Interpretando Arritmias Cardíacas

Ainda um assunto um pouco complexo para alguns profissionais técnicos em uma UTI, sendo fundamental aprender pelo menos o básico de uma interpretação dos traçados eletrocardiográficos, para poder distinguir certas arritmias precoces. É de extrema importância, que o profissional técnico saiba manusear corretamente um aparelho para realização do ECG.

Entendendo o básico:

O quê é Arritmia cardíaca?

As Arritmias cardíacas são alterações elétricas que provocam modificações no ritmo do coração. É como se o coração perdesse o compasso e tornasse fora do ritmo, arrítmico, sem ritmo. Arritmia é, portanto, uma doença que afeta o Ritmo de Batimentos do Coração!

Identificando uma arritmia cardíaca em exames de Eletrocardiograma (ECG)

Interpretando Arritmias Cardíacas
Exemplo de extra-sístoles ventriculares polifórmicas em papel de ECG.

O eletrocardiograma (ECG) é um exame que verifica a existência de problemas com a atividade elétrica do coração. É um procedimento rápido, simples e indolor, no qual os impulsos elétricos do coração são amplificados e registrados em um pedaço de papel.

Cada batida do seu coração acontece por conta de um impulso elétrico naturalmente gerado por células especiais do seu coração. O eletrocardiograma registra esses impulsos elétricos e mostra se o ritmo e intensidade destes estão dentro do normal. Geralmente, um ECG é pedido se houver suspeita de uma doença cardíaca ou como parte de um exame físico de rotina para a maioria das admissões feitas em um ambiente de UTI.
Interpretando Arritmias Cardíacas
Exemplo de extra sistole ventricular bigeminada notado em monitor multiparâmetros
É possível identificar arritmias em monitores cardíacos/multiparâmetros rapidamente, e alguns monitores alarmam, sendo de fácil entendimento.
Elementos do ECG
Interpretando Arritmias Cardíacas

O traçado do eletrocardiograma é composto basicamente por 5 elementos: onda P, intervalo PR, complexo QRS, segmento ST e onda T.

  • A onda P é o traçado que corresponde à despolarização dos átrios (contração dos átrios).
  • O intervalo PR é o tempo entre o início da despolarização dos átrios e dos ventrículos.
  • O complexo QRS é a despolarização dos ventrículos (contração dos ventrículos).
  • O segmento ST é o tempo entre o fim da despolarização e o início da repolarização dos ventrículos.
  • A onda T é a repolarização dos ventrículos, que passam a ficar aptos para nova contração.

Cada batimento cardíaco é composto por uma onda P, um complexo QRS e uma onda T.

Obs: a repolarização dos átrios ocorre ao mesmo tempo da despolarização dos ventrículos, por isso, ela não aparece no ECG, ficando encoberta pelo complexo QRS. O complexo QRS pode ter várias aparências, dependendo da derivação em que ele é visualizado.

Plano Frontal e Plano Horizontal:

Para o registro do ECG padrão usamos 12 derivações; seis derivações cobrem o plano frontal ou vertical (aVR, aVL, aVF, DI, DII e DIII) e seis cobrem o plano horizontal ou precordial (V1 a V6), numa tentativa de registrar a atividade elétrica cardíaca por vários ângulos diferentes. Eventualmente, são utilizadas derivações precordiais adicionais para uma melhor visualização da parede posterior do coração (V7 e V8) e do ventrículo direito (V3R e V4R).

 

No ECG convencional de 12 derivações com 10 eletrodos, um eletrodo é posicionado no braço
direito, um no braço esquerdo, um na perna direita e um na perna esquerda. Outros seis eletrodos são colocados no tórax. O eletrodo da perna direita é o de referência.

Eletrodos de membros:
– Coloque os eletrodos na parte de dentro de cada braço, entre o pulso e o cotovelo.
– Coloque os eletrodos na parte de dentro de cada barriga da perna, entre o joelho e o
tornozelo.

