resultado negativo.

Tempo de duração do exame

O exame dura o tempo que for necessário para você fazer a evacuação. Já os resultados levam no geral um dia útil para ficarem prontos.

Periodicidade do exame

A pesquisa de sangue oculto nas fezes deve ser realizada por homens e mulheres a partir dos 40 anos ou que possuem histórico familiar de câncer colorretal. Caso a pessoa opte pela colonoscopia, pode ser que o médico não ache necessário fazer também o de sangue oculto.

Não há uma periodicidade definida para a pesquisa de sangue oculto nas fezes se ela for feita para o acompanhamento de uma doença inflamatória intestinal. Tudo dependerá do paciente e recomendação médica.

Recomendações pós-exame

Não há nenhuma recomendação especial após o exame. A pessoa pode seguir com suas atividades normalmente.

Grávida pode fazer?

Sim. Não há nenhuma contraindicação ou recomendação especial para pesquisa de sangue oculto nas fezes durante a gravidez.

O que significa o resultado do exame?

O resultado do exame de sangue oculto nas fezes é positivo ou negativo. É emitido um laudo dizendo se você tem ou não sangue oculto nas fezes. Em alguns casos, no laudo também consta qual a metodologia usada para fazer o exame.

A pesquisa de sangue oculto nas fezes não é um exame diagnóstico. Isso quer que dizer que ele, sozinho, não é capaz de dizer se você tem ou não alguma doença. Dessa forma, o exame de sangue oculto é considerado um teste de triagem – ele pode determinar se você irá ou não fazer outros exames para avaliar a saúde do intestino, como a colonoscopia.

O que significam resultados anormais

Se o exame der positivo você tem sangue oculto nas fezes. Isso quer dizer que você está com um sangramento em algum local do intestino, e deve fazer uma colonoscopia para descobrir qual o local e o motivo desse sangramento.

Referências:

1. Fang CB. Rastreamento do câncer colorretal. Ver Assoc Med. Bras. 2002; 48(4):286-6.
2. http://www.inca.gov.br. Câncer colo-retal. 
3. American Cancer Society. Cancer facts and figures, 1999. Atlanta: American Cancer Society, 1999.
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5. http://analitic.com.br/feca_cult.php.
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7. Screening for colorectal cancer using the faecal occult blood test, Hemoccult. Cochrane Database Syst Rev. 2007 Jan 24;(1):CD001216
8. Levi Z, Rozen P, Hazazi R, Waked A, Maoz E, Birkenfeld S, Niv Y. Can quantification of faecal occult blood predetermine the need for colonoscopy in patients at risk for non-syndromic familial colorectal cancer? Aliment Pharmacol Ther.  2006;124(10):1475-82. 
9. Woo HY, Mok RS, Park YN, Park DI, Sung IK, Sohn CI, Park H. A prospective study of a new immunochemical fecal occult test in Korean patients referred for colonoscopy. Clin Biochem. 2005; 38(4):395-9.
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11. Morikawa T, Kato J, Yamaji Y, Wada R, Mitsushima T, Shiratori Y. A comparison of the immunochemical fecal occult blood test and total colonoscopy in the asymptomatic population. Gastroenterology. 2005; 129(2):422-8.
12. Anderson WF; Guyton KZ; Hiatt RA; Vernon SW; Levin B; Hawk E. Colorectal cancer screening for persons at average risk. J Natl Cancer Inst. 2002;94(15):1126-33.
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15. Ciatto S; Martinelli F; Castiglione G; Mantellini P; Rubeca T; Grazzini G; Bonanomi AG; Confortini M; Zappa M. Association of FOBT-assessed faecal Hb content with colonic lesions detected in the Florence screening programme. Br J Cancer. 2007; 96(2):218-21.
16. Müller AD, Sonnenberg A. Protection by endoscopy against death from colorectal cancer. A case-control study among veterans. Arch Intern Med 1995; 155:1741-8.