Eletrodos no tórax:
V1 – no 4º espaço intercostal, no lado direito do esterno.
V2 – no 4º espaço intercostal, no lado esquerdo do esterno.
V3 – no ponto central entre as posições dos eletrodos V2 e V4.
V4 – no 5º espaço intercostal, na linha clavicular média esquerda.
V5 – na linha axilar anterior esquerda, horizontalmente à posição do eletrodo V4.
V6 – na linha axilar média esquerda, horizontalmente à posição do eletrodo V

OBS: Para que a colocação e a medida dos eletrodos no tórax sejam precisas, é importante localizar o quarto espaço intercostal.

1 Localize o segundo espaço intercostal apalpando primeiro o ângulo de Lewis (pequena
protuberância óssea onde ocorre a junção do esterno com o manúbrio). Essa elevação do esterno
é o local de fixação da segunda costela e o espaço logo abaixo dela é o segundo espaço intercostal.
2 Apalpe e conte para baixo no tórax até localizar o quarto espaço intercostal.

Identificando um Ritmo Sinusal ou Traçado Normal de um ECG

Interpretando Arritmias Cardíacas

Devem ser conhecidos, principalmente, a idade, o biótipo, a história clínica e os medicamentos eventualmente em uso. O ritmo cardíaco normal é o sinusal, isto é, o complexo QRS deve ser precedido de uma onda P positiva em D1 e D2. A frequência cardíaca deve oscilar entre 60 e 100 batimentos por minuto (bpm) no adulto; na criança, pode ser mais elevada, existindo tabelas mostrando a freqüência normal de acordo com a idade.

Para se calcular a freqüência cardíaca, se o ritmo for regular, podemos recorrer a réguas especiais que mostram como se proceder. Na falta delas, obtemos a freqüência cardíaca, se o ritmo for regular, dividindo a constante 1.500 pelo número de quadradinhos (mm) que se situam entre pontos homólogos de dois ciclos seguidos (entre dois ápices de R, por exemplo). Este número (1.500) foi obtido com base no fato de que o papel de registro desloca-se a uma velocidade de 25 mm/s e, portanto, 1.500 mm em 1 minuto.

Como será realizado o procedimento pelo Técnico de Enfermagem

Primeiramente, prepare o paciente para o exame. Se o mesmo tiver muitos pelos, faça tricotomia se necessário. Se houver pele gordurosa, faça a assepsia com álcool 90%.

OBS: O álcool de graduação acima de 90% pode ser utilizado para a limpeza da pele. O álcool com graduação por volta de 40% não é recomendado, pois apesar de ser desinfetante não é altamente desengordurante, o que prejudica o exame de eletrocardiograma. Álcool gel não deve ser utilizado, pois grande parte dos fabricantes deste produto utiliza hidratante para a pele em sua composição, que acaba funcionando como um isolante.

Explique ao paciente sobre o procedimento a ser realizado, e oriente-o para que não se mova durante o exame, para evitar interferências no traçado. São 4 pás de metal posicionados sobre os membros do paciente, e 6 peras posicionadas no tórax do paciente, conforme a orientação sobre as Derivações de Plano Precordial citadas logo acima.  Este deve permanecer deitado durante todo o procedimento. A sala estará em uma temperatura agradável para evitar qualquer espécie de interferências.

Posicionamento dos fios

É importante lembrar sempre a posição correta dos fios do aparelho, pois se instalar erroneamente, poderá sair um traçado negativo, ou seja, de “cabeça para baixo”, ou sem nexo para o médico que irá interpretar.

Para as conexões periféricas, os eletrodos RA “Right Arm” (braço direito –VERMELHO) e LA “Left Arm” (braço esquerdo – AMARELO) devem ser colocados em qualquer lugar entre o punho e o cotovelo. Os eletrodos RL “Right Leg” (perna direita – PRETO) e LL “Left Leg”  (perna esquerda –VERDE) devem ser posicionados em qualquer lugar acima do tornozelo e abaixo do torso.

Interpretando Arritmias Cardíacas

Olhando a imagem acima, eu assimilo deste jeito para rápido aprendimento: O lado direito do paciente seria a “bandeira do flamengo” e o lado esquerdo do paciente seria “a bandeira do brasil”. Sempre as cores frias ou escuras na posição de membro inferior do paciente, e as cores quentes ou claras na posição de membro superior do paciente.

Os registros elétricos surgem como ondas que traduzem a atividade destas regiões. Estas ondas serão impressas em um papel termosensível com pequenos quadriculados e milimetrado que corre em uma velocidade já padronizada. Após o registro das ondas produzidas o médico irá analisar o resultado.

Identificando as Arritmias

Fora o que o paciente pode sentir quando há alguma arritmia, o profissional deverá interpretar pelo traçado. Vamos ver alguns exemplos mais comuns de arritmia, notáveis em exames de ECG:

Fibrilação Ventricular

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Fibrilação Ventricular Fina (Assistolia “Grosseira”). Em comparação com a figura abaixo, a amplitude da atividade elétrica é muito reduzida. Note a ausência completa dos complexos QRS. Ondulações lentas como estas são virtualmente indistinguíveis da assistolia. 
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Fibrilação Ventricular Grosseira. Note que as ondas de grande amplitude variam de tamanho, forma e ritmo, o que representa uma atividade elétrica ventricular caótica. Não existem complexos QRS de aparência normal.
  • A atividade elétrica ventricular é caótica
  • Não há complexos QRS de aparência normal
  • A freqüência é rápida e desorganizada
  • O ritmo é irregularTRATAMENTO
  • desfibrilação

Assistolia Ventricular

Interpretando Arritmias Cardíacas
Assistolia Ventricular. Notam-se apenas dois complexos QRS, provavelmente batimentos de escape ventricular. Eles são seguidos por uma ausência de atividade elétrica. Estes não têm uma aparência normal.

Ausência total de atividade elétrica ventricular. Não há inscrição de atividade elétrica, eventualmente pode aparecer ondas P ou batimento de escape.

Taquicardia Ventricular

Interpretando Arritmias Cardíacas
Taquicardia Ventricular. O ritmo é regular com uma frequência de 158 bpm.O QRS é largo. Não há evidência de despolarização atrial.

Interpretando Arritmias Cardíacas

Três ou mais batimentos sucessivos de origem ventricular com F.C. > que 100 b.p.m.

  • Não existem QRS de aparência normal.
  • A freqüência é > 100 b.p.m. e normalmente não é superior a 220 b.p.m.
  • O ritmo é regular, mas pode ser irregular As ondas P normalmente não são identificáveis.
  • A largura do QRS é de 0,12s ou superior.
  • A morfologia do QRS é bizarra e serrilhada.
  • O segmento ST e onda T é normalmente de polaridades opostas ao QRS.
  • Nos complexos polimórficos (multifocais) os intervalos de acoplamento e a morfologia do QRS variam.

TRATAMENTO

  •  TV sustentada e hemodinamicamente estável com Amiodarona, Lidocaína, Procainamida, Bretílio.
  •  TV hemodinamicamente instável deve ser tratada como Fibrilação Ventricular.

Torsades de Pointes

Interpretando Arritmias Cardíacas

Forma de TV na qual os complexos QRS aparentam estar mudando constantemente a forma (helicoidal) .

TRATAMENTO

  • Suspensão de agentes causais(drogas ou estados que aumentam intervalo QT).
  • Sulfato de Magnésio.
  • Estimulação com marca-passo de alta frequência.
  • Considerar cardioversão de urgência

Extra Sístole Ventricular

Interpretando Arritmias Cardíacas

Interpretando Arritmias Cardíacas

Atividade aberrante e anormal, resultando de um foco automático ou de reentrada.

  • O QRS tem aparência anormal, alargado ( > 0,12s ).
  • O ritmo é irregular A onda P normalmente é oculta pelo QRS, segmento ST ou onda T.
  • Pode ser reconhecida como espícula durante o segmento ST ou onda T.TRATAMENTO
  • ESV isoladas ou não TV são raramente tratadas, exceto para o alívio dos sintomas.

Atividade Elétrica sem Pulso (AESP)

Interpretando Arritmias Cardíacas
Presença de algum tipo de atividade elétrica diferente de FV ou TV, mas sem pulso palpável em nenhuma artéria.