Notícias da Enfermagem

Estudante de Enfermagem cria projeto que dá acesso à água para famílias carentes

A Enfermagem que faz a diferença todos os dias carrega a missão e a responsabilidade de olhar pelo outro. A estudante de Enfermagem Elayne Azevedo, ainda no início de sua trajetória dentro da ciência do cuidado, já está vivendo isso na prática. Natural do povoado Saco do Pequi, zona rural do município de Matias Olímpio, […]

Água para Injeção, Destilada, Bi-destilada: É tudo a mesma coisa?

A Água para Injeção é um dos diluentes mais utilizados pelos profissionais da saúde, para a dissolução de medicamentos compatíveis com o mesmo. Mas no Mercado, a Água de Injeção pode ser encontrado também como Água Destilada e Água Bi-Destilada.

Mas, não é tudo a mesma coisa?

A Água destilada e a de Injeção não tem as mesmas funções?

São diferentes quando se pensa na qualidade das mesmas. Assim como a gente não bebe água da enxurrada e nem lava o banheiro com água filtrada, cada uma serve para uma coisa.

A água destilada pode ser utilizada para muitas coisas em laboratório. Já água para injeção serve como matéria-prima de medicamentos injetáveis.

E, por cair diretamente na corrente sanguínea, a exigência de pureza dessa água é muito maior (imagine se nessa água existir uma bactéria causadora de doenças…).

Para dizer que uma água é destilada basta sabermos que ela passou por um processo de destilação (aquele que a gente estuda na aula de química, lembra?).

Porém, o mesmo não se pode dizer sobre uma água para injeção.

Para a classificação do tipo de água são feitos vários testes laboratoriais (verificação de pH, condutividade, bactérias heterotróficas totais, detecção de bactérias do grupo Coliformes, detecção de endotoxinas bacterianas, dentre outros). Só depois de feitos estes testes podemos afirmar se a água está ou não nos padrões para injeção, por exemplo.

Enquanto o processo de obtenção de água destilada é relativamente simples, para obtenção da água para injeção é necessário um processo de filtração sub-micrômica, que confere a água o perfil e equilíbrio necessários (retirada de sais, remoção de micro-organismos, resíduos de cloro do tratamento público de água, etc).

Todos os equipamentos para tratar a água ficam concentrados em uma sala, com piso e parede com tinta à base de epóxi e ambiente de sala classe 100 mil (uma forma de medir a “pureza” do ar da sala), já que desde o inicio do processo preparatório, a água não tem contato com o ambiente.

O “polimento final” da Água para Injeção é realizado por sistema de filtração denominado Osmose Inversa ou Reversa. Todo sistema de produção de água também tem que estar validado (isto é, deve-se fazer um programa que assegure a qualidade do processo de obtenção dessa água).

Pelo que você pode ver, a água destilada sofre apenas o processo de destilação e a água para injeção sofre o processo de ultrafiltração e osmose reversa. Por isso, têm qualidades diferentes. E é a qualidade que as distingue.

E qual é a diferença entre a Água Destilada e a Bi-Destilada?

água bi-destilada, como o próprio nome já diz, é a água que passa pelo processo de destilação duas vezes.

Uma vez que a água é destilada, separa-se dela uma boa parte dos sais minerais; no entanto, mesmo depois do processo de destilação comum, a água ainda não fica completamente livre da presença de sais. Para isso, é preciso que ela seja submetida a um novo processo, após o qual passa a ser chamada de bi-destilada.

A água bidestilada é utilizada em situações nas quais exigem a pureza do elemento, sendo livre de minerais.

No entanto, no caso da água bidestilada, o seu uso é mais comum e mais frequente mesmo nos processos laboratoriais.

Tem também aplicações na área médica, podendo ser utilizada para a limpeza de ferimentos, queimaduras, procedimentos cirúrgicos e lavagem de cateteres vesicais.

Características da água bi-destilada

Se a água destilada já é praticamente livre de minerais, apresentando apenas pouquíssimos resíduos, a água bidestilada, que é destilada duas vezes, pode ser considerada completamente pura, isto é, livre de minerais. Por assim ser, ela garante o máximo de precisão nos processos laboratoriais, e por isso é tão utilizada.

Referências:

  1. https://www.prolab.com.br/;
  2. ANVISA.