TRATAMENTO

  • Tratar as possíveis causas.
  • Atropina e Adrenalina (EV).
  • Hiperventilação adequada

Fibrilação Atrial

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Figura 1. Fibrilação Atrial com resposta ventricular controlada. Note as ondulações irregulares da linha de base representando a atividade elétrica atrial (ondas fibrilatórias). As ondas variam em tamanho e forma e são irregulares no ritmo. A condução através do nó AV ocorre aleatoriamente e por isso o ritmo ventricular é irregular.

As ondas P são ausentes ou de aparência anormal, desorganizada entre os complexos QRS .

  • A freqüência do átrio como regra não pode ser contada.
  • Na FA não tratada, a freqüência ventricular é de 160 a 180 b.p.m.
  • O ritmo ventricular é irregular.
  • Quando o ritmo é regular e há presença de ondas F, pode haver a presença de BAV – 3º grau, ritmo juncional acelerado ou ambos (intoxicação digitálica).
  • Não há atividade elétrica atrial organizada, portanto, não há ondas P (ondas f).
  • No intervalo QRS a despolarização ventricular é normal , a menos que ocorra condução aberrante.
  • A amplitude da onda R e os intervalos RR variam irregularmente.

TRATAMENTO

  • Controle da freqüência (Diltiazem, Verapamil, Beta-Bloqueador ou Digoxina)
  • Cardioversão química / elétrica Anti-coagulação.

Flutter Atrial

Interpretando Arritmias Cardíacas

Interpretando Arritmias Cardíacas
Flutter Atrial bom bloqueio AV variável. O ritmo atrial é regular, mas o bloqueio AV variável está presente resultando um ritmo ventricular irregular.

Presença de ondas de flutter com aparência “serrilhada”

  • A freqüência atrial varia de 220 a 350 b.p.m.
  • O ritmo atrial é regular
  • Não há ondas P.
  • As ondas F tem aparência serrilhada e é melhor visualizada em D I, D II, AVF.
  • O intervalo RR normalmente é regular, mas pode variar
  • O intervalo QRS geralmente é normal, mas pode ocorrer condução ventricular aberrante.TRATAMENTO
  • Cardioversão elétrica para instabilidade hemodinâmica.
  • Quinidina, Procainamida, Diltiazen, Digital, Beta-Bloqueadores.

Bloqueio Átrio Ventricular (BAV)

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Bloqueio AV de primeiro grau.O intervalo PR está prolongado com 0,31 segundos.

É definido como retardo ou interrupção da condução entre o átrio e o ventrículo.

Formas de Bloqueio

DE ACORDO COM O GRAU DE BLOQUEIO

  • BLOQUEIOS PARCIAIS:  B.A.V.1º grau
  • B.A.V. 2º grau (tipos I e II)
  • B.A.V. 3º grau ou B.A.V. completoDE ACORDO COM SÍTIO DE BLOQUEIO
  • Nó A.V.
  • Infranodal
  • Feixe de His
  • Ramos

Bloqueio AV de primeiro grau

Retardo na passagem do impulso elétrico do átrio para os ventrículos.

  • O QRS tem aparência normal.
  • O ritmo é regular.
  • Cada onda P é seguida de um complexo QRS.
  • O intervalo PR excede 0,20s e geralmente é constante, mas pode variar.TRATAMENTO
    Desnecessário, quando sem sintomas.Bloqueio AV de segundo grauAlguns impulsos são conduzidos e outros bloqueados.

Bloqueio AV de segundo grau tipo 1 (Wenckbach)

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BAV segundo grau tipo 1. O ritmo atrial é quase regular, mas existem pausas no ritmo ventricular porque cada quarta onda P não é conduzida para os ventrículos. Note o prolongamento progressivo no intervalo PR, indicando o aumento do retardo da condução no nó AV antes do batimento não conduzido. Existem quatro ondas P e três complexos QRS neste exemplo, representando um ciclo 4:3. Os complexos QRS são normais.
Interpretando Arritmias Cardíacas
Registro de BAV segundo grau M-I. No trecho superior a primeira sequência é do tipo 4:3. Três impulsos são conduzidos e a quarta onda P é bloqueada. A quinta onda P está dissociada do complexo QRS seguinte (quarto complexo QRS), que é um batimento de escape quase certamente de origem juncional. A seguir, o sexto impulso atrial é conduzido e o sétimo é bloqueado (sequência tipo 2:1). O oitavo é conduzido e o nono bloqueado (2:1). O décimo e o décimo primeiro são conduzidos e o décimo segundo é bloqueado (3:2). No trecho inferior as duas primeira sequências são do tipo 2:1, a terceira é 3:2, a quarta é 2:1, e a quinta é do tipo 3:2. No final do traçado o clico se reinicia.

  • Quase sempre ocorre no nível do nó AV.
  • O QRS tem aparência normal.
  • A freqüência atrial não é afetada.
  • A freqüência ventricular será menor, devido aos batimentos não conduzidos.
  • O ritmo atrial é regular..
  • O ritmo ventricular geralmente é irregular com encurtamento progressivo do intervalo PR , antes do impulso bloqueado.
  • A onda P é normal e será seguida por complexo QRS, exceto a onda P bloqueada

 

Existe um aumento progressivo do intervalo PR até que uma onda P seja bloqueada

TRATAMENTO
Raramente é necessário, a menos que estejam presentes sinais e sintomas graves.

Bloqueio AV de segundo grau tipo 2

Interpretando Arritmias Cardíacas
BAV de segundo grau tipo 2. Neste exemplo, três batimentos sinusais conduzidos por duas ondas P não conduzidas. O intervalo PR dos batimentos conduzidos permanece constante e o QRS é alargado.


A freqüência atrial não é afetada, mas a freqüência ventricular será menor que a atrial .
O ritmo atrial é regular. O ritmo ventricular geralmente é irregular, com pausas correspondendo aos batimentos não conduzidos. Ocorre abaixo do nível do nó AV, tanto no feixe de His como nos seus ramos. Geralmente está associado a uma lesão orgânica do sistema de condução e está associado, portanto, a um pior prognóstico e pode evoluir para Bloqueio AV completo O QRS será normal, quando o bloqueio for no feixe de His. Entretanto será alargado com aparência de bloqueio de ramo, se o bloqueio for em um dos ramos.

As ondas P são normais, precedidas de QRS, exceto as ondas P bloqueadas. O intervalo PR será normal ou prolongado, mas permanecerá constante.

Bloqueio AV de terceiro grau

Interpretando Arritmias Cardíacas
BAV de terceiro grau. Frequência ventricular em torno de 36 bpm, provável doença de Lenègre.

Indica ausência completa de condução entre átrios e ventrículos.

  • O QRS geralmente é normal .
  • Quando ocorre ao nível dos ramos, o complexo será alargado.
  • A onda P é normal.
  • A freqüência atrial não está alterada e a freqüência ventricular será < que a atrial (40 a 60 b.p.m.) e no BAV infranodal geralmente é abaixo de 40 b.p.m.
  • O ritmo atrial e ventricular são regulares.
  • O intervalo PR poderá variar.
  • Os átrios e ventrículos são despolarizados por marcapassos diferentesInterpretando Arritmias CardíacasTRATAMENTO
    Atropina, marca-passo transcutâneo, Dopamina ou Epinefrina , marca-passo trans-venoso e posteriormente marcapasso definitivo.

Ritmos de Substituição

Quando um batimento de escape se repete por duas vezes ou mais,institui-se um ritmo de escape ou de substituição. Eis os seguintes tipos:

  1. RÍTMO DE ESCAPE ATRIAL
  2. RÍTMO DE ESCAPE JUNCIONAL

Ritmo de Escape Atrial

Interpretando Arritmias Cardíacas
Ritmo de escape atrial (ou ritmo idoatrial) caracteriza-se pela presença de ondas P anômalas, cuja morfologia é algo diferente da morfologia das P de origem sinusal.


O ritmo escape atrial caracteriza-se pela presença de ondas P anômalas.

Ritmo e Complexo de Escape Juncional

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Exemplo de Ritmo Juncional. A onda P é negativa em D2. Nexte exemplo, ela precede o QRS.