Cristalóides: O Ringer Lactato

Ringer Lactato

O Ringer-lactato (ou mais precisamente, o soluto de Ringer) é uma solução cristalóide com soluções isotônicas ao plasma sanguíneo,  e líquida de eletrólitos em água.

Os Eletrólitos como o sódio estão naturalmente presentes em fluidos corporais e ajudam na função dos músculos e nervos, bem como na manutenção do pH e no equilíbrio dos fluidos.

A perda de eletrólitos através do suor e da urina é normal, e eles são repostos pelo consumo habitual de líquidos. Se muitos forem perdidos devido a sangramento, vômito ou outra doença, eles devem ser imediatamente repostos.

Mas o que são cristalóides?

Soluções cristaloides, popularmente conhecidos como soros, são as soluções que contêm água, eletrólitos (Sódio, potássio, cálcio, cloro…etc) e/ou açúcares em várias proporções e podem ser hipotônicas, isotônicas ou hipertônicas comparadas ao plasma sanguíneo. Se administram por via intravenosa para repor líquidos e re-estabelecer o Equilíbrio hidrostático e eletrolítico do corpo.

Para qual principal uso o Ringer Lactato é utilizado?

O soluto de Ringer é administrado por via intravenosa a pacientes para reposição de fluidos e eletrólitos perdidos por doença ou lesão. A concentração de eletrólitos e água é desenvolvida para imitar a composição do plasma sanguíneo. Essa solução pode ser prescrita junto com uma solução de açúcar (geralmente a dextrose) para fornecer uma fonte de calorias. O soluto de Ringer pode também ser usado em associação com uma variedade de medicamentos intravenosos, para dilui-los.

Qual é a composição do Ringer Lactato?

A proporção de eletrólitos e água no soluto de Ringer é cuidadosamente balanceada para que ele possa ser usado eficazmente pelo corpo. Em cada 100 ml de soluto de Ringer, há 600 mg de cloreto de sódio, 20 mg de cloreto de cálcio, 30 mg de cloreto de potássio e 310 mg de lactato de sódio. O pH do soluto de Ringer é ajustado para ser 6.6, e um litro dessa solução possui nove calorias.

Ringer Simples e Lactato: Quais sãos as diferenças?

Ambos possuem características semelhantes quanto à composição, diferenciando apenas pelo Lactato,  que é utilizada para reposição, e contém mais cloreto e mais cálcio que outras soluções, tornando-a levemente acidificantes.

O Ringer Lactato é mais indicado para que tipos de situações?

A sua indicação principal é diluir o sangue, em casos onde há perda deste, de modo a evitar o choque hipovolêmico. É muito utilizado em casos de reidratação e restabelecimento do equilíbrio hidro eletrolítico, quando há perda de líquidos e dos íons cloreto, sódio, potássio e cálcio, e para prevenção e tratamento da acidose metabólica.

Quais são os efeitos colaterais ?

Como o soluto de Ringer é administrado via intravenosa, um efeito colateral comum é irritação no local da injeção. Ainda que incomuns, reações alérgicas, como inchaço e dificuldade para respirar, podem acontecer. Outros efeitos colaterais potenciais são: hematoma ou infecção no local da injeção, febre, infecção da veia ou aumento anormal do volume de sangue. Edema pulmonar (fluido nos pulmões) e hiper-hidratação também são complicações potenciais que podem ocorrer pelo uso do soluto de Ringer.

Cuidados de Enfermagem ao Ringer Lactato

– Não devem ser administrada simultaneamente no mesmo local da infusão sanguínea devido ao risco de coagulação.

– A administração intravenosa pode causar sobrecarga de fluidos e/ou solutos, resultando na hiper-hidratação, estados congestivos ou edema pulmonar.

Curiosidades

O soluto de Ringer é produzido por uma série de fabricantes diferentes e pode ter pequenas variações na fórmula. Em geral, porém, essas soluções são consideradas isotônicas em relação ao sangue. Isso significa que sua concentração é mais ou menos igual à do sangue saudável. Essa solução pode também ser chamada de Ringer ou Ringer-lactato. O soluto de Ringer foi inventado no final do século XIX pelo fisiologista britânico Sydney Ringer.