Quando o nó AV não é despolarizado pela chegada de um impulso sinusal dentro de 1 a 1,5s, ele iniciará um impulso, sendo denominado COMPLEXO DE ESCAPE JUNCIONAL. Uma série repetida destes impulsos é chamada de RITMO DE ESCAPE JUNCIONAL. O QRS tem aparência normal, e a freqüência é de 40 a 60 b.p.m. A presença de complexo de escape juncional pode levar a um ritmo irregular. O ritmo de escape juncional é regular, a onda P é retrógrada (negativa) em DII, DIII e AVF. O intervalo PR é variável, mas geralmente é < que o intervalo de um batimento sinusal.

Arritmias originadas no Nó Sinusal

Bradicardia Sinusal

Interpretando Arritmias Cardíacas
Bradicardia Sinusal. A frequência sinusal é de 46 bpm e o ritmo é regular.

Diminuição da freqüência de despolarização atrial, devido a lentidão do nó sinusal.

  • O QRS tem aparência normal.
  • A freqüência é de 60 b.p.m.
  • O ritmo é regular.
  • As ondas P são positivas em DI, DII e AVFTRATAMENTO
  • Tratar as causas e os sintomas

Taquicardia Sinusal

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Taquicardia Sinusal. Primeira imagem com FC em torno de 121 bpm e a segunda em torno de 150 bpm. Cada QRS é precedido de uma onda P positiva na derivação II.

Caracterizada por aumento da freqüência de disparo do nó sinusal.

  • O QRS tem aparência normal.
  •  A freqüência é maior que 100 b.p.m.
  • O ritmo é regular.
  • A onda P é positiva em DI, DII e AVFTRATAMENTO
  • Nunca “trate”a taquicardia sinusal e sim a sua causa!

Taquicardia Supraventricular

É tratada como diversos tipos:

  • Uniforme ou multifocal
  • taquicardia paroxística supra ventricular
  • taquicardia atrial não paroxística
  • taquicardia atrial multifocal
  • taquicardia juncional (acelerada ou paroxística)
  • flutter atrial
  • fibrilação atrial

Taquicardia Supra Ventricular Paroxística

Episódios repetidos (paroxismos) de taquicardia com início abrupto, durando de poucos segundos a muitas horas e terminam abruptamente

  • O QRS é estreito e de aparência normal
  • A onda P é invertida em DII, DIII e AVF, pode anteceder, coincidir ou preceder o QRSTRATAMENTO
  • Manobra vagal, Adenosina, Verapamil, Beta-Bloqueador, Ablação por cateter.

Taquicardia Atrial não Paroxística

Secundária a alguns eventos primários (intoxicação digitálica) .

  • A freqüência atrial e ventricular são regulares
  • As ondas P são dificilmente identificadas quando sobrepostas à onda T.
  • É morfologicamente diferente da onda P de origem sinusal.
  • O intervalo PR pode ser normal ou prolongado.
  • O intervalo QRS pode ser normal ou alargado, devido a condução aberrante.
Interpretando Arritmias Cardíacas
Exemplo de taquicardia atrial paroxística. A frequência atrial média é de 150 impulsos por minuto e a condução AV é de 1:1. As ondas P, bem identificadas pelo D1, não são mais discerníveis em D2 ou d3.

Condições Especiais vistas no Eletrocardiograma

Hiperpotassemia e Hipopotassemia no ECG, e efeito digitálico.

Hiperpotassemia

  • Alteração de onda T-Alta e pontiaguda
  • Alteração do Complexo QRS-Alargamento (>7 meq/l)
  • Alteração de onda P-desaparece P,institui-se ritmo sinoventricular(>8meq/l)
Interpretando Arritmias Cardíacas
Exemplo de hiperpotassemia. Estão presentes no traçado todos os critérios para o diagnóstico. A onda T é alta, pontiaguda e simétrica.A onda P é mal visualizada ou definitivamente ausente (condução sinoventricular). Os complexos QRS são alargados com aspecto geral de bloqueio de ramo.

Hipopotassemia

  • Infradesnivelamento do segmento ST
  • Onda T de duração aumentada
  • Onda U proeminente
  • BAV de 1* e 2* grau
  • Outras arritmias
Interpretando Arritmias Cardíacas
Exemplo de hipopotassemia.

Efeito Digital no ECG

  • Onda T de amplitude diminuída, até aplanada
  • Segmento ST infradesnivelado onde QRS é positivo
  • O intervalo QT torna-se mais curto
  • O intervalo PR tem duração aumentada(0,25s)
Interpretando Arritmias Cardíacas
Exemplo de ação digital no ECG.

Veja mais em:

O Carrinho de Emergência

Carrinho de Emergência

É um armário indispensável,  contém os equipamentos usados por médicos e enfermeiros e técnicos de enfermagem quando acontece uma parada cardíaca. Esta é uma situação que exige procedimentos de socorro imediatos. Conforme a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a nomenclatura mais apropriada é Carrinho de Emergência.

Com base nessa necessidade, propõe-se a padronização dos carros de emergência, objetivando homogeneizar o conteúdo e quantidade de material dos carrinhos nas diferentes unidades, retirando o desnecessário e acrescentando o indispensável, de forma a agilizar o atendimento de emergência e reduzir o desperdício. Os setores em que se dever obter estes carrinhos são Unidade de Internação, Pronto Socorro, Unidade de Terapia Intensiva, Unidade Coronariana, Centro Cirúrgico, Unidade Ambulatorial, Hemodinâmica, entre outros.

A quantidade de drogas e equipamentos deve ser estipulada conforme necessidade da área e rotina institucional. Médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem devem estar preparados para atender, de forma sistematizada e padronizada, uma situação de emergência. Para que isso ocorra, o treinamento da equipe é fundamental, e todo o material necessário para esse momento deve estar disponível de forma imediata. Existe um a controvérsia de quem é a responsabilidade da conferencia do carrinho de parada, pois o profissional responsável pelas medicações do hospital é o Farmacêutico, porem o Conselho Federal de Farmácia não trata como privativo do profissional farmacêutico a conferência e reposição do Carrinho de Emergência. Contudo na maioria das Instituições Hospitalares cabe ao Enfermeiro de preferência um diarista a responsabilidade da conferência e reposição do Carrinho de Emergência, esta responsabilidade deve ser protocolada de modo que toda equipe tenha acesso a sua conferência.

O que deverá ter no carrinho?

  • Tábua de compressão torácica;
  • Desfibrilador / cardioversor;
  • Monitor;

1ª GAVETA

Medicamentos mais utilizados em situações de emergências clínicas: Os Diluidores como água destilada e soro fisiológico, e medicamentos como Atropina, Adrenalina, Aminofilina, Bicarbonato de sódio  em ampola de 10ml a 8,4%, Cloreto de potássio (KCl), diazepam, dopamina, hidantal, amiodarona, fentanil, fenobarbital, furosemida, prometazina, cedilanide, sulfato de magnésio a 50%, Hidrocortisona de 100mg e 500mg, heparina, midazolan, haldol, adalat, isordil, gluconato de cálcio, glicose hipertônica (50%), lidocaína.

2ª GAVETA

Materiais para a Intubação de Emergência: O Ressuscitador Manual (AMBU), Tubos Endotraqueais de todos os tamanhos, Lâminas e laringoscópio, fio guia, cânula de guedel de todos os tamanhos, máscara descartável, óculos de proteção individual, cadarço para a fixação do tubo, cânulas de traqueostomia de todos os tamanhos, eletrodos para a monitorização e umidificador,

3ª GAVETA

Deverá ter de todos os calibres: Agulhas, abbocaths, jelcos, sonda vesical, sonda nasoenteral e nasogástrica, fios de sutura, seringas, e também deverá conter dânulas, cateteres centrais, xilocaína gel, equipos macro ou microgotas, luvas estéreis e de procedimento, filme transparente estéril para fixação do acesso venoso, e kit de aspiração de emergência.

4ª GAVETA

Deverá ter de todos os tipos de soros: Fisiológico a 0,9%, glicosado a 5%, 10%, Ringer Lactato, Frasco de Bicarbonato a 5%, Voluven, (bolsas com ml variadas).

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Carrinho de Curativo: O que deve conter?